segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Parece Apis mas não é!!!

Ando bastante gripado sem nenhuma motivação para escrever no blog nem muito menos cuidar de minhas abelhas sem ferrão, em especial as Jandaíras. Contudo, como não posso deixar de registar alguma coisa nesse espaço durante esta semana. Acabei por postar esse filme abaixo apenas para ilustrar a população de uma colônia de Jandaíra que será, assim que me recupere, desdobrada.



No vídeo acima viso ilustrar quando uma colônia matriz se encontra, em termos populacionais, adequada para ceder abelhas para uma divisão. Observem que as abelhas, mesmo após as minhas batidas na caixa no intuito de irritá-las, não chegam a me atacar, somente uma que me estranhou e me deu uma beliscada, isso se deve ao fato das abelhas já reconherem o meu cheiro com amigo.

Se outra pessoa tive feito essa mesma brincadeira com as abelhas elas teriam atacado sem pena, aí queria vê se o camarada iria ficar assim brincando como fiquei. Elas não tem ferrão mas beliscam que uma beleza.

att,
Mossoró-RN, 30 de novembro de 2009.


Kalhil Pereira França
Meliponario do Sertão

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Colméias de luxo para abelhas sem ferrão


Na cidade de Nova Trento - SC, existe um grande artesão que faz coisas incríveis com madeira, o nome dele é Ivo Rezzini e entre os seus produtos está a confecção de colméias de luxo para Abelhas sem Ferrão. As colméias são confeccionadas no estilo chalé, com varanda e tudo, são feitas com grande capricho e dedicação desse grande artesão que também é meliponicultor nas horas vagas.


Sou grande admirador do trabalho do Ivo pois nunca vi colméias tão bonitas, fora que ele não faz só faz só isso, há diversos outros produtos que são feitos com a mesma beleza, corrimão e escadas, adegas e muito mais.

Infelizmente, devido a distância não tenho como adquirir várias caixas dessas pois o frete ficaria caríssimo, mas pretendo no futuro próximo adquirir algumas para servir de modelo para as minhas pequenas Jandaíras.

Quem quiser saber mais sobre esse e outros produtos entrem em contato com o Ivo Rezzini, através de seu blog: http://artezzini.blogspot.com, vale a pena dá uma passadinha nesse belo espaço de luxo e beleza.

att,
Mossoró-RN, 24 de novembro de 2009.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

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Anônimo disse...

Nossa!!! Que caixas belas, como faço para comprá-las, vc sabe o preço Kalhil???

Bruno Capel
Curitiba-PR


Olá Bruno, não me lembro o preço, mas é justo pois o trabalho é muito bonito e feito com muito capricho, fora que a madeira é de boa qualidade e dura uma eternidade. Entre em contato com ele atráves do seu blog que certamente ele terá todo prazer em lhe atender.

Kalhil Pereira França

Anônimo disse...

Olá Kalhil, tudo legal? Muito legal este post sobre este artesão, e realmente com caixas bonitas como essa as "patroas" não colocarão empecilho para termos abelhas próximas às nossas residências, haja vista à inegável beleza estética das mesmas rsss
Olha, finalmente vou lhe mandar um e-mail para o seu endereço que está ao lado para saber sobre se ainda está de pé o lance dos discos de cria. Até mais. Francisco Mello.


Olá Amigo Francisco, as caixas são muito bem feitas, são lindas e certamente toda mulher gostaria de ter uma dessas para enfeitar o seu Jardim. Pena o Ivo morar tão longe, se não já teria comprado várias caixas dessas, quanto aos discos eu já te respondi através do seu e-mail, mandei discos para vários lugares.

Abraço,

Kalhil Pereira França

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Jandaíras no Rio de Janeiro-RJ

Desafiando o ar pessimista de alguns meliponicultores, é possível sim criar abelhas sem ferrão fora de seu habitat natural. A exemplo disso recebi fotos de uma colônia de Jandaíras enviada por nós a quase um ano ao meliponicultor Luiz Medina, no Estado do Rio de Janeiro (capital) que estão no mesmo padrão de postura (se não até melhor) de nossas matrizes do Meliponário Urbano.


As abelhas cresceram tanto que subiram a postura para o sobre ninho da caixa modelo INPA Jandaíra, na foto, podemos observar que o colega adaptou uma mangueirinha que liga uma tampinha que serve de alimentador interno, acontece que a colônia cresceu tanto que passou ocupar todo o espaço da mangueira, rsrs.


Nesses casos a retira dos discos de cria para uma divisão tem que ser feita com uma faquinha de mesa para partir o disco de cria ao meio pois a postura está sendo desenvolvida para uns dos lados da caixa. Jandaíra faz isso com regularidade, raramente faz discos de cria uniformes, quase sempre vão espalhando a postura por todos os cantos da caixa de forma meio aleatória.


A outra colônia (caixa Branca) é a que pertence a Associação de Meliponicultores do RJ (AME-Rio) e foi por nós doado alguns meses, o Medina me solicitou alguns discos de cria para ajudar na sua divisão, discos esses que serão enviados nessa segunda feira juntamente com o restante da caixa da AME-Rio, a colônia já cresceu muito e precisa de mais espaço.

Percebesse claramente que as duas colônias vivem em condições bem diferentes e mesmo assim as rainhas estão literalmente "bobando" na postura, vejam que a colônia da AME-Rio (caixa branca) por viver em uma área bem mais úmida, está marcada com entrada caixa por um mancha escorrida, isso é fruto do trabalho das abelhas no intuito de reduzir a umidade da caixa elas retiram a água acumulada durante a noite úmida da Serra de Petrópolis.


Já a colônia do Medina está limpinha, não possui praticamente nenhuma marca de retirada de água pelas abelhas, isso se deve ao fato da colônia do Medina está em área urbana, com umidade bem reduzida, detalhe, essa caixa está instalada numa varandinha de um prédio bem alto no centro da Tijuca, rs.


Se bem cuidadas e alimentadas, é possível criar as Abelhas sem ferrão em qualquer lugar do País, basta saber aprender a manejá-las como se devem e ajudá-las no seu desenvolvimento.

No final, um pouco de carinho e atenção é bom para todo mundo, até para as abelhas.

att,

Mossoró-RN, 22 de novembro de 2009.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

sábado, 21 de novembro de 2009

A Meliponicultura no Brasil

Acabamos de receber escaneada a nossa reportagem sobre as ASF que está circulando na Brasil e no Mundo através da Revista O Apicultor. Mais uma fonte de divulgação e apoio a Meliponicultura.

No geral ficou muito boa, como foi publicada de surpresa, sem a realização de uma revisão no texto, não deu tempo de realizar as correções de ordem técnica, mas entrarei em contato com Mestre Pífano solicitando as correções na "errata" da próxima edição da revista.

Gostaria de agradecer imensamente ao Amigo Pífano por dar essa oportunidade de divulgar nossas abelhas e nosso trabalho, não sei nem como agradecer por tão honrosa oferenda, espero muito poder retribuir.

Abaixo segue a Capa da Revista (ed. 66) e corpo de nossa reportagem.

(Para ler basta clicar sobre as fotos)





Um grande Abraço a Todos,

Att,

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Uma abelha a tempos esperada

Quase não tenho dormido nesses últimos dias, muito mais por questões acadêmicas que estão tomando demasiadamente meu tempo, pouco tenho ido ao meliponário rural, estou até preocupado pois faz um tempão que não dou o ar da graça para tratar algumas colônias que a poucos meses foram removidas para lá.

(abelha Tiúba)

(clique nas fotos para ampliar)

Porém, a minha insônia nesses últimos dois dias foi agravada pela espera anciosa por umas colônias de abelhas que a tempos esperava pela oportunidade de criá-las, são as Tiúbas (Melipona compressipes fasciculata), também conhecida por Uruçu-cinzenta, é uma abelha sem ferrão típica da região do Maranhão e Piauí. Já as conhecia mas não as possuia em nossos meliponários, são abelhas grandes, do tamanho das apis, as colônias são populosas e podem chegar acima das 2.000 abelhas facilmente.

(a vigia, incansável sentinela)

Após colocá-las em seu local definitivo e retirar a tela de transporte tive o imenso prazer de vê-las sair alvoroçadas para trabalhar, imediatamente fizeram o vôo de reconhecimento da área da nova morada e pouco tempo depois já iniciaram a retirada do lixo produzido durante a viagem.

(Tiúba retirando lixo de casa)

A tiúba produz um dos méis mais saboroso que já pude provar na minha vida, não há nem como descrever o sabor pois ele é de uma pureza e peculiaridade que não há comparação.

(abelha Tiúba)

Por aqui, iremos criá-las com muito amor e cuidado, serão nossas meninas de ouro, num futuro próximo serão multiplicadas e sua criação será ampliada. Fui trabalhar hoje com o pensamento mais em casa do que na repartição.

Mesmo tendo um bom conhecimento sobre as ASF em geral, pouco sei sobre os segredos dessa abelha, por isso terei que contar com as dicas dos amigos maranhenses.

É senhores, quem pratica meliponicultura com gosto e com amor fica assim como eu, abobalhado quando recebe um nova espécie, a sensação é a parecida com a de uma criança que recebe um presente e não vê a hora de poder brincar com ele, no meu caso, não vejo a hora de poder manejá-las.

att,

Mossoró-RN, em 19 de novembro de 2009.



Kalhil Pereira França

www.melioponariodosertao.blogspot.com

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Paulo Romero disse...

Amigo kahlil,
Parabéns pela nova aquisição,com certeza com a sua dedicação e experiência em meliponicultura,as tiúbas,logo serão um sucesso por aqui.
Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.

19 de Novembro de 2009 21:19

Caro amigo Paulo, não dormi ontem sonhando com essas meninas, eram a tempos esperadas por todos do Meliponário do Sertão.

Kalhil Pereira França


elisabeth disse...

Caro kalhil
Todos os dias visito seu blog para me informar e cada vez mais me apaixono pela meliponicultura.Você tem culpa, pois, além de informações transmite também emoção. Já estou me organizando para começar minha criação de mandaçaias. Pena que você não receba estagiários. Não daríamos trabalho (eu, e mais três colegas, sócias)levaríamos colchonetes, nissin miojo, rss
Até breve
Beth

19 de Novembro de 2009 21:32

Cara Elizabeth, sua professora entrou em contato comigo mas infelizmente não temos estrutura para recebê-las, nosso meliponário rural fica muito afastado e é em zona de difícil acesso, para mim é complicado mas para as abelhas é um paraíso pois não tem contato com agrotóxicos etc, o mel produzido assim é muito mais puro e saboroso. Porém o preço que se paga é caro, infelizmente não tenho com receber estagiários por lá, no máximo visitas monitoradas e agendadas. Mas quem sabe no futuro.

Kalhil Pereira França


Meliponário Alencar disse...

Olá Kalhil! Com certeza irá se apaixonar por essas meninas, são realmente uma graça. Valeu pela visita, abraço!
Francisco Carlos Alencar
www.meliponarioalencar.blogspot.com

19 de Novembro de 2009 21:33

Caro Alencar, vou procurá-lo muitas vezes para aprender os segredos dessas meninas, só vcs aí do Maranhão sabem os melhores manejos sobre elas.

Kalhil Pereira França

montedomel disse...

São muito estranhas essas abelhas Kalhil. São muito raras?
Produzem mais mel por formarem colónias maiores ?

abraços
JPifano - Portugal

20 de Novembro de 2009 16:37

Prezado Pífano,

As tiúbas são do tamanho das apis, não são tão raras, mas por não serem típicas de minha região quase ninguém por essas bandas as possuem, como lhe falei certa vez, nossas abelhas sem ferrão são específicas de cada região do País, somente um outro grande criador amigo meu aqui em Mossoró as cria, mas não muitas.

Ela é muito conhecida (e de fácil localização) no Norte do Brasil, Pará, Maranhão e Piauí, produzem mais mel (de 3 a 5 kg) por serem colônias mais populosas, podem chegar a 2 mil ou mais abelhas.

Caso queira conhecer mais sobre essa abelhas, vá ao blog: www.meliponarioalencar.blogspot.com, o alencar é nosso amigo e parceiro do Meliponário do Sertão, é criador de Tiúbas no Maranhão e grande conhecedor de seu manejo.

Já estou me programando para Avis Melifera 2010, rs.

Kalhil Pereira França

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O Meliponário do Sertão ganha destaque no Exterior

Há alguns dias atrás, o colega e meliponicultor Eurico (MG), me enviou um e-mail me informando a respeito da publicação de um artigo (em tom de bate papo) escrito por mim ao amigo e apicultor Joaquim Pífano (Portugal) a respeito de diversas curiosidades da meliponicultura praticada no Brasil, em especial por nós do Meliponário do Sertão.

O Mestre Joaquim Pífano, como já é conhecido por todos pelo seu grande conhecimento a respeito das Apis (www.montedomel.blogspot.com), satisfeito com as informações encaminhou todo texto (espero eu com as retificações, rs) para publicação numa das revistas de maior divulgação e circulação sobre apicultura na Europa.

O mais engraçado é que isso era para ser surpresa para mim pois o Joaquim não tinha me comunicado previamente a respeito da publicação, contudo, o amigo Eurico, de boa fé e sem saber, acabou me contando antes da hora, rs.

Mesmo ainda não tendo sido publicada na internet, a revista " O Apicultor" (www.oapicultor.com) já está circulando praticamente em quase toda a Europa e também no Brasil, com as nossas informações e fotos a respeito de uma das atividades que vem crescendo, mas ainda tem muito a se desenvolver no Brasil, a meliponicultura.

(clique para ampliar)

Não bastasse essa tão grande contribuição para mim e para meliponicultura brasileira, o Mestre Pífano ainda nos convidou para participar da
Avis Melifera 2010, a ser realizada em Portugal. A Avis Melifera é o encontro nacional dos apicultores da Associação Regional do querido amigo português.

Não sabe ele a honra e o prazer que terei em participar de tão belo evento, principalmente em poder contribuir com a divulgação da meliponicutura no Brasil e no mundo, não tenho nem palavras para agradecer.

Assim que recebermos a revista (edição nº 66), que está sendo enviada de presente pela Editora Portuguesa, estaremos postando aqui para o conhecimento de todos a respeito do que foi tratado.

att,

Mossoró-RN, 18 de novembro de 2009.


Kalhil Pereira França
Meliponario do Sertão

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Jandaíra, uma Abelha Solidária

Ontem à noite, recebi uma ligação de um amigo e meliponicultor, o Luiz Medina do Rio de Janeiro-RJ, que me questionava a respeito de um comportamento que ele e sua família vinham observando com certa preocupação, rsrs.

Há alguns meses atrás eu fiz uma doação de uma colônia jovem de Jandaíra a AME-Rio (Associação dos Meliponicultores do Estado do Rio de Janeiro) e esta dita colônia atualmente encontra-se na casa (melhor dizendo, apartamento) do Luiz para que essa caixa possa ajudar (fornecendo machos diferentes) a uma outra colônia de Jandaíra que é de propriedade do Luiz e será em breve desdobrada.

(foto getilmente cedida por Vinícius, de Maracanaú-CE)

Como ele não tem muito espaço, acabou colocando a colônia da AME-Rio um pouco acima da dele. Com o passar dos dias, foi observado por ele que as abelhas da AME-Rio estavam entrando na caixa dele e vice-versa.

Como todo mundo sabe laços feromoniais diferenciam abelhas de colônias diversas, assim, uma abelha de uma outra colônia dificilmente vai entrar em outra caixa pois corre o risco de ser morta por ter um "cheiro" diferente das outras abelhas, as abelhas encaram essa "invasão" de uma abelha de caixa diferente como pilhagem, ou seja, as abelhas entram na caixa errada de propósito para roubar material, cera, mel etc.

O Luiz me questionava se esse comportamente observado em suas colônias de Jandaíras eram sinônimo de pilhagem.

Para as Jandaíras, essa tese comportamental deve ser relativizada, passo a explicar o porquê:

Durante todos esses anos de manejo com as Jandaíras uma coisa eu aprendi muito rápido com elas, essas abelhas possuem um comportamento extremamente social, as colônias de Jandaíra sempre estão se ajudando mutuamente, as observações feitas pelo amigo Luiz são muito comuns nas minhas também, sempre observo essas entradas erradas em colônias vizinhas.

É muito comum as Jandaíras se comportarem desse jeito, pois devido as adversidades da caatinga, as abelhas precisam serem solidáiras umas com as outras, é muito comum empréstimo de material para construção ou mesmo mel para a manutenção de alguma colônia mais fraca.

Esse comportamente, que aparentemente parece estranho é muito interessante pois mostra o quanto as Jandaíras se parecem com o povo da região, é característica do Nordestino ser sempre solidiário com seu próximo. É costume local do sertanejo ajudar o companheiro que esteja precisando, doa um saco de farinha, um pouco de feijão, um pouco de milho ou mesmo uma criação (ovelha) para matar a fome daquele esteja em mais precisão. Muitas vezes tira até de onde não tem, mas ninguém morre de fome por falta de ajuda.

O Padre Monsenhor Humberto Brunmeng, um dos pioneiros na criação de Jandaíras aqui em Mossoró-RN, também já fazia essas mesmas observações, em alguns momentos costumava colocar as abelhas de castigo, fechava a entrada das colônias por alguns dias para impedir essas entradas erradas.

Na verdade, esse comportamente é muito peculiar dessa espécie, raramente se concretiza dessa forma em outra espécies, nas uruçus por exemplo essas entradas erradas são rapidamente coibidas, as obreiras vigias quase sempre imediatamente entram em guerra com as abelhas invasoras pois certamente o interesse das intrusas é de pilhagem e não a solidariedade.

No intuito de certificar esse comportamento, certa vez fiz uma experiência muito curiosa, coloquei uma rainha jovem e um pequeno disco de cria juntamente com alguns poucos potes de alimento em uma caixa vazia com bastante cera, o meu interesse era observar se abelhas iriam ser tentadas a pilharem a grande quantidade de cera que tinha sido deixada de propósito na caixa sem nenhuma proteção.

Para minha feliz supresa o que aconteceu foi algo surpreendente, passado alguns poucos dias eu abri a caixa e observei que algumas dezenas de obreiras de uma caixa forte vizinha tinham se deslocado para a caixa da rainha solitária e passaram a adotar aquela caixa ajudando a rainha no desenvolvimento do enxame.

(várias abelhas adultas que aparecerem de forma "misteriosa", rs)

A foto acima mostra a dita colônia após 20 dias depois do início da experiência.

(a cera que foi dada em excesso, parte foi transformada em potes de alimento e o resto intacta)

Isso só mostra o quanto as abelhas são inteligentes ao ponto de desenvolverem um comportamento que aparentemente é apenas observado em poucos animais, a solidariedade.

Já imaginou se todos fossem assim, que mundo melhor teríamos!

att,
Mossoró-RN, 16 de novembro de 2009.



Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A nossa história (como nasceu o meliponário do sertão)

Sempre recebo muitas e-mails perguntando com nasceu em mim essa curiosidade/amor pelas abelhas, em especial pelas abelhas sem ferrão, mesmo não tendo inicialmente nenhuma correlação com meu trabalho, pois como muitos sabem não tenho nenhum graduação na área animal, na verdade sou bacharel em Direito, o que a princípio não tem muito haver com ASF.

Contudo, hoje mais do que nunca, vejo na meliponicultura não apenas uma atividade de lazer, mas sim uma louvável maneira de viver e de contribuir de forma consciente com o meio ambiente e, principalmente, de encontrar Deus nas coisas mais simples, mas não menos importante, da natureza.

Pois bem, a quase um ano atrás, exatamente no dia 07 de Janeiro de 2009, eu publicava a 1ª postagem do blog do Meliponário do Sertão falando exatamente disso, contava, em rápidas palavras como foi o meu primeiro contato com o mundo das abelhas sem ferrão e como nasceu em mim o desejo de praticar uma atividade que transformou a minha vida.

Abaixo, mais uma vez (a pedidos), segue publicado o relato da história do Meliponário do Sertão.

" Às vezes as coisas acontecem por acaso, isso é uma verdade.
Nunca pela minha cabeça imaginei que um dia pudesse criar abelhas, e mais, sem ferrão.
Sou apaixonado pelo mar, durante muitos anos fui integrante da Marinha do Brasil, tendo passado aproximadamente 7 anos de minha vida. Fiz carreira como praça nesta maravilhosa instituição.
O tempo passa e as coisas também. No ano de 2004, vim de férias a minha cidade natal, Mossoró-RN; aqui fiz, sem esperar muita coisa, um concurso público para o Ministério Público do RN. Para minha grata supresa, consegui lograr êxito e depois de um ano do concurso fui chamado para trabalhar no MP Potiguar.
Como tinha dito, sou apaixonado pelo mar; próximo daqui existe uma cidade chamada Tibau, lá, pratico por esporte, kitesurf (surf com pipa).
Durante mais um belo fim de semana de velejo, já na nossa tradicional roda de bate-papo, um amigo que é dentista me falou que criava abelhas em casa.
De cara tomei logo um susto, falei: você é louco, criar abelhas em casa, não ferroa ninguém? Vizinhos? etc.
Cara, são abelhas sem ferrão, ele me responde!!!
Eu fiquei tão espantado que não acreditei, como pode abelha não ter ferrão, vejam o quanto da minha falta de conhecimento sobre o assunto.
Nesse dia mal cheguei em casa e fui direto ao computador pesquisar sobre as tais abelhas sem ferrão, em especial uma chamada Jandaíra.
Desse dia em diante surgiu em mim uma paixão que só quem conhece o ramo pode entender, não explicar.
Fui aos poucos conhecendo o maravilhoso mundo das mais de centenas de espécies de abelhas nativas brasileiras sem ferrão, mundo esse que chamamos de meliponicultura.
Atualmente, crio abelhas nativas sem ferrão, com ênfase na abelha Jandaíra (melipona subnitida duke) devido a sua melhor adaptação a minha região.
Como tudo com tempo evolui e cresce, surgiu a necessidade organizar melhor a coisa pois o lugar que criava as abelhas estava ficando pequeno demais para várias colônias que ali tinham sido assentadas.
Dessa maneira, surgiu a idéia de montar um lugar especial para a manutenção das abelhas, um lugar que pudesse ser de fácil acesso e ao mesmo tempo confortavél do ponto de vista floral para as abelhas e como o foco principal de minha criação são as Jandaíras, típicas do semi-árido nordestino, o lugar só podia ser o sertão.
Mais especificamente uma cidade que tenho boas recordações da minha infância, tempos de menino que não voltam mais, tempo onde responsabilidade e dinheiro eram palavras pouco conhecidas.
Taboleiro Grande, cidade situada na ponta da tromba do elefante potiguar, onde Judas perdeu as botas e onde o sol parece não dar trégua a ninguém, terra quente e de mata seca, tão pequena que se você passar a segunda marcha, já saiu da cidade.
Mas essa terra tem uma grande vantagem, lá residem pessoas que amo e que torcem muito por mim e em especial, um casal de velhos que moram num sítio muito bonito, onde a mata nativa está ainda muito bem preservada, onde um rio temporário corre durante a época do inverno e que durante a seca, diversas outras plantas florescem o tempo inteiro, para as abelhas é um paraíso.
Detalhe: esse casal briga o dia todo, mas se amam a mais de 40 anos.
A primeira é minha avó, mulher forte, guerreira, pessoa a frente do seu tempo, inteligente e acima de tudo um exemplo de vida, se não fosse ela seus filhos ainda estavam enfincados no tronco de uma serra que fica de frente pra casa grande.
O segundo, haaaa o segundo...
Falar dele me enche os olhos de lágrimas, homem forte, corajoso, teimoso como ninguém, mas além disso tem uma qualidade que supera todos, tem um coração que não cabe no peito, caloroso, homem simples e assim como eu, apaixonado pelas Jandaíras, quando jovem era um promissor criador, chegou a ter 35 cortiços.
Tinha lugar melhor que esse? não tinha, com certeza.
Pois bem, lá em um dos alpendres da casa grande, instalei prateleiras provisórias e manejei incialmente, 60 caixas de jandaíras, 2 mandaçaia quadri quadri, 2 mandaçaia antidhioides e mais duas jatí (abelha mosquito).
Durante os próximos meses, estarei levando mais alguns enxames de jandaíra e mais um de mandaçaia.
Esse espaço que ainda é provisório, resolvi chamar de "Meliponário do Sertão" uma homenagem a essa terra tão sofrida, mas acima de tudo, maravilhosa.
Assim começou um pouco da minha paixão pelas abelhas sem ferrão e também a história do Meliponário do Sertão."


Kalhil Pereira França
Mossoró-RN, 12 de novembro de 2009.


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Rubim disse...

Caro amigo Kalhil:

Não me canso de "ouvir" a sua história sobre seu amor as Jandaíras e a meliponicultura. Tenho aprendido muito com você. Eu também me apaixonei pelas meninas. Louvo a Deus pelo seu presente. Espero fazer uma divisão dentro em breve.
Torço pelo seu sucesso que acompanho "de perto", mesmo à distância. Que Deus o abenço neste seu empreendimento. Você está me devendo uma visita para aquela "branquinha" e um churrasco, como molho e geléia de pimenta. Estou aguardando.

Um forte abraço,

Luiz Carlos Rubim
Natal-RN


Amigo Rubim,
Infelizmente só vou a Natal nas carreiras, mas prometo que na próxima vou a passeio e vamos tomar aquela branquinha apreciando as meninas trabalhando. Continue a alimentação, logo logo elas estarão prontas para um desdobramento...

Um abraço,

Kalhil
www.meliponariodosertao.blogspot.com

Anônimo disse...

Certamente, esse é um dos blogs mais bonitos e didáticos a respeito da meliponicultura, é imprecionante como podemos perceber nas simples palavras do autor a clara demonstração de grande afeto e convicção àquilo que faz, parabéns Sr. Kalhil Pereira pela beleza de como conduz esse belo espaço.

Bazílio
São Paulo-SP


Vagner Costa disse...

Olá Kalhil, sua história é muito bonita a respeito do amor pelas ASF, as Jandaíras chegaram bem e já estão trabalhando, mal chegaram e já estão trazendo pólen. São muito espertas. É muito bom a gente encontrar gente séria e comprometida.

Mais uma vez, obrigado pela remessa como prometido. Em dezembro volto a procurá-lo.


Olá Bazílio,
Muito obrigado pela suas palavras, fico feliz por conseguir transmitir aquilo que acredito, criar abelhas sem ferrão além de ser prazeroso é bela maneira de ajudar a natureza, pois elas são as maiores responsáveis pela polinização de nossas matas.

Olá Vagner, apenas um detalhe, não esqueça de alimentar as meninas com o xarope que ensinei, elas estão com poucas reservas pois durante a viagem retiramos parte do mel para evitar acidentes. As outras colônias seguiram no próximo mês conforme você solicitou.

Um abraço a todos,

Kalhil
www.meliponariodosertao.blogspot.com


terça-feira, 10 de novembro de 2009

As tímidas e pequenas Iraís (Nannotrigona testaceicornis)

Elas são pequenas, bem pequenas, não chegam a produzir 300ml de mel/ano, frágeis e extremamente dóceis, a Iraí (Nannotrigona testaceicornis) é uma das abelhas sem ferrão mais tímidas e mansas da natureza.

(clique nas fotos para ampliar)

Nosso meliponário conta com apenas duas colônias dessas meninas, não temos interesse em ampliar a criação pois comercialmente falando não interessante aos nossos objetivos, pois quase não produzem mel e a comercialiação dessa espécie na nossa região não tem muito mercado.


Essa abelha é encontrada em muitos lugares do Brasil, principalmente em áreas urbanas por serem pequenas e conseguiram habitar os menores ocos, medem aproximadamente cerca de 3milimetros e do mesmo jeito que as meliponas, fazem potes de alimentos, contudo, bem pequenos para armazenar o pólen e mel.


Seu mel, mesmo sendo muito pouco, é bem doce, seu pólen é bem saboroso e é ácido.

São excelentes polinizadores e podem ser usadas em estufas comerciais para polinização de cultura de plantas de pequeno porte como o Morango etc.


O seu ninho é uma obra de arte, encoberto por diversas camadas de lamelas de cerume, é bem protegido, seu própolis é de excelente qualidade e pode ser facilmente processado para o consumo humano.

Os discos de cria são quase sempre construído em formato espiral, são da tribo das Trigonas e assim com as Apis, a formação da rainha é alimentar, constroem realeiras.


Tem população que varia entre 2.000 a 3.000 abelhas e se multiplicam com bastante facilidade. Basta serem estimuladas com alimentação arficial que rapidamente a postura da rainha é acelerada para a enxameagem.


Uma curiosidade dessas abelhas é fato encontrarmos sempre algumas dezenas de abelhas guardas na entrada, constroem um tubo de entrada bem comprido externamente. Esse tudo é feito de cera fina e maleável e toda noite é fechado para impedir a entrada de inimigos (formigas e outros incetos), é raro mas em algumas vezes elas podem estenderem esse tubo de entrada, chegando a mais de metro.


Entre as abelhas que possuímos, a Iraí é a que vai ao pasto mais tarde, geralmente seu tubo de entrada só aberto após as 7:00h, enquanto que as outras meliponas (jandaíra, uruçu, mandaçaia etc), saem por volta das 5:20h.

Contudo, esse fato não é problema por que a demora para sair é compensada pelo rítmo de trabalho diário, passam o dia trabalhando, a coleta de alimento é realizada durante todo o dia, bem diferente das outras meliponas que possuem um horário certo de coleta, paralisando sempre nos horários mais quente, elas não, quase sempre, mesmo no horário de maior calor, realizam o trabalho de maneira constante.

att,

Mossoró-RN, 10 de novembro de 2009.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A bela abelha Guaraipo (melipona bicolor)

(foto getilmente cedida pelo meliponicultor Cleiton - Estado de Santa Catarina)

Todos nós sabemos que no universidade das abelhas, principalmente o da Apis Melifera existe uma hierarquia de casta extremamente rigorosa e controlada, nesse universo o padrão de casta é existência de uma única rainha, que desempenha a função reprodutiva, algumas centenas de machos e outras milhares de abelhas fêmeas, todas filhas de uma única rainha, que representam a força de trabalho da colônia, desempenhando diversas tarefas durante o curto decorrer de suas vidas.


Nas abelhas sem ferrão, em regra, o padrão é bem parecido, a única peculiaridade é a presença de uma casta que nem é rainha nem é uma obreira comum, nós meliponicultores as chamamos de obreiras-rainhas ou rainhas-obreiras, isso por que essas abelhas podem, diferentemente da apis, ovopositar tanto ovos férteis, que vão gerar machos na colônia, como também ovos tróficos que servem de alimento para a rainha. Como nós sabemos, as apis nunca colocam ovos tróficos.


Mas há um outra curiosa exceção, a Guaraipo (melipona bicolor) é uma abelha sem ferrão típica da região sul do Brasil, possui um característica ainda mais interessante, essa abelha pode apresentar o que os estudiosos chamam de poligenia, nessa abelha é muito comum a presença de mais de uma rainha. Já foi observado em algumas colônias de Guaraipo a presença de até 5 rainhas ativas, todas convivendo de forma harmoniosa.


Não possuímos essa abelha em nossos Meliponários pois são típicas de região fria, não se adaptam em plena região de caatinga, precisam de mata úmida e clima frio, bem diferente do Sertão do RN, quente e seco.


As colônias de guaraipo possuem uma sociedade com uma organização bem mais flexível, as rainhas realizam a coordenação de boa parte do trabalho, mas não possuem total controle sobre as suas lideradas."


O interessante dessa abelha é que como nas colônias existe a presença de mais de uma rainha, nem todas as obreiras são irmãs, algumas são primas ou exibem outro grau de parentesco, visto que as múltiplas rainhas tendem a ser mãe e filha ou irmãs. Em compensação, para reforçar os laços familiares, cada rainha da Guaraipo parece cruzar com apenas um macho, diferentemente do que acontece com a abelha líder da apis. Mas, no final, o resultado é semelhante ao da abelha de mel: há diferenças genéticas entre as abelhas, apontadas como fontes dos conflitos nas colônias.


As rainhas dessa espécie convivem de forma harmoniosa, com tranqüilidade, sem grandes disputas, num mundo onde a partilha de liderança não parece ser empecilho ao desenvolvimento do grupo.


O grande estudioso do mundo dos insetos sociais, do Prof. Dr. Cappas e Souza, de Portugal, nos ensina que nessa abelha uma rainha realiza um maior dominância na elite, mas não impede o trabalho das demais. Pesquisas realizadas pela Dra. Vera Lúcia da Universidade de São Paulo – USP, mostraram que a retirada de uma das rainhas de colônias com duplo comando não altera sua organização. Na maioria dos casos, após alguns meses, uma segunda líder é criada e aceita por todo o grupo, até pela primeira rainha. Isso mostra que para essa abelha sem ferrão é mais interessante contar com múltipla chefia do que com comando único.


Esse comportamento extraordinário mostra o quanto essa abelha é especial, a impressão que tenho é que para as Guaraipos mais vale abdicar do poder centralizador de uma única rainha para o controle descentralizado da elite através de múltiplas rainhas na colônia, pois o trabalho múltiplo das rainhas garante uma maior variabilidade genética e ainda de quebra pode acelerar o crescimento da colônia devido ao maior número de rainhas realizando a atividade reprodutiva.


Isso só mostra o quanto é apaixonante o Mundo das abelhas sem ferrão, mundo esse ainda pouco estudado e cheio de encantos e curiosidades a serem descobertas, imaginem o quanto ainda temos a descobrir sobre as abelhas sem ferrão!


Um abraço,

|Mossoró-RN, em 09 de novembro de 2009.


Kalhil Pereira França

Meliponário do Sertão

sábado, 7 de novembro de 2009

Realizando Divisões (rotina boa!!!)

Para muitos a rotina pode ser uma coisa maravilhosa, a minha por exemplo é cuidar das abelhas sempre aos finais de semana, e como gosto disso, se pudesse passava era todos os dias cuidando delas e observando-as trabalhar de forma incansável.

As vezes me pergunto por que fui cursar Direito e trabalhar numa atividade burocrática, pilhas de papel para numerar, protocolar, registrar, juntar, despachar, cumprir mandados ministeriais etc, nada haver comigo, essa rotina sim não gosto muito, rs. Para aumentar ainda mais o tédio inventei de fazer uma Pós-graduação que tem tomado ainda mais meu tempo.

Mas voltando aqui para as abelhas, como hoje é sábado nada mais normal que cuidar das minhas meninas, para melhorar ainda mais a coisa é só abrir uma cervejinha e colocar uma picanha na churrasqueira para trabalhar bem acompanhado.

Hoje foi dia de divisões, passei a manhã e boa parte da tarde só fazendo isso, o melhor horário para fazer isso é durante a manhã, pois dá tempo para as abelhas arrumarem a casa nova, no total realizamos mais 12 divisões, formamos 10 novas colônias de Jandaíra e 2 novas de Jataí. Abaixo passarei a ensinar (novamente) como realizar uma divisão de forma segura e agradável.

Antes de mais nada é importante frisar, para cada tipo de abelha (melipona e trigona) temos um processo diferente, devemos lembrar que nas trigonas (jataís, iraís etc) o processo de formação da rainha é alimentar, bem parecido com a da APIS, a diferença é que na Apis quem vai embora é a rainha velha, enquanto que na ASF quem vai embora fundar um novo enxame é a rainha nova, pois como nós sabemos as rainhas são fisiogástricas e não podem voar, somente a princesa escolhida é que tem essa capacidade e mesmo assim após a fecundação e escolha do local da nova morada ela também não voa mais.


Passo 1 é arrumar a casa das abelhas, a caixa que estou usando é uma caixa núcleo modelo INPA que tem dimensões reduzidas (14 x 14 x 7 cm cada módulo) para facilitar ainda mais o desenvolvimento da futura rainha, a caixa modulada é ótima para isso pois facilita as próximas divisões e ainda por cima ajuda as abelhas a controlarem melhor a temperatura, facilitar o controle de dominância feromonial da rainha nova e ainda de quebra ajuda as abelhas a expulsarem os forídeos que possam entrar na caixa nova.



Passo 2 é colocar um anél de cera nova na entrada na caixa para facilitar o reconhecimento e aceitação das abelhas, para ajudar ainda mais recomendo sempre passar um pouco dessa mesma cera por dentro da caixa para que ela fique com o cheiro característicos do ninho, fazendo isso elas rapidamente aceitam a nova morada.



Passo 3 é escolher a caixa matriz que irá doar os discos de cria para divisão, é importante frisar que essa seleção das matrizes deve ser feita no dia anterior para evitarmos abrir caixas de maneira desnecessária e facilitar o trabalho . Observem que a colônia matriz escolhida é uma colônia que está alojada em caixa modelo Nordestina, essa caixa não me agrada muito pois o manejo com os discos de cria não é muito fácil, observem que existem vários potes de alimento ao redor do ninho, temos que ter muito cuidado para evitar estourar o mínimo de potes possível, o problema é que nesse tipo de caixa é quase impossível não estourar alguns pois o espaço para manipulação dos discos é muito pequena.



Passo 4 é retirar o ninho e desprender os discos de cria desejado, é preciso muito cuidado e jeito pra evitar esmagar os discos de cria, principalmente os de cima que são os mais jovens e ainda possuem muito alimento larval, são muito sencíveis e facilmente se rompem, mas com cautela e experiência se consegue extraí-lo sem provocar muito danos, é por isso que eu gosto da caixa INPA, pois nela, como o ninho fica embaixo e os potes em cima é só levantar o sobre ninho e retirar os discos desejados, eu contei para saber quantas células de cria seriam oferecidas, contei 568 células intactas, ótimo número para uma divisão, recomendo sempre acima de 400 células para Jandaíra. pois 10% desse total serão princesas que irão fazer campanha para serem escolhidas para governar.



Passo 5 é colocar os discos na caixa nova e arrumá-los distantes da entrada da caixa e próximos a lateral da caixinha para ajudar as abelhas a colarem as estruturas do ninho na caixa, é muito importante colocar uns pedacinhos de cera para apoiar os discos e evitar que eles fiquem tocando o fundo da caixa pois as abelhas precisam circular entre eles para limpá-los. Devemos evitar bater a caixa pois tudo está solto dentro e qualquer pancada vai desorganizar o trabalho que fizemos acima. Outra coisa muito útil é iniciarmos um espécie de túnel de acesso na entrada, vejam que eu coloquei uma cerinha de forma a estimular as abelhas a continuarem o início do túnel de acesso, o túnel é importante por que é a primeira barreira de combate aos forídeos e por isso, quanto mais rápido ele for construído pelas abelhas mais rápido elas estarão protegidas. Por fim, vale também obrigatoriamente passar uma fita em todas as frestas da caixa, para evitar a entrada de formigas e forídeos, como também ajudar as abelhas no processo de calafetagem da caixa. Geralmente faço uma vedação por dentro com cera de apis ou mesmo de Jandaíra, mas ontem durante o processo de arrumação eu acabei esquecendo de fazer isso, então, a fita é indispensável.


Passo 6 é selecionar a colônia que vai doar campeiras, lembrem-se que o melhor método para divisão é o 2 por 1, ou seja, com duas colônias você faz uma, a primeira retiramos os discos e a segunda retiramos as abelhas campeiras. Nessa divisão a escolhida não foi uma outra caixa, mas sim um toco natural, esse toquinho era uma Catingueira e foi trazido por mim de uma cerâmica da região, ele ia para a forno da cerâmica, serviria apenas para queimar e fazer tijolo, mas como o pessoal sabe que eu sou apaixonado pelas abelhas sempre que encontram um pau com abelha dentro entram em contato comigo para que as salve. Se eu não for buscar vão virar carvão. Esse toquinho é pequeno mas tem muita abelha, por isso, antes de passá-lo para uma caixa racional definitiva eu vou aproveitar a grande quantidade de abelha dele para realizar uma divisão.


Passo 7 é retirar o toco do lugar e nele posicionar a caixa racional, detalhe, é extremamente importante que a entrada da caixa nova esteja posicionada exatamente na altura onde se encontrava a entrada do toco, fazendo isso as abelhas rapidamente entram aos montes sem muito estresse e confusão.



Passo 8 é levar o toco (ou uma caixa se for o caso) para outro lugar afastado, não precisa ser muito longe, basta alguns metros, chegando no local bata no toco devagar para irritar as abelhas, nesse momento elas irão sair para defender sua casa, ficarão perdidas, pois aquele local não é o de costume, dessa maneira vão procurar o local antigo onde estava o toco e vão dá de cara com a caixa nova no local.

Um detalhe, o bom de trabalhar com abelhas sem ferrão é isso, não uso fumaça, não uso grandes máquinas, nem ao menos uso roupas especiais, vejam que eu estou de pés descalços e estavam sem camisa, os únicos aborrecimentos são algumas beliscadas que não chegam a incomodar. Ainda tem gente que tem medo dessas meninas... Tão bobas e frágeis, temos o dever de cuidar delas.



No início vão se aglomerar na entrada e vão fazer um grande alvoroço mas como a divisão foi toda planejada de maneira a facilitar a aceitação da nova morada elas rapidamente vão entrando, irão estranhar mas devido a presença dos discos de cria e do cheiro de cera nova da caixa vão aceitá-la como a sua nova morada.

Pronto, você acabou de fundar uma nova colônia. Tem coisa mais maravilhosa do que isso, para quem ama as abelhas não tem não.... Saber que você está contribuindo para a multiplicação das abelhas nativas é muito satisfatório.


Aí vai uma dica, para saber se a divisão pegou de verdade e as abelhas já aceitaram a caixa, é só observar se elas estão colhendo a cera que foi posta na entrada para dentro da caixa, se fizerem isso pode ficar tranguilo que já aceitaram e já estão inciando o processo de arrumação.

Vejam que não falei e nem coloque alimento na caixa, isso é de propósito pois a presença de alimento nessa hora mais atrapalha do que ajuda, principalmente por que elas estão desorganizadas e nessa hora os forídeos podem se aproveitar para entrar, o cheiro de potes de pólen e mel estourados atraem os inimigos. Por isso, comida só amanhã, as abelhas não morrem de fome tão rápido assim.

De todo modo, pode por um ou dois potinhos de mel, mas nada de pólen ok.

att,

Mossoró-RN, 06 de novembro de 2009.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão