sexta-feira, 31 de julho de 2009

A visita de um amigo abelhudo!!!

Amigos Leitores,

É com muita satisfação que hoje recebi a visita ilustre do amigo Luiz Inoue de São José dos Campos-SP, o amigo Luiz está passando as férias no Rio Grande do Norte com a esposa e alguns dias atrás eu tinha feito o convite para ele desse uma "esticadinha" de 265km até minha cidade Mossoró-RN, para conhecer o meliponário urbano de minha residência.

Eu e minha família o recebemos em minha casa e depois de comermos uma macaxeira cuzida na hora com um bom suco de maracujá passamos uma boa parte da manhã tirando muitas fotos das minhas Jandaíras e mandaçaias, tive o prazer de abrir várias colónias para que o Luiz pudesse conhecer melhor a Jandaíra e algumas outras abelhas do Sertão, tenho certeza que ele gostou e muito, tendo inclusive ficado muito supreso pela beleza das minhas mandaçaias mesmo não sendo daqui.

Fizemos uma festa, colhemos mel e pólen purinhos retirados na hora, de sabor maravilhoso, segundo palavras dele: "Que delícia, agora eu sei por o seu mel foi o campeão do concurso"!!! Rsrssrs.

O Luiz ficou muito surpreso com o Nordeste, pois ele tinha a impressão que tudo era sempre muito seco, ficou encantado com a beleza do verde nessa época no Sertão, uma curiosidade que ele não parava de comentar era de como Mossoró era plana, no alto da entrada da cidade podiamos ver toda a extensão da cidade de tão plana que é.

Depois de inspecionarmos minhas colónias, fomos até a casa de um outro grande amigo, o Paulo Menezes, quando chegamos lá o Luiz ficou encantado com a beleza do Meliponário do Paulo, mais de 600 colónias reunidas no quintal da casa dele.

O Paulo nos recebeu muito bem e de forma muito carinhosa foi logo nos entupindo com muita água de côco bem gelada, passamos o resto da manhã no Meliponário Menezes onde o Luiz conheceu outras espécies como a Tiúba, Uruçu Nordestina, Mané de abreu, jati e outras raridades que o Paulo possui.

Mostramos o mel das Jandaíras do Paulo e ainda ele nos fez o favor de nos mostrar as amostras de mel que ele possui envazadas desde 1983 (de sabor inigualável e de valor inmensurável).

Logo em seguida levei-o para almoçar num bom restaurante e retornamos para minha casa, ainda deu tempo de batermos um bom papo enquanto apreciavamos as minhas belas colónias de Jataís trabalhando na área de minha casa enquanto tomávamos um bom café.

Fiquei muito honrado pela visita e pela disposição do amigo de vim de tão longe. Mas tenho certeza que ele gostou muito de nossa manhã, principalmente do presente que lhe entreguei, um bela garrafa de um litro com o mais puro néctar do Sertão.

Amigo Luiz, espero que venha outras vezes, com mais tempo para que eu possa mostrar-lhe as belas praias a 30 km de minha cidade e ainda visitar o Meliponário Rural de Taboleiro Grande, lá sim você ficaria ainda mais encantado com as jandaíras e principalmente pela figura do meu querido avô.

Convido aos amigos amantes da natureza, que assim como o amigo Luiz Inoue venham a Mossoró-RN nos visitar e conhecer melhor nossa região e nossas abelhas, será sempre um grande prazer receber os abelhudos de plantão.

att,


Kalhil Pereira França
Mossoró-RN
Meliponário do Sertão

domingo, 26 de julho de 2009

A Grande Colheita

Eram 05:00h quando já estávamos todos de pé, arrumada as malas no carro nos dirigirmos, ainda no alvorecer da manhã, em direção a Taboleiro Grande - RN. Hoje era o dia tão esperado da grande colheita, há dias vinha adianto por causa das chuvas a colheita do mel do Meliponário rural.

Mas passada o tempo das grandes enchentes, foi só o tempo melhorar para ver a florada ressurgir no Sertão, há flores por todos os lados, mesmo as colônias do Meliponário urbano, onde em tese a florada é menor, estão com excelentes reservas de pólen e mel.

Pisamos fundo e encaramos a BR que liga Mossoró a Taboleiro Grande, devido ao tempo ruim dos últimos meses, a estrada não ajuda e temos que dirigir com cuidado devido à presença de muitos buracos, depois de duas longas horas de viagem chegamos ao lugar de nossas raízes.

Primeira parada foi casa da tia Júlia para tomarmos aquele café reforçado à base de muito cuscuz, café com leite, ovos, coalhada e o famoso queijo do sertão, tudo fresquinho, como só a Dona Júlia sabe fazer.

Todo mundo de barriga cheia partimos a pé, pois a estrada ainda não passa carro, até a zona rural da pequena cidade, Taboleiro Grande só tem de grande o nome, é terra de gente humilde, trabalhadora e acima de tudo guerreira, viver aqui é ver o tempo passar devagar, sem presa, sem destempero e agonia.

A tranqüilidade é tamanha que os populares não usam trancar suas portas, carros e motos dormem na rua, pois todos sabem que não haverá ladrões a roubarem. No mais, segundo me conta os únicos dois policiais da cidade, uma galinha vez por outro desaparece misteriosamente do galinheiro de alguém ou mesmo é preciso levar algum bêbado mais afobado para casa.

Percorremos a estradinha e atestamos a beleza da florada, tudo flora, desde o Mandacaru até a Jurema, o mata pasto está coberto de flor, do mesmo modo que a cabeça de galo, até as plantinhas mais miúdas explodem de vida e beleza, no sertão é assim, quando chove tudo floresce, ressurgi, renasce... A vegetação parece saber que ela só tem aquele momento para se multiplicar, florar, alimentar aqueles que têm fome.


O colibri canta, passeia em galho em galho sobre grandes pés de Juazeiro, as borboletas perambulam entre os estames das flores, o João de barro se apressa a montar a sua casa, ele como nós sabe que é tempo de fartura, tempo de namorar, casar e perpetuar a espécie. Como é belo o Sertão, sempre faceiro aos nossos olhos, pena não percebermos quase sempre.

No caminho o cheiro gostoso da mata verde penetra nosso peito, a cada passo o cheiro muda de acordo com planta que flora, o mais intenso é o pé de mufumbo. Quando mais andamos mais sinto perto a presença de Deus junto a nós, na correria diária da cidade grande muita vezes esquecemos que ele está presente em cada flor dessas, em cada paisagem que vemos, em cada animal que passei pelos campos e principalmente, dentro de nós mesmos.

Atravessarmos mais uma vez o Rio Apodi que corta a propriedade e vamos ao longe vendo aquela casinha no alto do morro, mesmo longe conseguimos ver o casal de velhinhos em pé a nos esperar, acenamos com os braços e eles repetem o gesto, acalentam o coração, mesmo ainda distantes, pareço sentir o cheirinho dos cabelos brancos daqueles velhinhos.

Após superar a última ladeira e o último chechero de pedras, vejo meus avôs com o sorriso que mais parece não caber na boca. Aquele abraço forte, demorado, sinto o tempo parar nesse instante de alegria e alvoroço, meu coração mal cabe no peito de tanta alegria, que vê assim pode pensar que faz uns 10 anos que não os via, mas só fazia duas semanas, rsrs. Temos o dever de conviver com os nossos velhos, temos que aproveitar ao máximo todos esses momentos, pois eles não voltam nunca mais, de resto, nos ficarão as lembranças dos bons momentos juntos, momentos esses inesquecíveis.

Passado o calor inicial da recepção, vamos aos apertos: - Você cabra, esqueceu de amarrar os cortiços que abriu semana retrasada viu, quase que caíram!!!! – Eu sei vovô, eu sei...Me desculpa....rsrsrsrsrs.

Depois de levar os puxões de orelha merecidos, fui tomar caldo de cana com limão moído na hora, depois de tanto caminhar esse caldo caiu do céu, pois a sede era imensa.

Botamos o papo em dia: A vaca pariu; os pintinhos de sua avó nasceram; duas Jandaíras enxamearam; os limoeiros estão carregados; o jumento fugiu e pra terminar, a raposa comeu dois patinhos do seu tio Wilson, tem papo melhor que esse!!! Não tem mesmo!!!

Às 9:30h inicio a arrumação da sala de colheita, separo o material, sugador, facas, garfos, garrafinhas, máscaras e luvas cirúrgicas, tudo limpinho e esterilizado para garantir a qualidade do mel, a higiene é importantíssimo para garantir a vida útil (e comercial) do mel, se colhido de outra maneira, facilmente se contamina e não pode ser estocado.



Começo a abrir as colônias selecionadas e aos poucos vou colhendo com ajuda de muitos olhares curiosos (e gulosos), todos estão a esperar pela minha autorização para roubarem alguma garrafinha de mel Jandaíra para saborearem. No início não deixo ninguém mexer, principalmente pela agonia de tentar terminar o mais rápido possível, pois no decorrer do trabalho as abelhas vão ficando irritadas e cada vez mais estressadas, mas depois vou autorizando alguns furtos.

É festa no Sertão, cada caixa que abro vem àquela pergunta de sempre: Essa ta gorda??? Está gente, essa também ta cheia de mel.

O mais difícil não é colher, é tentar enganar as abelhas campeiras colocando uma caixa vazia no lugar de sua casa para poder colher o mel. A cada troca levamos aquela surra, e que surra, quem pensa que toda essa operação não dá trabalho se engana, as Jandaíras não tem ferrão, mas em compensação tem uma força na mandíbula que cada mordida mais parece um alicate de unha beliscando. O ajudante se lascou, rsrsrsrs...

