As Castas (quem é quem)


As abelhas sem ferrão (meliponas) possuem 3 castas básicas, a Rainha, responsável pela colocação dos ovos no enxame, as Operárias (ou campeiras) que realizam todas as tarefas necessárias ao bom desenvolvimento da colônia e os machos que se resumem a atividade reprodutiva, não realizando quase que nenhum trabalho interno.


As rainhas, antes do processo de fecundação são chamadas de princesas virgens, sua morfologia é bem caractéristica. Tem cabeça pequena, bem menor que as campeiras e sua coloração é, na Jandaíra, dourada. Tem o abdomem mais fino e suas mandíbulas são menores. Não possuem corbículas e após o processo de fecundação desenvolvem a fisiogastria, não conseguindo mais voar após esse desenvolvimento.


O nascimento de uma princesa virgem é conduzido pela rainha ativa da colônia. Nas abelhas sem ferrão da família dos meliponíneos essa casta é formada pelo processo genético-alimentar, ou seja, aqui as abelhas são geneticamente já formada para serem rainhas. Mesmo que uma obreira comum seja alimentada com uma quantidade maior de alimento, essa última nunca será uma rainha ativa, pois não possui os genes necessários para se transformar em rainha ativa, ou rainha fisiogástrica. 


A princesa se desenvolve mais rapidamente que uma obreira comum, seu tempo de encubação na célula de cria é de aproxidamente 40 dias e logo após o nascimento já são capazes de voar. Essa capacidade é uma estratégia de vida, pois caso a colônia esteja com uma rainha ativa na medida que vão nascendo precisam abandonar o enxame, caso contrário serão mortas pelas abelhas campeiras. Esse comportamento que pode parecer cruel é necessário para evitar a coexistência de duas rainhas, o que provocaria problemas de liderança. 


                                          
(Rainha fisiogástrica, foto de Márcio Pires)

Nessa segunda opção ela precisa voar a procura de colônias que estejam sem rainha (colônias recém divididas), no geral é muito comum que colônias órfãs aceitem uma princesa de fora.

A Casta das Operárias é a mais comum de todas, mas não menos importante. Elas são a força da colônia e no decorrer de sua curta vida desenvolvem as mais variadas atividades. Na Jandaíra sua coloração é alaranjada, com abdomem escuro. Sua cabeça e olhos negros e são maiores que as da casta das rainhas. A principal característica é a presença das corbículas nas patas traseiras, local onde armazenam o polén coletado para ser levado ao enxame.

O tempo de vida de uma operária varia de acordo com a espécie e as condições ambientais. No geral vivem em média 90 dias. O tempo de desenvolvimento do ovo ao nascimento dura em torno de 42 a 44 dias. 


Observem que as suas mandíbulas são bem grandes, isso é preciso pois boa parte de todo o seu trabalho é feito com essas duas belas pinças. Inclusive a defesa da colônia, como todos sabem as Jandaíras são abelhas que não possuem ferrão (ferrão atrofiado) mas suas mandíbulas são usadas para beliscar durante a defesa da colônia.

A beliscada não chega a ser insuportável, mas eu garanto que você não vai gostar.


Seu abdomem é mais gordo comparado com o do macho, há presença de corbículas utilizadas para transporte de material (pólen e resinas) nas patas traseiras é o detalhe de maior destaque.

Por último temos a casta dos Machos. O macho da Jandaíra, como na maioria das abelhas, não realiza muitas atividades, nessa espécie eles desempenham exclusivamente a missão da reprodução, por vezes podem realizar a desidratação de néctar.


Não chegam a 5% da população e geralmente nas épocas de pré-inverno são encontrados em aglomerados. Já cheguei a ver mais uma centena deles juntinhos esperando por novas princesas a serem fecundadas. Há épocas do ano que quase não os vejo, principalmente nos períodos de pouca floração (seca), mas isso é natural pois somente nos períodos de muita abundância é que sua presença é mais significativa.

Seu corpo é menor que o da obreira, não possui corbículas, pois por não realizarem coleta de material são indispensáveis. Sua cabeça é menor que o tronco e suas mandíbulas são reduzidas. Seus olhos são proporcionalmente maiores, isso é necessário para facilitar a identificação de pricensas em voos nupciais.

São extremamente dóceis. Mesmo em agloremados podemos capturá-los com a mão de forma muito fácil, quem adora esse detalhe são as largatixas que os comem sem piedade, é a lei da natureza.


Seu maior detalhe para o fácil reconhecimento é presença de uma pequena curva branca em meio aos olhos, é uma espécie de ondinha que fica exatamente um pouco acima das mandíbulas, essas últimas são bem reduzidas em comparação com as campeiras.

Pois bem, depois dessa rápida aula de identificação de castas tenho certeza que ninguém mais ficará com dúvida de quem é quem na colônia.

Esses detalhes valem para a maioria das meliponas, mesmo espécies bem diferentes como as Mandaçaias tem características bem similares, mudando lógicamente o tamanho e a cor de cada abelha.