terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Transferência de Jandaíra para a caixa KPF

(clique nas fotos para ampliar)
(bela entrada)

Na minha opinião, um dos manejos mais difíceis para todo meliponicultor iniciante é transferência da caixa velha para nova. Essa prática é, de certa forma, muito traumática para toda a colônia e se não for feita da maneira apropriada, pode até matar o enxame.

Por isso, o ideal é fazer sempre pela manhã, pois além de ser um horário agradável, as abelhas tem o restante do dia para consertarem toda a sua casa. Isso não quer dizer que os trabalhos sejam paralizados durante à noite, mas é que boa parte das atividades mais importantes são feitas durante o dia pelas abelhas.


Estou com cerca de 50 colônias de Jandaíra em caixas modelo nordestina em avançado estado de desgaste. Além de não proporcionarem um certo conforto aos trabalhos de inspeção, todas essas colônias dificultam a colheita do mel, pois não possuem dobradiças nem fechos de pressão, gerando grande acúmulo de própolis nas tampas, aumentando e muito o trabaho das abelhas toda vez que preciso abrir.

Mas não se enganem, todas essas colônias são muito fortes. Em todas elas há possibilidade de divisão, todavia esse manejo só será realizado quando já estiverem na caixa modelo Nordestina mais moderna.


Na verdade, essa caixa não tem nada de moderna. É uma caixa simples, também no estilo nordestina, mas que na minha visão é mais fácil de manejar por ser mais larga e mais funda que as convencionais.
As medidas são 40cm de comprimento, 20 de largura e 15 de altura, essas medidas são externas. Uso aldabras e fechos de pressão para facilitar a abertura da colônia.


A primeira vista, confesso que eu mesmo não gostava dessas medidas, achava a caixa muito larga. E pesando bem, realmente fica uma caixa grande se utilizada para uma divisão recente. A solução foi a introdução de uma divisória de conforto com um furo de passagem para o outro lado. Outra dica importante é a utilização do acetato 0.30, que pode ser encontrado em qualquer papelaria. Cada vez mais penso que a caixa para abelhas deve ser a mais simples possível, tanto para elas quanto para quem as perturba.


Fazendo um comparativo entre a caixa tradicional e essa que ousadamente resolvi chamar de KPF (as iniciais do meu nome), podemos perceber que essa última permite a introdução de grandes alimentadores. Facilitando assim a alimentação artificial nos períodos de seca, pois não preciso abrir constantemente se conseguir fornecer uma grande quantidade de uma vez só.


Para testar as suas funcionalidades resolvi relatar a transferência, prática comum para um meliponicultor apaixonado que nem eu. Antes de tudo, retiro a caixa velha do lugar deixando uma outra caixa vazia para esperar pelas campeiras que forem chegando do campo e as que forem saindo no decorrer da transferência.

O primeiro passo ao abrir a colônia é a procura imediata pela rainha. Geralmente é encontrada em cima da área dos discos de cria ou próximo a eles. Com enorme cuidado e algum grau de experência conseguimos manipula-lá sem maltratar o inseto. O ideal é reservá-la e só devolvê-la ao enxame após o fim de todo o processo de transferência.


Em seguida, passamos a retirar parte das resinas da caixa velha. Esse material é de fundamental importância para as abelhas, pois é matéria prima para quase tudo dentro. Além de ser um dos elementos que mantém a ótima saúde das abelhas.


Logo após, com uma faquinha de mesa, vamos descolando os pilares de sustentação do ninho dos potes de mel e das paredes da caixa. A coisa deve ser feita com um misto de calma e atenção. Devemos lembrar que cada abelha é importante para o enxame e procuramos matar o mínimo possível.


Em épocas de escassez de alimento, tudo isso é feito quase com perfeição, pois não há muitos potes de mel para atrapalhar a passagem do ninho. Vejam na foto abaixo que quase nada foi destruído, preservando ao máximo toda área de postura.


Os pedacinhos de postura que são destruídos não devem ser levados a nova morada, ainda há grande quantidade de alimento larval nessas células e a sua exposição atrai os nossos inimigos mortais, os forídeos. Dessa maneira, procuramos evitá-los.


Passo seguinte é retirar os potes de mel, essa sim é uma tarefa complicada. Com a mesma faquinha vamos descolando também os potes da caixa evitando estorar. Certamente um ou alguns serão abertos e farão alguma lambança. Isso é quase que inevitável. Por isso, só colocamos na caixa nova os potes que estiverem fechados. Todo resto é guardado em algum recipiente e reservado em geladeira. O mel pode ser consumido ou doado as abelhas em outro momento.


Muita atenção com os potes de polén, esses não devem ser introduzidos pelo mesmo motivo dos pedaços de discos novos destruídos. O ideal é que a caixa nova se conserve bem seca e longe desses potes abertos. Tudo para evitar a praga dos forídeos.


Esse conjunto de potes foi retirado sem dados, podendo assim ser levado para caixa nova.


Após a transferência de todo o material, reitroduzimos a rainha que estava reservada. Colocamos o acetato, fechamos a caixa nova e posicionamos a mesma no lugar da caixa que se encontrava a outra caixa que recebia as campeiras que chegavam do campo. Abrimos essa última e deixamos que as abelhas saiam à procura da nova morada. Uma dica legal para ajudar as abelhas no reconhecimento da nova caixa é colocar um pedacinho da cera na entrada da colônia.

(colônia pronta para receber as abelhas)
Muita gente costuma jogar a caixa velha fora, isso é um erro gravíssimo, pois além de uma fonte significativa de matéria prima é uma ótima isca para novas colônias. Já houve vários relatos de enxameação natural em caixas que aleatoriamente foram espalhadas em meliponários ou na mata.


(caixa nordestinas tradicionais empilhadas)

Ao final da manhã, sem muita pressa já tinha passado duas colônias. Meu planejamento é até ao final do mês ter pelo menos mais 40 matrizes em caixa novas. Quero ver o desempenho dessas novas caixas ao final do inverno em comparação com as outras tradicionais que ainda manterei.


Mossoró-RN, em 14 de fevereiro de 2012.

Kalhil Pereira França
Mossoró-RN

2 comentários:

  1. Prezado kalhil, é justamente este problema das caixas antigas que estou enfrentando. Preciso mudar com a maior brevidade possível.
    Continuo no aguardo da caixa que me prometeu (toda completa - por favor).

    Izau Lima

    izaulima@gmail.com

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  2. Olá, qual o melhor período do ano para se fazer essa divisão?

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