Mesmo de férias não largo as abelhas, ou seria as abelhas que não largam de mim??? rsrsss
Na verdade, eu gosto muito desses insetos e sempre que posso saiu rodando em busca deles, nessa tarde eu não pude deixar a curiosidade de lado e fui conhecer mais um meliponicultor.
Saímos de Tibau-RN e fomos rapidamente em direção à Grossos, cidade a pouco mais de 16km. Nossa intenção era pegar a balsa que sai de Grossos com destino à Areia Branca, as duas são dividas apenas pelo largo rio Mossoró, acontece que mesmo tão próximas uma da outra a única maneira de se chegar ao outro lado do rio é através das balsas.
saída da balsa ia demorar um pouco ficamos tomando um cervejinha fazendo hora. Enquanto apreciava a cerveja gelada me deparo com belo pé de Tamarinda, caprichosamente todo florido.
Não deu outra, fui chegando mais perto e logo fui observando as mamangavas e outros pequenos insetos entre as flores. Ao olhar mais atentamente me deparo com um enxame de vespas da espécie chamada vulgarmente de "boca torta". Eu não sei o que é isso mas sempre encontro ninhos de abelhas e vespas com facilidade, acho que em vidas passadas eu era algum meleiro.
Pegamos a balsa e partimos de Grossos em direção a cidade de Areia Branca, essas duas cidade são as maiores produtoras de sal do Brasil, aliás do RN sai praticamente 90% do sal consumido em todo Brasil, boa parte da produção é até exportada para vários países.
É constante o movimento de balsa entre as cidades, no caminho vamos cruzando com algumas bem como observando os imensos depósitos de sal que são a todo momento carregados em caminhões em direção ao Porto Ilha.
Não demoramos muito e saímos do centro de Areia Branca a caminha da praia de Baixa Grande, nosso destino era a comunidade Morro Pintado. Vamos costeando as praias e apreciando a bela paisagem litorânea dessa região, ao longe se vê a linda região de Ponta do Mel onde já foi gravada várias novelas e mini-séries da rede Globo de televisão.
Vamos entrando em um assentamento próximo ao destino e minha visão apurada é surpreendida pela observação de vários cortiços coloridos. Meu cunhado logo fala: -Puts, aquilo pra mim são Jandaíras!!!!!!
Rapaz, estavamos indo em direção errada!!!!!!
A nossa sorte foi ter avistado as caixas de relance. Mais uma vez meu olhos de águia nos salvaram. Descemos e batemos palmas, logo sou recebido por um Senhor muito simpático e receptivo.
-Boa tarde amigo, estou procurando pelo Sr. Mesquita!!!
- É ele mesmo!!!
Pronto, daí em diante passamos uma tarde quase toda conservando. O Sr. Mesquita é aposentado pela Companhia de Docas do RN e a 12 anos vem morando naquela comunidade, começou a criar as abelhas sem ferrão na mesma época e de lá para cá vem com muito carinho mantendo 45 enxames de Jandaíras no maior capricho.
Passeamos pela sua Chácara conhecendo cada recanto, até mesmo os belos e muito bem organizados galinheiros de raça. Tudo na verdade é muito bem organizado e limpo, nem sei como ele consegue manter tanta organização assim.
Por lá não falta água graças aos poços artesianos e ao grande número de bomba de água que espalham a água por toda propriedade, só cisternas ele nos mostrou 3, cada uma com capacidade para 3 carros pipas. O homem prevenido!!!!
No local há lindos pés das mais variadas frutas, até pé de tangerina eu encontrei, rsss.
Vejam como é lindo e organizado o meliponário, confesso nunca ter observado um meliponário tão bonito assim. Cada enxame vizinho tem uma cor diferente do seguinte exatamente com tem que ser feito, tudo para facilitar o reconhecimento da caixa pelas campeiras que chegam do mato.
Um detalhe curioso é a utilização de paliteiros como iscas para forídeos constantes, não sei se isso é um vantagem pois a constante exposição do cheiro do vinagre pode atrair ainda mais as malditas mosquinhas para próximo a entrada das colônias.
Tudo é feito e pintado pelo Seu Mesquita, é essa bancada que ele trabalha fazendo suas caixas de Imburana para as Jandaíras, um questão levantada por mim foi madeira utilizada para confecção das caixa, existe um mito que só a Imburana seria boa para a criação da Jandaíra, mas qualquer madeira seca de boa qualidade é ideal para caixas, eu mesmo uso muito louco canela ou cedrinho, madeiras mais fáceis e mais baratas para encontrar. Imburana é nativa e como diz o matuto, "é pau de abeia, vale mais em pé do que deitada".
Conversando o nosso amigo ele me confessou que chega a colher em épocas de bom inverno até 2,5 litros de mel por cortiço, eu fiquei fascinado com isso pois é uma produção muito, mas muito boa por cada caixa. Fiquei surpreso pois as minhas raramente cruzam a casa de um litro.
Talvez seja uma questão evolutiva, já algum tempo estamos observando e acreditando que possa existir mais de uma espécie de Jandaíra, talvez uma do litoral, maior e mais produtiva, comparada com a caatinga do interior, menor e menos coletora.
Não sei, somente as pesquisas da Dra. Vera Lúcia Imperatriz (USP-UFERSA) vão nos confirmar, eu tenho uma hipótese, talvez a proximidade com mangue da região proporcione as abelhas uma maior florada, mesmo em épocas de baixa produção.
Enfim, sai de lá encantado e com a certeza que vou voltar, penso em levar a caixa Modelo INPA para conhecimento do Mesquita, bem como uma caixa de Uruçu, abelha essa que despertou a curiosidade do amigo por não conhecê-la, quem sabe numa próxima ocasião possa levar para ele.
att,
Tibau-RN, em 26 de janeiro de 2011.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
Kalhil, essa postagem tá demais! Vc nos apresenta uma região que tenho muita vontade de conhecer que é a praia de Areia Branca, que parece que fica a 36km de Mossoró, segundo me informaram. E vc me apresenta um Mesquita, talvez até um parente distante e que não conheço, que mora no RN e que tbm gosta de abelhas. Acho que nós, os Mesquitas, trazemos no sangue essa predileção por esses insetos. E com certeza ele deve ter lido um livro sobre meliponicultura que traz esse cuidado de pintar as caixas de cores diferentes. Olha, ultimamente, nas viagens de férias que tenho feito procuro colocar no roteiro algum meliponário ou meliponicultor que eu conheça ou tenha pesquisado na NET com o fito de visitar e tocar informações. Infelizmente na última viagem fui mais de carona, pois dado que o trajeto era muito longo (900km só ida) e fiquei passageiro para ficar reversando no volante. E a turma que me acompanhava não era muito ecológica rsss Mas quando eu sou o comandante da nau aí sim, entre um passeio e outro encaixo uma visita a algum meliponicultor. Um abraço. Fco. Mello
ResponderExcluirKalhil, eu vejo a minha aposentadoria, no futuro, mais ou menos nesse estilo do sr. Mesquita que vc nos apresentou, mas também tendo ao lado, em uma outra sala, uma mesa de supino que tenho desde a adolescência e que no momento se encontra enferrujada, mas que no futuro com certeza voltará a ser utilizada. Um abraço. Fco. Mello
ResponderExcluirOlá de novo Kalhil.Amigo, eu me empolguei com essa sua postagem. Belas fotos. Meliponário impecável. E esse estilo de meliponário me recordou o primeiro meliponário que vi ao vivo e a cores, e não através de livros ou vídeos à época. Foi em uma escola e mosteiro jesuíta aqui perto de minha cidade que foi transformado em hotel pelos próprios irmãos da escola. É um meliponário feito todo em madeira em que as prateleiras partem da parte do telhado, não ocupando espaço e ficando protegido das intempéries. Muito bom mesmo. E fico sonhando com a minha aposentadoria em um paraíso como esse, com um meliponário ao lado. Um abraço.Fco. Mello
ResponderExcluirP.S. - Desculpa pela "tagarelice" em seu blog, mas é que realmente essas imagens são muito inspiradoras.Um abraço.
Kalhil, em primeioro lugar queria barabeniza-lo pelo exelente trabalho de divulgação e de disseminação de conhecimentos relacionados a meliponicultura que você faz neste blog.
ResponderExcluirAssim como o SR. Mesquita tambem crio jandairas no litoral, e fiquei muito interessado no trabalho que você comentou, sobre existir 2 especies de jandairas 1 no litoral e outra no interior.
Como posso adquirir maiores informações sobre este trabalho?
E outra como posso entrar em contato com o Sr Mesquita?
Abraços
Flavio Augusto
Cara, eu também não sei, acabei saindo de lá e não peguei o telefone dele, mas sei que sua casa fica no assentamento São Francisco, assim que você pega a RN para Ponta do Mel partindo de Areia Branca.
ResponderExcluirÉ fácil, chegando lá é perguntar pelo sr. Mesquita das Jandaíras que todo mundo sabe quem é.
Eu passei o site para ele, estou esperando por algum comentário dele, quem sabe ele não deixe o seu telefone.
att,
Kalhil