domingo, 5 de julho de 2009

A Caatinga, o lugar ameçado das Jandaíras


A caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro. Ocupa uma área de cerca de 734.478 km2 com quase 11% do território nacional englobando de forma contínua parte dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte do Norte de Minas Gerais.

Do Tupi: caa (mata) + tinga (branca) o cenário árido é uma descrição do que na língua indígena quer dizer Mata Branca e é o único exclusivamente brasileiro, o que significa que grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do planeta.


É um tipo de formação vegetal de clima semi-árido com características bem definidas: árvores baixas e arbustos que, em geral, perdem as folhas na estação das secas, as chamadas espécies caducifólias, além de muitas cactáceas.O solo da caatinga é fértil quando irrigado. Essas plantas podem produzir cera, fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas. Por causa do baixo índice pluviométrico da região sertaneja, as plantas dependem de irrigação artificial, possibilitada pela construção de canais e açudes.


( O contraste: a cima na época do inverno, embaixo na época da seca)



Algumas poucas espécies da caatinga não perdem as folhas na época da seca. Entre essas se destaca o juazeiro, uma das plantas mais típicas desse ecossistema. Ao caírem as primeiras chuvas no fim do ano, a caatinga perde seu aspecto rude e torna-se rapidamente verde e florida.

(Pé de Joazeiro, nome científico: Zizyphus Juazeiro)


Pouco se fala em preservar a Caatinga, ela é hoje uma das regiões mais ameaçadas do globo pela exploração predatória. As principais causas da degradação ambiental no bioma são a caça, as queimadas e o desmatamento para retirada de lenha. No Nordeste, mais de 30% da matriz energética tem como base a lenha, e a grande maioria da madeira vem de áreas sem planos de uso sustentável.

(Flor do Mandacaru, cacto típico da Caatinga)

Nesse mesmo rumo de degradação, vem as abelhas nativas dessa região. Como a casa das Jandaíras é a Caatinga, elas estão desaparecendo das matas secas do Sertão, tudo por culpa do homem que destrói tudo que toca, meus avôs me contam de uma época, a pouco tempo atrás, que era possível encontrar as benditas Jandaíras com muita facilidade, segundo eles, era fácil encontrar duas, três colónias de Jandairas num mesmo pau de Imburara, ou mesmo numa grande Catingueira.

Hoje, ao percorrer as mesmas matas que meus avôs tanto falam, só encontramos grandes manchas de desmatamento, áreas que a tempos atrás eram férteis de abelhas, cobras, onças, raposas, viados, ságuis, tatus, preas e mais uma infinidade de bichos e plantas que só eles conhecem, pois já a tempos não os vemos.

O Monsenhor Huberto Brumeng, em seu Prazeroso livro já dizia "Por vezes é mais fácil fazer uma coisa difícil do que explicar porque não se faz" (Abelha Jandaíra, Coleção o Mossoronse, pag. 135). Enquanto o homem não perceber que ao destruir a natureza ele destrói sua própria casa, as Jandaíras estarão, infelizmente, fadadas a num futuro muito próximo serem lembradas em fotografias ou museus de zootecnia.

Espero que esse dia demore muito para chegar, mas no rumo que vamos temo que meus netos não chegem a conhecer a Jandaíra, conhecida por nós meliponicultores como, a Rainha do Nordeste.


(Uma pequena amostra da beleza e diversidade das cascas de árvores da caatinga)

Da esquerda para a direita: 1) embiratanha, Pseudobombax marginatum (Bombacaceae); 2) catingueira, Caesalpinia pyramidalis (Leguminosae: Caesalpinioideae); 3) cumaru, Amburana cearensis (Leguminosae: Papilionoideae); 4) gambá ou jurema-branca, Piptadenia sp. (Leguminosae: Mimosoideae); 5) pacotê, Cochlospermum vitifolium (Bixaceae); 6) imburana, Commiphora leptophloeos (Burseraceae); 7) jucá, Caesalpinia ferrea (Leguminosae: Caesalpinioideae); 8) pinhão-bravo, Jatropha sp. (Euphorbiaceae); 9) surucucu, Piptadenia viridiflora (Leguminosae: Mimosoideae); 10) angico, Anadenanthera colubrina (Leguminosae: Mimosoideae); 11) aroeira, Myracrodruon urundeuva (Anacardiaceae); 12) braúna, Schinopsis brasiliensis (Anacardiaceae); 13) maniçoba, Manihot sp. (Euphorbiaceae); 14) marmeleiro-preto, Croton sonderianus (Euphorbiaceae); 15) pau-branco, Auxemma oncocalyx (Boraginaceae); 16) pereiro, Aspidosperma pyrifolium (Apocynaceae). Fotos tiradas por Antonio Alves Tavares no Ceará, municípios de Aiuaba, Maranguape e Pentecoste. (Partes do texto e algumas imagens são da internet)
A todos, uma ótima semana.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
Mossoró-RN

2 comentários:

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