terça-feira, 2 de agosto de 2011

A Força da Uruçu Verdadeira (melipona scutellaris)


Tida por muitos como a melhor abelha do Brasil, a Uruçu Verdadeira (melipona scutellaris) é absolutamente imbatível em quase todos os aspectos. Nenhuma outra abelha chega a níveis de produção, população e facilidade de manejo dessa espécie tão difundida pelo país inteiro.


Nos últimos meses tenho me dedicado profundamente a criação dessa abelha que vem me surpreendendo a cada dia. Quem primeiro me apresentou a Uruçu foi o grande Meliponicultor e amigo, Francisco das Chagas, com ele tenho aprendido a manejar com grande facilidade essa abelha que guarda alguns segredos interessantes.

Lembro que na primeira vez que vi uma colônia dessa, coberta até a tampa de crias e muitos potes de mel cheguei a duvidar da inexistência do ferrão, por um momento pensei que fosse até apis. A surpresa veio acompanhada da paixão e desde aquele dia venho me dedicando a criação dessa espécie tão produtiva.

Eu já tive a uruçu e outras espécies nas mais varias caixas, caixa tido como inteligentes, INPA, PNN, RTL, Maria etc. E devo confessar uma coisa, nenhuma delas proporciona o conforto que a caixa Modelo Nordestina Padrão para uruçu proporciona. Respeito imensamente quem tem opinião contrária, mas a minha certeza é a seguinte, quanto mais me afasto da caixa tradicional (Nordestina) mais aparece um fator complicador no manejo. Essa opinião é pessoal e só serve pra meus objetivos (multiplicação).


Ainda não encontrei espécie que se compare com a Uruçu, a sua imensa população proporciona ao meliponicultor mais experiente uma enorme facilidade de manejo. Tirar família de uma caixa dessa é pra mim uma das coisas mais fáceis do mundo, já cheguei a produzir de uma única família em menos de uma ano (técnica 2:1) 06 novas caixas e mesmo assim a caixa mãe mantinha ótimos níveis de população.

Quando maduros (discos claros) basta descolarmos os pilares de sustentação lateral e levantarmos o conjunto por completo de discos, atualmente não usamos mais a tábua divisória do ninho e melgueira o que tem facilitado ainda mais a retirada dos discos sem provocar praticamente nenhum dano.


Outra vantagem da caixa Nordestina é a facilidade para alimentarmos internamente, como a caixa é alta acomoda tranguilamente os bebedouros de passarinho que são utilizados com alimentadores. Falando nisso um desses cheio com capacidade de 300 ml e devorado em menos de 2 horas.


Outra interessante introdução foi a utilização do acetato sob a tampa superior, o uso do acetato 0.30 tem proporcionado uma grande vantagem nas avaliações das colônias, mas principalmente para a introdução do alimentador pois bastar levantarmos a lateral desejada para a substituição dos bebedouros.


O acetato 0.30 não é tóxico as abelhas e devido as suas qualidades tem evitado a morte por esmagamento de campeiras durante o fechamento da tampa, outro dica de manejo interessante foi a colocação de tiras de papel borracha (evi) nas bordas o que escuresse as caixas novas diminuindo a produção de batume.

Uma coisa que tenho percebido e tem me deixado bastante satisfeito é a observação de umidade no interior do enxames de uruçu. Em Mossoró-RN, devido ao clima muito seco era necessário muitas vezes a colocação de água dentro das colônias, mas em Tibau-RN, devido as novas condições climáticas (litoral) isso não tem sido necessário pois sempre encontro algumas importantes gotículas de água no acetato, graças a umidade natural da região.


Essa é uma da várias famílias que já estão separadas para divisões em agosto, estou só esperando esses discos amadurecerem para retirada de novas famílias, é por isso que tanto gosto da caixa nordestina, graças a abertura de toda a caixa podemos observar em detalhe de uma só vez todo enxame e com o acetato ficou ainda mais fácil.



Se pararmos pra contar com paciência perceberemos que cada disco desse tem em média de 800 a 1000 células de cria, por isso que é tão fácil multiplicar essas abelhas, pois na medida que vão nascendo rapidamente chegamos a um bom números de campeiras mesmo nos enxames recém criados. Fico a me perguntar sobre a quantidade de alimento ingerido pelas rainhas para manter tamanha capacidade reprodutiva.


Em algumas colônias chego a colocar dois ou mais alimentadores pois todos são consumidos em menos de 2 horas, visto a força dos enxames. Fora que a quantidade de potes de polén é absurda, andei pessando algumas caixas e ultrapassaram facilmente a casa dos 20kg de puro alimento.


Muitas de minhas matrizes ainda estão sem o acetato, acontece que a folha do acetato é bem cara, apenas para ter uma idéia uma folha de 60 x 50 custa R$ 12,00, bem salgado. Mas o ganho no manejo vale a pena, pois a melhora no manejo é significativa. Veja que na foto abaixo há muitas abelhas mortas pelo esmagamento constante do abre e fecha, com o uso de acetato acabamos com isso.


Em muitas das matrizes fica até ficil colocar o alimentador pois elas já consumiram todo o espaço da caixa, essa é a força da uruçu que a cada dia me deixa mais estimulado com futuro promissor desse inseto. Minha intenção é investir muito nessa abelha pois acredito que ela tenha um grande potencial.

Observem que na foto da matriz abaixo, devido a presença do acetado 0.30, não há praticamente abelhas mortas nas bordas. Na verdade nem era preciso levantá-lo, pois poderiamos avaliar o enxame por cima dele.


Essa foto abaixo é uma das minhas caixa novas que foram dividas a poucos dias e em breve estarão a todo vapor de produção, o que mais chama atenção é a grande quantidade de abelhas, pois é um enxame recém formado. Por isso que tanto gosto desse abelha, acredito que ela poderá ser uma alternativa viável a meliponicultura em muitos aspectos.

Os potes de alimento foram todos construídos em menos de uma semana e quase todos são de polén, a presença desse alimento me garante que minhas abelhas estão respondendo de forma excelente a região, prentendo manté-las aqui por bastante tempo, pois todas as condições são extremamente favoráveis a sua criação.

Ainda ouviremos falar muito das Uruçus Verdadeiras do Meliponário do Sertão.

att,
Mossoró-RN, em 02 de agosto de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

6 comentários:

  1. Lindas matrizes Kalhil, parabéns pelos cuidados, depois quero visitar seu meliponário, tenho certeza que deve ser uma coisa encantadora.

    Lauro Júnior
    Natal-RN

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  2. Olá meu prezado Kalhil muito bonito suas matrizes, essa abelha é ideal para se criar tanto para mel como enxame.Use caixas 19Lx20hx80c você vai ter mais espaço, para o manejo é ideal para uruçu e concordo com você quando diz que as caixas nordestinas, são melhores tanto no manejo como na produção de mel.
    Abraço Rivan Fernandes
    meliponário do litoral
    Macaiba,RN

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  3. Rivan, Essa caixa já tem essas medidas, mas externas, as caixas internamente são 15x15x75, ótimo espaço e bem ocupado.

    Com relação ao manejo na caixa nordestina, é pra mim a melhor em todos os sentidos.

    att,
    Kalhil Pereira França
    Meliponário do Sertão

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  4. Parabéns por seu belo trabalho Kalhil. concordo plenamente contigo sobre a facilidade no manejo das uruçus. Tenho 16 caixas dessas abelhas que sempre me presenteiam com uma grande satisfação.

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  5. Ademir Perin GRÃO PARÁ SC
    Aqui na região sul e um tipo de abelha que eu não conheço ,será que existe ou não pelo fato de ser muito frio no inverno?

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  6. sobre o acetado coloque chapas de raio x velhas em contato com água sanitária e retire toda a cobertura preta dele,depois lave bem e você tem uma folha de acetado sem muito custo

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