Às vezes as coisas acontecem por acaso, isso é uma verdade. Nunca pela minha cabeça imaginei que um dia pudesse criar abelhas, e mais, sem ferrão.
Sou apaixonado pelo mar, durante muitos anos fui integrante da Marinha do Brasil, tendo passado aproximadamente 7 anos de minha vida. Fiz carreira como praça nesta maravilhosa instituição.
O tempo passa e as coisas também. No ano de 2005, vim de férias a minha cidade natal, Mossoró-RN; aqui fiz, sem esperar muita coisa, um concurso público para o Ministério Público do RN. Para minha grata supresa, consegui lograr êxito e depois de um ano do concurso fui chamado para trabalhar no MP Potiguar.
Como tinha dito, sou apaixonado pelo mar; próximo daqui existe uma cidade chamada Tibau, lá, pratico por esporte, kitesurf (surf com pipa). Durante mais um belo fim de semana de velejo, já na nossa tradicional roda de bate-papo, um amigo que é dentista me falou que criava abelhas em casa. De cara tomei logo um susto, falei: você é louco, criar abelhas em casa, não ferroa ninguém? Vizinhos? etc.
Cara, são abelhas sem ferrão, ele me responde!!!
Eu fiquei tão espantado que não acreditei, como pode abelha não ter ferrão, vejam o quanto da minha falta de conhecimento sobre o assunto. Nesse dia mal cheguei em casa e fui direto ao computador pesquisar sobre as tais abelhas sem ferrão, em especial uma chamada Jandaíra.
Desse dia em diante surgiu em mim uma paixão que só quem conhece o ramo pode entender, não explicar. Fui aos poucos conhecendo o maravilhoso mundo das mais de centenas de espécies de abelhas nativas brasileiras sem ferrão, mundo esse que chamamos de meliponicultura.
Atualmente, crio abelhas nativas sem ferrão, com ênfase na abelha Jandaíra (melipona subnitida duke) devido a sua melhor adaptação a minha região. Como tudo com tempo evolui e cresce, surgiu a necessidade organizar melhor a coisa pois o lugar que criava as abelhas estava ficando pequeno demais para várias colônias que ali tinham sido assentadas.
Dessa maneira, surgiu a idéia de montar um lugar especial para a manutenção das abelhas, um lugar que pudesse ser de fácil acesso e ao mesmo tempo confortavél do ponto de vista floral para as abelhas e como o foco principal de minha criação são as Jandaíras, típicas do semi-árido nordestino, o lugar só podia ser o sertão.
Mais especificamente uma cidade que tenho boas recordações da minha infância, tempos de menino que não voltam mais, tempo onde responsabilidade e dinheiro eram palavras pouco conhecidas.
Taboleiro Grande, cidade situada na ponta da tromba do elefante potiguar, onde Judas perdeu as botas e onde o sol parece não dar trégua a ninguém, terra quente e de mata seca, tão pequena que se você passar a segunda marcha, já saiu da cidade.
Mas essa terra tem uma grande vantagem, lá residem pessoas que amo e que torcem muito por mim e em especial, um casal de velhos que moram num sítio muito bonito, onde a mata nativa está ainda muito bem preservada, onde um rio temporário corre durante a época do inverno e que durante a seca, diversas outras plantas florescem o tempo inteiro, para as abelhas é um paraíso.
Detalhe: esse casal briga o dia todo, mas se amam a mais de 40 anos. A primeira é minha avó, mulher forte, guerreira, pessoa a frente do seu tempo, inteligente e acima de tudo um exemplo de vida, se não fosse ela seus filhos ainda estavam enfincados no tronco de uma serra que fica de frente pra casa grande.
O segundo, haaaa o segundo...
Falar dele me enche os olhos de lágrimas, homem forte, corajoso, teimoso como ninguém, mas além disso tem uma qualidade que supera todos, tem um coração que não cabe no peito, caloroso, homem simples e assim como eu, apaixonado pelas Jandaíras, quando jovem era um promissor criador, chegou a ter 35 cortiços.
Tinha lugar melhor que esse? não tinha, com certeza. Pois bem, lá em um dos alpendres da casa grande, instalei prateleiras provisórias e manejei inicialmente, 60 caixas de jandaíras, 2 mandaçaia quadri quadri, 2 mandaçaia antidhioides e mais duas jatí (abelha mosquito).
Durante os próximos meses, estarei levando mais alguns enxames de jandaíra e mais um de mandaçaia.
Esse espaço que ainda é provisório, resolvi chamar de "Meliponário do Sertão" uma homenagem a essa terra tão sofrida, mas acima de tudo, maravilhosa. Assim começou um pouco da minha paixão pelas abelhas sem ferrão e também a história do Meliponário do Sertão.
Kalhil Pereira França
Mossoró-RN, 07 de janeiro de 2009.
Parabéns pela iniciativa, sou participante do ABENA, um forte abraço e sucesso!!!
ResponderExcluirAmor, ficou muito legal seu blog.
ResponderExcluirParabéns!!!
Eita, meu irmão, seu blog tá tuuudo d bom!!! Suas abelhinhas estão fazendo sucesso! Kalinne
ResponderExcluirparabéns a kalhil,sou conhecedor do assunto e digo que esse é um dos melhores sites para comercio e troca de informaçoes sobre meliponas. ass.gianno
ResponderExcluirAprendi muito
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