Terminado o trabalho o mel é separado na geladeira para decantar, devido à coleta ser com um sugador, o mel fica cheio de espuma e é preciso que ele descanse para que só depois a gente engarrafe.

Após o almoço e uma bela soneca na rede arrumamos tudo de novo e pegamos a estradinha de volta, do mesmo modo da chegada, recebo aqueles abraços carinhosos e me despeço prometendo não demorar.

Ao descer a ladeira da Casa Grande olho para trás e os vejo em pé, acenando juntamente com o resto da grande família, tios, primos, noras, genros, agregados etc. O coração aperta, mas tenho que partir, mais vez a cidade grande me espera, pois amanhã é segunda-feira e começa tudo de novo. Trabalho, trabalho e mais trabalho...


Já na saída, paro para apreciar a vista da entrada de Taboleiro Grande, no fundo a Serra da cidade de Porta Alegre que a noite podemos ver as luzes em cima, parece proteger a pequena cidade de Taboleiro Grande. Mesmo cansado, ainda deu tempo para registrar esse belo fim de tarde no meu Sertão do Rio Grande do Norte.

A Todos uma Ótima Semana,

Mossoró-RN, 26 de julho de 2009.


Kalhil Pereira França

Meliponário do Sertão

sábado, 25 de julho de 2009

Amanhã tem colheita!!!!

Amigos, amanhã estarei indo ao Meliponário de Taboleiro Grande Realizar a Colheita de Mel desse ano, segunda feira posto as fotos da festa com as meninas.

att,

Mossoró, 25 de Julho 2009.



Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Apitoxina - Veneno de Abelha de Ferrão

A Maior diferença entre as abelhas nativas do Brasil (ASF) e as APIS Melifera (africanizada) é a presença do ferrão nesta segunda, esse detalhe faz toda diferença na hora do manejo das abelhas.

Contudo, não é de todo ruim a presença do ferrão das Apis, pois ele tem sua utilidade tanto para o homem como para as abelhas.

Apesar de ser letal para o homem, quando aplicado em grandes proporções, o veneno da abelha (Apis sp) é, paradoxalmente, um consagrado medicamento contra diversos distúrbios e problemas. O veneno da abelha, também é chamado de apitoxina, ele é produzido por glândulas existentes no abdômem e introduzido no corpo das vítimas através do canal existente no ferrão, provocando reações que variam de intensidade de acordo com a sensibilidade de cada pessoa, podendo levar até a morte.



É uma substância química complexa formada por águas e aminoácidos, açúcares, histamina e outros componentes. O veneno da abelha é indicado para a saúde humana, mas ainda faltam publicações científicas a respeito do assunto. A obtenção exige técnicas de laboratório e situa-se num plano mais sofisticado da atividade apícola.

O uso da apitoxina é muito antigo e veio provavelmente da observação de que os primeiros apicultores recebiam muitas picadas e não tinham problema de reumatismo. A picada natural da abelha também é um método empregado, principalmente por acupunturistas. É recomendada para doenças como artrites, nevrites, traumas, cicatrizes, tendinite, bursite, inflamações comuns, afecções cutâneas, doenças oftalmológicas, no tratamento de esclerose múltipla, porém é importante ressaltar que nenhum desses tratamentos têm embasamentos científicos, e assim são todos baseados em observações e crendice popular.

A apitoxina é recomendada somente como pomada, pois em forma de injeção e comprimido sub-língual, o veneno é absorvido rapidamente pela mucosa e pela corrente sangüínea. Dependendo da quantidade absorvida pela pessoa pode causar problemas.

Desde meados dos anos 50, o método do choque elétrico tem sido usado para estimular as abelhas e picar. O coletor normalmente é colocado na entrada da colméia e conectado a um dispositivo que provê impulsos elétricos. O coletor é feito de madeira ou plástico e segura uma armação de arame. Debaixo dos arames está colocada uma folha de vidro que pode ser coberta com plástico ou material de borracha para evitar a contaminação do veneno. Durante a coleta, as abelhas entram em contato com a armação de arame e recebem um choque elétrico moderado. Elas picam a superfície da folha do coletor, pois identificam a excitação elétrica no momento como uma fonte de perigo.

O veneno é então depositado entre o vidro e o material protetor, onde seca e depois é raspado e vendido para a indústria farmacéutica ou laboratório especializado. Todo o processamento da transformação do veneno em pomada demora dois dias.

O apicultor que trabalha com geléia real não trabalha com a apitoxina, pois a coleta do veneno gera muito estresse nas abelhas que ficam muito agressivas após esse trabalho. É aconselhável, inclusive não ter nada móvel (animais e movimentação de pessoas) a pelo menos 300 metros. A coleta deve ser feita somente 1 hora por dia e para coletar 1 grama de veneno é preciso extraí-lo de 10 colméias. A operação, na mesma colméia, só poderá ocorrer após três dias. As abelhas mais indicadas para a extração de veneno são as africanas ou africanizadas.

A estimativa de produção para consumo gira em torno de 5 quilos de veneno por mês. Hoje, um quilo do produto está estimado em 30 mil reais.

Fonte: Revista Rural Especial. Ano II, N. 17


att,

Mossoró, em 23 de Julho de 2009.


Kalhil Pereira França

Meliponário do Sertão

terça-feira, 21 de julho de 2009

Aproximação do período de colheita de mel

Estamos nos aproximando do fim do inverno e conseguentemente, estamos chegando perto do tempo da colheita do mel das nossas amadas Jandaíras, esse ano chuveu muito, aliáis, ainda chove e a colheita de néctar pelas abelhas demorou pois a florada tardou a iniciar, mas nesses últimos 60 dias ela se acentuou com muita força e o Sertão está completamente florido, lindo de vê, há flores por todos os lados. Acredito que esse ano vou colher mel até depois de Agosto. Somente os tolos não percebem o explendor da vida da caatinga.




Ontem fui rapidamente inspecionar algumas colónias produtoras de mel no meliponário de Taboleiro Grande. Iniciei a abertura de algumas melgueiras e pude constatar a excelente quantidade de mel armazenado, nessa foto acima podemos perceber uma melgueira completamente tomada por potes de mel, notem que todos os potes de mel estão operculados (fechados), isso atesta que o mel já está no ponto de ser colhido pois já passou pela fase de desidratação, se não estivesse bom, boa parte dos potinhos estariam com a tampa aberta.

O recomendado para colheita é que pelo menos 80% do potes de alimento estejam operculados. Assim não corremos o risco de colher mel verde (néctar ainda com muita água), o mel colhido nessas circuntâncias fermenta muito rápido.

Mas é sempre importante lembrar que o mel dos meliponíneos é bem mais líquido do que o mel das Apis (africanizadas), a concentração de água gira em torno de 23 a 28% de água, enquanto que na Apis não ultrapassa a casa dos 20%.



Ao terminar as inspeções nas melgueiras, passei a avaliar a qualidade da postura da rainha, não preciso nem falar da minha felicidade pois a foto acima prova o quanto o trabalho de seleção genético nas rainhas vem sendo satisfatório.

Já algum tempo venho selecionando as rainhas, a seleção é muito importante pois garante uma melhor qualidade das colónias filhas, fora que para a produção de mel, é preciso que as colóninas produtoras sejam bastante populosas pois somente essas são capazes de produzir mel em quantidade satisfatória para a comercialização (acima de um 1500 gramas de mel por colónia ano). E somente através das técnicas de seleção e comparação é que podemos avançar para níveis interessantes.



Veja essa colónia, ela tem apenas 4 meses mas já apresenta uma significativa quantidade de discos, ainda não é tão populosas para a produção de mel mas certamente poderá dentro de mais alguns meses passar a integrar o quadro de colónias produtoras de mel, esse ano ela não me trará rendimentos mas de certo ano que vêm produzirá uma boa quantidade mel para seu primeiro ano na produção.



Já na volta para casa, recebi uma ligação de um Ceramista que tinha comprado uma carrada de lenha e tinha vindo junto um pau "cheio de abelhas", passei no lugar e trouxe para o meliponário urbano o pequeno tronco da catigueira onde estavam as abelhas.

Não sei como está internamente a colónia mas acredito pela agressividade das meninas que não sofreram tanto nas mãos dos lenhadores, de certo é que aqui serão bem cuidadas e passarão a conviver com as outras colónias salvas de agressões do homem.

att,
Mossoró-RN, em 21 de julho de 2009.



Kalhil Pereira
Meliponário do Sertão

terça-feira, 14 de julho de 2009

Sombra e água fresca


Hoje me deparei com uma cena curiosa, ao passar pelo meliponário quando tinha acabado de voltar do trabalho observei um aglomerado de abelhas todas bem juntinhas uma nas outras, era mais ou menos umas 14:00h, ou seja, uma hora muito quente.



Fui chegando perto e observei que se tratava de um aglomerado de machos, todos bem juntinhos na tentativa de ficarem sempre na sombra. Os machos depois de algum tempo na fase adulta são expulsos de suas colónias pois não fazem nada, não podem forragear pois não possuem corbículas. Quando jovens podem desenvolver alguma atividade dentro da colónia como por exemplo desidratar o néctar colhido. Mas quando chegam na fase adulta, sua única função é a reprodutiva.


O intuito de mostrá-los, capturei um exemplar com muito cuidado para não machucá-lo, observem que nas patas traseiras não existem as corbículas, um detalhe interessante é que eles tem o tronco mais destacado do que uma abelha obreira.

Outra curiosidade é que o macho das Jandaíras possuem listras amarelas intermintentes muito pequenas no abdomem, nessa fase eles só querem sombra e água fresca, tem acesso livre nas colónias órfãos, mas são rechaçados pelas obreiras vigias nas colónias com rainha fisiogástrica em atividade.

att,


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
Mossoró-RN

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A Morada Racional

Na natureza, as Jandaíras são encontradas em ocos de árvores de médio e grande porte, árvores como a Imburana, Catingueira, Cumaru e outras árvores do Sertão. No Nordeste é muito comum a gente ver os caboclos criando as Jandaíras em cabaças, curtiços rústicos, ou mesmo em troncos que são periodicamente abertos para retirada de mel.

(Entrada de Jandaíra em Imburana)

Mas para uma organização melhor e uma criação racional é preciso que a morada das abelhas seja a mais prática possível. É preciso que caixa seja de fácil manejo e que esse manejo interfira o mínimo possível no cotidiano das abelhas.

Pensando nisso, a muito os estudiosos das ASF vem desenvolvendo vários tipos de caixas, mas no intuito de padronizar, o INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) desenvolveu uma caixa que já algum tempo vem sendo adotada em boa parte do Brasil.

No intuito de melhorar ainda mais, algumas alterações foram feitas para aprimorar o modelo para o manejo das Jandaíras, principalmente por que cada espécie de ASF tem suas peculiaridades, então, a caixa teve que sofrer alterações de tamanho e a introdução de alguns detalhes que facilitam e muito o dia dia das atividades do meliponicultor.


A caixa possui 4 compartimentos (duas melgueiras, ninho e sobreninho), possui ainda duas tampas, superior e inferior que são de encaixe, isso facilita e muito pois podemos realizar a limpeza da lixeira das abelhas sempre que for necessário. As medidas de cada módulo são 18cm x 18cm x 6cm de altura, a espessura da caixa é de 2 cm. A ideal para nossa região pois a temperatura no RN sempre beira os 30ºC, mesmo no inverno raramente cai para patamares inferiores.



Para ajudar as abelhas, foi ainda pensado uma forma de encaixe que impedisse a existência de brechas na caixa, dessa maneira foi criado um encaixe tipo macho-fêmea, onde o macho fica sempre embaixo para evitar a entrada de água da chuva ou mesmo umidade.

Entre os compartimentos foi inserido palitos de madeira no lugar de uma tampa fixa, a presença dos palitos facilita a circulação do ar dentro da caixa e ainda impede a construção de potes de alimento contínuos, assim cada compartimento é independente, podendo ser manejado sem causar destruição de potes de alimento na colónia.



O ninho fica em cima dos potes, pois assim sempre podemos observar de cara como está os discos de cria e verificar a saúde da postura da rainha. Essa disposição ainda impede que durante o manejo ocorra derramamento de mel sobre os discos de cria, o que é extremamente indesejável.


Nas épocas de seca, a caixa fica com apenas dois ou três módulos, sendo inserido a 2ª melgueira somente nos períodos de florada.

(caixas tratas, pintadas e habitadas pelas Jandaíras)


A utilização de caixa apropriada é extremamente importante para as abelhas, pois melhora a temperatura interna da colónia, aumenta a produção de mel e ajuda no desenvolvimento da colónia.

att,


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
Mossoró-RN

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Tempo de fecundação da rainha virgem em meliponíneos

No geral, morfologicamente falando, tanto as Apis quanto as ASF possuem as mesmas características físicas, com exceção na presença do ferrão que nas ASF ele é atrofiado.


Mas no mundo dos meliponíneos existe um comportamento fisiológico da rainha virgem muito interessante que mostra o quanto as abelhas sem ferrão são diferentes das Apis (abelhas de ferrão).

As rainhas virgens das Apis meliferas possuem um tempo certo para serem fecundadas, após esse certo tempo elas não podem mais serem fecundadas, isso acontece porque nas Apis os ovários começam a produzir ovos passado algum tempo de vida e quando isso acontece a rainha deixa de ser fecundável, porque os oviductos ficam cheios de ovos e o sêmen dos zangões não pode mais ser guardado aí no ato da fecundação, para depois deste lugar migrarem para a espermateca.

Já nos meliponíneos, os ovários das rainhas virgens só se desenvolvem depois da rainha virgem ser aceita pela colônia. Assim, rainhas inativas estão neutras e por isso podem ficar vivas a hibernar na colônia.
Uma vez ativa, se a princesa não for aceita será morta. É devido a esse fato que podemos encontrar as chamadas prisões reais, essas prisões reais são células fechadas onde as obreiras criam uma princesa inativa para ser utilizada numa futura enxameação.

É por esse motivo que o mestre Cappas e Souza (Portugal) nos ensina que não existem rainhas zanganeiras em meliponíneos, para ele isso é coisa de Apis e da apicultura. Na verdade, somente as obreiras rainhas não fecundadas são sim zanganeiras, mas a rainha mãe nunca, pois logo que o sêmen acaba ela é substituída.

Att,

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
Mossoró-RN

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Aspectos morfológicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas, como os demais insetos, apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto. Constituído de quitina, o exoesqueleto fornece proteção para os órgãos internos e sustentação para os músculos, além de proteger o inseto contra a perda de água. O corpo é dividido em três partes: cabeça, tórax e abdome (Fig. 3). A seguir, serão descritas resumidamente cada uma dessas partes, destacando-se aquelas que apresentam maior importância para o desempenho das diversas atividades das abelhas.

Figura 3. Aspectos da morfologia externa de operária de Apis mellifera.
Ilustração: Eduardo A. Bezerra e Maria Teresa do R. Lopes - adaptada de Snodgrass, 1956.


Cabeça

Na cabeça, estão localizados os olhos - simples e compostos - as antenas, o aparelho bucal (Fig. 4) e, internamente, as glândulas.



Os olhos compostos são dois grandes olhos localizados na parte lateral da cabeça. São formados por estruturas menores denominadas omatídeos, cujo número varia de acordo com a casta, sendo bem mais numerosos nos zangões do que em operárias e rainhas (
Dade, 1994). Possuem função de percepção de luz, cores e movimentos. As abelhas não conseguem perceber a cor vermelha, mas podem perceber ultravioleta, azul-violeta, azul, verde, amarelo e laranja (Nogueira Couto & Couto, 2002).

Figura 4. Aspectos da morfologia externa da cabeça de operária de Apis mellifera.
Ilustração: Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R. Lopes - adaptada de Dade, 1994.

Os olhos simples ou ocelos são estruturas menores, em número de três, localizadas na região frontal da cabeça formando um triângulo. Não formam imagens. Têm como função detectar a intensidade luminosa.

As antenas, em número de duas, são localizadas na parte frontal mediana da cabeça. Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato, tato e audição. O olfato é realizado por meio das cavidades olfativas, que existem em número bastante superior nos zangões, quando comparados com as operárias e rainhas. Isso se deve à necessidade que os zangões têm de perceber o odor da rainha durante o vôo nupcial.

A presença de pêlos sensoriais na cabeça serve para a percepção das correntes de ar e protegem contra a poeira e água.

O aparelho bucal é composto por duas mandíbulas e a língua ou glossa. As mandíbulas são estruturas fortes, utilizadas para cortar e manipular cera, própolis e pólen. Servem também para alimentar as larvas, limpar os favos, retirar abelhas mortas do interior da colmeia e na defesa. A língua é uma peça bastante flexível, coberta de pêlos, utilizada na coleta e transferência de alimento, na desidratação do néctar e na evaporação da água quando se torna necessário controlar a temperatura da colmeia.

No interior da cabeça, encontra-se as glândulas hipofaringeanas, que têm por função a produção da geléia real, as glândulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glândulas mandibulares que estão relacionadas à produção de geléia real e feromônio de alarme (Fig. 5) (Nogueira Couto & Couto, 2002).

Figura 5. Aspectos da anatomia interna de operária de Apis mellifera.
Ilustração: Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R. Lopes - adaptada de Camargo, 1972.


Tórax

No tórax destacam-se os órgãos locomotores - pernas e asas (Fig. 3) - e a presença de grande quantidade de pêlos, que possuem importante função na fixação dos grãos de pólen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto & Couto, 2002).

As abelhas, como os demais insetos, apresentam três pares de pernas. As pernas posteriores das operárias são adaptadas para o transporte de pólen e resinas. Para isso, possuem cavidades chamadas corbículas, nas quais são depositadas as cargas de pólen ou resinas para serem transportadas até a colmeia. Além da função de locomoção, as pernas auxiliam também na manipulação da cera e própolis, na limpeza das antenas, das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando formam "cachos".

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que possibilitam o vôo a uma velocidade média de 24 km/h (Nogueira Couto & Couto, 2002).

No tórax, também são encontrados espiráculos, que são órgãos de respiração, o esôfago, que é parte do sistema digestivo (Meyer & Wiese, 1985) e glândulas salivares envolvidas no processamento do alimento.


Abdome

O abdome é formado por segmentos unidos por membranas bastante flexíveis que facilitam o movimento do mesmo. Nesta parte do corpo, encontram-se órgãos do aparelho digestivo, circulatório, reprodutor, excretor, órgãos de defesa e glândulas produtoras de cera (Fig. 5).

No aparelho digestivo, destaca-se o papo ou vesícula nectarífera, que é o órgão responsável pelo transporte de água e néctar e auxilia na formação do mel. O papo possui grande capacidade de expansão e ocupa quase toda a cavidade abdominal quando está cheio. O seu conteúdo pode ser regurgitado pela contração da musculatura (Nogueira Couto & Couto, 2002).

Existem quatro glândulas produtoras de cera (ceríferas), localizadas na parte ventral do abdome das abelhas operárias. A cera secretada pelas glândulas se solidifica em contato com o ar, formando escamas ou placas que são retiradas e manipuladas para a construção dos favos com auxílio das pernas e das mandíbulas.

No final do abdome, encontra-se o órgão de defesa das abelhas - o ferrão - presente apenas nas operárias e rainhas. O ferrão é constituído por um estilete usado na perfuração e duas lancetas que possuem farpas que prendem o ferrão na superfície ferroada, dificultando sua retirada. O ferrão é ligado a uma pequena bolsa onde o veneno fica armazenado. Essas estruturas são movidas por músculos que auxiliam na introdução do ferrão e injeção do veneno. As contrações musculares da bolsa de veneno permitem que o veneno continue sendo injetado mesmo depois da saída da abelha. Desse modo, quanto mais depressa o ferrão for removido, menor será a quantidade de veneno injetada. Recomenda-se que o ferrão seja removido pela base, utilizando-se uma lâmina ou a própria unha, evitando-se pressioná-lo com os dedos para não injetar uma maior quantidade de veneno. Como, na maioria das vezes, o ferrão fica preso na superfície picada, quando a abelha tenta voar ou sair do local após a ferroada, ocorre uma ruptura de seu abdome e conseqüente morte. Na rainha, as farpas do ferrão são menos desenvolvidas que nas operárias e a musculatura ligada ao ferrão é bem forte para que a rainha não o perca após utilizá-lo.

Em comparação com as abelhas sem ferrão, as ASF possuem as mesmas características, a diferença é que essas últimas tem ferrão atrofiado, o que nos leva a pensar que elas não tem ferrão.

Na verdade, as abelhas nativas do Brasil tem ferrão, mas é extremamente atrofiado, o que impossibilita a sua utilização.

fonte: http://www.sistemadeprodução.cnptia.embrapa.br/

Kalhil Pereira França

Meliponário do Sertão

Mossoró-RN

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O cerume, a matéria prima das Jandaíras

(Jandaíras coletando cera após a coleta de mel, a cera foi deixada para elas)
Existe um produto que é fundamental para a vida das abelhas, sem ele as Jandaíras ficam de "mãos" amarradas para o desenvolvimento de suas atividades laborativas, é a cera.
Na verdade não devemos chamar de cera, a cera que nós vulgamente chamamos, na verdade é o cerume, o cerume é uma mistura de resina coletada das plantas com a cera que as abelhas secretam de seus abdomem, a cera das Jandaíras, assim como nas demais abelhas é produzido em finas escamas que são misturadas as resinas coletadas na natureza a para a formação do cerume.
O cerume tem a consistência de uma massa de modelar infantil, é um pouquinho mais dura e serve de material de construção para tudo que é produzido pelas Jandaíras, é de cerume que é feito os potes de pólen, mel, os dicos de cria, o envólucro em algumas espécies e até mesmo o túnel de entrada.
No interior do Nordeste se usa a cerume de Jandaíra para calafetar cilos de armazenagem de feijão, milho, arroz e muitos outros legumes. É também popularmente conhecido como uma espécie de espanta o mau olhado, as mães colocam um pequeno pedacinho de cerume na cabeça de seus filhos na esperança de espantar o "olho gordo".
Tirando as fantasias a parte, o cerume é muito caro para as abelhas, segundo pesquisadores renomados, as Jandaíras gastam o equivalente o 5 kg de mel para produzirem 1kg de cerume. Dessa maneira é sempre importante não retirar o cerume das abelhas durante a extração do mel, no máximo retirar uns poucos potes para divisões em colónias fortes, pois estas podem recuperar o material perdido.
Sábia é a mãe natureza, que até nisso pensou, deu as abelhas o poder de construírem seu próprio cimento, seu próprio tijolo. Depois dizem que o homem é que é o bicho inteligente.
att,
Kalhil Pereira
Meliponário do Sertão
Mossoró-RN

domingo, 5 de julho de 2009

Lições - Monsenhor Huberto - Abelha Jandaíra


Lições da Jandaíra Para o Homem
"Texto integrante do Livro - Abelha Jandaíra - Mosenhor Huberto
Huberto Bruening, pag. 131 - 135."

Nosso Salvador nasceu no campo, de uma camponesa, nasceu num curral entre os animais, trabalhou mais no campo que na cidade. Vivia em harmonia e sintonia com a Natureza. Convidou os homens a olhar as flores, os pássaros, as borboletas, as abelhas, os pintinhos, os ninhos. Quem está em contato com a flora e a fauna está em contato com o Criador. O mundo visível é reflexo ao invisível, as criaturas apontam para o Criador.
Todos os animais respeitam o ambiente em que vivem, menos o homem. O peixe mantém límpida a água em que passeia, o pássaro conserva puro e diáfano o ar que cruza, a minhoca revira o solo mas não o degrada, ao contrário, torna-o mais fértil; a fera mora na selva, percorre-se atrás do sustento sem contaminá-la nem destruí-la; o colibri sorve o alimento do nectário das flores, roça com as asas suas pétalas delicadas sem deixar sinal de sua visita; a jandaíra visita milhões de flores para coletar um quilograma de mel, passeia pelos es tigmas, estames e anteras para colher pelotas de pólen, sem vestígio de sua presença , pelo contrário: enriquece-as através da polinização. Quanta lição de inseto para o rei-da-criação, o mais violento dos bichos, o mais barulhento.

Observemos o estardalhaço dos carros-de-zoada e o estrondo das motocicletas, fragor de batalha, sem nada produzir, a não ser ruído! Belíssimo exemplo de laboriosidade, de previdência e providência, de frugalidade e economia fornece a jandaíra ao homem consumista e tecnocrata. Ela recolhe sempre que pode e o que pode – e guarda, ensila, economiza, sem nada esbanjar. Guarda até quotas supérfluas. Jandaíra não alimenta vício – como faz o homem. Não fuma, não masca, não se embriaga, não sorve droga, não cheira cola, não se empazina. Reparte a vida entre trabalho e repouso. Não gasta com turismo, nem forrobodós, não mantém campos de esporte, nem hospícios, nem hospitais, nem cemitérios.
Economista nenhum a supera em pré e providência nem economia. Para ela não há crise habitacional, a não ser pela intromissão do homem. Não gasta com escola, estradas, pontes, energia, água – que nem bebe. Desconhece explosão demográfica pela simples razão de manter o mais rigoroso controle de natalidade que consiste no seguinte princípio inflexível: o número de filhos é rigorosamente proporcional ao número de pratos de comida, nem um a mais! Usa a maternidade responsável – a mais responsável – porquanto usa o sexo uma única vez em toda a existência, e mesmo em fração de segundos. Que contraste com o homem, esse sexólatra maníaco, semelhante “ao cavalo e ao jumento que não compreende nem rédea, nem freio: deve ser amansado.” Salmo 31,9.

A jandaíra trabalha em sintonia com o sol, mesmo encoberto, e sem fiscal, e sem xô nem aboio: tudo bem acabado e caprichado. A criação é uma sinfonia em homenagem ao seu Criador: Deus! E muito afinada. A única nota discordante, o único instrumento desafinado é o homem quando transgride a Lei de Seu Senhor.

Só o homem pode louvar a Deus conscientemente. Pouco se preocupa com isso. O tema Natureza pertence ao passado. A geração contemporânea, hodierna, explora seu próprio tema, único, invariável, monótona até provocar náuseas: o corpo, concentrado no sexo. Milhões de discos, americanos ou brasileiros, com o mesmo enredo e assunto. Que pobreza e que baixeza.
Nunca levantam os olhos para a Natureza que os envolve, mas não enleva nem enleias. A tais São Paulo chama de homens-animais, ou animalescos. Pode ser que com a reação dos ecologistas mudem de rumo. Já é tempo de humanizar o animal e cristianizar o homem. A Flora e a Fauna também merecem um disco. Riqueza e beleza não lhes escasseiam. Mãos à obra. Às lições até aqui anotadas, acrescentemos ainda prodigalidade e solidariedade quanto ao sustento da família.
Cada jandaíra vai ao campo, com risco de vida, colhe o que pode, enche o papo, carrega os pés e chega em casa, põe tudo em comum, como os Atos dos Apóstolos afirmam a respeito dos primeiros cristãos: “...punham tudo em comum.” At. 4,33 ss.
O que consome bens e saúde é o vício; ora, jandaíra não tem vício, não mantém arsenais de guerra nem prostíbulos, nem cassinos, nem máfia; vive do trabalho – e da a vida pelo bem comum e pela família. Na defesa dela enfrenta qualquer inimigo, sem medir nem temer seu tamanho. Ela faz do particular o geral, bem ao contrário dos governos, que fazem do geral o pessoal.
O indivíduo produz mais do que consome, por isso não morrem de fome. Por ocasião de calamidades ninguém furta e todos ajudam a reconstruir. Jamais a mãe abandona a família ou o lar, em caso nenhum. Aprendam as mães, aprendam também os pais – não das jandaíras – dos homens. São muito mais mães que geratrizes.

Em viagem, trancafiadas, as jandaíras mal e mal ingerem alimento: quedam-se o tempo todo. Reparem o homem em viagem de avião. Quase esgota a aeromoça à procura de comida, café, refresco, cigarro, etc. Insaciável. Jandaíra só come em casa, só dorme em casa. O homem come em qualquer lugar, até na aula, na igreja. Horrível. Matricule-se na escola da professora jandaíra,
tão doce!
Dessas Lições eu não preciso comentar mais nada.
A Todos, uma ótima semana, Haaa, Lembre-se das lições da Jandaíra, rs.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
Mossoró-RN