terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Como iniciar na Meliponicultura!

Há muitas coisas na vida que trazem a felicidade, até porque felicidade é algo pessoal, íntimo, um estado de espírito que cada ser humano tem de sua realidade, pra muitos, ambição, dinheiro, poder... Pra mim as abelhas já são uma grande alegria.
Pra você que gosta de animais, as abelhas sem ferrão são uma boa alternativa, são animais dóceis pois não podem ferroar e não possuem comportamento agressivo, não incomodam os vizinhos e não pertubam ninguém.
Não fazem sujeira com gatos ou cachorros, não precisa está sempre manejando, não precisa gastar com vacinas e nem medicamentos, você contribui com a natureza pois as abelhas são polinizadoras e ajudam a preservar a mata nativa de sua região, embelezam e alegram o lugar, dando um charme a mais, podem ser usadas para ornamentar varandas e jardins, como diz o ditado, "abelha não faz mal, faz mel"!
Pra quem deseja começar, deve procurar abelhas que são nativas de sua região pois isso facilita no aprendizado e no manejo, começe com alguns colónias, no máximo cinco enxames, já é o suficiente para se montar seu meliponário.
Os interessados podem me procurar através do contato acima do blog que ensino todo o manejo gratuitamente e comercializo as colónias para criadores iniciantes.
Forneço ao iniciante algumas cartilhas e livros que podem aprofundar o conhecimento fornecido incialmente durante as instruções inicias.

A todos uma excelente semana.

Kalhil Pereira França

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O valor do mel da Jandaíra


As vezes as pessoas me perguntam porque o mel da Jandaíra é tão caro, a pergunta tem uma resposta muito simples.

Quatro fatores influenciam muito no valor final do mel dos meliponídeos, em especial o da Jandaíra; é belo, saboroso, raro e ainda por cima medicinal.

O primeiro fator, não precisa nem comentar, quem não conhece o mel da Jandaíra, ao ver pela primeira vez já se encanta de cara, em geral, tem uma coloração ambar esverdeado puxando as vezes para uma amarelo ouro suave, inclusive, para muitos vale mais que ouro.

O segundo só quem já provou pode comentar, saboroso é pouco, é delicioso, não é forte nem enjoativo, possui uma consistência muito mais líquida do que o mel comum, acho que Deus deu algo a mais as Jandaíras do que as africanizadas.

O terceiro, esse eu falo por conhecimento, pense numa coisa difícil é encontrar mel de Jandaíra, e é por que estamos no RN, terra nativa desse bendita abelha. Ainda é muito pouco a produção de mel para abarcar todo a procura, fato este que aumenta preço final do produto. outro fator é a pirataria, até no mel essa praga existe, devido ao seu alto valor, tem muita gente misturando ou falsificando mel por aí, quem compra deve ter cuidado pra não levar gato por lebre.

E o último é uma coisa que o cabloco nordestino já sabia a muito tempo, mas somente agora os cientistas estão comprovando, é medicinal!

No nordeste, usa-se o mel da Jandaíra para colocar sobre feridas, curar dor de ouvido, conjuntivites e outras infinidades de doenças de origem bacteriana.

Existe um estudo muito interessante da UFRN, que comprovou a eficácia da aplicação tópica do mel de Jandaíra sobre feridas de ratos, quem quiser saber mais, vale a pena ver no link que segue: (http://www.cbc.org.br/upload/pdf/revista/05062008%20-%2009.pdf).


A todos uma boa semana.


Kalhil Pereira França

Mossoró-RN

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A Jandaíra

A jandaíra (Melipona subnitida Ducke) é um meliponíneo típico do sertão. O seu mel é apreciado pelas populações nativas. Entretanto, a literatura sobre a biologia dessa abelha é reduzida. O trabalho pioneiro é o do Monsenhor Huberto Bruening, publicado em 1990, no livro "A Abelha Jandaíra"
A criação de jandaíra é considerada uma atividade para desenvolvimento sustentado porque inclui restauração ambiental através da preservação e plantio de árvores que servem de locais de nidificação, além da atuação das abelhas na polinização da flora nativa. Os principais produtos de interesse comercial são o mel e a preparação de enxames.
A Jandaíra (Melipona subnitida) ocorre naturalmente em áreas do sertão brasileiro. O limite geográfico de ocorrência desta espécie se dá a cerca de 11°S (centro-norte do Estado da Bahia) e a cerca de 40°W (Chapada do Araripe). Algumas localidades mais conhecidas da ocorrência desta espécie são: Fortaleza, Cascavel, Maranguape e Baturité no Estado do Ceará, Mossoró, Areia Branca, Caicó, Currais Novos, Jardim do Seridó e Parelhas no Rio Grande do Norte; Araripina e áreas da Chapada do Araripe em Pernambuco (divisa com Ceará); Rodelas, Paulo Afonso, Glória, Miguel-Calmon e várias localidades do Raso da Catarina na Bahia.
Arquitetura do ninhoO que caracteriza os ninhos das abelhas sem ferrão é a construção das células de cria utilizadas somente uma vez pelas operárias; o alimento larval líquido é oferecido todo de uma vez antes da rainha ali colocar seu ovo; o ovo é colocado pela rainha em posição vertical em relação ao alimento larval. O tempo de desenvolvimento do ovo até adulto é cerca da 40 dias. Após o nascimento, a célula é destruída pelas operárias. Na jandaíra, as células de cria apresentam, predominantemente, disposição horizontal. Os favos de cria são geralmente envoltos por camadas de cerume que auxiliam na termorregulação do ninho. A entrada do ninho, ao redor de raias de barro, é construída de tal modo que permite a passagem de apenas uma abelha de cada vez.O mel e o pólen são guardados em potes especiais ovóides cujo tamanho varia com o estado da colonia (colônias fortes tem potes maiores). Os potes de alimento ficam concentrados em áreas específicas dos ninhos. As figuras 4 e 5 mostram potes de mel com paredes finas e grossas, construídos na época das chuvas e de seca respectivamente. Investir na fabricação do cerume é uma forma de economizar energia quando há alimento.
Nas abelhas Melipona, machos, rainhas e operárias são criados em células iguais. São aproximadamente do mesmo tamanho, mas as proporções corporais diferem muito.Os machos passam aproximadamente 15 dias dentro da colméia. Após esse período saem do ninho e podem formar aglomerados junto aos ninhos onde há rainha para ser fecundada ou nas proximidades do meliponário.Os machos não trabalham para a colônia. Desidratam o néctar antes de abandonar a colonia-mãe e também quando participam dos aglomerados.As operárias são responsáveis por todas as atividades da colônia: constroem células de cria, aprovisionam as células, são guardas da colônia, coletam alimento que armazenam nos potes por elas construídos. A mesma operária realiza diferentes trabalhos durante a sua vida, que em média é de 60 dias.As rainhas virgens nascem em grande número nessa espécie. Geralmente são mortas pelas operárias logo depois de saírem das células. Às vezes desenvolvem seu poder de atração dentro da colônia. Distendem seu abdome e são cercadas pelas operárias, com as quais interagem, como mostram as figuras 7 e 8.Após essa etapa a rainha está pronta para se acasalar. Pode sair da colônia e ter o vôo nupcial, onde será fecundada. As rainhas fecundadas desenvolvem seu abdome (ficam fisogástricas) e não podem mais voar.
Hábitos de nidificação"Podemos afirmar que nunca se praticou meliponicultura no Nordeste, pelo menos a racional ou metódica. Sempre houve mais Jandaíras que Nordestinos, mais casas de abelhas indígenas que casas de aborígenes. Hoje a situação é exatamente oposta. E pior ainda: o meleiro está destruindo as derradeiras casas - imburanas e catingueiras - que ainda restam pelo sertão. Nada escapa a sanha de carvoerios, caçadores de mel, caçadores de 'madeira', etc.. Até o raríssimo cumaru é cortado e serrado em fatias - sem cerne ainda - para fabricar caixas de empacotar melão. E a imburana é desfiada para cepilho... Nossas abelhas estão fadadas à extinção mais cedo que se pensa. Sem casa para morar, quem é que trabalha? Se ao menos cuidassem os homens de repor, de replantar e reflorestar... Ou ainda: se parassem de destruir... A terra mesma se reveste, recupera e recobre."Monsenhor Huberto Bruening, "A Abelha Jandaíra", 1990: 9 A Jandaíra faz seus ninhos em ocos de árvores, destacando-se aqui sua preferência pela imburana (Commiphora leptophloeos - Burseracea) e pela catingueira (Caesalpinia microphylla - Leguminosae). As imburanas podem ser replantadas usando-se pedaços de troncos ou galhos.

texto cópia do do blog:
http://www.meliponas.blogspot.com/

O que são abelhas sem ferrão?


O QUE SÃO ABELHAS SEM FERRÃO?
As abelhas sem ferrão, ou meliponíneos, são insetos que possuem o ferrão atrofiado. Essas abelhas são nativas do território brasileiro, ou seja, não foram trazidas e introduzidas pelo homem de outras partes do mundo, como ocorrem com as abelhas melíferas (Apis mellifera), conhecidas como africanizadas. No Brasil existem mais de 300 espécies de abelhas sem ferrão, variando conforme a região.

As abelhas sem ferrão são abelhas que vivem em SOCIEDADE, ou em famílias. Na família ou colônia, as abelhas dividem as tarefas, cooperam e se comunicam entre si. O número de indivíduos em suas colônias pode variar de cerca de 500 até 150.000 indivíduos.

Algumas espécies são mansas, outras agressivas, algumas pequeninas e outras graúdas. Como abelhas nativas das regiões tropicais estão adaptadas a diferentes condições climáticas e feições de vegetação, sendo importantes polinizadores e, algumas, são produtoras de delicioso mel.
POR QUE CRIAR ABELHAS SEM FERRÃO?

A criação de abelhas sem ferrão permite, principalmente, a preservação das plantas nativas, devido aos serviços de coleta de néctar e pólen das flores realizadas pelas campeiras (abelhas operárias). Ao se movimentarem sobre as flores em busca do pólen e néctar as abelhas promovem o transporte do pólen de uma flor para outra, colaborando para a fertilização das plantas. Este mecanismo é que assegura a multiplicação e sobrevivência das vegetais.
Outro, dos principais interesses pela criação racional destas abelhas está no prazer que o manejo diário proporciona ao criador, uma vez que esta atividade não representa risco de acidentes com ferroadas. São, de um modo geral, abelhas bastante dóceis e de fácil manejo. Por isso, dispensam o uso de roupas e equipamentos de proteção tais como macacão, luvas, máscaras e fumegadores, reduzindo os custos de sua criação e permitindo que essas abelhas sejam mantidas perto de residências e/ou de criações de animais domésticos. Além disso, por não exigir força física e/ou prolongada dedicação ao seu manejo, a criação de abelhas sem ferrão pode ser facilmente executada por jovens e idosos.
Além do lazer, a atividade pode ainda pode representar uma renda extra, através da comercialização de mel e enxames e podendo-se dispor deste delicioso alimento para a própria alimentação.



ALGUMAS DICAS DE LIVROS SOBRE O ASSUNTO
A criação racional de abelhas jataí. GO DOI. Editora Ícone.
Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão. Paulo Nogueira Neto. Editora Nogueirapis. São Paulo.
Abelha Uruçu: Biologia, Manejo e Conservação. KERR. Editora Fundação Acangaú. Belo Horizonte - MG
artigo copiado do link:

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Com surgiu o Meliponário do Sertão

Às vezes as coisas acontecem por acaso, isso é uma verdade. Nunca pela minha cabeça imaginei que um dia pudesse criar abelhas, e mais, sem ferrão.

Sou apaixonado pelo mar, durante muitos anos fui integrante da Marinha do Brasil, tendo passado aproximadamente 7 anos de minha vida. Fiz carreira como praça nesta maravilhosa instituição.

O tempo passa e as coisas também. No ano de 2005, vim de férias a minha cidade natal, Mossoró-RN; aqui fiz, sem esperar muita coisa, um concurso público para o Ministério Público do RN. Para minha grata supresa, consegui lograr êxito e depois de um ano do concurso fui chamado para trabalhar no MP Potiguar.

Como tinha dito, sou apaixonado pelo mar; próximo daqui existe uma cidade chamada Tibau, lá, pratico por esporte, kitesurf (surf com pipa). Durante mais um belo fim de semana de velejo, já na nossa tradicional roda de bate-papo, um amigo que é dentista me falou que criava abelhas em casa. De cara tomei logo um susto, falei: você é louco, criar abelhas em casa, não ferroa ninguém? Vizinhos? etc.

Cara, são abelhas sem ferrão, ele me responde!!!
Eu fiquei tão espantado que não acreditei, como pode abelha não ter ferrão, vejam o quanto da minha falta de conhecimento sobre o assunto. Nesse dia mal cheguei em casa e fui direto ao computador pesquisar sobre as tais abelhas sem ferrão, em especial uma chamada Jandaíra.

Desse dia em diante surgiu em mim uma paixão que só quem conhece o ramo pode entender, não explicar. Fui aos poucos conhecendo o maravilhoso mundo das mais de centenas de espécies de abelhas nativas brasileiras sem ferrão, mundo esse que chamamos de meliponicultura.

Atualmente, crio abelhas nativas sem ferrão, com ênfase na abelha Jandaíra (melipona subnitida duke) devido a sua melhor adaptação a minha região. Como tudo com tempo evolui e cresce, surgiu a necessidade organizar melhor a coisa pois o lugar que criava as abelhas estava ficando pequeno demais para várias colônias que ali tinham sido assentadas.

Dessa maneira, surgiu a idéia de montar um lugar especial para a manutenção das abelhas, um lugar que pudesse ser de fácil acesso e ao mesmo tempo confortavél do ponto de vista floral para as abelhas e como o foco principal de minha criação são as Jandaíras, típicas do semi-árido nordestino, o lugar só podia ser o sertão.

Mais especificamente uma cidade que tenho boas recordações da minha infância, tempos de menino que não voltam mais, tempo onde responsabilidade e dinheiro eram palavras pouco conhecidas.

Taboleiro Grande, cidade situada na ponta da tromba do elefante potiguar, onde Judas perdeu as botas e onde o sol parece não dar trégua a ninguém, terra quente e de mata seca, tão pequena que se você passar a segunda marcha, já saiu da cidade.

Mas essa terra tem uma grande vantagem, lá residem pessoas que amo e que torcem muito por mim e em especial, um casal de velhos que moram num sítio muito bonito, onde a mata nativa está ainda muito bem preservada, onde um rio temporário corre durante a época do inverno e que durante a seca, diversas outras plantas florescem o tempo inteiro, para as abelhas é um paraíso.

Detalhe: esse casal briga o dia todo, mas se amam a mais de 40 anos. A primeira é minha avó, mulher forte, guerreira, pessoa a frente do seu tempo, inteligente e acima de tudo um exemplo de vida, se não fosse ela seus filhos ainda estavam enfincados no tronco de uma serra que fica de frente pra casa grande.

O segundo, haaaa o segundo...
Falar dele me enche os olhos de lágrimas, homem forte, corajoso, teimoso como ninguém, mas além disso tem uma qualidade que supera todos, tem um coração que não cabe no peito, caloroso, homem simples e assim como eu, apaixonado pelas Jandaíras, quando jovem era um promissor criador, chegou a ter 35 cortiços.

Tinha lugar melhor que esse? não tinha, com certeza. Pois bem, lá em um dos alpendres da casa grande, instalei prateleiras provisórias e manejei inicialmente, 60 caixas de jandaíras, 2 mandaçaia quadri quadri, 2 mandaçaia antidhioides e mais duas jatí (abelha mosquito).
Durante os próximos meses, estarei levando mais alguns enxames de jandaíra e mais um de mandaçaia.

Esse espaço que ainda é provisório, resolvi chamar de "Meliponário do Sertão" uma homenagem a essa terra tão sofrida, mas acima de tudo, maravilhosa. Assim começou um pouco da minha paixão pelas abelhas sem ferrão e também a história do Meliponário do Sertão.

Kalhil Pereira França
Mossoró-RN, 07 de janeiro de 2009.