quinta-feira, 31 de março de 2011

Como matar o mosquito da dengue de forma ecologicamente correta

UTILIDADE PÚBLICA

Estou postando para vocês um método bastante eficaz, talvez até melhor que o carro fumacê, que é capaz de combater o mosquito da dengue sem gerar nenhum dano ambiental. Trata-se de uma isca de fácil fabricação e com materiais baratos.

O material necessário é o seguinte:

1) Uma garrafa pet de 2 litros;


2) 200 ml de água;


3) 50 gramas de açúcar mascavo; e


4) 1 grama de levedura (aquele fermento biológico de pão que é vendido em qualquer mercadinho)


Como Fazer:


a) corte a garrafa de plástico ao meio. Guarde a parte do Gargalo;




b) misture o açúcar mascavo com a água quente. Deixe esfriar. Depois de frio despejar na parte de baixo da garrafa;




c) acrescentar a levedura. Não há necessidade de misturar. Ela criará dióxido de carbono que atrai o mosquito;



d) colocar a outra parte da garrafa, virada para baixo, dentro da outra metade da garrafa;



e) enrolar a garrafa com algo preto, menos a parte de cima, e colocar em algum canto da casa.



Pronto, em duas semanas a isca deve ser trocada.




Você verá a grande quantidade de pernilongos capturados e que morreram dentro da isca. A isca pode ser usada em todo canto, escolas, repartições públicas, casas, floriculturas etc.

Ajude a divulgar essa idéia, pois ela pode ser a salvação de muita gente.

att,

Mossoró-RN, em 31 de março de 2011.

Kalhil Pereira França

Meliponário do Sertão

Os Fornos de Cal de Gov. Dix-sept Rosado

Há quase um ano atrás o IBAMA, em conjunto com a Polícia Federal e IDEMA, fecharam 69 fornos de produção de cal no Município de Governador Dix-sept Rosado, que fica 60 km de Mossoró-RN.


À época da operação o fechamento dos fornos foi motivado pela falta de licenciamento para atividade nas áreas de extração, mas principalmente pelo uso centenário da utilização de mata nativa (mata de caatinga) como combustível para o abastecimento dos fornos.


Por questões políticas os fornos foram liberados para voltar a funcionar, todavia a reativação foi condicionada a assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) perante o Ministério Público naquela cidade onde os proprietários se comprometiam, entre outras coisas, a não mais explorar a mata de caatinga através da extração ilegal.


Uma alternativa viável, mas que traz um aumento nos custos de produção e por isso não é bem vista, é a utilização da algaroba (planta invasora e que tem corte permitido), da poda do cajueiro e casca da castanha. Mesmo tendo passado todo esse tempo, tendo inclusive sido indicado alternativas para a resolução do problema do uso ilegal da mata nativa como combustível para os fornos, o problema continua.


O IBAMA, em conjunto com as demais autoridades ambientais do Estado estará certamente nos próximos dias iniciando novas fiscalizações para verificar a adequação dos fornos de produção de cal naquele munícipio, conforme prometido pelos proprietários durante assinatura do TAC no Ministério Público.


Conheço um pouco a realidade daqueles fornos, bem como acontece no vale do Assu pelas cerâmicas da Região do Vale, persiste a utilização em grande escala de madeira nativa. A cultura da utilização da mata de caantiga, sem nenhum trabalho de recuperação é constante e dificilmente será mudada.

Lembro-me que certa vez fui a um dos fornos em busca de tocos com ninhos de Jandaíra, pois sabia da exploração predatória de catingueiras e imburanas, as árvores prediletas para moradia pelas abelhas sem ferrão da caatinga. Ao chegar no local encontrei vários ninhos de abelhas, tinha de tudo, de Jandaíras as pequenas Jatís (leurotrigonas).

Tentei negociar com o dono para levar os tocos, mas de maneira absurdas o "cidadão" preferia queimar os tocos com abelhas dentro e tudo a me vender. Dava pra ver as abelhas saindo dos tocos ainda dentro dos fornos. Ao ver a cena juro que chorei por dentro, nesse dia sai do lugar com a certeza que aquelas pessoas não tinham a mínima noção do mal que faziam a si mesmas, nunca mais voltei...


Vamos esperar pela atitude do IBAMA nos próximos dias, quem sabe a autoridade federal possa fazer alguma coisa pra realmente mudar essa realidade.


att,


Mossoró-RN, em 31 de março de 2011.


Kalhil Pereira França

Meliponário do Sertão

quarta-feira, 30 de março de 2011

As Tubis do Maranhão (scaptotrigona sp.)

Durante os próximos dias eu estarei fornecendo bastante alimento para fortalecer a colônia de Tubis do Maranhão que ganhei do Chagas. Essa abelha cresce muito rapidamente e sua multiplicação é muito veloz quando manejada para esse fim.


Estou fornecendo quase que diariamente muito mel e pólen artificial (ração protéica, à base de farinha de soja) para acelerar o crescimento da postura. Mesmo com as constantes perdas de abelhas pelo veneno tenho observado um excelente crescimento do enxame.


O Chagas ao me presentear com esse colônia me disse que fez 40 novas caixas com apenas 2 matrizes iniciais, então acho que se eu manejar para essa finalidade terei os mesmos resultados e talvez em até menos tempo que ele, pois o Chagas não fornece a ração que eu preparo para reforçar a entrada de pólen. As Tubis e as Uruçus foram as únicas que deixei aqui por que o carro não cabia mais nenhuma caixa, mas serão levadas para Tibau-RN, pois lá estarão a salvo da aplicação do inseticida.



Na inspeção que fiz hoje pude observar algumas curiosidades que merecem alguns comentários para servir de lição de manejo com as scaptotrigonas, abelhas muito populosas e bastante defensivas.


A Tubi é uma abelha sem ferrão bastante coletora de pólen, isso se deve ao fato da alta taxa de postura dessa abelha o que obriga as campeiras a manter sempre um bom estoque de proteína para a elaboração do alimento larval.



Essa característica é uma das principais motivações de sua criação de forma comercial, pois existe um grande potencial de utilização dessa espécie em Casas de Vegetação (Estufa). Abelhas dessa espécie tem se mostrado bastante eficientes em diversas culturas como morangos, tomates, pimentões, etc.


Observem que a postura geralmente se dá em casas duplas, ou seja, são construídas duas células intercaladas para a formação de um disco de cria quase perfeito. Isso mostra o grau de organização dessa abelha, é o que podemos chamar de perfeição da Natureza.



Tem uma coloração peculiar e muito bonita, suas cabeças e troncos são pretas mas o abdômen é misto com listras discretamente amareladas, tornando bastante fácil o seu reconhecimento por alguém com olhos já treinados, não foi por acaso que as identifiquei assim que as vi.


Quando manejadas procuram defender o ninho com vigor sempre se prendendo aos cabelos, pêlos dos braços e principalmente na região do rosto, adoram um cílio, rsss. liberam um cheiro diferente parecido com coco queimado em cima do agressor que na minha opinião é bem cheiroso.



Fazem um envólucro ao redor das crias para manter o aquecimento do ninho com muito cerume, bastante fino e bem maleável de forma muito parecido com as Jataís. Do mesmo modo que as demais abelhas sem ferrão tem um rainha fisiogástrica que não voa.


O processo de reprodução é através do método alimentar parecido com as abelhas do gênero apis meliferas. A diferença aqui é a inexistência de geléia real, o que vale nas scaptotrigonas é a quantidade, ou seja, a larva que é alimentada com uma quantidade maior de alimento vira rainha.



Nessa foto podemos observar uma realeira que vai gerar uma futura rainha, observem que o tamanho da célula de cria é bem maior que as demais, sendo fácil a observação de sua presença. O local de sua fixação é geralmente nas bordas dos disco, mas há caso de células de cria no interior do disco, o que dificulta a sua procura A sua presença indica que o enxame encontra-se em número elevado de crias e já tem condições de sofrer um futuro processo de divisão.


Basta esperarmos mais alguns dias para não injuriar esse disco pois atualmente os ovos ainda não estão devenvolvidos e qualquer manipulação nessa fase acaba destruindo-os com facilidade.


Mossoró-RN, em 30 de março de 2011.


Kalhil Pereira França

Meliponário do Sertão

Problemas causados pelo Desmatamento!!!


Pra descontrair!!!!

terça-feira, 29 de março de 2011

Um comentário que merece resposta

Acabamos de receber um comentário bastante curioso a respeito do tópico "As abelhas mortas pelo veneno". O comentário é de autoria de alguém que se idenficou como Lucas, oriundo do Estado de São Paulo.


Abaixo segue a transcrição do comentário:


"O lugar das abelhas é no campo, primeiro vem os seres humanos, depois os outros animais. As abelhas só servem para fazer mel, melhor morrer suas abelhas do que alguém não acha?"


Lucas

São Paulo-SP


Resolvi fazer esse tópico para responder e esclarecer alguns questionamentos levantados pelo Lucas a respeito das abelhas. Mas desde já agradeço pela sua participação na nossa discussão a respeito do envenenamento de minhas pequenas Jandaíras.


O argumento que o lugar das abelhas é no campo não procede. Além de ser um argumento individualista é, no mínimo, arrogante. As abelhas estão na Terra há mais de 120 milhões de anos, enquanto que o homem, segundo pesquisas recentes, mostram que surgiu na África há cerca de pouco menos 150 mil anos atrás.


Basta fazermos uma conta bem rápida para observarmos que elas (as abelhas em geral) estão aqui há alguns milhões de anos antes que nós, ou seja, onde hoje era cidade, já foi um dia, por milhões anos, o lugar das abelhas.


Mesmo assim, vamos esquecer que elas estão presentes na Terra há milhões de anos antes que nós e passemos a imaginar que elas estão há apenas 40 dias. Escolhi 40 dias porque é tempo médio necessário para o nascimento de uma princesa de Jandaíra.


Será que mesmo assim elas não teriam o direito, do mesmo modo que nós, a existir sobre a face da Terra? Pensou eu que sim, pois para mim não é tempo de existência de uma espécie que diz se ela tem ou não valor para a natureza, mas sim a sua FUNÇÃO para própria manutenção do planeta Terra.


Outro ponto que deve ser esclarecido é o argumento que AS ABELHAS SÓ SERVEM PARA FAZER MEL. O mel é apenas o alimento produzido pelas abelhas através da realização de um trabalho infinitamente maior que é a polinização.


Sem o trabalho de polinização feito pelas abelhas a natureza seria composta apenas por um grupo muito pequeno de plantas que são capazes de se autopolinizarem ou utilizam a polinização por outros meios, como o vento por exemplo.


Podemos dizer que as abelhas são responsáveis não só pela riqueza da biodiversidade em nosso planeta, mas principalmente pela sua própria manutenção. São elas que garantem, quase que sozinhas, a existência do alimento para todas as demais espécies do planeta.


Sem as abelhas não há polinização, sem polinização não há preservação e crescimento das matas e florestas, sem preservação temos aquecimento da atmosfera e inexistência de frutos, sem alimentos e sem temperatura não há VIDA.


Dessa maneira podemos dizer Lucas que até a sua vida foi gerada e garantida pelas abelhas, pois são elas que fazem o trabalho de manutenção e preservação da biodiversidade. Sem elas não haveria existido as condições ideais para a nossa própria existência.


Então prezado Lucas, o melhor é que não morra ninguém, pois tanto as abelhas como os seres humanos são importantes para a Terra. A Jandaíra, as abelhas que você diz serem menos importantes que os seres humanos, são abelhas extremamente dóceis e que são importantíssimas para a manutenção da caantiga, seu lugar natural. Sem elas temos observado o crescimento da desertificação e a extinção de algumas plantas do semi-árido nordestino pela inexistência do polinizador natural.


Enfim, não vou me alongar mesmo tendo ainda muito coisa a dizer a favor das ablhas, mas isso é só um relato para que você reflita um pouco mais a respeito do papel que as abelhas tem para minha, PARA SUA e para todas as vidas desse planeta.


att,

Mossoró-RN, em 29 de março de 2011.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

segunda-feira, 28 de março de 2011

Projeto FIA MELIPONAS


Entre tantas notícias tristes trago uma que melhorou de forma significativa meu humor para o início dessa semana. É uma resposta ao e-mail que remeti ao Técnico da Esplar que faz o acompanhamento das comunidades assistidas pelo Projeto de Reentrodução da Cultura de Criação de Abelhas sem Ferrão no Sertão de Quixadá-CE.

Ilmo Kalhil,

Meu amigo, primeiro peço desculpas por não retornar o e-mail mais rápido

SITUAÇÃO DOS MELIPONÁRIOS:

- Estão se desenvolvendo muito bem;

- Foram realizadas muitas divisões e multiplicações;

- Já foram realizadas algumas colheitas, inclusive com resultados positivos bem acima do esperado;

- Estão sendo bem cuidadas.

Nesse mês de abril, se for possível e tiver alguma vaga na sua agenda, pode enviar-me sugestões de datas que podes vir, aí combinaremos uma visita. Pode ter certeza que os agricultores e agricultoras vão gostar muito de sua visita.

Fica com Deus,

Cordialmente,

Francisco Jorgiano Marciel Dantas

Tecnólogo em Alimentos

Esplar - CE

Fico bastante satisfeito com essas notícias pois é o primeiro inverno de qualidade que as abelhas e os agricultores capacitados pelo projeto estão enfrentando. As notícias acima só mostram que nosso trabalho foi e está sendo muito bem feito.

Em breve, ainda nesse mês de abril irei visitar todas as comunidade para vistoriar as colônias e levar mais algumas técnicas e conhecimentos (novas técnicas de multiplicação, novas forma de alimentação protéica, alguns conhecimentos de genética e seleção de rainhas etc)

Assuntos que não davam para serem repassados durante os cursos de capacitação inicialmente aplicados pois exigiam alguns conhecimentos primários de meliponicultura que agora eles já possuem.

Logo agendarei com o Jorgiano mais uma visita e trago fotos de todas as Jandaíras agora tão bem instaladas e novamente criadas pelos sertanejos do interior do Ceará.

att,

Mossoró-RN, em 28 de março de 2011.



Kalhil Pereira França

Meliponário do Sertão

sexta-feira, 25 de março de 2011

As abelhas mortas pelo veneno!!!

Estou postando, mais uma vez indignado, as fotos do resultado de mais uma aplicação do veneno agora a tarde. Infelizmente, não deu tempo nem de preparar o enxames para viagem ao interior.
As fotos foram tiradas agora à tarde após chegar do trabalho. Agora mais do que nunca sei da urgente necessidade de levar as abelhas para outra região, se eu demorar pra manhã não sei se vai escapar alguém.

Mossoró-RN, em 25 de março de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

Uma triste notícia para Meliponicultura Mossoroense

(foto da internet)
Acordei hoje pela manhã com um forte cheiro incomodando a minha vida e minha abelhas. Assim que me levantei e senti a fedentina, de imediato, já sabia o que se tratava. Era o terrível veneno aplicado pelo carro fumacê.

Ainda deu tempo de ver a grande nuvem de fumaça branca tóxica se aproximar do meliponário. Sem poder fazer nada, apenas sentei e fiquei ali olhando, de forma inconformado, a morte chegar e levar consigo algumas milhares de abelhas sem ferrão tão bem cuidadas.

Foi muito triste, pois às 06:00h é horário de maior atividade das abelhas e foi exatamente nesse instante que o ataque aconteceu. Instantaneamente, tanto as abelhas que saiam para trabalhar, bem como as que chegavam carregadinhas de néctar e pólen caiam ao chão se debatendo com a lingua para fora, sinal claro de intoxicação pelo veneno. Ao final, apanhei com uma pá, muito abatido, todo o fruto do meu trabalho, morto ao chão, sem nada ter feito.

A cena foi tão triste que nem fotos tive coragem de tirar. Não quero rememorar no futuro esse instante, mas sei que dificilmente esquecerei. Vê todas àquelas criaturinhas tão perfeitas, produzidas pelas Mãos Criador, serem assassinadas de maneira tão dolorosa.

Todo ano a dengue é um problema em todo Brasil e em Mossoró-RN não é diferente. Sempre nesses períodos de inverno acontece uma grande mortalidade de abelhas nos meliponários instalados nas áreas urbanas que são "atacadas" pelo carro fumacê.

Acontece que em todos os anos anteriores a carro fumacê sempre passava à noite, o que ocasionava apenas uma pequena mortalidade tendo em vista que a grande maioria das abelhas estavam recolhidas, nesse período, dentro de suas caixas. Por isso, mesmo sabendo dos riscos, mantive as abelhas aqui, pois as perdas eram rapidamente recuperadas pelo aceleramento das posturas nessa época do ano.

Mas esse ano, infelizmente, a cidade de Mossoró vem passando por uma das maiores epidemias de dengue já registrada na cidade. O fato é que o combate ao mosquito da dengue vem sendo feito com carro fumacê de forma implacável. Já faz 5 dias que nos mais variados horários tem sido feita a aplicação do veneno.

Já perdi algumas dezenas de divisões recentes e sei que vou peder algumas que só estão ainda vivas pela minha intervenção, todas a minhas colônias matrizes estão sofrendo com as diárias perdas de campeiras. Ou seja, se eu continuar mantendo-as aqui estarei condenando minhas meninas à morte.

Ontem mesmo, ainda quando manejava algumas colônias de uruçu, escutei, ainda longe, o carro passar com sua bomba burrifadora ligada. A mortalidade não foi maior por que na hora que o carro passou caiu, de forma imprecionante, uma chuva que praticamente lavou todo o veneno aplicado naquele instante, até parece que Deus estava ouvindo as minhas preces.

Todavia, hoje pela manhã não tive a mesma sorte e estou tendo que lamentar muito pelo sofrimento de meus queridos insetos. Dessa maneira, só vejo uma solução! Levar, ainda na noite de hoje, todos os enxames para o Meliponário Rural em Taboleiro Grande. Ainda hoje, juntamente com minha família, vamos transferir todas as colônias para lá, pois caso contrário, não ficará ninguém vivo pra contar a história.

Vai dá muito trabalho, pois há uma graaaande quantidade de caixa para ser transportada, mas é necessário para salvar as minhas abelhas. Hoje foi publicado em vários jornais da cidade que a campanha de combate à dengue se intensificará, ou seja, será aplicado ainda mais veneno, vai morrer ainda mais abelhas se não levar, urgentemente, para longe daqui.

Não sou contra ao combate à Dengue, pelo contrário, mas acho que é preciso uma revisão no protocolo de aplicação do carro fumacê. Pela manhã um grupo de meliponicultores de Mossoró procurou a Rádio Difusora para reclamar da aplicação descontrolada do veneno, pois o mesmo estaria, como realmente está, matando uma grande quantidade insetos que são benéficos a natureza.

Sinceramente, não sei até que ponto a aplicação do veneno no ar pelo carro fumacê é benéfico, o veneno só mata os adultos, ficando ainda as centenas de milhares de larvas que nessa época crescem e se multiplicam em questão de poucos dias, ou seja, é apenas um paliativo que não trás resultados significativos.

Fora isso, o veneno mata, na sua grande maioria, uma infinidade de outras centenas de insetos que são altamente importantes ao próprio homem, até mesmo os benéficos predadores naturais do mosquito da dengue, como por exemplo, o tão bonito maribondo caboclo.

Não mata somente os que voam, mas também uma enorme quantidade de outras criaturas que circulam no meio terrestre, pois quando chove, a água da chuva lava os locais de aplicação e acaba contaminando a terra e os rios com doses cavalares de químicos venenosos, quer dizer, mata ainda outras criaturas divinas que não tem nada haver com tudo isso.

Na verdade, a aplicação indiscriminada vai acabar gerando não a solução do problema, mas sim o crescimento ainda maior do problema, pois como se sabe o mosquito acaba ficando resistente aos efeitos do pesticida.

Por fim, só tenho a lamentar pelas minhas perdas e de vários outros meliponicultores. Felizmente, os meus enxames eu vou lutar para salvar até a ultima abelha possível, mas sei que muitos outros insetos que estão nesse momento desprotegidos serão mortos, impiedosamente, pelas mãos racionais do bicho homem.
att,

Mossoró-RN, em 25 de março de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

domingo, 20 de março de 2011

Revendo dois Grandes Amigos


Essa semana não me aguentava mais de ansiedade à espera da chegada de dois grandes amigos e meliponicultores. Estou falando do casal Francisco Chagas e Dona Selma, os dois maiores criadores de abelhas sem ferrão do Brasil.

Quando digo que são os dois maiores não é força de expressão, mas pura verdade. O casal é hoje a principal referência na criação racional de uma das abelhas mais adaptáveis do nosso país, a Uruçu Verdadeira (melipona scutellaris).

Sem contar as centenas de outras espécies, Chagas e Selma possuem hoje pelo Estado de Pernambuco 650 matrizes de Uruçu, são 28 meliponários espalhados por Igaraçu-PE e pela Chapada do Araripe, este último local chamado, carinhosamente, pelos dois de "Refúgio das Abelhas sem Ferrão, Paulo Nogueira Neto", uma justa homenagem ao principal pesquisador das abelhas sem ferrão do Brasil.

Para saber mais leiam o relato da Prof. Marilda Cortopassi, realizado em uma de suas várias visitas em maio de 2009 no refúgio feito para as abelhas sem ferrão. (http://www.apacame.org.br/mensagemdoce/103/artigo.htm)


Acompanhado de minha esposa, me dirigi a casa de praia do casal meliponicultor em Tibau-RN, no intuito reencontrá-los. Assim que chegamos fomos recepcionados carinhosamente pelos dois que, sem demora, nos acomodaram na grande roda de amigos e visitantes da casa.

Antes mesmo de sentar avisto um belo exemplar de uma raridade não mais fabricada, um litro de cachaça São Saruê. A São Saruê era fabricada pelo próprio Chagas e chegou a ganhar em 2004 o título de 2ª melhor cachaça do Brasil, ou seja, não é todo dia que se aprecia (com moderação) uma maravilha dessa. ligeiro como uma Jandaíra na flor de malva, passei pra dentro um lapadinha que desceu suavemente.


Colocamos os assuntos em dia, principalmente algumas novidades e avanços do Chagas no manejo com a raríssima melipona quinquefasciata, também conhecida com Uruçu de chão. Essa espécie, além de belíssima, vem se tornando extremamente rara, atualmente só é encontra em certas regiões dos Estado do Ceará e Pernambuco.

Chagas tem mais 20 anos de atividade e é um profundo conhecedor do manejo e da biologia das mais variadas abelhas sem ferrão, é uma biblioteca viva e sempre que posso aprendo com ele alguma novidade.


Depois de apanhar muito com o manejo, Chagas vem conseguindo criar as uruçu de chão em caixas racionais, fato difícil no passado, e com isso mantê-las a salvo da extinção.

O amigo trouxe para mim algumas novas matrizes de Uruçu verdadeira, tinha solicitado da última vez que nos encontramos que trouxessem para mim novas caixas para reforça o meu pequeno meliponário dessa espécie, a final de contas a uruçu não é nativa da caatinga e não se adquiri com facilidade.

Mas a minha surpresa não foi as novas matrizes, foi o presente que ganhei do Chagas, antes de dizer o qual é a espécie (pois é uma abelha) vou contar o que ele aprontou comigo:

-Kalhil, vá vê uma caixa de abelha que trouxe, que espécie é essa???

- (depois de algumas olhadas) Chagas, eu acho que é alguma scaptotrigona, mas não sei se é a espécie que estou pensando ser, me parece uma tubi da Maranhão, por causa dessa bundinha amarelinha, mas não tenho certeza!!!

- Cabra danado esse Kalhil, é uma Tubi do Maranhão mesmo, trouxe uma pra você e outra para o Paulo Menezes. Quando você for no refúgio tem duas rufiventris e duas asilvai pra você lhe esperando (uruçu amarela e rajada).

Puts, eu não podia ter recebido presente melhor nem convite mais tentador. Há tempos eu sonhava com essa abelha, até cheguei a receber uma oriunda da Bahia, mas não tive sucesso com sua criação pois a rainha morreu na viagem.

Lá pelo meio-dia, já feliz pelo presente e pelos consecutivos goles da São Saruê, fomos almoçar. Após a caloroso benção do Padre Apolinário fizemos uma ótima refeição que foi completada pelas saborosas sobremesas. Devo confessar que minha taxa de açúcar deve ter ido as alturas graças as irresistíveis cocadas feitas pela Dona Selma.

Já à noite retornei a casa para pegar as colônias de Uruçu e as Tubis, conversamos mais um pouco e acertei com o casal que dá próxima vez que forem a Serra irei com eles conhecer o refúgio das abelhas, lugar permanente de multiplicação e preservação de abelhas sem ferrão do Brasil.

att,
Mossoró-RN, em 20 de março de 2011.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

quinta-feira, 17 de março de 2011

Sumiu???


Pessoal! Estou viajando a trabalho por esses dias, mas segunda-feira trago novidades...
att,
Natal, em 17 de março de 2011.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

segunda-feira, 7 de março de 2011

Pequeno! Mas bem organizado.

Quem disse que pra fazer bonito na meliponicultura é preciso um meliponário com muitas caixas e com diversas espécies? Na verdade, vale muito mais o capricho e amor pelas abelhas do que uma criação enorme sem nenhum compromisso. Olhem essas fotos, vejam acima que todas as caixas são cobertas, mantendo uma proteção constante na temperatura das colônias.
Acabo de receber as fotos do meliponário de Mandaçaias do meu prezado amigo Antônio Coelho, lá de Petrolina-PE, meliponário ainda pequeno, mas de dá gosto. Começamos pela bela postura de seus ninhos, praticamente não há falhas, sinal de rainhas de ótima linhagem e fácil reprodução, se eu fosse ele investia nessas rainhas e manejava no intuito de reproduzi-las.

O interessante dessa espécie é o fato que nas fotos praticamente não vemos abelhas, trata-se de abelhas muito tímidas, que assim que abrimos as caixas se recolhem entre os discos com medo de meliponicultor. Bobas, se soubesse o amor que temos por elas se mostram com o maior prazer.

A melgueira quase cheia é sinal de ótima florada nas proximidades, acho que não vai demorar muito para que o Antônio venha a colher uma ótima produção, mesmo para um meliponário pequeno.

Abaixo temos o nosso amigo Antônio Coelho fazendo sua primeira coleta de mel das suas mandaçaias, para sua surpresa foi colhido pouco mais de 600ml, excelente quantidade para apenas uma caixa. Como podemos observar suas caixas são do tipo "Maria". Essa modelo é bastante interessante pois compartimenta o espaço da caixa, facilitando muito o manejo dos potes e do ninho.

Mais um bom exemplo do quanto a meliponicultura, quando praticada de maneira racional, gera ótimos frutos, tenho certeza que esse mel deve muito saboroso!!!!

Tibau-RN, em 7 de março de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

sábado, 5 de março de 2011

Aqui se produz o melhor mel do Brasil


Esse post não precisa nem texto, a foto acima fala por si. Esse é o certificado que nos concedeu, no ano de 2009, o título de produtores de um dos melhores méis do Brasil. Quero agradecer ao meu prezado amigo Pedro Paulo, ex-Presidente da AME-Rio, que fez a remessa do presente documento e foi recebido na data de hoje por todos nós com bastante alegria.
Meliponário do Sertão, certeza de sabor, pureza e qualidade, agora testado e aprovado. Como diz um grande amigo meu por aqui... "É bem poquim no Brasil patrão!!!!"
Bom carnaval a todos!
att,
Mossoró-RN, em 05 de março de 2011.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

quarta-feira, 2 de março de 2011

Belas caixas para abelhas sem ferrão

O que é bonito e de qualidade precisa ser divulgado. E falando em abelhas sem ferrão nada como uma caixa bem feita e de extremo bom gosto. Essas que estou apresentando aqui são frutos do trabalho profissional do meu prezado amigo Saint-Clair Salles, da cidade do Carmo, no Estado do Rio de Janeiro.
Apenas para mostrar a riqueza de suas atividades trago um bela caixa para Jataís que são desenvolvidas por ele, muito bem acabadas servem para não somente alojar as pequenas abelhas, mas principalmente para dá um charme a mais nas varandas de nossas casas.
(Município de Carmo-RJ)

Querendo conhecer outros modelos de caixas e mais sobre o trabalho desse artesão de primeira recomendo a leitura do seu blog: www.centraldaarte.blogspot.com, tenho certeza que vocês vão gostar.

att,

Mossoró-RN, em 2 de março de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

Chuvas, chuvas e mais chuvas...

Tudo nos leva a crer que esse ano teremos um excelente inverno. As chuvas se iniciaram ainda no mês de janeiro e de lá pra cá estão bem regulares. Nesses últimos dias se acenturaram e praticamente transformaram o horizonte.
(Zona rural de Taboleiro Grande, épocas de seca)
Todos os dias tenho observado o crescimento na produção de mel nos meus enxames, os potes estão se multiplicando graças ao trabalho incessante das pequenas Jandaíras. Incansáveis e estimuladas pela leve brisa matutina, chegam aos milhares com muito néctar e pólen.
(épocas de chuvas)
A essa altura de chuvas o sertão é praticamente outro, toda beleza e exuberância da caatinga explodem em vida mostrando a tudo e a todos a sua riqueza que estava guardada para o momento divido da prosperidade.
Antes o que era seco e "sem vida", agora é uma mata verde fechada, rica em flores e coberta pelas chuvas que fazem a felicidade de um povo tão sofrido.

Em breve estarei realizando as minhas primeiras coletas de mel, estamos todos anciosos para produzir uma boa quantidade. A expectativa é grande pois a final não é fácil produzir um dos melhores méis do Brasil.

att,

Mossoró-RN, em 2 de março de 2010.

Kalhil Pereira França

Meliponário do Sertão

terça-feira, 1 de março de 2011

Não tem ferrão, mas em compensação !!!!


Acabei de receber algumas fotos que o meu amigo Flávio (aquele que a poucos dias atrás veio me visitar) de uma divisão Jandaíras que ele realizou na data de hoje. Juro que tentei não achar a foto engraçada, mas ao ver a cara do Flávio abaixo coberta pela camisa e com as abelhas dominando a cena com todas essas beliscadas... Não teve jeito, estou até agora com a barriga doendo de tanto rir, rssss.

E ainda tem gente que pensa que vida de meliponicultor é fácil só por que as Jandaíras não tem ferrão. Ferroar não ferroam não, mas em compensação beliscam que é uma beleza. Mesmo assim são maravilhosas, só quem cria sabe o quanto elas são importantes para todos nós.


att,

Mossoró-RN, em 1º de março de 2010.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

A uruçu amarela do Acrisio E. Dalmonech

Entre as abelhas sem ferrão uma chama bastante atenção, são as Uruçus Amarelas (melipona rufiventris). Sua beleza é de longe percebível graças a exuberância de sua entrada. Essa espécie tem diversos nomes populares, bugia, tujuba, amarela etc.
Alguns dias atrás recebi alguns questionamentos a respeito de como transferir as abelhas do toco para uma caixa racional, o meliponicultor interessado era o Acrísio Eduardo Dalmonech. O amigo me questionava com realizar a transferência de uma bujia, tarefa das demais ingratas.

Passei a orientá-lo por e-mail e nesse fim de semana que se passou o colega fez a transferência para uma caixa modelo INPA própria para a espécie. A caixa, por sinal, foi pintada na cor das abelhas, fato bastante curioso. Talvez o amigo tenha pensado que a coloração semelhante provoque uma melhor aceitação, ele até pode ter razão, rs.
Ao Abrir com cuidado o tronco foi possível observar a bela configuração do ninho e potes de alimento. O maior problema nessas horas é achar a rainha o mais rápido possível, achando-a capturamos e só inserimos na nova caixa após todo procedimento de transferência concluído.

O ninho era muito forte, pois tinha muitos potes de mel, certamente estão em ótimo lugar para a sua criação.

Logo abaixo temos a rainha que foi separada para só ser reentroduzida no final do processo de transferência, pela coloração não é das mais novas, mas é de boa genética pois o ninho era bastante populoso.

Abaixo temos o Acrísio fazendo o trabalho de passagem do ninho das abelhas para caixa racional, nessas horas o suor bate, mas é preciso calma e muito cuidado para não machucar os discos de cria.

Pela foto dos discos já na caixa, tenho certeza que foram retirados da maneira mais correta possível, pois praticamente não há danos aparentes. Logo a colônia inicia a colagem dos discos na nova caixa para evitar o esmagamento das abelhas.

Aí está o nosso amigo Acrísio, já com a caixa nova na posição do antigo local do toco esperando pela entrada das abelhas. Eu, se fosse ele, não ficava muito perto assim. Geralmente sobra algumas beliscadas dolorosas, essa espécie tem as mandíbulas muito fortes.
Olha aí o que falei, tenho certeza que ele não aguentou por muito tempo ao lado da caixa, pois a quantidade de abelhas era enorme, não são agressivas, nem muito menos ferroam, mas nessas horas o comportamento de defesa e desorganização impera e sobra beliscada pra tudo quanto é lado.
Esses potes de polén e mel retirados do toco não devem ser inseridos de imediato na nova melgueira, recomendo fazer isso somente com 24 horas de tranferência, primeiro para evitar a atração dos forídeos pelos potes de pólen abertos, segundo pelo perigo de saques até mesmo pelas apis (abelhas africanizadas) que podem decorrer pelo cheiro do mel derramado dentro da caixa.
Tudo pode ser conservado em geladeira tranguilamente, toda essa cera melada pode ser lavada e fornecida em bolotas para ajudar na construção de novos potes de mel. Pela quantidade de potes e pelo seu tamanho acho que uma melgueira vai ser pouco.
Att,
Mossoró-RN, em 1º de março de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão