quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Sugador para abelhas sem ferrão...

Um dos instrumentos mais importantes para a prática da Meliponicultura é o sugador de abelhas. 

Sem ele é impossível realizarmos uma transferência com sucesso, pois como nós sabemos, muitas abelhas novas não sabem voar e precisam ser coletadas, caso contrário não sairão da caixa velha. 

E como a população da Jandaíra não ultrapassa 800 abelhas, cada indivíduo resgatado é importante. Dessa maneira, passarei a ensinar como construir seu próprio sugador de abelhas. Lembro apenas que essa versão é utilizada pela boca, mas há quem utilize um motor de baixa pressão pra realizar o trabalho do pulmão. 


Vamos precisar de 01 garrafinha pet cristal de 600ml (pode ser qualquer uma de refrigerante); 01 pedacinho de tela de metal ou material semelhante e um metro de mangueira transparente fina (procurar uma bitola que passe com facilidade a abelha que você trabalha). 


O primeiro passo é fazer um furo na tampa e no fundo da garrafinha de modo que a mangueira entre apertada. Lembrar de não fazer muito grande, caso contrário a mangueira não fica justa e perdemos pressão. 


Em seguida cortamos um pedacinho da tela e introduzimos dentro da mangueira, cortamos ela em dois pedaços e encaixamos o lado que ficou com a tela no fundo da garrafinha é a outra parte na tampa. 


Pronto. Feito isso basta conferir se as mangueiras estão justas, caso contrário é possível ajustar utilizando uma fita adesiva. 

Uma dica que dou é sempre deixar o lado que fica com a tampa maior, para facilitar a busca pelas abelhas durante a captura. 

Sugamos pelo fundo da garrafa e coletamos com a mangueira que foi conectada a tampa, após realizarmos a coleta basta retirarmos a tampa e delicadamente bater na garrafinha para que as abelhas caiam dentra da caixa.

Esse instrumento é muito fácil de fazer e muito útil para os processos de mudanças de caixa. Em alguns dias passarei algumas colônias para novas caixas e mostrarei na prática sua utilidade. 

Att, 

Mossoró, 30 de janeiro de 2014.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Cuidado ao Transportar abelhas Nativas...

Hoje fui surpreendido com uma manchete do portal G1 com o seguinte título: Abelhas são apreendidas em carreta pela Polícia Ambiental no Acre. (clique para acessar a reportagem).


Pelotão Ambiental apreendeu caixas com abelhas (Foto: Júnia Vasconcelos/ Arquivo pessoal)


Em resumo, a reportagem relata a apreensão, pela polícia ambiental do Estado do Acre, de 06 colônias de abelhas nativas que eram transportadas sem autorização legal.

Acontece que, na mesma reportagem, aparece a informação que o meliponicultor foi até a Delegacia e apresentou a GTA (Guia de Transporte Animal) que, segundo ele, dava autorização para realizar o transporte das abelhas do Acre para o Estado de Santa Catarina.

Carreta seguia com destino a Santa Catarina (Foto: Hedislandes Gadelha/Arquivo pessoal)


O fato é merecedor de alguns esclarecimentos importantes a todos os meliponicultores. Inicialmente é preciso informar a população em geral que não é crime nenhum criar abelhas nativas, desde que devidamente cadastrado (CTF) junto ao IBAMA.




Assim sendo, fica, desde já, a informação que nenhum meliponicultor é criminoso, muito pelo contrário. Criar abelhas nativas é uma atividade nobre, importante ecologicamente e extremamente gratificante do ponto de vista pessoal. Porém, como toda atividade, tem suas regulamentações.  

Assim como a criação, a venda de colônias e de seus produtos e subprodutos (mel, discos de cria, cera etc) tem base legal, a mesma resolução acima citada permite, sem muitos entraves burocráticos, a comercialização desses produtos originários das abelhas nativas.

Infelizmente, os órgãos ambientais desse país não conhecem a legislação ambiental e acabam levando os meliponicultores a cometerem infrações ambientais. Nesse caso, segundo consta a reportagem, o meliponicultor procurou a IDAF (Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal) e lá forneceram, erradamente, uma GTA (Guia de Transporte Animal) para "legalmente" realizar a movimentação dos enxames de um Estado para o outro.

Acontece que a GTA não é o instrumento correto para realizar o transporte de animais nativos. Utilizamos a GTA para transporte de animais DOMÉSTICOS, para os animais nativos é preciso AUTORIZAÇÃO DE TRANSPORTE EXPEDIDO PELO IBAMA. 

Somente a autorização de transporte do IBAMA é o instrumento legal para realizar a movimentação entre Estados de animais nativos, especialmente as abelhas sem ferrão. Mas essa informação era para ser de conhecimento obrigatório pelo órgão ambiental estadual. Assim, no momento em que o IDAF concede ao meliponicultor uma GTA para o transporte de suas abelhas nativas leva-o a erro e quem deve responder pelas responsabilidades é órgão ambiental.

Porém, até lá o meliponicultor responderá a processo administrativo, bem como, a processo criminal junto ao juizado especial criminal de sua região, pois transportar animal nativo sem autorização do IBAMA é crime: 

CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
Seção I
Dos Crimes contra a Fauna
        Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
        Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
        § 1º Incorre nas mesmas penas:
        I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;
        II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;
        III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

(Lei Federal nº 9.605/1998, dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades  lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências).

No final, certamente ele será absolvido ou realizará uma transação penal pra encerrar o processo ainda na fase inicial, mas ficará o registro de uma infração ambiental. 

Por isso é importante que todos os meliponicultores que realizam o transporte de seus enxames, TENHAM CUIDADO!!! Antes de transportar pra outro Estado, procurem o IBAMA e solicitem uma autorização formal.

Agora uma dica, não é preciso de autorização para realizar o transporte dentro do Estado, mas de toda forma, recomendo sempre andar com uma cópia da Resolução nº 346/2004 dentro do carro...

É como diz o ditado: até explicar que nariz de porco não é tomada, já levamos o choque!!!...

att,
Mossoró, em 27 de janeiro de 2014.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Visitantes...

Essa manhã tivemos, mais uma vez, a grata satisfação em receber um grupo de pesquisadoras da Universidade Federal do Semi-Árido (UFERSA).

(Da esquerda pra direita: Êlica, Kalhil, Carla e Débora)

Êlica é aluna de doutorado, Carla e Roberta estão terminando a graduação, mas com projeto de mestrado já aprovado aguardando apenas a conclusão do curso. A área de interesse do grupo é descobrir as reais propriedades medicinais do própolis das abelhas sem ferrão, especialmente na espécie muito curiosa, a Jatí (plebéia sp).



Fizemos uma rápida inspeção em algumas colônias disponíveis dessa espécie, onde foi possível coletar uma boa quantidade de Própolis, que por sinal nessa abelha é bastante pegajoso. 



Fiquei bastante feliz em inspecionar esses enxames pois observei que mesmo sem praticamente nenhum tipo de cuidado, as Jatis vão muito bem. 

Como podemos constatar todos os enxames apresentam significativa disponibilidade de mel e pólen. Essa é uma espécie que, embora muito pequena, tem grande capacidade produtiva. 


Outro fator bastante interessante é o rápido processo de multiplicação natural dessas abelhas, enxameiam com grande facilidade. Lembro-me que em um ano duas colônias que tinha num certo Meliponário enxamearam naturalmente 8 vezes. 

(Material coletado: Própolis e cera)

Tenho, num futuro não muito distante, interesse em montar um Meliponário muito caprichado só pra essa espécie, são muito dóceis, extremamente tímidas e não apresentam nenhum tipo de defensividade, são ótimas para trabalhos de educação ambiental com crianças. 

Seu mel é de sabor muito marcante, forte e bastante concentrado, tem um certo azedinho típico das pequenas Jatis. Essa é uma espécie que tenho bastante afeição, já recebi ínumeros pedidos de coleta de alguns mililítros de seu mel, em todos busco sempre uma desculpa pra não colher. Mas, vez por outra, retiro um pouquinho pra matar a curiosidade de algum mais persistente. 

Meliponicultura é assim, a gente sempre tem uma espécie do coração... 

Att, 

Mossoró/RN, em 21 de janeiro de 2014. 

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O Retorno...


Conta a lenda da Fênix, um pássaro da mitologia grega que, quando morria, entrava em auto-combustão e passado algum tempo renascia das próprias cinzas. A última vez que escrevi nesse blog foi em março de 2013, de lá pra cá muita coisa aconteceu na minha vida.

Praticamente, parei minha criação de abelhas sem ferrão. Das minhas mais de 250 caixas hoje tenho apenas 06 enxames de Jandaíra (melipona subnita), 04 Jatís (plebeia sp), 02 resistentes e teimosas Mandacaias (melipona mandacaia) da caatinga e 01 Cupira (partamona).

O que aconteceu? Muita coisa. Problemas no trabalho, problemas de saúde e acima de tudo, problemas pessoais. Enfim, 2013, resumidamente, não foi um ano bom pra mim e nem pra minhas abelhas. Mas há um ditado popular muito conhecido que diz: " o cair é do homem, mas o levantar é de Deus!"...

Como a Fênix, uma hora, por maior que seja a queda, por maior que seja o seu problema, nos devemos, confiando em Deus, sempre nos levantar. E aqui estou eu mais uma vez escrevendo neste espaço no intuito de continuar o meu trabalho inicial. 

Quando criei esse blog em 2009 minha intenção era divulgar o máximo de conhecimento possível aos amigos amantes dos insetos sociais sobre o fascinante mundo das abelhas sem ferrão, pois quase não havia nada sobre o assunto na internet. Através desse espaço fiz muitos amigos, conheci pesquisadores renomados, participei de muitos eventos acadêmicos e capacitei muito meliponicultores que até hoje nos enviam e-mails com as mais variadas dúvidas sobre esses animais que só fazem bem a humanidade.

Aos amigos, peço desculpas pela longa ausência e pela não liberação dos comentários e muitas vezes pela ausência de resposta de alguns e-mails com dúvidas sobre manejo, no decorrer dessa semana vou atualizando o blog e liberando os comentários que estão aguardando análise. Tenho algumas novidades interessantes, tenho certeza que todos vão gostar. A meliponicultura é um mundo, sempre há assunto a discutirmos e novos conhecimentos para aprendermos.

Confiando em Deus, voltarei a criar as minhas pequenas e especiais abelhas sem ferrão, mas dessa vez volto a criar procurando aquela paixão inicial que tinha pelas abelhas, procurando manter a criação como hobby, procurando aprofundar os conhecimentos ora adquiridos, sempre como atividade de lazer, pois essa sempre foi minha maior e melhor forma de se desligar do mundo e está diretamente em contato com Deus.

Amar os animais é amar o Criador.

att,

Mossoró, em 20 de janeiro de 2014.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão