terça-feira, 30 de junho de 2009

Divisão antes de voltar a trabalhar!!!



Antes de voltar a trabalhar a tarde, realizei um rápida divisão na hora do almoço, colónia forte, com 4 discos bons, pronta para divisão, retirei apenas um disco, que por sinal, devido a caixa modelo Nordestina ser muito apertada, acabei injuriando um bucado. Mas nada que venha a comprometer o desdobramento.



Depois de retirado o favo de cria, passei para outra caixa, já preparada para a divisão, fechamos as duas caixas e levamos a velha para seu local de origem, a nova passamos uma fita crepe para impedir a entrada e indíviduos indesejáveis (formigas, sarasas, forídeos etc), não uso colocar nada, somente o disco, só amanhã que ponho alguns potes de mel ou pólen. Isso garante que se algum forídeo entrar não vai conseguir infestar a colónia até a próxima inspeção.

Feito isso é só levar a caixa nova para o lugar da outra caixa que vai ceder as campeiras, bater levemente na caixa que vai ceder as abelhas e pronto, criamos mais uma divisão, tem négocio mais fácil que esse rapaz???

Não precisa de fumegador, de espatulas nem muito menos de roupa especial, basta somente uma faquinha de mesa e uma chave de fenda. ôoo vida difícil...


att,


Kalhil Pereira
Meliponário do Sertão
Mossoró-RN
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Jonas Jeremias disse...

Olá Kalhil! Parabéns pelo site, por suas abelhas e pelo amor que tem por elas! Moro em Campinas-SP mas nasci numa cidade pequena do interior, Amparo, onde tive a oportunidade de capturar alguns ninhos de Jataí. Final de semana passado resolvi voltar ao hobby e capturei mais um ninho. Daí, resolvi procurar info na net e parei no seu site e adorei! Muita informação útil e bacana. Será que as Jadaíras se adaptam em SP? O clima em Amparo não é frio mas não sei com relação ao alimento específico. Bom, não vou me alongar neste post, qualquer coisa envio email específico. Com relação a divisão, após expulsar as campeiras, você leva a caixa antiga para onde? quantos metros de distância?

Abs, Jonas Jeremias
Olá amigo,
Obrigado pelo seu comentário, a meliponicultura é uma atividade muito importante para o meio ambiente, o blog é feito para isso mesmo, propagar conhecimento e estimular a criação de abelhas sem ferrão. Durante as divisões eu levo a caixa para poucos metros, coisa de 3 a 4 metros. As Jandaíras se adaptam em SP, já mandei para sua região mas é preciso cuidado durante o inverno. Uma caixa aquecida é o ideal para elas por aí. Me Mande um um e-mail que te informo melhor, kalhil_p@yahoo.com.br

Kalhil Pereira França


segunda-feira, 29 de junho de 2009

Os ácaros em simbióse com as abelhas


(minúsculos pontos brancos, são ácaros a perambular pela colónia)
No mundo dos insetos é muito comum a cooperação entre espécies, nos meliponídeos não é diferente, nas colônias de meliponas é muito comum a gente vê alguns ácaros a perambular pela colônia.

Não são como os ácaros da Varoa, que são aracnídeos parasitas das Apis meliferas, na verdade, esses ácaros a que me refiro são muito importantes para as Jandaíras, mandaçaias, Uruçus...

Esses minúsculos insetos ajudam as abelhas sem ferrão, são responsáveis por desidratarem as fezes das abelhas, vivem e são encontrados nos depósitos de lixo, não são muitos mas os poucos que encontramos são indispensáveis para as abelhas.

Certa vez fiz uma transferência de uma caixa antiga para uma nova, pois a velha estava em péssimas condições, para ajudar as abelhas com a cera, eu deixei a caixa velha próximo da nova para que as abelhas coletassem cerume e própolis para a colónia nova, o que mais me surpreendeu foi quando vi muitas campeiras recolhendo lixo para levar para colónia nova, só tempos depois eu percebi que na verdade elas estavam era a capturar os ácaros que estavam no lixo para levá-los para a casa nova.

Foi aí que percebi que eles eram muito importantes para as abelhas. Fora os ácaros é também muito comum a presença de outros insetos como minúsculos carrapatos que também vivem em harmonia com as abelhas. Todas essas criaturas minúsculas vivem com as abelhas em simbióse, tanto as abelhas como os ácaros são beneficiados por essa vida em comum.

Não confundam Forídeos com ácaros ou carrapatos, os forídeos não são bem vindos pois no lugar de ajudar, só destroem. Com esses sim devemos nos preocupar caso seja encontrado dentro da colônia.


att,

Kalhil Pereira
Meliponário do Sertão
Mossoró-RN

Mais uma divisão de Jandaíras



Como fico feliz em multiplicar minhas colónias, hoje a tarde mais três desdobramentos, sempre usando o método 2:1, ou seja, com duas colónias você faz uma, retira discos de cria e potes de alimento de uma caixa, e campeiras adultas de outra.

Eu sempre gosto que a rainha faça a postura nos compartimentos de cima, pois é bem mais fácil de manejar, quando estão embaixo as vezes se misturam com os potes de alimento e fica difícil retirar discos para futuras divisões.

Por isso eu ponho um papelão enrolado em fita adesiva entre o ninho e compartimento de baixo. Assim a rainha é obrigada a iniciar a postura onde quero, depois da colónia formada e estabilizada, uns 40 dias depois, é só retirar o papelão e juntar os compartimentos.

Em colónias estáveis e adultas, podemos dividí-las até 4 vezes ao ano, com poucas colónias, rapidamente o iniciante pode chegar em um número considerável de caixas, basta dedicação e muito amor pelas abelhas que isso é possível, dentro de 20 dias uma nova rainha estará surgindo para reinhar nessa nova colónia.


att,


Kalhil Pereira
Meliponário do Sertão
Mossoró-RN

As Jandaíras de um Amigo Carioca



Alguns dias atrás essa colónia veio do Sertão e era para ser dividida, mas dias antes recebi um pedido de uma Jandaíra do amigo Flávio Geo, do Rio de Janeiro, de imediato suspendi a divisão e deixei a meninas aqui no meliponário urbano, esperando o tempo melhorar no Rio para o recebimento pelo colega meliponicultor carioca.

Abri a caixa só para espiar a postura e mostrar ao amigo Flávio como se encontravam as meninas. De certo estão muito bem, estão com muito polén e com os potes de mel completamente cheios, deu até vontade de tirar um pouquinho só para adoçar a tarde de sol.

Mas segurei a tentação e deixei as meninas quetas. Pena é saber que vão partir, fico com pena quando me desfaço de alguma colónia, só nós amantes da meliponicultura sabemos o quanto é prazeroso manejar as nossas colónias, a minha satisfação é saber que vão para boas mãos, principalmente por que o Flávio é meliponicultor experiente e amante, a sim como eu, das abelhas sem ferrão.

Com certeza vai cuidar muito bem de minhas meninas.


att,


Kalhil Pereira
Melipónario do Sertão
Mossoró-RN

Um macho de bobeira



Segunda-feira, feriado em casa, não tinha como não passar uma bela tarde de sol a cuidar das meninas, estava iniciando uma divisão quando encontrei esse cara aí de bobeira, ele sim e não ela, é um macho, o macho possui características bem distintas das fêmeas.

Pra começar, olhem a cabeça dele, ele possui uma listra branca bem peculiar em cima das mandíbulas, abaixo das antenas, fora que ele é mais encorpado no tronco e possui um abdomem bem mais curto que a obreira comum.

O interessante dessa foto é que esse macho aí está sem uma das "pernas", acho que deve ter sido mutilado quando foi expulso de sua colónia mãe.

att,


Kalhil Pereira
Meliponario do Sertão
Mossoró-RN

domingo, 28 de junho de 2009

Sem ferrão é mole !!!!!!!!!



As vezes, quando a coragem aumenta e bate rapidamente a minha porta, gosto de visitar alguns apiários dos colegas amantes das abelhas, por vezes, os vejo completamente cercados com milhares de abelhas loucas para deixar um ferrãozinho em alguém, nessa horas eu agradeço a Deus por existir abelhas sem ferrão, é por isso que eu adoro as minhas meninas, dóceis, bobas, as vezes até indefesas contra nós.

Queria ver tirar essa mesma foto bem perto do alvado de entrada de um bom enxame de Apis, rsrsrsrsrs. Aí sim seria coragem!!!!!!


att,

Kalhil Pereira
Meliponário do Sertão
Mossoró-RN

Produção de Própolis


(5 kilos de batume de Jandaíra, material aproveitável)

Além do mel, existe um produto extremamente importante das abelhas, é o própolis.
O Própolis é uma secreção produzido pelas plantas para evitar infecções, serve também, em algumas espécies, para a defesa da planta.

As abelhas colhem essa secreção pois ela é materia prima para quase tudo na colónia, o própolis representa para as abelhas assim como o cimento representa para nós humanos.

Além disso, ele pode servir também para munificar resto mortal que não foi possível retirar do interior do ninho, pois possui grande teor bactericida. O própolis produzido pelos meliponídeos é mais forte que o própolis da Apis Melifera, algumas pesquisas demonstram que ele pode chegar a ser 15 vezes mais potentes, como o da Jataí.

Esse material, após colhido por nós poder ser manufaturado e consumido in natura, após sofrer um processo de saturação em álcool especial.

att,


Kalhil Pereira
Meliponario do Sertão
Mossoró-RN

Abelhas Espartanas


(Durante o manejo, sem querer desprendi todo túnel de acesso da colónia de Jandaíra)

Nos meliponídeos, devido ao nenor número de indivíduos em uma colónia, as abelhas usam uma forma interessante para defender a colónia dos intrusos que venham a querer entrar em suas colónias.

As abelhas controem na entrada estreita que desemboca em um túnel de acesso que só passa algumas abelhas de cada vez, dessa maneira, as abelhas que fazem a vigilância podem defender de forma muito mais eficiente a colónia de intrusos, como por exemplo, os malditos forídeos.

Olhando para o túnel de acesso, me lembro da história dos Espartanos que lutaram até o fim numa querra épica. Os 300 de Esparta conta a história do Rei Leônidas e a batalha das Termópilas, em 480 a.C., quando seu exército de trezentos espartanos desafiou os persas num desfiladeiro longo e apertado, onde só passavam alguns homens de cada vez, Lutaram até a morte, mas não se entregaram.

Com as abelhas também é assim. Dão a vida em nome da colónia, mas se engana quem pensa que elas não usam suas táticas de defesa. Pra falar a verdade eu acho que foi os Espartos que aprenderem suas táticas de querra com as abelhas...

att,


Kalhil Pereira
Meliponário do Sertão
Mossoró-RN

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sugador de Abelhas



Existe um equipamento, que por sinal é muito simples de fazer e não custa quase nada, que é de extrema importância para todo meliponicultor, é o sugador de abelhas.

O sugador é muito importante por ajuda e muito durante o manejo com as abelhas mais novas, principalmente durante as divisões e inspeções.

Acontece que quando estamos a dividir ou mesmo durante algum procedimento de inspeção várias abelhas novas, que ainda não sabem voar podem cair pelo chão ou mesmo ficar na caixa antiga, dificultando os desdobramentos ou mesmo a própria colheita de mel.

Como as abelhas mais novas não sabem voar, caso elas venha a sair da caixa racional, sem nossa ajuda elas não voltam mais, e isso não é bom por se isso acontece com um enxame de apis, não há muitos problemas porque as outras milhares de abelhas recém nascidas substituem, contudo as abelhas sem ferrão, uma abelha que perdemos faz falta, pois nossas colónias não possuem população tão grande, e uma abelha aqui faz muita diferença.

Dessa maneira, todas as abelhas devem ser resgatas durante o manejo, ou com sugador com mesmo cuidadosamente com as mãos, sendo devolvidas as suas respectivas caixa.

O sugador é muito fácil de fazer, basta pegar um recipiente de vidro ou plástico, que tenha tampa, fazer dois furos e inserir duas mangueiras estreitas, que só passam uma abelha de vez, não pode ser muito grande de não vc vai fazer muita força para sugar e o seu equipamento no lugar de ajudar vai é atrapalhar.

Com a ponta de uma você suga e com outra você direciona para capturar as abelhas caídas.

É importante que no final da ponta que você está a sugar, seja posta alguma tela que venha impedir que alguma abelha seja sugada para dentro da boca, já aconteceu comigo e lhe garanto que não é nada agradável.

Esse simples instrumento é essencial para uma boa prática diária de seus trabalhos no meliponário.


Kalhil Pereira
Meliponário do Sertão

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Venda de enxames !!!


Olá amigos,

O Meliponário do Sertão está disponibilizando alguns enxames de Jandaíra (melipona Subnitida) para comercialização, são colônias jovens e ótima genética, com 4 a 6 meses de criação, com rainha de selecionada e com muitas campeiras.


Os enxames são enviados através do Correios, via Sedex, no prazo de 3 dias úteis.



Os enxames custam R$ 250,00 + sedex (geralmente varia de 50 a 80 reias a depender da região).

Entrega imediata após a confirmação do pagamento.
Temos outras espécies, mas com preço e prazo de entrega diferenciados.
Temos também mel de Jandaíra para comercialização, interessados entrem em contato via e-mail: kalhil_p@yahoo.com.br ou telefone: 84 9150 2506. entregamos em todo Brasil.

Nosso mel ficou em 1º lugar no Concurso Nacional de Méis, ano de 2009, realizado pela Associação de Meliponicultores do Estado do Rio de Janeiro - AME-Rio, garantia de Pureza, sabor e qualidade.


att,


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Como Transferir as abelhas do Pau para caixa Racional

Uma das grandes dúvidas de todo iniciante é como retirar um enxame de Meliponas (Jandaíra, uruçu, mandaçaia etc) do tronco para uma caixa Racional, recebo muitos e-mails com essas questões e devido a isso, estarei postando o passo passo de todo o processo. Mas desde já garanto que é bastante trabalhoso, é preciso um pouco de experiência, paciência, força e muito cuidado.



Antes de mais nada, devo informar que essa atividade deve ser realizado pela parte da manhã, de preferência logo bem cedo, com dia de sol, isso dá mais tempo para que as abelhas arrumem a nova casa no decorrer do dia.

Se possível, leve o tronco para outro local, deixando uma caixa para enganar as abelhas que venham chegando no decorrer do processo de abertura.

Primeiro, é preciso informar as ferramentas: Mareta, cunhas, alças, serras elétricas (se tiver), serrote, sugador de abelhas, faca de mesa e formão. Separado o material, iniciamos dando um corte longitudinal com a serra elétrica (eu uso uma maquita) na área do ninho.




Feito esse corte incial, usamos as cunhas para começar a abrir o tronco para termos acesso ao ninho, lhe informo que ao iniciarmos as batidas as abelhas campeiras mais velhas começaram a sair para defender a colónia, com certeza vc levará muitas beliscadas, elas não tem ferrão mas beliscam que é uma beleza.



Aguente o tranco, com um tempinho elas ficarão confusas e irão para onde estava o tronco e deixaram vc em paz por algum tempo. feito as aberturas com as cunhas vamos aos poucos forçando o tronco para que ele se lasque.



Alguém pode perguntar, por que não usa logo um machado para abrir, seria muito mais rápido? Sim seria, contudo a pancada que machado produz no ninho é muito violenta e acaba gorando quase todos discos, fora que se vc bater no local errado, vai destruir muito potes de alimento, matando assim muitas abelhas ou mesmo a própria rainha, o que não é nada bom.



Objetivo inicial alcançado, deixamos a força bruta de lado e passamos a usar a delicadeza, ao abrirmos o tronco na área da entrada do ninho, logo nos deparamos com os discos de cria.



De imediato, procuramos pela rainha para que possa ser retirada com muito cuidado, não recomendo tocar nela, pricipalmente porque podemos passar cheiros diferentes para ela e as abelhas podem estranharem esse cheiro e acabarem matando a gordinha, encontrada, reservamos em algum recipente sozinha, somente devolvendo-a a colónia após todo o processo de transferência.

Se não acharmos, passamos para os discos, vamos com muito cuidado, retirando os discos de cria com a faquinha de mesa, procurando não machucar ainda mais. É possível que os discos mais novos gorem devido as pancadas, nesse caso eles devem ser descartados para evitar infestações por forídeos, eles são atraídos pelo cheiro da alimento larval ropindo das células de cria nova.



Retirado os discos, passamos a retirar os potes de alimento, isso tem que ser feito com muito cuidado, procurando não estourar muito potes pois se muito se romperem mataremos afogadas muitas abelhas, podendo inclusive matar a própria rainha.



Feito isso, passamos a sugar as abelhas novas com sugador de abelhas (depois ensino como fazer um), em seguida depositamos as abelhas que não sabem voar dentro da caixa racional juntamente com a rainha.

Feito isso, fechamos a caixa e esperamos a entrada das abelhas que estavam fora para que aceitem a nova morada. Logo as abelhas passarão a reconhecer a caixa racional como sua nova morada e se acalmarão. Para ajudar nesse processo, colocamos um pouco de cera na entrada para facilitar o reconhecimento.



Não recomendo colocar de imediato os potes de polém, pois certamente muitos estarão rompidos e serão, sem dúvida, fonte de atração aos forídeos, conserve em geladeira e os ponha somente após 48 horas, tempo suficiente para as abelhas se organizarem.



O mel que foi derramado no tronco pode ser colhido com o sugador, coado e coservado em geladeira para o consumo no decorrer dos dias.



No decorrer da semana, vá inspecionando a colónia para acompanhar a organização, veja se construíram o túnel de acesso, se existem muitas abelhas mortas (isso pode ser sinal de pilhagem), se ainda existem discos gorados (que devem ser retirados), se a rainha não foi morta, se existe postura nova, se estão organizando os potes de alimento na melgueira, se existe forídeos (se sim, coloque armadilha conforme já ensinado) etc.

Se tudo estiver bem, é só alimentar e deixar o resto com elas. Todo esse processo é demorado, mas devemos procurar fazê-lo o mais rápido possível, pois o cheiro de mel derramado atraí abelhas de outros enxames o que pode desencadear muitas brigas e mortes. Fora que isso pode atrair a Apis melifera (abelha de ferrão) e se elas chegarem aos montes, perdemos todo o trabalho.

att,




Kalhil Pereira França
Mossoró-RN

"Monte do Mel" - Um amigo em Portugal!!!

As vezes o acaso nos proporciona muitas surpresas agradavéis. Estava eu a pesquisar na internet sobre as doenças existentes nas abelhas de ferrão, em especial a Apis Melifera, e me deparei com um blog Português muito interessante, rico em informações sobre essa espécie, do Prezado Amigo Joaquím Pífano, da região de Alentejo - Portugal.

No decorrer da leitura, observei que existia um tópico que fazia erradamente referências as minhas amadas Jandaíras, o autor sem saber (pois recebeu o comentário de um amigo apicultor do Brasil) tratava uma colónia de Boca de Sapo como se fosse Jandaíra, na mesma hora eu comentei o equívoco.

Pouco tempo depois recebi o e-mail do amigo Joaquim, agradecendo a correção e ainda solicitou que eu escrevesse para o seu blog:"www.montedomel.blogspot.com" alguma coisa a respeito das abelhas nativas do Brasil. Feito o convite, redigi alguns comentários a respeito de minha experiência com as ASF e algumas comparações com as minhas meninas com as dele.

Do mesmo modo, estou a retribuir a gentileza, solititei que escreve alguns comentários a respeito de suas experiências com as abelhas de ferrão.


"Cortiços, as colmeias tradicionais de Portugal"



Olá amigos do Meliponário do Sertão,
estou a escrever sobre as antigas colmeias usadas em Portugal para a produção de mel de Apis mellifera. É uma forma de agradecer a cortesia do amigo Kalhil França que a meu pedido enviou um texto sobre meliponicultura para o meu blog que poderão visitar em http://montedomel.blogspot.com .Saibam que é uma honra poder contribuir com algo para o Meliponário do Sertão, blog que achei EXCELENTE logo na primeira visita.

Os cortiços, cada vez mais as “colmeias malditas”, já não há cartilha apícola que não lhe atribua defeitos, problemas só resolvidos pelas caixas de madeira. A saber:
1-Pouco produtivos pela falta de espaço, os melhores com 10% da produção das colmeias móveis. 2-De difícil controlo sanitário, pela dificuldade/impossibilidade de acesso ao interior. 3-Impossibilidade de encontrar/manipular a rainha, pelas razões do ponto anterior. 4-Medicamentos aplicados na própria câmara (única) de produção. 5-Transumância impossível ou muito difícil.6-E outros que não me ocorrem...

Restam-lhes os argumentos estéticos, talvez até a leveza e os baixos custos, que permitem uma fácil aquisição e a possibilidade de os disseminarem pelo mato para a captura de enxames. “Se os roubarem a perda é pequena”, dizem os apicultores.
Não foi a primeira batalha perdida pela cortiça, nem será decerto a última, o orgulho da terra Transtagana, que antes animava a economia nacional com exportações record. Hoje não passa de uma casca rija e enrugada, igual á pele dos “tiradores” que ainda restam. Eram precisamente esses tiradores, de machada em punho, que separavam os melhores “caneiros” e os apartavam da restante cortiça, não fosse o “rachador” fazê-la em “pranchas”. Se não eram “abelheiros” a encomenda era-lhes feita por outros com esse vício. Quando a cortiça era boa, “amadia”, densa, um cilindro quase perfeito, originava os melhores e mais cobiçados cortiços, de forma obviamente cilíndrica. Eram os mais comuns:



Os bordos eram “aparelhados” em bisel, de modo que os “sovinos” de pau de Esteva os pudessem pregar e unir sem lhe tirar a forma.





No interior, a um terço e dois terços da altura eram colocadas as chamadas “trancas”, grupos de duas varas de Esteva em forma de cruz, cujo objectivo era dar maior firmeza aos favos que nelas se apoiavam.



As mesmas trancas ainda delimitavam áreas com funções diferentes no interior do cortiço, nomeadamente onde o apicultor operava diversas tarefas:
“Estinha” - No fim do Inverno, era o acto de cortar a parte de baixo dos favos, próxima do chão. Servia para retirar as ceras velhas, negras e com bolor, para as abelhas reporem ceras novas. Estas eram cortadas até à altura das trancas de baixo, outras vezes nem tanto.

“Cresta”- O retirar dos favos com mel, “no quarto minguante de Agosto, quando não havia criação”. Primeiro arrancavam os sovinos do tampo, para o poderem remover, depois, com a ajuda da “crestadeira”, utensílio metálico que lembra uma gadanha, “ceifavam” os favos carregados de mel até às trancas de cima.
A crestadeira tem duas extremidades, uma em forma de espátula com que separam os favos da cortiça, e outra que lembra uma gadanha com que seccionam os favos junto às trancas.





A forma dos cortiços também dependia muito da região e das tradições, outras vezes era a qualidade e a disponibilidade de cortiça. Quando não se “apanhavam” caneiros redondos, cilíndricos, faziam-se cortiços de formas mais caprichosas. Meia cana pregada a uma prancha mais recta, que normalmente fazia de parede frontal, resolviam o problema e albergavam o enxame. Não são raros os que apresentam esta forma:



Menos comuns, mas igualmente belos, são os de secção quadrada ou rectangular. “Têm mais mão de obra”, são necessários mais pregos de Esteva, mas o resultado é funcional e muito estético. E as abelhas não se queixam da geometria rectilínea...



Outras habilidades que se faziam com os cortiços...

Sempre ouvi dizer aos mais velhos que o método mais eficaz para combater a “tinha” era o de colocar os cortiços no forno, após a “cozedura do pão”.
A “tinha” ou traça era o pesadelo dos antigos abelheiros, ainda nem se sonhava com a Varroa, como se tal ácaro colorisse os sonhos a alguém, e já aquelas larvas destruíam imensas colónias. Sempre que “morria um cortiço” retiravam-se os favos velhos, cuja cera era “apurada” para vender aos “carpinteiros de obra fina”.
Para desinfectar as colmeias colocavam-nas dentro do forno, quando as temperaturas ainda letais para a traça e outras moléstias, eram mais baixas, o que só se conseguia momentos depois de retirar o pão.



Depois de desinfectados, os cortiços estavam outra vez prontos para albergarem abelhas. Para as capturarem, aromatizavam-nos esfregando plantas aromáticas no interior, como o Rosmaninho, a Esteva e o Alecrim, ou outras, consoante a região do país.
Após a “esfrega”, que também higienizava, deixavam-lhe o bouquet de flores e aromas no interior para acentuar a função. Só as retiravam quando colocavam o cortiço no “tal sítio” especial, onde os enxames “nunca falham”, pudera, a “canada” das abelhas passava justamente por ali...



O sítio especial compunha-se quase sempre de um rochedo enfeitado de vegetação, mato fechado, que podia esconder o cortiço dos amigos do alheio, sendo no entanto fácil de detectar pelo olfacto apurado das abelhas.
Nesta fase o ramo de flores, facto curioso, era deslocado do interior para cima do tampo, onde se mantinha graças a uma pedra estratégicamente colocada e que evitava que o vento as levasse. Ainda hoje não percebi, nem procurei saber, se tal hábito visa manter o aroma activo ou camuflar ainda mais a colmeia, se calhar... ambos. Mas trata-se de um quadro muito comum.



Nem sempre a “montanha ia a maomé”, muitas eram as vezes que tinha de ser o cortiço a “ir às abelhas”. Bastava para isso que o enxame pousasse num ramo alto e de difícil acesso, o que nunca desmotivava os abelheiros.
Uma corda lançada sobre o ramo içava o cortiço até perto das abelhas. Uma escada de madeira, que costumava fazer parte da “mobília” do apiário e uma ponta de coragem, levavam o apicultor aos píncaros, onde um toque certeiro derrubava o enxame para dentro do cortiço. Paciente, o ajuda descia o conjunto, agora mais pesado. Colocava-o na posição correcta e aí ficava até ao Inverno, quando as ceras ficavam “rijas” e lhe permitiam o transporte para local definitivo.



Haviam também os criativos de vanguarda, ou talvez... vanguardistas saudosos!? que aliavam estas relíquias da apicultura às modernas alças para maiores produções.
O resultado final desafiava a gravidade e a lógica, mas mercê de vários artifícios conseguiam equilibrar uma e até mais alças sobre o cortiço.

Muitas eram as perícias e habilidades que se faziam com tais colmeias de quadros fixos. Com o passar dos anos, as fracturas, os buracos da traça ou os incêndios traçavam-lhes o destino, ainda assim honrado pela “morte em combate”. Pior era quando acabavam como ninhos num pombal ou cortados ao meio e “de cabeça para baixo”, albergando um florido vaso, onde antes labutavam miríades desses insectos que nos adoçam a vida.

Apesar de tudo, os cortiços continuam a ser muito utilizados para a criação de abelhas em Portugal, e ainda bem que há quem os mantenha...

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quarta-feira, 3 de junho de 2009

Falha na Postura, Troca de Rainhas.



Como falei a poucos dias atrás, é sempre importante a realização de inspeções periódicas, ao realizar a inspeção nessa caixa podemos observar que as coisas não iam muito bem.

Observem que a postura, tanto dos discos velhos, como dos discos mais novos não está regular, existem muitas falhas na postura da rainha, certamente ela já não tem mais saúde para se manter na topo da elite, é uma rainha velha e logo será substituída por outra rainha mais nova.

Esse processo ocorre naturalmente na natureza, com o tempo as obreiras rainhas (abelhas de casta intermediária) que são abelhas de elite, se "reunem em um Conselho Superior" e descidem o futuro de sua rainha, nesses casos ela é morta por suas filhas mais velhas e se inicia na colónia um processo de substituição difícil e complexo.

Difícil e complexo por que para que outra rainha fisiogástrica venha a vingar nesse enxame muitas questões feromoniais passarão pelas abelhas, muitas princesas nascerão e morrerão, até que uma venha a ser aceita, fecundada e novamente aceita.

O mais interessante desse processo de substituição é o fato curioso que em certos momentos, a colónia pode ser governada por uma obreira rainha não fisiogástrica, ela não só governa como também realiza postura, se comporta como rainha e dá ordens como se fosse uma rainha fisiogástrica. Isso é para vermos o quanto o mundo das meliponas é complexo, bem diferente do mundo mais simplista em termos hormonais da apis melifera, quando isso acontece em Apis nós chamamos isso de colónia zanganeira, que por sinal é extremamente prejudicial para um enxame de Apis.

As vezes é necessário a intervenção do meliponicultor nesse processo pois muitas vezes algumas obreiras rainhas bloqueiam a aceitação da pricesa, demorando muitos dias para ocorrer a aceitação, podendo assim ocorrer o definhamento definitivo da colónia por falta de princesas pois todas já terão nascido dos discos.


Mas isso é mais difícil de acontecer quando se tem muitas colónias reunidas, pois sempre haverá princesas na área. Mas se o meliponicultor possui poucos enxames, não deve dá mole para o azar, o certo é que quando ele perceber que a colónia ainda está sem rainha fisiogástrica (o tempo médio de substituição é de 25 dias) deve ele inserir discos de cria em estado mais avançado para solucionar o problema.

Quando inserimos discos em estado avançado (os mais claros) matamos dois coelhos com uma cacetada só, por que tanto ofertamos mais princesas a nascer, como também, diluímos a força feromonial da obreiras rainhas que estão a bloquear a aceitação da princesa.

Os discos de cria, mesmo ainda em fase de desenvolvimento, tanto recebem com dão a colónia ferômonios, e os ferômonios das abelhas que estão nos discos (feromônio Corporal de Obreira = FCO) bloqueiam ou mesmo diluem o Feromônio Mandibular Real das Obreiras Rainhas (FMR).

Abaixo vejam o mesmo enxame, após seis meses já com a rainha nova e com a postura extremamente saudável.




A todos ótima semana.
att,

Kalhil Pereira França
Mossoró-RN