segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Meliponários do Sertão - Mossoró - Rio Grande do Norte - Brasil

É com muito orgulho e satisfação que transcrevo a reportagem produzida pelo Joaquim Pífano, renomado Biólogo e Apicultor português proprietário do monte do mel (www.montedomel.blogspot.com). Trata-se de sua visita ao Sertão do RN realizada no mês de outubro último acompanhado de sua Esposa, a Maria Luíza.

Ficamos muito felizes em poder receber pessoas tão especiais, pessoas simples, simples como nós e nossas abelhas. Tenho certeza que voltarão a nos visitar para conhecer um pouco mais de uma região tão "quente" e rica em cultura e receptividade.


"Pouco passava das nove horas da manhã enquanto aguardávamos pacientemente pelo autocarro da Nordeste que nos levaria a Mossoró.

Junto com o troco das passagens vinha um lacónico comentário, nem era uma pergunta nem uma sentença, mas raiava as duas:

“…o que vão fazer lá naquele buraco quente?”

Certo é que pelo caminho me ocorreu que a desdita nem era assim tão destituída de sentido. Dias antes tínhamos saído da luxuriante floresta amazónica para o fresco litoral nordestino, mas o apelo do Sertão, dos horizontes longínquos e das abelhas exóticas foi mais forte e saímos dali para nos embrenharmos na Caatinga…

Do clima fresco e agradável de Natal passamos gradualmente para temperaturas mais altas e securas angustiantes. A vegetação e a paisagem em geral transmutavam-se desde a verdejante mata atlântica até à desolada Caatinga de arbustos espinhosos, secos e esquálidos.

À nossa espera em Mossoró estava o Kalhil Pereira França, meliponicultor e blogger que conhecera há cerca de dois anos por causa de uma gafe por mim cometida: classifiquei erroneamente uma abelha sem ferrão. De imediato o autor do conhecido blog “Meliponário do Sertão” se apressou a repor a verdade, vindo daí a constante troca de informação e a amizade.

Logo no primeiro passeio, numa pequena comunidade rural (Gangorra) visitamos o quintal do “Seu” Tuta, meliponicultor cujo terreiro apresentava um cuidado meliponário.


Chamou-me a atenção a quantidade de troncos instalados nas prateleiras ocupadas pelas colmeias. Logo me elucidaram que tais troncos albergavam colónias selvagens de meliponíneos, recolhidos na Natureza e que aguardavam a transferência para colmeias racionais.

Visitamos outra comunidade rural (Jucuri), casas com pequenos quintais rodeados pelas características cercas de pau, troncos e ramos muito arrumados de cor esbranquiçada. O solo de uma poeira avermelhada era ensombrado por árvores de uma verdura fresca a contrastar com a paisagem.

Era neste enquadramento que prateleiras, telheiros, tripés e outras estruturas de suporte albergavam algumas dezenas de colmeias com os mais diversos tamanhos e formatos.


A acompanhar tal variedade de caixas, assim eram as abelhas que as habitavam: verdadeiros zoológicos de abelhas sem ferrão, cada uma com seu comportamento e especificidades. De acentuar no entanto a harmonia que se verificava entre todas elas.


Aqui foram os cupins (térmites) que se instalaram junto aos meliponineos, verdadeira irmandade de insectos sociais.

Os meliponicultores, famílias e visitantes deambulavam pelo meio das abelhas como se das criaturas mais inofensivas e dóceis se tratasse e de facto assim era. Já tivera várias experiências mas para um criador de Apis mellífera nunca me vou habituar a estar num apiário activo sem pelo menos uma máscara de rede para me proteger.

Também observamos uma mostra da capacidade bélica destes dóceis insectos. Na impossibilidade de se defenderem com aguilhões venenosos, talvez mimetizem este comportamento e se “enfiem” pelo cabelo dos invasores, tentando desta forma dissuadir quem se lhes aproxime do ninho.

Nesta imagem vêem-se imensas abelhas a “atacar” o Kalhil, também a mim me presentearam com tais mimos e apesar da ausência de dor não se pode dizer que não incomodem.

De qualquer forma, o convívio entre as diversas formas de meliponíneos parece acontecer de uma forma harmoniosa e num equilíbrio perfeito, apesar duns raros mas também documentados conflitos.

Numa dessas visitas aconteceu assistirmos à chegada de um enxame a uma colmeia que por acaso tinham deixado sobre uma árvore. Nada a que não tivesse já assistido nas abelhas europeias, a não ser o facto raro, raríssimo, observado pelo Kalhil quando cerca de um mês mais tarde lhe enviei as fotografias desse enxame: a presença de uma princesa pousada na no tronco e já rodeada por outras abelhas.


Mais tarde, também visitamos o famoso e há muito desejado “Meliponário do Sertão”, propriedade do Kalhil, instalado numa varanda à beira mar.


Trata-se de um meliponário muito ordenado, diversificado em espécies de abelhas e modelos de colmeias. Tal como num apiário de Apis mellífera era imenso o tráfego de abelhas que chegavam e partiam das colmeias.

Dá que pensar a que pastagens as abelhas recorrem no litoral, fontes de néctar tão improváveis como as dos secos matagais do sertão. Apesar disso as colheitas são abundantes, sinal inequívoco que a flora, apesar de discreta é abundante.


Contou-me o Kalhil que a produtividade destas abelhas rivaliza com a das abelhas europeias. Feitas as contas, os decilitros de mel produzidos por uma colónia com dois ou três mil indivíduos em muito ultrapassa as médias das nossas colmeias com largas dezenas de milhares de abelhas.


Surpreendeu-me a forma como ele reforçou um desdobramento recente com criação: limitou-se a abrir uma colmeia muito forte de população e com as mãos nuas destacou uns discos de criação e colocou-as noutra colónia. Deve ter demorado menos de cinco minutos.


Imaginei-me a fazer uma tarefa semelhante: Deslocar-me uns 10 km até ao apiário, acender o fumigador, equipar-me, destapar a colmeia, retirar um quadro de criação e reforçar com ele outra colónia. Fazer tudo em sentido contrário e regressar a casa… 90 minutos? Duas horas?

Se mais razões não houvesse, o factor comodidade de trabalho só por si justificaria bastante a criação destes fenomenais insectos!

Impressionante também é a forma como o mel é embalado: em garrafas! O elevado teor de humidade e a baixa viscosidade tornam estas embalagens as ideais para esta especialidade. Também um orgulho para nós, portugueses, visto que elegeram a cortiça para proteger tão precioso líquido.


O pequeno Alfredo, que queria conhecer o “Portuga”, desde que ele não lhe fosse mexer nas colmeias, das quais se tornou no guardião mais dedicado:


Será que as aulas de educação ambiental para crianças, nomeadamente as questões de segurança, não justificariam a legalização da importação destas abelhas para o nosso país? Até poderiam ser instalados meliponários nas escolas para que os mais novos pudessem acompanhar o desenvolvimento e o maneio das abelhas sem ferrão…

Uma colónia de “Plebeias”, as que mais me impressionam pelo tamanho. Menores que um mosquito, mas que apreenderam com distinção os mandamentos da vida em colónia. Qualquer colher de mel ou arbusto florido bastam para as alimentar por muito tempo, mas também elas trabalham com afinco para encher os seus armazéns.


Também o “pão de abelha” dos meliponíneos é armazenado nos grandes alvéolos ou potes. Muito mais fácil de extrair que nos pequenos e apertados alvéolos da Apis mellífera, pena é que o seu sabor fermentado a vinagre o torne pouco agradável.


Um abraço e um agradecimento especial ao Kalhil Pereira França, à Shyrliane, ao pequeno Heitor, ao Alfredo e a toda a restante família, que tão amavelmente nos receberam e tiveram a paciência extrema de nos acompanhar e responder a todas as questões que os nossos frequentes rasgos de curiosidade nos acometiam".

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Novo site... www.meliponariodosertao.com.br

Meus prezados amigos,

Inicialmente quero me desculpar por passar tanto tempo longe desse espaço que ao longo desses anos vêm crescendo de maneira impressionante. Dessa maneira, tendo em vista a evolução natural das coisas, cabe informar ao todos que visitam o Meliponário do Sertão que esse blog passará por profundas reformulações.
Na verdade, este espaço com ele existe hoje deixará de existir para dá lugar a um verdadeiro site, muito mais completo sobre a meliponicultura. Ao longo de 3 anos de existência muito conteúdo foi produzido e tudo isso precisa ser organizado, compilado, tanto para facilitar a minha vida, tanto para quem acessa o nosso trabalho na busca por informações sobre as ASF.

Dessa maneira, é bem possível que dentro dos próximos dias algumas vezes essa página fique fora do ar, pois já há uma equipe muito competente desenhando um novo layout e um conjunto de ferramentas interativas que vão facilitar a navegação e a distribuição de informações sobre a meliponicultura, nosso objtetivo maior.

A única coisa que não vai mudar é a nossa contínua paixão pelas abelhas sem ferrão, em especial pelas Jandaíras. Insetos alados fazedores do mel da vida que nos cativam todos os dias.

Mossoró-RN, em 06 de Dezembro 2011.


 Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Imagem Raríssima!!! (enxameação de Jandaíra)

Em todos esses anos de prática com as Jandaíras (melipona subnitida), poucas foram as oportunidades que tive de testemunhar uma enxameação dessa espécie, mesmo assim, em todas as vezes nunca consegui capturar o momento exato em que a rainha chegava na nova morada.

A dificuldade tem uma explicação, além de ser um fato raríssimo de se avistar, a princesa só entra no novo ninho depois de tudo já pronto para sua recepção, afinal de contas, depois de desenvolvida sua fisiogastria, de lá só sairá morta.


Mas a sorte muitas vezes bate na porta daqueles que persistem. No mês passado, durante a visita do nosso amigo português Joaquim Pífano ao Brasil, fizemos uma visita na Comunidade do Jucuri, que fica na zona rural de Mossoró-RN, nessa oportunidade visitamos alguns meliponicultores e meliponários.

A certa altura da visita, quando estávamos a fotografar algumas colônias, nos deparamos com um grupo de Jandaíras que se aglomeravam exatamente naquele momento. Pífano, por não entender o que se passava, me perguntou o que seria aquela agitação inesperada de abelhas.


Antes de responder alguma coisa ao Pífano perguntei ao dono das abelhas se as caixas que estavam "atrepadas" no pé de cajarana estavam com colônias situadas, ou seja, se já haviam abelhas morando ali dentro. Não haviam, as caixas tinham sido colocadas ali por puro acaso, eram caixas já velhas com muita cera e própolis dentro, pois não é costume do sertanejo se utilizar de caixas-iscas na nossa região.

-Joaquim é uma enxameação! Respondi ao amigo que a essa altura do evento já se encontrava a bater fotos. Passamos algum tempo observando e tentando nos aproximar, mas uma bendita cerca de madeira nos impedia de chegar mais perto. 



(clique na foto para ampliar, vejam a nova rainha circulada em rosa)

A agitação das abelhas dificultava a identifcação da princesa que pudesse está por ali no intuito adentrar ao recinto. Todavia, ao analisar as fotos pacientemente encontrei a princesa que tanto procurava na oportunidade. Devo confessar que se trata de uma relato único, nunca tinha visto uma foto que pudesse atestar de forma tão segura a existência de uma princesa em meio a tanta "confusão organizada" de abelhas.

O mais interessante de tudo é observar o comportamento das abelhas ao redor da princesa, percebam que as campeiras mais velhas fazem uma espécie de círculo como se quisessem proteger a tão esperada rainha. Esse comportamento, típico de aceitação e submissão entre as abelhas, nos mostra que essa certamente era a escolhida para reinar daquele momento em diante.

Mais um momento inesquecível da visita do amigo Pífano ao nosso belo sertão potiguar.

Mossoró-RN, em 18 de outubro de 2011.

att,

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão 

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Meus fiéis ajudantes

Qualquer manejo que venha a realizar com as abelhas sempre estou acompanhado dessas duas figurinhas aí. Trata-se do Alfredo e do Samuel, o primeiro é sobrinho de minha esposa e segundo é filho de uma prima de minha mulher. No final das contas, são meus sobrinhos por adoção, pois quando estou em Tibau sempre estou acompanhado dos dois.

Nesses dias estava a montar algumas caixas nordestinas e eles não perderam a oportunidade em ajudar, quanto se trata das abelhas estão sempre prontos para me acompanhar. Na verdade a participação tem um doce interesse, pois a "ajuda" é quase sempre acompanhada de um pedido de mel, são loucos por mel de Jandaíra, mas quem não é?

Não é raro encontrar alguma caixa com a tampa mal fechada pois os dois andam a pilhar mel das abelhas sempre que podem as escondidas. O engraçado é depois ver a cara de pau dos dois todos lambuzados de mel a negar toda atividade furtiva.

Aos poucos eles vão crescendo e pegando gosto pelas abelhas, sempre que recebo visitas não demoram em se titularem dono das abelhas, se pelo menos um dos dois ganhar gosto pela coisa pra mim já seria uma grande satisfação.

att,

Mossoró-RN, em 14 de outubro de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

Visitas...

Nesses últimos dias tenho recebido muitas visitas, dias atrás, tendo passado antes em Manaus-AM, a capital da diversidade biológica brasileira, recebemos o casal Joaquim Pífano e Maria Luíza de Portugal. Pífano, como é mais conhecido no meio virtual é o dono de um dos mais visitados blogs de apicultura do Mundo, o monte do mel (http://www.montedomel.blogspot.com/).


Estou a esperar pela remessa de algumas fotos de sua autoria para publicar uma postagem especial sobre sua visita, foram dois dias de intensos contatos com as abelhas sem ferrão, meliponicultores de diversas regiões de Mossoró, com outras cidades e lugares do Sertão do RN. Tenho certeza que os dois saíram daqui fascinados pela beleza de nossas abelhas e pela receptividade de nosso cabloco nordestino (aguardemos as fotos).

Outras duas figuras ilustres que me trazem sempre muita alegria foram o casal Francisco das Chagas e Selma Carvalho. Sem dúvidas os dois maiores meliponicultores do Brasil. Juntos fizemos uma revisão em quase todas as minhas colônias de Uruçu Amarela e Verdadeira. Chagas ficou encantado com as nossas matrizes e me relatou que as minhas estavam com o mesmo padrão de população e postura das suas na Serra do Araripé.

O Chagas ficou muito curioso pela excelente adaptação das minhas abelhas ao litoral, me sugeriu algumas dicas e solicitou que eu fizesse o acompanhamento da temperatura e umidade do local para avaliações futuras e estudos comparativos. Essa semana mesmo estarei providenciando o equipamento para esse acompanhamento metereológico.


Ganhei de presente uma raridade, um cachaça à base de mel de abelhas, coisa raríssima e acima de tudo deliciosa feita pelo casal. Chagas me relatou que a Rede Globo de Televisão de Pernambuco fará, mais uma vez, uma reportagem sobre sua linda criação no Araripé.

Os dois estão a lançar uma nova cartilha que vai tratar da raríssima Uruçu de Chão. Pra quem não conhece o Casal abaixo segue uma reportagem antiga da Globo sobre sua criação em Igarassú-PE, vale a pena assistir porque o trabalho desses dois é fantástico.


Já ontem levei a Dra. Vera Lúcia Imperatriz, uma das maiores estudiosas  na área de meliponicultura que atualmente coordena um grupo pesquisadores da UFERSA-USP, junto com alguns alunos e um convidado especial, o Bob, Australiano que trabalha com polinização utilizando as abelhas scaptotrigonas naquele país, para conhecer as minhas abelhas sem ferrão. 

Também fizemos uma rápida inspeção em nossas colônias, em especial as mandacaias (melipona mandacaia) que tem sido alvo de nossos estudos de viabilidade na região. Tenho tido grande sucesso na criação dessa espécie, em todas as caixas há uma ótima população. Todavia, observei ontem que quase todas estão com seus estoques de mel no limite crítico. Ainda nesse fim de semana vou iniciar o processo de alimentação, caso contrário poderei perder algum enxame.

Dra. Vera levou alguns exemplares de machos de rufiventris e Partamona (cupira), para alimentar seus bancos de dados e pesquisas genéticas. Foi um visita muito prazeroso e acima de tudo muito produtiva. Muito em breve teremos grandes novidades para a Meliponicultura do nosso Estado, talvez esteja surgindo por aí a nossa Associação Meliponicultores do Estado do RN, futura AME-RN.

att,

Mossoró-RN, 13 de outubro de 2011

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

De volta ao meliponário, alimentando as Uruçus...

Diz aí pra mim, tem como a gente acordar de mal humor com o sorriso de um cabra desse??? Tem não né! Nos últimos 3 meses tem sido quase sempre assim, nesse último fim de semana não foi diferente. Depois de muitas brincadeiras e fraldas trocadas passei o pequeno Heitor para mãe e fui logo cedo alimentar minhas colônias de Uruçu Verdadeira pois o inverno já passou e agora é hora de manter as abelhas até passar a estiagem.


Ainda no dia anterior tinha preparado o xarope, tenho sempre utilizado as seguintes medidas: 5kg de açúcar + 4 litros de água + 500ml de mel de apis + erva cidreira + suco de limão + 3 a 4g de aminomix Pet. Procuro sempre fazer a noite para que no outro dia bem cedo faça o manejo, não costumo nem colocar na geladeira pois quase sempre a panela fica até tarde da noite ainda bem quente, não chega a estragar. 


No total faço por volta uns 10 litros de xarope pra alimentar todo mundo, nas Uruçus tenho utilizado com grande sucesso e facilidade no manejo os bebedouros de passarinho desse modelo acima que tem capacidade para 300ml cada. São ótimos pois são fáceis de repor nas caixas e com eles dificilmente há afogamentos.


Começo sempre pelas colônias novas, mais à frente eu explico o por quê, com a introdução do acetato abaixo da tampa tem facilitado muito toda a operação, principalmente as inspeções que se tornaram muito seguras. Tenho tido grande sucesso nas minhas divisões, até hoje nunca perdi uma divisão de uruçu, isso se deve a alguns fatores, entre eles está a grande fartura de alimento que introduzo nas colônias recém formadas.


Isso tem uma explicação, as colônias mais fortes não costumam respeitar os enxames recém formados e que ainda não estão com rainha, é muito comum observarmos as colônias mais velhas pilharem as mais novas, esse comportamento só vai diminuir com o advendo da rainha nova na caixa recém formada, dessa maneira, pra que esses enxames não fiquem fracos e seja estimulado a construir potes empurramos alimento. O resultado é esse da foto, mesmo ainda sem rainha há bom desenvolvimento do enxame.


Nas caixas novas a mudança dos alimentadores é tranguila, pois o potes de alimento chegaram ainda ao final da caixa, o difícil é nos enxames mais velhos que possuem centenas de potes de mel e com redução do espaço muitas vezes encontramos os alimentadores grudados nos potes. Mas aí vai o velho formão e algum cuidado extra pra não machucar ninguém.




Depois que passei a investir na Uruçu Verdadeira devo confessar que estou desestimulado com as outras abelhas, até mesmo a jandaíra, que é um excelente abelhas, não se compara com força da uruçu. As minhas matrizes vão sempre muito forte, o que tem me deixado muito feliz na manutenção das divisões e formação de novos enxames.


Essa está com tantas crias que a rainha passou a fazer postura na área dos potes de alimento, dentro de alguns dias vou fazer mais alguns divisões aproveitando esses conjuntos de discos que estão deslocados.



Quando abri esse enxame ainda tive a oportunidade de ver a rainha colocando seu lindo ovo, observe que interrompi o ritual de postura, pois uma célula de cria estava sendo preenchida com alimento larval nesse instante, clique na foto para ampliar.




Em todas as colônias, somente uma levantou a bandeira do alerta, foi essa caixa abaixo que está com a postura muito falhada, assim que abrir e percebi as falhas capturei a rainha para analisar sua saúde. Desoperculei algumas células de cria e percebi que essa rainha anda a colocar muitos machos, inclusive não era difícil encontrar muitos pela área do ninho.


Na hora tive vontade de matá-la, pois achei que o problema pudesse ser com ela, mas eu sei que essa rainha é muito jovem, o conjunto de discos novos abaixo estão bem saudáveis. Isso me leva a crer que talvez estive tendo problemas de liderança e tempos atrás algumas obreiras com ovários subdesenvolvidos estivessem a colocar ovos de machos. No final, não matei, pois acho que ela conseguirar (se já não conseguiu) manter uma postura de crias fêmeas, normalizando assim a postura.


Por fim, retirei o execesso de batume de uma da colônias que estava impedindo o fechamento, esse batume é rico em substâncias antibióticas.



Agora uma coisa interessante, lembram que eu disse acima que começa com as colônias mais novas, está aí a explicação. Na medida que vou abrindo e fechando caixas as abelhas vão ficando bastante ouriçadas pela pela presença de alimento.

Nisso elas vão se aglomerando nos alimentadores no intuito de colher o máximo de xarope dos alimentadores que ainda faltam ser trocados. Se eu deixar as colônias mais novas para o final é capaz das milhares de campeiras entrarem em atrito com as abelhas dos enxames mais novos, o geraria muitas brigas e mortes. Por isso as mais novas e depois as mais velhas e fortes.

Att,

Mossoró-RN, em 10 de outubro de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

domingo, 9 de outubro de 2011

COLMÉIA NORDESTINA

Abaixo transcrevo, na íntegra, uma importante contribuição sobre o manejo de nossas abelhas sem ferrão realizado pelo casal Francisco Chagas e Selma Carvalho, sem medo de exageros, os dois são no Brasil os maiores criadores da abelha Uruçu Nordestina, exemplo de amor e dedicação a causa das abelhas sem ferrão.

Trata-se de um relato muito bem fundamentado sobre a tradicional caixa nordestina, caixa essa que atualmente adoto em quase todas as minhas espécies de abelhas, tendo em vista que, mesmo tendo usado diversos outros tipos de abrigos na tentativa de evoluir, nenhuma dessas superou a caixa tradicional em todos os aspectos de manejo (divisão, alimentação, inspeção etc).

Pra mim, com todo respeito aos demais criadores e pesquisadores, ainda é a melhor caixa que existe para a meliponicultura.


COLMÉIA NORDESTINA

F.Chagas e Selma Carvalho


Explicações Iniciais

- Colméia Racional: Colméia com alças ou gavetas superpostas ou empilhadas, com medidas diversas a fim de comporem ninhos e melgueiras, mais o teto.

- Colméia Nordestina: Caixa comprida de madeira, com uma divisão interna menor destinada às crias e a maior para os potes.

Ambas as colméias são bem aceitas por todas as abelhas indígenas nordestinas, adaptando-se apenas as suas medidas.

São muito louváveis as tentativas de se criar uma colméia que facilite todas as operações de manejo. Os melhoramentos nas Colméias Racionais são sempre bem vindos: a promessa de colheita do mel mais higiênica, maior produtividade com a reutilização dos potes com conseqüente incentivo aos seus reenchimentos e maior facilidade na multiplicação com a utilização do sobre-ninho de colméia forte na formação da nova família.

O exemplo do Reverendo Langstroth, que em 1851 descobriu o significado do “espaço abelha” e inventou uma colméia que revolucionou a apicultura mundial, nos deixa esperançosos de que possa ser inventada a colméia ideal para a meliponicultura.

Não podemos, porém, fazer inferência do grande conhecimento que temos da “Apis mellífera” para os “Meliponíneos”. São grandes as diferenças que devem ser observadas quando pensamos num modelo de colméia, como por exemplo:

1. - A Apis mellífera deposita seu alimento sempre acima da cria;
- Os meliponíneos mais comumente abaixo da cria, mas também na parte acima ou nas laterais da cria;
2. - A Apis mellifera reaproveita os seus favos de cria e alimento;
- Os meliponíneos não reaproveitam seus favos de cria. Os potes de alimento esvaziados após a florada são destruídos e o seu cerume depositado nas paredes de outros potes.

3. - A Apis mellifera não reutiliza sua cera na construção de outros favos;
- Os meliponíneos reutilizam totalmente o seu cerume na construção de novos favos e potes.
4. - A Apis mellifera remenda seus favos danificados (na centrifugação, P.ex.);
- OS meliponíneos não “gostam” de remendar seus potes danificados ou deixados vazios: são construtores ou arquitetos por natureza. Reutilizam, para esse fim, todo o cerume fornecido interna ou externamente.
Já em 1948, o Dr. Paulo Nougeira-Neto criava a primeira colméia PNN a qual veio sendo aperfeiçoada pelo autor através dos anos. O último modelo nos foi presenteado após apresentação no Congresso Ibero-Latino-Americano, em Natal-RN, no ano passado (2010).

A colméia PNN ajudou enormemente o desenvolvimento da meliponicultura no Brasil (e no exterior). Achamos que a colméia PNN está para a meliponicultura assim como a langstroth está para a apicultura. O que seria dos meliponicultores surgidos nos últimos 60 anos se não fosse PNN a nos mostrar o caminho!

No Nordeste brasileiro, a tradição de criação de abelhas sem ferrão é muito antiga, inicialmente em troncos e posteriormente em caixas cuja referência já tivemos no século 19. Esse tipo de caixa ou cortiço foi batizado por Dr. Paulo Nogueira-Neto como “Colméia Nordestina”.

A Colméia Nordestina, como dissemos nas definições iniciais, era uma caixa comprida de madeira, com uma divisão interna menor destinada às crias e a maior para os potes, e um dreno para o mel na parte de trás.

Mas evoluiu:

- Nos anos 50 (1950) verifiquei que meu pai passou a usar os pregos da tampa a meio caminho, para facilitar a abertura. Depois passou a não usar pregos na tampa, mas duas amarras feitas com arame 18;

- No início dos anos 60, o Monsenhor Huberto Bruening (com quem tive o privilégio de conviver por 10 anos, ele como meu vigário e eu como seminarista da sua paróquia) adotou as dobradiças e as aldravas. Adotou também taliscas na tampa para melhorar o fechamento, e uma segunda tampa em vidro para facilitar a inspeção ou observação. Usou ainda a Colméia Nordestina na posição vertical;

- Já morando em Pernambuco, adaptei uma idéia para proteção contra lagartixa adotando um caneco defendendo a entrada da Colméia Nordestina, melhoria citada e aprovada por Dr. Paulo Nogueira-Neto no seu livro (Pag. 387);

- Com a idéia do Dr. Renato Barbosa (dentista e meliponicultor em Recife) de se usar o sugador odontológico na coleta do mel, abolimos o dreno traseiro, para esse fim, da Colméia Nordestina, e passamos a coletar esse produto com o máximo de higiene;

- Com a idéia do meliponicultor de Paulista-PE, Alcides Alves dos Santos, de se usar acetato na sob-tampa ao invés do vidro criado por Monsenhor Huberto, e de usar feltro substituindo as taliscas do Monsenhor, passei a adotar mais esse melhoramento na Colméia Nordestina. Em lugar do feltro estou usando uma tira retirada de um lençol de borracha de 2 mm de espessura.

- Na Colméia Nordestina podemos usar túneis artificiais com até 60cm de comprimento, nas regiões com muitos forídeos.

- Uma pequena modificação que adotei para a Colméia Nordestina foi a entrada lateral possibilitando o seu manejo sem retirá-la do lugar e seu uso tanto em estantes (meliponário) ou em pés (cavaletes) individuais, como nos beirais das cobertas de residências.

Atualmente tenho poucas colméias de alças como também não adoto mais Colméias Nordestinas na posição vertical (como fazia há 30 anos) pelo motivo constatado por Dr. Paulo Nogueira-Neto em visita a nossas instalações e citado em seu livro (Pag.141): ao abrir, caíam abelhas novas.

Os nossos cortiços são tidos como retrato do passado, coisa de caboclo, de índio. Para uns o nome Racional não se aplica à nossa colméia.

Porque, então, os grandes meliponicultores do nordeste ainda usam a Colméia Nordestina, apesar de conhecerem e já terem experimentado a colméia de alças?

Citemos alguns deles:

- Dr. Renato Barbosa - Recife – PE

- Dr. Tertuliano Aires Neto -Natal – RN

- Cel. Sérgio Guimarães - Natal – RN

- Paulo Menezes - Mossoró- RN

- Kalhil Pereira França - Mossoró – RN

- Afonso Gui - Igarassu – PE

- Leo Pinho - Igarassu – PE

- Alcides Alves dos Santos - Paulista - PE

- Ezequiel Medeiros - Jardim do Seridó – RN

- E outras centenas, da Bahia ao Maranhão.

Não quero fazer proselitismo em favor da Colméia Nordestina. A colméia de alças ou Colméia Racional é uma excelente idéia, a qual, como disse antes, abriu caminho para novos e numerosos meliponicultores que surgiram principalmente nas regiões com menos tradição na criação de abelhas sem ferrão. Conheço regiões no Nordeste em que quase todas as casas de caboclo tem cortiços de abelhas pendurados. O crescimento da meliponicultura nas demais regiões do Brasil deve, sem dúvida, sua parcela importante à criação da Colméia Racional PNN. Quem almeja criar abelhas quer saber primeiro em que, depois como.

Quem adotou a Colméia Racional continue com ela, pois satisfaz plenamente. Não faça como nós que no passado mudamos as abelhas de nossas colméias de alças para as Colméias Nordestinas, somente com a finalidade de facilitar o nosso tipo de manejo. Em Mossoró-RN, temos um marceneiro, o Sr. Miguel das Gaiolas que fabrica, também, excelentes colméias de alças em imburana-de-cambão. Nós temos delas com Jandaíra e com Uruçu, cujo manejo só vem reforçar nossa opção pela Colméia Nordestina.

Sem pretendermos ser exclusivistas, justificamos, a seguir, essa nossa opção particular pela Colméia Nordestina, mais como uma atitude de esclarecimento frente às referências pejorativas a nós dirigidas pelos modernos inventores de Colméias Racionais:

1. Com o advento das dobradiças e aldavras adotadas pelo Monsenhor Huberto, a Colméia Nordestina nos proporciona maior rapidez na inspeção e na alimentação artificial. Apenas 30 segundos são necessários para as operações de abrir, inspecionar, alimentar, fechar e sinalizar externamente o resultado da inspeção.

2. O uso das dobradiças e aldravas nos permite um fechamento igual ao anterior, proporcionando menos trabalho das abelhas na vedação de brechas e menos trabalho do meliponicultor na limpeza futura da própolis acumulada. Havendo algum deslocamento da própolis, o não fechamento das aldravras nos denuncia. Temos colméias com 30 anos fechando do mesmo modo sem nunca terem sido despropolizadas.

3. O uso do Sugador Odontológico, adotado pelo Dr. Renato, nos permite colher o mel com higiene e praticidade, sendo o cerume colhido nessa operação devolvido externamente às “arquitetas”. Esse novo manejo na coleta do mel nos permitiu eliminar da Colméia Nordestina o dreno traseiro para “despesca” do mel e a tábua divisória interna.

4. Com o uso do acetato e da vedação na tampa, adotado pelo Sr. Alcides, minorizamos o estresse das abelhas ao se abrir a colméia, com uma menor exposição à temperatura externa, e minimizamos o ataque defensivo contra o meliponicultor e a propolização.

5. Na multiplicação, sabendo que existe sempre um espaço entre os discos (ou espirais) de cria nascente e a cria nova, onde se encontra comumente a rainha, nós retiramos o bloco inteiro de cria nascente (pegado pelas laterais, para não diminuir o espaço-abelha) e o colocamos na caixa-filha. A rainha sempre deverá ficar na caixa-mãe, senão esta provavelmente não sobreviverá! As abelhas novas que se encontram entre os discos e são transladadas para a caixa-filha fazem parte do fechamento do ciclo na nova família.

6. As Colméias Nordestinas podem ser arrumadas tanto em estantes para colônias de abertura frontal como em estantes para as de abertura lateral. Podem ser usadas em pés individuais ou penduradas em alpendres e beirais de casas.

Com relação às medidas da Colméia Nordestina, não existe um padrão. Seu espaço interno deve ser compatível com o tamanho da família que vai se criar nela e com o manejo do meliponicultor. Por exemplo, uma colméia para Uruçu Verdadeira deve ser bem maior que uma para Manduri; quem colhe mel só uma vez no ano deverá usar uma colméia maior do que quem colhe duas vezes. A espessura das paredes dependem da necessidade de maior ou menor proteção do frio ou do calor.

Nós, usamos, particularmente, Colméia Nordestina com as seguintes medidas:

Para Uruçu Verdadeira, Uruçu Amarela, Tiúba, Tubi, Mandaguari, Tubiba e Cupira, colméias medindo internamente 15cm x 15cm x 75cm.

Para a Uruçu Verdadeira o Dr. Tertuliano usa colméia de 20cm x 19cm x 75cm e o Dr. Renato usa 17,5cm x 23cm x 70cm.

Para Jandaíra, Mandaçaia e Uruçu de Chão usamos, particularmente, colméias medindo 15cm x 15cm x 50cm.

Para Jandaíra, Dr. Tertuliano usa 11cm (alt.) x 10cm (larg.) x 75cm (comp.). Dr. Renato usa 15cm (alt.) x 11cm(larg.) x 50cm (comp.). Ezequiel Medeiros usa 10cm (alt.) x 8,5cm (larg.) x 90cm (comp.), com ninho e melgueira separáveis.

Mons. Huberto usava 15cm (alt.) x 15cm (larg.) x 40cm (comp.), (caixas verticais) e 12cm (alt.) x 10cm (larg.) x 80cm (comp.) (usada na horizontal).. Temos uma colméia que pertenceu ao Mons. Huberto que tem escrito, internamente na tampa “Luiz Otávio de Lima fez 30.1.1967 P.HB”. Esta mede 14cm (alt.) x 12cm (larg.) x 75cm (comp.).E seu discípulo Paulo Menezes usa 10cm (alt.) x 07cm(larg.) x 75cm(comp.).

Para Manduri, Jati, Moça Branca e outras famílias menores, usamos colméias medindo 9cm (alt.) x 9cm (larg.) x 50cm (Comp.).

São só exemplos de que a Colméia Nordestina, mesmo com suas variações de medidas, proporciona sucesso aos nossos grandes meliponicultores.

Um destaque para as Colméias Nordestinas usadas pelo meliponicultor Cel. Sérgio, de Parnamirim –RN. São obras de arte. Além de famílias fortes as casas são lindas.

O criador Alcides, de Paulista-PE, trocou a madeira pelas placas de fibracimento, com grande sucesso. Não contém amianto. É o retrato da criatividade que alavanca a meliponicultura.

Para concluir: A Colméia Nordestina é simples, como simples são as nossas abelhas sem ferrão, como simples somos nós sertanejos, que com manejo simples não as deixaremos se extinguir.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O dia que a Jandaíra chorou...

Nunca uma postagem foi tão difícil de ser escrita por mim, a cada palavra digitada tento conter as lágrimas que teimam em escorrer pelo rosto. Durante toda essa semana rezamos para que não vinhessemos a escrever tal notícia, mas infelizmente há muitas coisas nessa vida que não estão em nossas mãos e essas nós devemos entregar a Deus.


Hoje, por volta do meio-dia, no Hospital Regional Tarcísio Maia em Mossoró-RN, vítima de complicações avançadas de câncer, faleceu, aos 90 anos de idade, Seu José Carneiro Cavalcanti Dantas, meu amado avô materno, patriarca de nossa família, a quem devemos a honra dos ensinamentos de uma vida e amor pelas abelhas nativas.

Ainda na quinta-feira à noite, já muito debilitado pela doença e sentindo a hora, olhou pra mim muito sereno e apertou minha mão. Enquanto o colocavamos na maca para que a ambulância pudesse levá-lo ao hospital me disse baixinho que suas forças estavam indo.

Nada tive corragem de dizer, pois as palavras praticamente me fugiam da boca, na verdade, o momento não era hora para palavras, nenhuma consegiria acalentar meu coração que àquela altura já se encontrava em pedaços. No leito de morte, seu último desejo era morrer em casa, na sua eterna Casa Grande, na qual todos fomos criados. Infelizmente, não foi possível.


Vê-lo partir naquela ambulância a caminho do hospital foi um dos momentos mais difíceis da minha vida, pois sentia que nunca mais viria meu avô novamente, estava certo. Saber que amanhã não terei mais o prazer de sua companhia, de suas histórias, de seus relatos, de seus contos antigos, de seus eternos ensinamentos de moral e caráter, tudo isso é muito duro para mim.

Mas como dizia o poeta:"navegar é preciso, viver não é preciso". O barco da vida continua, o sol nascerá novamente, nada como um dia atrás do outro para que sofrimento da perda se transforme em saudade e este último se transforme em lembranças melancólicas de um homem que amava, acima de tudo, as coisas do Sertão mais que todos nós.

Amanhã, as Jandaíras do Meliponário do Sertão acordarão mais tristes...

att,

Mossoró-RN, em 23 de setembro de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão