quarta-feira, 30 de março de 2011

As Tubis do Maranhão (scaptotrigona sp.)

Durante os próximos dias eu estarei fornecendo bastante alimento para fortalecer a colônia de Tubis do Maranhão que ganhei do Chagas. Essa abelha cresce muito rapidamente e sua multiplicação é muito veloz quando manejada para esse fim.


Estou fornecendo quase que diariamente muito mel e pólen artificial (ração protéica, à base de farinha de soja) para acelerar o crescimento da postura. Mesmo com as constantes perdas de abelhas pelo veneno tenho observado um excelente crescimento do enxame.


O Chagas ao me presentear com esse colônia me disse que fez 40 novas caixas com apenas 2 matrizes iniciais, então acho que se eu manejar para essa finalidade terei os mesmos resultados e talvez em até menos tempo que ele, pois o Chagas não fornece a ração que eu preparo para reforçar a entrada de pólen. As Tubis e as Uruçus foram as únicas que deixei aqui por que o carro não cabia mais nenhuma caixa, mas serão levadas para Tibau-RN, pois lá estarão a salvo da aplicação do inseticida.



Na inspeção que fiz hoje pude observar algumas curiosidades que merecem alguns comentários para servir de lição de manejo com as scaptotrigonas, abelhas muito populosas e bastante defensivas.


A Tubi é uma abelha sem ferrão bastante coletora de pólen, isso se deve ao fato da alta taxa de postura dessa abelha o que obriga as campeiras a manter sempre um bom estoque de proteína para a elaboração do alimento larval.



Essa característica é uma das principais motivações de sua criação de forma comercial, pois existe um grande potencial de utilização dessa espécie em Casas de Vegetação (Estufa). Abelhas dessa espécie tem se mostrado bastante eficientes em diversas culturas como morangos, tomates, pimentões, etc.


Observem que a postura geralmente se dá em casas duplas, ou seja, são construídas duas células intercaladas para a formação de um disco de cria quase perfeito. Isso mostra o grau de organização dessa abelha, é o que podemos chamar de perfeição da Natureza.



Tem uma coloração peculiar e muito bonita, suas cabeças e troncos são pretas mas o abdômen é misto com listras discretamente amareladas, tornando bastante fácil o seu reconhecimento por alguém com olhos já treinados, não foi por acaso que as identifiquei assim que as vi.


Quando manejadas procuram defender o ninho com vigor sempre se prendendo aos cabelos, pêlos dos braços e principalmente na região do rosto, adoram um cílio, rsss. liberam um cheiro diferente parecido com coco queimado em cima do agressor que na minha opinião é bem cheiroso.



Fazem um envólucro ao redor das crias para manter o aquecimento do ninho com muito cerume, bastante fino e bem maleável de forma muito parecido com as Jataís. Do mesmo modo que as demais abelhas sem ferrão tem um rainha fisiogástrica que não voa.


O processo de reprodução é através do método alimentar parecido com as abelhas do gênero apis meliferas. A diferença aqui é a inexistência de geléia real, o que vale nas scaptotrigonas é a quantidade, ou seja, a larva que é alimentada com uma quantidade maior de alimento vira rainha.



Nessa foto podemos observar uma realeira que vai gerar uma futura rainha, observem que o tamanho da célula de cria é bem maior que as demais, sendo fácil a observação de sua presença. O local de sua fixação é geralmente nas bordas dos disco, mas há caso de células de cria no interior do disco, o que dificulta a sua procura A sua presença indica que o enxame encontra-se em número elevado de crias e já tem condições de sofrer um futuro processo de divisão.


Basta esperarmos mais alguns dias para não injuriar esse disco pois atualmente os ovos ainda não estão devenvolvidos e qualquer manipulação nessa fase acaba destruindo-os com facilidade.


Mossoró-RN, em 30 de março de 2011.


Kalhil Pereira França

Meliponário do Sertão

2 comentários:

  1. Olá Kalhil. Uma abelha interessante também, do Maranhão, é a famosa Tiúba, uma melipona que parece ser bem produtora, e por estar em uma região mais próxima ou fazendo parte do ecossistema da Amazônia, essa abelha seria apenas uma amostra do que outras meliponas, talvez muitas até desconhecidas em termos de criação racional, podem ofertar. Um abraço. Fco. Mello

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  2. Saudações tocantinenses Kalhil,

    Sou produtor de tomates em estufa,tenho pesquisado quais abelhas utilizar para a polinização, pretendo fazer testes com a Tiúba e a Tubí. Meu objetivo principal e a polinização e não o mel, por isso penso na Tubí.
    Sou inexperiente na meliponicultura e gostaria de pedir a sua ajuda, principalmente com a Tubí, que não se acha muita literatura.
    Como vai as suas colônias?
    Como é essa ração, pólen artificial , que você faz para fortalecer as colmeias.

    Desde já agradeço,

    Ludovico

    Palmas TO

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