sexta-feira, 20 de abril de 2012

Palestra na USP (Ribeirão Preto)

O Instituto de Estudos Avançados da USP, Polo Ribeirão Preto, informa que será realizada no dia 27 de abril às 14h30 a palestra “Dieta e Castas: o exemplo das abelhas sociais” que ocorrerá  no Salão de eventos do Centro de Informática de Ribeirão Preto da USP (CIRP).
A palestra será apresentada pela Prof.ª Dra. Zilá Luz Paulino Simões (Departamento de Biologia – FFCLRP/USP) e os objetivo são uma análise causal do desenvolvimento da estrutura social das abelhas através de ferramentas de última geração em Biologia e Genética Moleculares e entender como a informação genética flui através de redes hierárquicas de expressão gênica.
As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas pelo site: www.iea.rp.usp.br ou pelo telefone (16) 3602 0368.
O evento também terá transmissão online, para mais informações acesse: http://iearp.blogspot.com.br/2012/04/dieta-e-castas-o-exemplo-das-abelhas.html

Atenciosamente,

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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Novidades no Blog

 (abelhas jandaíras no alimentador coletivo)

No intuito de facilitar ainda mais a vida de quem busca informações sobre as abelhas sem ferrão, em especial sobre a Jandaíra, bem como o constante recebimento de e-mails com as mais variadas dúvidas sobre o manejo dessas abelhas tão especiais, estou criando, logo na entrada do site, uma série de tópicos com os temas mais consultados.

Os tópicos serão todos construídos no decorrer dos próximos dias com matérias de nossa autoria já publicadas no decorrer desses anos. Alguns outros tópicos serão atualizados com introdução de notas e novas fotos.

Nosso site é hoje um dos blogs mais acessados do Brasil quando o assunto é abelha sem ferrão. Pra nós é uma honra todos os dias receber a sua visita e poder contribuir com o seu aprendizado. Caso queiram sugerir reportagens ou divulgar o seu evento apícola, nosso site está à disposição dos amigos das abelhas. 

Mossoró-RN, em 18 de abril de 2012.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Dia de inspecionar as novas divisões


A maior satisfação de quem maneja abelhas é formar novas colônias. Nesse fim de semana passei alguns momentos agradáveis no intuito de criar novas rainhas. Ainda pela manhã montei as caixas e separei o acetato. Tenho usado Pinho por ser muito leve, aceita prego com facilidade e após invernizar fica com uma coloração muito bonita. Há quem diga que a melhor madeira para abelha Jandaíra seja a Imburana. Eu pessoalmente penso que a melhor madeira para abelha sem ferrão é qualquer uma que esteja seca, sem cheiro e que seja leve. 

Após escolher as matrizes que doariam as capas de cria e campeiras, passei a realizar as divisões. Durante todos esses anos de manejo raras foram as vezes que não consegui formar uma colônia. A Jandaíra é uma abelha muito fácil de multiplicar, o segredo está em apenas acompanhar o enxame no decorrer do desenvolvimento sempre procurando sinais de problemas que possam atrapalhar o bom andamento dos trabalhos. 

(clique nas fotos para ampliar)



Essa colônia acima é uma das novas famílias que foram formadas ainda no sábado (14.04.12). Mesmo após um dia de formação já era pra está mais desenvolvida. A primeira coisa que as abelhas fazem é o túnel de entrada, por ser a primeira defesa das abelhas todo trabalho começa nesse lugar. Percebam que nessa colônia as abelhas ainda não formaram, mas isso tem uma explicação. Ainda durante processo de divisão eu forneci uma dose de 150ml de xarope. Nesses casos, quando a divisão é acompanhada de alimentação as abelhas procuram primeiramente fazer novos potes para evitar que o alimento fermente. 

 

 Já nessa outra as coisas estão ainda mais devagar. Parece que as abelhas não aceitaram muito bem a nova caixa e apenas um pequeno grupo está a trabalhar. Aqui, do mesmo modo da primeira, tem uma explicação. Acontece que a caixa está muito perto de outras e acredito que durante a divisão muitas abelhas entraram em caixas erradas. Eu poderia providenciar mais campeiras para essa caixa, mas isso não será necessário. Uma característica muito interessante da Jandaíra é o fato dessa espécie ter um comportamento muito solidário. Naturalmente essa colônia mais fraca será ajudada pelas outras com doações de campeiras no decorrer da semana.

 Em outras abelhas, principalmente na Uruçu, é muito comum a observação de pilhagem de colônias fortes em caixas filhas recém criadas. A Jandaíra desenvolve um comportamento bem diferente, principalmente quando em comunidade de colônias. É muito comum observarmos campeiras de outras colônias sendo integradas as caixas que não possuem rainha. Esse comportamento solidário já foi testado e comprovado por mim. Leiam no link abaixo:

Já nessa última colônia as coisas vão a todo vapor, já há indícios de formação do túnel, mesmo tendo sido fornecido uma grande quantidade de xarope. Nessa caixa eu doei alguns potes de Uruçu que foram rapidamente completados pelas Jandaíra com o alimento artificial. O interessante é que elas construiram novos potes do mesmo tamanho da Uuçu. Vou acompanhar esse detalhe com muita atenção para verificar se elas vão continuar construindo nesse mesmo padrão de tamanho.



Devido a falta de chuvas, praticamente não temos visto forídeos, uma vantagem para as colônias novas que são muito indefesas contra essa praga. Mesmo nos períodos de maior aparecimento, rara são as vezes que vejo a necessidade de utilizar iscas para combatê-los. 

Uma dica interessante é sempre marcar as caixas com as datas dos manejos, em todas nas novas divisões utilizei a marca F. em 15.04.12, indicando que as colônias foram formadas nessa data. Para as matrizes que doam capas de cria, marcamos com a indicação D.C., ou seja, Doação de Crias. Já nas que doam campeiras marcamos com siga D.F., Doação de Família. Essa marcação facilita o reconhecimento rápido pelo meliponicultor das colônias que já foram manejadas. Evitando assim aberturas desnecessárias.


Por fim, trago a vocês uma rápida inspeção nas nossas queridas Jatís (abelha mosquito) que foram divididas na semana passada. Eu coloquei uma pequeno alimentador com algodão, para evitar afogamentos. Percebam que já há muitas abelhas novas e a construção de potes de alimento anda em processo acelerado.  


Ainda não observei a existência de rainhas virgens a perambular pela caixa, mas isso não é problema, pois ainda é muito cedo. Logo logo ela vai dá o ar da graça...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Abelha Jatí, pequenas... mas muito produtivas.

Ainda na semana passada fui avisado pela minha sogra que uma de minhas colônias de Jatí  estava muito populosa e chegavam com enormes cargas de pólen. Passei toda semana esperando o início do feriado da páscoa para que eu pudesse, com muita calma e paciência, inspecionar.

(CLIQUE NAS FOTOS PARA AMPLIAR)

(Colônia de abelhas Jatí, entrada permanentemente viagiada por algumas abelhas)

A Jatí (plebeia sp.), também conhecida com abelha mosquito, é uma abelha sem ferrão muito conhecida em quase todo o nordeste brasileiro. Trata-se de um inseto muito pequeno e extremamente dócil, sem nenhuma defensividade. Essa espécie é muito populosa e chega facilmente a casa das 10 mil abelhas. Não confundir essa abelha com a Jataí (tetragonisca angustula angustula), os nomes são parecidos mas são animais diversos, a Jatí é ainda menor.
  
(ninho de abelhas Jatí,  muito populosa)

Com extremo cuidado, levantei a tampa superior do ninho. Nesse momento tive uma grata surpresa em observar um belo enxame com lindos discos de cria e muitos potes de mel e pólen. Assim que abri centenas foram as abelhinhas que procuravam a caixa mãe no seu lugar de origem. Imediatamente coloquei uma outra caixa no lugar para que pudesse trabalhar sem provocar um estresse maior.

 (visão geral do ninho, postura de células novas em série)

Na medida que fui observando o ninho, principalmente nos discos mais velhos, percebi a existência de muitas realeiras, sinal claro que essa colônia está prestes a enxamear. Como quero ampliar minhas matrizes dessa espécie, que por sinal não estão à venda, resolvi na hora realizar uma divisão. Na família Trigonini, da qual essas abelhas fazem parte, o processo de enxameação depende da existência de realeiras, aqui o processo de formação das rainhas é bem parecido com o da espécie africanizada (apis melifera). 

 
As abelhas, ao perceberem a necessidade da enxameação, puxam uma ou várias realeiras que são alimentadas com uma quantidade maior de alimento. A célula é, de certa maneira, fácil de ser encontrada. Basta um olho bem treinado para rapidamente identificar a célula real. Percebam que nas fotos acima há uma célula de cria de tamanho ligeiramente maior, essa é REALEIRA. Percebam, também, que o tamanho das células de cria podem variar um pouco, nessas de tamanho um pouquinho maior encontramos a casta dos machos e obreiras soldados, que são identificadas por seus olhos "enormes".

(abelhas macho e fêmea da espécie Jatí, tamanho dos olhos identifica o gênero)

Antes de dividir o enxame praticamente ao meio, pois a retirada normal de discos era praticamente impossível, fiz uma inspeção na área dos potes de mel e de pólen. Praticamente não há mais lugar onde colocar o pólen que é coletado pela manhã. É perceptível o destaque pela cor de uma preferência floral, confesso não conhecer de onde está vindo este polén, mas bem que um análise polínica resolveria esse dilema.


 
(grande abundância de polén de coloração bem amarelada, origem desconhecida)

Do mesmo modo se encontra a área dos potes de mel, percebam que mesmo muito pequenas elas estão aproveitando a ótima oferta desse recurso e construindo novos potes para armazenamento. Penso que essas abelhas tem enorme potencial agrícola, principalmente em área de cultivo protegido (casa de vetetação).


(mesmo muito pequenas, são proporcionalmente muito produtivas)


Já existe no Brasil muitas experências com o uso de abelhas sem ferrão dessa família para aumentar a polinização em áreas de cultivo regular. Todavia, é preciso novas pesquisas para se saber quais são as espécies de abelhas sem ferrão mais adequadas a cada tipo de cultura. 


Para dividir não foi possível retirar os discos da maneira regular, ou seja, retirando-os por completo, pois devido ao tamanho reduzido, era quase impossível puxar todo o conjunto sem injuriar todo o restante do ninho. O jeito mais fácil e menos agressivo foi partir com um faquinha os discos ao meio, percebam que ao final do corte quase que destrui uma outra realeira que se encontrava logo abaixo na 3ª camada de discos. Com muito cuidado conseguir coletar mais essa realeira e juntei ao conjunto que foi extraído.


(conjunto de discos para divisão da abelha Jatí com algumas realeiras)

Após retirar os discos coloquei todos em uma caixinha usada que continha grande quantidade de resina e cerume ainda em ótimo estado de conservação. Todo esse material será muito útil a formação do novo enxame que certamente ser formará. Assim que alojei os discos fechei a caixinha e posicionei-a no lugar que se encontrava a caixa mãe. 

 (caixa nova recebendo os discos de Jati para divisão)

A essa altura do campeonato várias eram as abelhinhas que esperavam angustiadas pela nova morada. Assim que me afastei da caixa elas rapidamente foram entrando no novo lar. O mais interessante é observar a grande quantidade de camperias que estavam do lado de fora com uma enorme carga de polén nas patas. Por isso, não será nem necessário retirar alimento da caixa mãe, pois elas estão encontrando alimento com facilidade.

(muitas campeiras do lado de fora à espera pela caixa nova)

Ano final de tudo, fechei ambas as caixas e levei a caixa mãe para outro lugar mais distante. Ainda hoje pela manhã adicionei um pequeno alimentador com xarope fresco na caixa nova e já pude perceber a formação de novos potes de alimento.

Abaixo segue um rápido vídeo onde é possível observar todas elas entrando rapidamente na caixa nova. O vídeo ficou um pouco sem foco, mas se ver com facilidade a grande carga de pólen nas patas de todas as campeiras que chegavam do campo.


(Abelha Jatí (plebeia sp), entrando na caixa nova, divisão em 08.04.12)

A média para a formação de uma nova rainha dessa espécie gira em torno de 20 dias, nesse tempo acompanharei de perto essa colônia e estarei no decorrer dos próximos dias tirando novas fotos para que todos vocês possam acompanhar o desenvolvimento dessa linda espécie, o chodó de todo meliponicultor.