sábado, 5 de fevereiro de 2011

Testando um novo método de divisão

A técnica de divisão de enxames já foi por mim aqui abordada muitas vezes, o procedimento é simples e não se exige muito esforço. Como nós já sabemos para a formação segura de uma nova colônia usamos a técnica 2 por 1, ou seja, utilizamos 02 enxames para a formação de 01 novo.

Na primeira retiramos os discos de cria e no segundo fazemos a doação das campeiras. Esse método tem como princípio a fecundação de uma princesa virgem que vai nascer dos discos doados, bem como a continuidade dos trabalhos na colônia pelas operárias que foram doadas.
Até aí nada de mais, mas é sabido que a aceitação de princesas não acontece somente com as que nascem diretamente dos favos de cria que são doados no ato da divisão. Esse assunto já era muito discutido pelos meliponicultores e foi recentemente comprovado pelas pesquisas da Bióloga Dra. Denise de Araújo Alves.

A pesquisadora descobriu que em 25% das substituições naturais de rainhas em melipona scutellaris (uruçu verdadeira) as rainhas que eram aceitas pelas elites das colônias não eram diretamente descendentes das rainhas anteriores, ou seja, em 1/4 das colônias as elites aceitaram futuras rainhas de fora, a esse fenômeno foi atribuído o nome de parasitismo social. O trabalho pode ser acessado em: http://bio.kuleuven.be/ento/pdfs_media/ecologia.ib.usp.br_2010.pdf

Isso na verdade é uma estratégia muito bem elaborada da natureza para a perpetuação da espécie. Acredito eu e a pesquisa também nos dá entender que esse fenômeno pode acontecer também com outras espécies, como por exemplo a Jandaíra.

Acreditando nisso iniciei uma pequena experiência para verificar o nível de aceitação de princesas de fora pelas minhas queridas jandaíras. Nos próximos dias estarei fazendo 10 (uma já foi feita hoje) divisões somente utilizando a técnica de doação de campeiras, ou seja, não utilizarei discos de cria. Logicamente, é bem provavél que durante o ato de doação de campeiras algumas princesas da própria caixa possa entrar junto com as campeiras doadas na nova caixa.
Infelizmente não tenho como avaliar geneticamente as rainhas que forem fecundadas. Mas vou marcá-las para futuras comparações com as rainhas das caixas que irão doar as campeiras por algum(a) pesquisador(a), quem sabe a Dra. Vera não possa me ajudar nisso.

Durante os anos que venho manejando esses maravilhosos insetos tenho observado a grande quantidade de princesas que sempre aparecem pelo meliponário, já vi muitas inclusive serem fecundadas, infelizmente pela raridade do momento não tive oportunidade de tirar uma foto para a comprovação da beleza do ato.

Acho muito provável que tenhamos resultados surpreendentes, agora é esperar pra ver, na medida que os fatos forem acontecendo estarei aqui postando os detalhes.

att,

Mossoró-RN, em 05 de Fevereiro de 2011.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

4 comentários:

  1. Essa vou acompanhar de perto.

    Parabéns e obrigado pelas informações que você disponibiliza gratuitamente e com toda essa qualidade.

    Essa semana senti na pela literalmente um ataque das jandaíras. Bati, mesmo que de leve, em uma das caixas e tomei umas mordidas (estava sem camisa)

    Elas estão se adaptando bem e evoluindo bastante apesar da diferença de clima (moçoró x sao josé).

    Valeu kalhil

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  2. Kalhil

    Na minha pouca experiência inversamente a minha curiosidade venho matutando sobre essas técnicas de desdobramento de enxames, ainda não me sinto apto para fazer essa experiência, poucas colméias, algumas ainda fracas, mas parece consistente retirar a rainha e todos os discos de uma colméia, simplesmente uma caixa com campeiras, cera e um pouco de alimento e aguardar a chegada de uma nova princesa recém fecundada . . . acredito que um grande número de colméias pode aumentar a chance de sucesso.

    desejo sucesso nas experiências

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  3. Prezado Fran, no meu caso acho bem possível a formação desses novos enxames pois tenho várias caixas aqui agrupadas, sempre há muitas princesas pelo meliponário.

    O mais difícil vai ser a aceitação dessas forasteiras pelas caixas, bem como observar o desempenho da caixas se é no mesmo rítmo de crescimento das produzidas pelo método comum.

    att,

    Kalhil

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  4. Kalhil, mesmo no Grupo ABENA, teus ensinamentos são fundamentais.
    Humanos e abelhas agradecem esse 'trabalho familiar'!
    Mario Tessari
    Jaguaruna SC

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