terça-feira, 30 de março de 2010

As Obreiras Rainhas

Quem vê as abelhas trabalhando não imagina que por trás de toda aquela organização existe uma série de fatores que determinam a harmonia interna das abelhas. Entre esses fatores o cheiro, ou melhor dizendo, os feromônios são essenciais para que a rainha consiga desempenhar a sua liderança no decorrer de sua curta vida.

Todavia, diferentemente das apis, no mundo das abelhas sem ferrão, em especial nas meliponas, o poder feromonial das rainhas é bem mais baixo. A rainha da Jandaíra por exemplo não governa sozinha, na verdade a rainha é apenas uma das diversas formas de liderança existentes numa colônia dessa espécie.

Como as rainhas dessas espécies de abelhas não conseguem, na maioria das vezes, dominar toda a colônia, surgi aí uma casta de abelhas que são bem peculiares das abelhas sem ferrão, tratam-se das Obreiras-Rainhas ou Rainhas-Obreiras.


A sua função dentro da colônia é reforçar os laços de liderança da rainha podendo inclusive ovopositar muitas vezes no seu lugar, não se trata de ovos tróficos, ou seja, de ovos alimentares colocados pelas obreiras comuns durante ovoposição da rainha para a sua alimentação, mas sim verdadeiros ovos férteis que geram crias regulares (machos).

Essas abelhas, de modo diversos das obreiras comuns, não desenvolvem feromônios mandibulares de obreira, mas sim mandibulares de casta real. Esse detalhe evolutivo ocorre ainda durante o seu desenvolvimento na célula de cria pela diminuição de feromônio mandibular da rainha durante a última baforada real antes da ovoposição na célula de cria, cheiro esse que estimula o desenvolvimento do genes de casta real em obreira comum.

Não fazem só bem a colônia, podem também muitas vezes provocarem muita dor de cabeça ao meliponicultor menos experiente, principalmente durante os desdobramentos onde a desordem é provaca pela ausência de uma rainha ativa. Há casos em que as obreiras rainhas impedem que uma princesa possa ser aceita numa nova colônia, aí entra a mão, ou melhor, o olho do meliponicultor para resolver a bagunça que ele mesmo provocou.


Essa casta das abelhas sem ferrão foi estudada a fundo pelo brilhante Prof. Dr. João Pedro Cappas e Souza, o "Mestre Cappas", como é mais conhecido no meio melipônico, é um grande estudioso e pesquisador Português, profundo conhecedor do comportamento do insetos sociais.

Tenho mantido permanente contato com o Mestre Cappas durante os nossos estudos sobre os rituais de postura das abelhas sem ferrão, mundo esse extremamente curioso e cheio de detalhes e surpresas.

Um dos seus brilhantes trabalhos a respeito da existência dessa casta foi publicado ainda em 1992, trabalho esse inclusive recomendado por nós no rol de publicações importantes:
Cappas J.P. (1992). Os Meliponineos em Portugal e na Europa. Bol. Soc. Portuguesa de Entomologia. Suplemento 3, v.1, p.53-68.

Existe alguns tipos de obreiras rainhas, pois a sua configuração morfológica no diz o quanto é o seu poder e a sua influência na colônia, principalmente se se aprensentam uma certo número de abelhas dessa casta.


Entre esses tipos eu destaco para vocês um tipo de obreira rainha que o Mestre Cappas passou a chamar de obreiras Pangolins, as obreiras pangolins são as mais fortes obreiras rainhas pois possuem poderosas glândulas de cheiro que muitas vezes concorrem com a rainha para exercer a liderança da colônia. O nome Pangolin vem de um réptel escamado africano que em muito se parece com o formato das escamas de cera que são criados nos abdomens dessas abelhas. Isso é fruto da ausência prolongada de raspagem desse material, o que provoca o seu acúmulo.

A maioria tem a cabeça menor, mandíbulas reduzidas e muitas vezes uma abdomem mais dilatado pelo desenvolvimento discreto dos ovários, em fim, são ligeiramente diferentes das obreiras comuns e muito difícil para um leigo a verificação de suas diferenças.

Essa é só mais uma das várias diferenças entrem as Apis e abelhas sem ferrão do Brasil.

att,

Mossoró-RN, em 30 de março de 2010.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

quarta-feira, 24 de março de 2010

Uma tarde com abelhas e crianças

Nesses últimos dias ando muito atarefado, principalmente pela preparação das colônias para o início do inverno no meliponário rural, fora que tenho ainda que dá conta do trabalho burocrático da repartição.


Mas sempre que possível arranjo um tempinho para visitar as escolas e levar até as crianças algum conhecimento sobre as abelhas, em especial as sem ferrão. Mais uma vez, como já de costume, levei as abelhas para passearem comigo no Colégio Diocesano de Mossoró-RN.


Dessa vez não levei as Jandaíras, mas sim uma colônia Tiúba para mostrar a variedade de abelhas sem ferrão que temos em nosso país. Esse é o típico trabalho prazeroso pois é radiante observar a curiosidade das crianças sobre as abelhas sem ferrão.



No começo é aquele medo, principalmente pelo fato da grande maioria já ter levado alguma ferroada das apis, mas com tempo elas percebem que essas abelhas são bem diferentes, dóceis e acima de tudo não ferroam ninguém.



Esse trabalho é uma via de mão dupla, tanto elas aprendem comigo como eu, principalmente, aprendo cada dia mais com elas. Estou e estarei sempre a disposição para falar um pouco sobre as abelhas sem ferrão, tanto com os doutores da área como, em especial, com as crianças.

att,

Mossoró-RN, em 24 de março de 2010.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

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Eugênio disse...

Cara estudei ai no Colegio Diocesano de Mossoró vim agradecer a você a ajuda. Meu filho Tobias de 7 anos olhou a sua aula e perguntou se era no colegio do SESC de Caicó, legal Kalhil. Bom trabalho.

24 de março de 2010 18:44


Meliponário do Sertão disse...

De nada amigo, precisando de minha orientação estou as ordens, grande abraço.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
24 de março de 2010 19:13
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Rubim disse...

Prezado amigo Kalhil,

A cada dia que passa aumenta a minha admiração por você, pela sua determinação e pelo seu trabalho em difundir seus conhecimentos sobre as abelhas sem ferrão. Parabéns por seu empenho, certamente o seu trabalho frutificará. Os jovens de hoje serão os adultos de amanhã que formarão este grande Brasil. Alguns deles serão meliponicultores, não tenho dúvidas, muitos deles por seu gesto de ensinar a arte de criar ASF.

Um grande abraço.
25 de março de 2010 09:00

Mónica Cepeda, Secretaría Técnica Nacional CPAA disse...
on 25 de março de 2010 12:21

Te felicito, que labor tan bonita, me hubiera gustado que me ensañaran sobre abejas en la escuela!!!! en Colombia he visto algunas experiencias similares, es impresionante la conciencia ambiental que se genera cuando los niños aprenden sobre abejas y la influencia que empiezan a ejercer sobre sus familias.

segunda-feira, 22 de março de 2010

O perigo volta a rodar

"Para completar o azar, aparece
a SUCAM com seu carro zoadento e sua fumaça fedorenta
e envenenada para matar insetos, lacerdinhas, os
fedorentos cascudos, as muriçocas e principalmente as
inocentes jandaíras. Salvei as minhas porque fechei
todas as caixas por 24 horas. O que é bom hoje não escapa
mais. No campo é o agrotóxico, na cidade é o
“politóxico”. É difícil salvar a jandaíra."
(
Bruening, Padre Huberto; Abelha Jandaíra, Coleção O Mossoroense, 2001.)


Assim como o Monsenhor Humberto, todo ano passo por esse mesmo problema, iniciada as chuvas no mês de março fico a me preocupar com os carros do Serviço epidemiológico de Mossoró-RN (antiga SUCAM).

O problema é que devido as chuvas (e principalmente a falta de educação das pessoas), o mosquito trasmissor da dengue passa a se proliferar com grande intensidade no lugares que armazenam água parada.

A Dengue em si não é o grande motivo da minha angustia, mas sim o combate a ela através dos chamados carros fumacê. Esses carros, fedorentos por sinal, passam a descarregar em grande quantidade uma fortíssima carga de veneno no ar que mata a grande maioria dos insetos, não fica uma mosquinha viva para contar a história.

O grande problema está exatamente aí, o veneno não mata somente o mosquito da dengue, mas TODOS os insetos. Tanto os prejudiciais como os benéficos.

Devo reconhecer que a pulverização do veneno no ar não chega a destruir as colônias por completo, mas mata de forma significativa as campeiras que estiverem a forragear no momento em que o veneno esteja sendo pulverizado, dessa maneira as colônias sofrem perdas signigicativas na população.

Nos anos anteriores contei com a sorte e sempre observei que o carro fumacê só passava à noite no bairro onde matenho o Meliponário Urbano. Contudo, essa ano não deixarei que o meu trevo de 4 folhas faça novamente milagres, vou levar todas as minhas colônias de jandaíra para Meliponário Rural de Taboleiro Grande-RN.

Lá no meio do mato em plena caatinga não haverá perigo para aquelas que só fazem bem todos.

att,

Mossoró-RN, 22 de março de 2010.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
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Eugênio disse...
Kalhil,

Preciso de sua ajuda, você pode me ajudar está acontecendo uma mortandade grande na família mais velha de jandaira que tenho e não sei o que está acontecendo. Em janeiro as coloquei no meu alpendre e tirei um pouco de mel para a família mais nova. Deixei de olhar ela por que é a mais forte.
No começo deste mês começaram a aparecer abelhas mortas princesas e campeiras mortas aqui e ali.
Eram poucas uma ou duas.
No começo da semana abri a caixa e tive um susto não tinha vinte por cento das abelhas que tinha, sem cria e com poucos potes de mel. Coloquei um pouco de mel de apis para ajudar na alimentação, mas agora à noite encontrei umas oito campeiras mortas e alguns zangões.
O que faço amigo, não esta passando fumace aqui ainda, mas sei q tem um visinho meu que coloca veneno para as muriçocas, pode ser que a rainha tenha morrido ou o exame foi embora. Não sei o que fazer será melhor colocar de baixo das minhas fruteiras ou enviar para um sitio. Observação a outra que foi da divisão está bem venho alimentando ela e verificando sempre. O que faço doutor Kalhil?

Do amigo José Eugenio
23 de março de 2010 20:49
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Meliponário do Sertão disse...

Olá José Eugênio,
Eu li atentamente o seu relato e estou aqui a matutar com minhas pestanas o que pode ter acontecido com suas abelhas.
Antes de responder é preciso que vc primeiro me responda algumas pergunta para que eu posso visualizar melhor o que pode ter acontecido.
1- Vc tirou muito mel ou foi pouco deixando uma reserva para as abelhas??? Estamos ainda no período de baixa floração.
2- Vc viu a rainha???
3- Da última vez que vc abri e estava forte tinha postura nova???
4- A colônia que foi divida era filha dessa colônia ou está perto dela???
5- Quantas colônias vc tem e se esse mesmo problema vem acontecendo com outras caixas???
6- Abelhas estão morrendo dentro da caixa ou fora dela???

Muita coisa pode ter acontecido ou está acontecendo. Mas já adianto que as abelhas não vão embora, isso é um mito, lembre-se que a rainha é fisiogástrica e não pode voar, as obreiras não abandonam sua mãe, somente em rarríssimas exceções pode existir um fenômeno que chamamos de fusão de colônias, onde uma mais fraca é absorvida por uma mais forte para que as duas juntas unam forças para sobreviver a tempos difíceis.

att,
Kalhil P França
Meliponário do Sertão

23 de março de 2010 21:52
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Eugênio disse...
1- Vc tirou muito mel ou foi pouco deixando uma reserva para as abelhas??? Estamos ainda no período de baixa floração. R: Tirei uns duzentos gramas de mel mas deixei uma quantidade boa. Ela tinha reserva também na frente da caixa.

2- Vc viu a rainha???
R: Quando tirei o mel vi sim a rainha. Mas agora não há vi.

3- Da última vez que vc abri e estava forte tinha postura nova???
R: Sim tinha uma boa postura ma não era nova.

4- A colônia que foi divida era filha dessa colônia ou está perto dela???
R: A colônia que foi divida era filha dessa colônia e eu as coloquei com uma distancia de um metro no alpendre.

5- Quantas colônias vc tem e se esse mesmo problema vem acontecendo com outras caixas???
R: Só tenho estas duas a mãe e a filha. A filha não aparenta problemas eu a abri e estava com postura e alguns potes de mel, ela não tem muitas abelhas.

6- Abelhas estão morrendo dentro da caixa ou fora dela???
R: Kalhil as abelhas aparecem no chão do alpendre fora da caixa.

Amigo não sei o que te dizer, eu abri a caixa (mãe) agora de manhã para ver se conseguia ver a rainha e te dar as informações corretas, quando tive uma surpresa danada pois tem muitas abelhas quase apanho. E onde são colocados as posturas tem os potes de mel e um circulo com umas nove células como se tivesse havendo uma recuperação.Não via a rainha.

Tenho um bocado de abelha aqui na mesa e não sei de que estão morrendo de que?
E tinha poucas abelhas e hojé tem um bocado.Estou passando por mentiroso.

Obrigado pela atenção.

José Eugenio Ferreira Neto
24 de março de 2010 08:37
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Meliponário do Sertão disse...

Olá Eugênio,
Vc não´é mentiroso, tudo isso é muito comum e vejo com certa frequência. Podemos resolver.

Eu acho que as mortes não foram por causa de algum intoxicação.
Eu acho que as mortes estão acontecendo por algum erro no manejo que foi realizado pelo amigo.

Como não existia postura nova na caixa mãe, somente de crias já velhas eu suspeito que a elite da colônia estivesse tendo algum problema, principalmente pelo fato de ter sido dividida a pouco para a formação da colônia filha.

É possível que a rainha fosse velha (por isso vc não viu postura nova) e estivesse sendo substituida por outra. Nessas horas a elite da colônia fica muito sensível durante dias pois os feromônios reais da rainha que regulam a harmonia interna da colônia passam a não mais existir.

E isso gera uma guerra interna pois algumas obreiras rainhas aproveitam para subir ou descerem (muitas vezes a força) na eleite da colônia. As abelhas se dividem e brigam entre si até que uma elite vença e passe a dominar a colônia, muitas vezes essa guerra pode acabar com uma colônia.

VEJA SE NAS ABELHAS MORTAS HÁ ABELHAS COM A CABEÇA DEGOLADA.

Eu acredito que o fato de vc ter retirado MEL (aberto a colônia) nessa hora foi um agravante para aumentar ainda mais a desarmonia que foi desencadeada pela ausência da rainha.

Esse meu papo é bastante complicado por que eu estou a falar de feromônios que regulam a paz social interna das abelhas, isso é um mundo que poucos conhecem.

A minha opinião fica reforçada pela presença da postura irregular que foi observada por você. Isso é um sinal forte que a elite está ainda a escolher a sua nova rainha.

SOLUÇÃO: 1 - alimenta as abelhas com xarope concentrado uma vez por semana, basta 200ml; 2 - coloque uma tela transparante (folha para retoprojetor ou mesmo plástico transparente grosso usado para cobrir mesas) para realizar observações na colônia sem precisar abrir; 3 - Se possível forneça algum disco de cria velho para reforçar a colônia; 4 - E PRINCIPALMENTE EVITE FICAR ABRINDO A CAIXA AGORA, COLOQUE UM COPINHO DE CAFÉ DENTRO DA CAIXA E ALIMENTO ATRAVÉS DE UM BURAQUINHO PEQUENO FEITO NA TELA.

Aguarde 10 dias para ver se paz volta a reinar!!!

Att,
Kalhil P França
Meliponário do Sertão

24 de março de 2010 09:28

Eugênio disse...

Kalhil,

Obrigado pela atenção e orientação vou fazer o que você indicou. Vou fazer o charope. Tinha algumas sem cabeça mesmo e pareciam velhas.minha internet e meia ruim tinha enviado um email mas não sei se deu certo.Valeu cara to te devendo.

Jose Eugenio Ferrreira Neto
24 de março de 2010 18:47

terça-feira, 16 de março de 2010

A Uruçu Verdadeira (melipona scutellaris)

Entre todas as abelhas sem ferrão uma se destaca não só pela beleza, mas principalmente pela capacidade de produção de mel e formação de novas colônias, são as Uruçus Verdadeira (melipona scutellaris).

(clique nas fotos para ampliar)

Está espécie sempre foi uma das minhas grandes paixões pois são simplesmente excepcionais, falar em Uruçu Verdadeira é falar num dos méis mais deliciosos do Brasil. Muito procurado na região nordeste, principalmente nos Estado de Pernambuco e Bahia onde a criação dessa espécie se dá com grande destaque. Já vi esse mel ser ofertado por R$ 150 o kilo. Não é pra qualquer um.


E se assunto é Uruçu Verdadeira não posso deixar de falar dos amigos e grandes criadores dessa espécie, Francisco das Chagas e Selma, essas duas pessoas ímpares são referência na meliponicultura no Brasil e no Mundo.


Falar em Uruçu e não falar de Chagas e Selma é como falar do vaticano e não falar do Papa. Esse casal é um dos grandes símbolos de amor e dedicação a meliponicultura no Brasil, referência na área pois são considerados no ramo como os maiores criadores dessa espécie na região Nordeste.


Por esses dias recebi diretamente das mãos do amigo Chagas (Meliponário São Saruê) 4 colônias matrizes de valor inestimável, são colônias que, de forma segura, não são ofertadas nessa qualidade para venda por nenhum meliponicultor no Brasil. Todas as fotos dessa postagem são das colônias que recebi e que servirão de matrizes para a mais nova aquisição do Meliponário do Sertão.


Chagas e Selma atualmente estão desenvolvendo um importante trabalho de recuperação e preservação de uma espécie raríssima, a Uruçu de Chão (melipona quiquefaciata), atualmente só sendo encontrada com muita dificuldade na Serra do Araripe.


Nessa sexta-feira voltarei a visitá-lo em sua casa de praia em Tibau-RN e retomaremos nossa conversar a respeito de muitos assuntos relacionados a meliponicultura, em breve postarei outras fotos e informações sobre as Uruçus verdadeiras, prometo falar muito mais a respeito dessas abelhas que nos encantam.

Mas já para adiantar um pouco mais para aqueles que são curiosos e não sabem quem são Chagas e Selma, basta vê o vídeo abaixo indicado, lição de vida, uma história de amor as abelhas e a Natureza:


att,

Mossoró-RN, 16 de março de 2010.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

sexta-feira, 5 de março de 2010

As loiras récem-chegadas (Uruçu amarela - Melipona flavolineata)

Eu tenho um carinho especial por todas as abelhas, até mesmo pelas de ferrão. Mas hoje eu fui surpreendido por uma raridade que a muito tempo desejava possuir em meu meliponário, trata-se das amarelas, conhecidas também como Uruçu Amarela (Melipona Flavolineata).

A espécie que estou me referindo não é a outra Uruçu Amarela (Melipona Rufiventris), na verdade o nome Uruçu é dado a várias espécie de abelhas sem ferrão, por isso muita gente fica na dúvida. Na verdade, as duas são parecidas, mas são bem diferente. A Rufiventris é maior, tem um corpo bem mais alongado, já as Flavolineata é menorzinha e é bem mais dócil.

Assim que chegaram liberei a entrada para que pudessem realizar o trabalho de limpeza da colônias, é impressionante a capacidade organização desses insetos sociais, passei algum tempo observando e não demorou muito para iniciarem o voo de orientação na sua nova morada.

Assim que se acalmaram passei a alimentá-las com uma tampinha de garrafa pet na entrada da caixa. Essa forma de alimentar é muito simples e o bom é que elas colhem somente o que desejam.
A festa foi mesmo quando coloquei as tampinhas nas caixas com xarope, elas começaram a sair para colher o alimento artificial, bonito é ver como são comportadas, não atropelam a vez de ninguém e cada uma aguarda calmamente pelo seu lugar. Acho que de vez enquanto era bom algumas pessoas apreenderem normas de etiqueta com essas garotas.

No meio do lanche rápido me aparece essa bendita Mandaçaia, o inusitado foi que a obreira da amarela deu um belo beijo na boca, rs. Na verdade a amarela deu foi um belo beliscão nas mandíbulas da mandaçaia para que ela não andasse mais por aquelas bandas... Pobre da Mandaçaia, foi só dá as boas vindas.

Não há como negar, essas amarelas, que por aqui já receberam o apelido de "as loiras", realmente chamam a atenção pela beleza, observem bem que os olhos são verdes e brilhantes, bem chamativos.


Falando em recém chegadas, as nossas tiúbas, que foram recebidas a 3 meses atrás, sofreram uma inspeção para avaliarmos a probabilidade de uma divisão na próxima semana. Estão simplesmente bombando por aqui. Parece que calorzinho de Mossoró tem feito muito bem a essa gente.


Fiquei muito feliz e surpreso ao ver a grande quantidade campeiras que estavam ocupando a caixa, contei cerca de 7 discos de cria. O módulo inferior está completamente ocupado por potes, principalmente pólen, a Tiúba é uma grande polinizadora, fico horas admirando a grande concentração de entrada de pólen pela manhã de todos os dias.


Acredito que essa aqui está quase que no ponto, só falta deixar que esses discos superiores fiquem um pouco mais maduros para serem retirados com mais facilidade para mais uma feliz divisão.

att,

Mossoró-RN, em 05 de março de 2010.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

segunda-feira, 1 de março de 2010

Jamais Perder as Raízes

O meu gosto musical é muito variado, ouço de tudo um pouco, mas sempre me incomodou o excesso de músicas estrangeiras que são praticamente impostas pela mídia ouvido a dentro, principalmente diante de tanta diversidade musical que o Brasil possui.

Nada contra, até por que cada um tem o livre arbítrio para ouvir o que bem entender, contudo, como sou filho de nordestinos, neto de nordestinos, nascido e criado no Nordeste, nada mais natural que o meu gosto musical fosse influenciado pela maravilhosa cultura da minha região.

Para nós dessa parte esquecida do país, o repente, o cordel, o baião de dois, a carne de sol, a pamonha, o mel da Jandaíra, as festas juninas, a macaxeira e o feijão verde são alguns dos itens da nossa cultura que alimentam não só a barriga e a mente, mais a cima de tudo o coração.

Enquanto a grande maioria prefere ouvir o mais novo clipe da cantora americana beyonce feito em uma favela carioca... Eu prefiro ouvir uma das figuras mais ilustres da cultura Nordestina, o nosso rei do baião, Luiz Gonzaga.


Escolher a mais bela canção dessa figura musical é tarefa impossível para qualquer crítico musical, ainda mais para essa insignificante pessoa que escreve esse artigo.

Contudo, em um momento de muita ousadia de minha parte, acho que entre as mais belas canções existe uma que muito me fazia lembrar o meu sertão quando daqui estava distante, por muitas vezes, durante as horas de mais saudades, longe de casa e com o peito apertado, os olhos enchiam de lágrimas quando ouvia está canção:

A Morte do Vaqueiro - Luiz Gonzaga
Cliquem aqui e escutem a música no youtube

A música é simples, a melodia é doce e sem muitas notas musicas, contam em resumo a história de um sofrido vaqueiro que morreu e deixou a sua boiada para trás. Morreu podre e esquecido. Sozinho no mundo, os únicos que sentiram sua falta foi o seu cachorro de caça e sua boiada que triste chorava no pasto.

Escutem e depois me digam se não gostaram, tenho certeza que aqueles que são daqui e por algum motivo estão afastado de sua terra vão sentir no peito o mesmo aperto que por muitas vezes eu senti. E não se envergonhem se a lágrima cair e alguém mais próximo perguntar por que choras, diga com muito orgulho: - é saudade do meu sertão!

Como já dizia o grande poeta Luiz Gonzaga, "O sertanejo é, antes de tudo, um forte".

att,
Mossoró-RN, 1º de Março de 2010.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

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Anônimo disse...

Esse é um dos mais belos blog sobre a meliponicultura no Brasil.

Parabéns Kalhil por compartilhar o seu grande conhecimento com todos nós, sempre acompanho o seu blog e gosto muito de ler suas postagens pois em todas elas você consegue transmitir as suas emoções.

Como Nordestino sinto muita falta da minha amada terra Natal(Apodi-RN, mas Deus me entregou a sua missão em outro lugar, ele sabe o que faz.

Mais uma vez parabéns e siga em frente com seu belo trabalho.

Que Deus te abençoe.

Padre Maurício
Santa Maria-RS

1 de março de 2010 14:58

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Anônimo Anônimo disse...

Olá amigo.Tudo bom? Com certeza a música tem esse dom de nos transportar para lembranças boas, geralmente da infância. Hoje em dia me considero eclético em termos de músicas, ouço tudo, mas levando em consideração o ritmo e a letra. Diferente de quando mais jovem, quando eu era adolescente, hoje não tenho vergonha de curtir umas músicas que ouço no rádio do carro, e até mesmo cantarolar rssss O mais legal é que quando eu estava mais ligado, ou começando a adentrar na meliponicultura, de repente as tradições ou as coisas do sertão começaram a ser mais valorizadas,pois sabemos que existe uma cultura sertaneja riquíssima, e mesmo tendo nascido na capital, meu pai,por ser oriundo de sertão,sempre me manteve próximo desta realidade, principalmente quando nas férias viajávamos para o interior.E por esse tempo o forró era pé de serra mesmo. Abs. Fco. Mello

1 de março de 2010 22:36

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Blogger Meliponário do Sertão disse...

Meu amigo Padre Maurício, que Deus abençoe a todos nós meu irmão.

Fique a vontade e sempre que a saudade bater mais forte passe por aqui e sinta o pouco das lembranças de sua terra, tão rica em tradições e cultura.

Kalhil Pereira França
Mossoró-RN

1 de março de 2010 22:44

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Anônimo Anônimo disse...

Amigo Kalhil, essa música é mesmo de arrepiar a alma, outra que muito me faz lembrar o meu Nordeste é a AVE MARIA SERTANEJA, interpretada pelo velho LUA (Gonzagão).

Se quiser se emocionar abaixo segue o link:

http://www.youtube.com/watch?v=69kocrT1tY0

É uma das mais belas músicas feitas pelo homem.

Grande Abraço.

Leopoldo
Mossoró-RN

2 de março de 2010 13:41

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Blogger Meliponário do Sertão disse...

Amigo Leopoldo, a Ave Maria Sertaneja é de tirar o chapeu, linda com nenhuma outra, é como disse, é difícil encontrar a melhor diante de tanta obra prima.

Enquanto isso ainda tem gente que prefere ver o BBB10,11,12...

Um Grande Abraço pra vc também amigo.

att,

Kalhil
Meliponário do Sertão

2 de março de 2010 13:47