terça-feira, 8 de junho de 2010

O Mais Novo Apicultor

Andei sumido né!? É que não paro num canto, vivo andando atrás das abelhas.

Dessa vez não fui só atrás das abelhas sem ferrão, na verdade, fui mesmo foi atrás das apis...

Ando criando coragem para iniciar na apicultura, confesso que não sofro de amores pelas abelhas africanizadas do meu país, principalmente pela fama que essas moças possuem, é de conhecimento público e notório o alto grau de agressividade dessas abelhas, mas devido a insistência do meu amigo e futuro sócio na apicultura, o Victor (EMATER-RN), estamos quase prontos para montarmos o nosso tão "querido" apiário.

Nesse último fim de semana, já no intuíto de aprender um pouco mais sobre as famosas africanizadas, andei visitando um amigo apicultor, o Edvaldo, lá na Serra do Mel-RN. Este pequeno município fica a pouco mais de 40 km de Mossoró-RN é conhecida no estado do Rio Grande do Norte como a terra do caju, e onde tem pé de caju, tem Apis.

Logo que cheguei fui com ele visitar um dos seus apiários. Não demoramos muito e preparamos o carro como todas as paramentas necessárias para o manejo rotineiro. Antes, passamos na serraria para buscarmos um pouco de serragem, pois no dia anterior tinha chuvido bastante deixando o mato molhado, sem condições de ser usado para alimentar o fumegador.


Ao chegar no local fiquei logo imprecionado com a organização das várias caixas, todas lado a lado a uma distância de 3 metros uma da outra. O apiário está em terras bem fechadas, com bastante mata nativa, no momento há várias florações em andamento.


No momento que colocava o macação, as botas e as luvas ficava me perguntando: Será que vou levar a primeira ferroada hoje? Se levar só espero que não seja na cara, já imaginou chegar na repartição com o rosto todo inchado... Que saudades das minhas Jandaíras...


Assim que terminei de me arrumar o amigo Edvaldo vei conferir a vestimenta do novato, viu que tava tudo ok. Ainda deu tempo pra ele me sacanear: Macação novo em?!!! limpinho limpinho...


Iniciamos a abertura das colméias e pra minha surpresa as abelhas estavam todas que eram uma docura, mal atacavam, cadê o ataque??? Uma ou outra abelhinha que se estressava mas rapidamente voltava para a melgueira. No geral, as colônias estavam medianas, como esse apiário foi montado a poucos meses, boa parte das colônias são de capturas, assim as rainhas já são bem velhas mostrando uma postura bem irregular.


Durante a inspeção em uma das caixas constamos que a mesma tinha ido embora. Conversando com o Edvaldo perguntei o porquê daquele enxame ter migrado para outro lugar, o amigo me confessou que aquele enxame era de captura recente, estava com poucas capas de cria e mel, ele já esperava por isso. Aí perguntei: Por que não alimentou??? A resposta foi rápida. -Tem pra quê não, aqui tem muita abelha e logo outra entra aí.


Não sou tão leigo assim, vi que muitas das caixas a postura não vai bem, não vi a rainha mas achei que certamente era por causa da velhice, pois na apis quem vai embora durante a enxameação é a rainha mãe, ou seja, a velha vai e a nova fica.

Comentei com o amigo sobre o trabalho da Prof. Dra. Katia no Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura da UFERSA (CETEC), principalmente a respeito da produção de rainhas selecionadas, mas infelizmente, como já suspeitava, o trabalho é desconhecido não só por ele, mas por grande parte dos apicultores da região. É preciso que divulguemos os relevantes trabalhos do CETEC, não adianta de nada produzir conhecimento de qualidade sem divulgá-los, os produtores precisam está mais interligados com os centros acadêmicos para o crescimento da atividade.


Após terminarmos as inspeções, fomos abastecer o bebedouro das abelhas. Rapaz, como as africanas bebem água viu... Bebem muuuito, só esse apiário consome semanalmente cerca de 50 litros de água. Imaginem na época da estiagem.


Já no caminho de volta para casa, paramos para verificarmos duas iscas que tinham sido postas na beira da estrada, mesmo tendo sido colocadas a pouco mais de uma semana, já estavam todas habitadas, por essas bandas a apis impera.

Já na casa do amigo, sentado tomando um bom suco de goiaba, o mesmo me diz: -Você que é doido por Jandaíra, o meu vizinho aí da frente tem um pequeno meliponário, vai lá vê!!!


Não esperei nem tomar o suco todo e ainda com o copo na mão já fui entrando portão (aberto) a dentro vidrado procurando os curtiços. De cara vi as casinhas todas posicionadas corretamente para o nascente. O dono, de cara feia e não muito simpático, me disse que estavam situadas naquele meliponário há anos, nunca fazia manejo nem multiplicava uma colônia se quer, apenas colhia o mel. Se o cara fosse só um pouquinho mais simpático juro que tinha passado um bom tempo com ele ensinando alguma coisa, só pra vê-lo manejar melhor aquelas colônias.

Voltei para casa do amigo e me despedi prometendo voltar outro dia para visitar os seus outros apiários.

No dia seguinte, já na companhia do meu amigo Victor, fomos a uma comunidade rural próxima a Mossoró chamada "Serra Mossoró", a região não é serrana, mas guarda esse nome devido um serrote de serra que fica nas proximidades. Nesse lugar fomos vistoriar algumas colônias de apis que pretendemos comprar.


Eu queria ter essa coragem, passear entre as caixas de apis sem macação... Na verdade, o risco existe, mas devido ao elevado conhecimento do Victor com as africanizadas ele sabia que não seria atacado pelas abelhas, o segredo é a calma, movimento lentos e o silêncio... Eu que não entro aí sem roupa de proteção nem amarrado, rs... Ôooo saudade das minhas Jandaíras...

Adivinha qual era o pensamento que não me saia da minha cabeça, "Será que é hoje que levo a primeira ferroada, ou melhor, as primeiras ferroadas... Se for, só espero que não seja na cara...


Os apiários estão de dá dó, as caixas completamente desorganizadas, muitas quase caindo aos pedaços, outras foram literalmente saqueadas por meleiros. O apicultor responsável praticamente abandonou as abelhas e fazia um ano que ninguém vinha ver essas abelhas, pode-se ver pelas fotos que o mato quase toma de contas das caixas.


Mesmo assim, é aí que se mostra a força da abelha africanizada, das 38 caixas apenas duas estavam abandonadas, uma por migração e outra por furto. Algum ladrão veio e retirou duas das quatro melgueiras, deixando a podre da colônia de cabeça para baixo sem nenhuma proteção, mas também, um ano sem inspecionar as abelhas, isso era de se esperar. Se compramos essas colônias isso vai dá um trabalho...

Assim que saímos do apiário fomos atrás de 3 colônias de Jandaíra que eram do Victor que estavam na casa de um comprade dele, pensei com meus botões: - Essas colônias do Victor ou tão muito ruins ou tão muito boas, um ano sem vim aqui...


Já no local mandei ele bater de leve no tronco achando que ninguém ia sair de lá. Rapaz!!! Pra que fizemos isso... Vejam a quantidade de abelhas que tentavam beliscá-lo para defender o ninho, colônia fortíssima, certamente está muito perto de enxamear.

Ficamos de retornar à noite para buscar as colônias, todavia, devido ao trabalho do Victor em Afonso Bezerra-RN, vou deixar ele voltar de lá pra buscarmos, afinal de contas foi com ele que elas queriam acertar contas, rsrs.

att,

Mossoró-RN, em 08 de junho de 2010.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

5 comentários:

  1. Amigo Kalhil,
    com certeza a apicultura é uma atividade economicamente viável,principalmente aqui no nordeste,pois dependendo do local onde está o apiário,teremos um mel considerado orgânico,e que tem um valor elevado e uma procura crescente...
    E não tenho dúvidas ,que assim como na meliponicultura,você será bem sucedido,também na apicultura,pois,é muito dedicado e tem tudo para fazer sucesso também com as ápis...

    Um abraço.
    Paulo Romero.
    Meliponário Braz.
    João Pessoa,PB.

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  2. Rapaz, que coragem!

    Eu sempre me interessei pelas apis ( Também ), mas não tenho essa coragem toda não.


    Abs!

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  3. Tenha cuidado com as apis, pois tenho ouvido pessoas que tiveram muito trabalho com elas devido a agressividade.

    No mais desejo sucesso com mais uma nova atividade mas não abandone as ASF.

    Luiz Inoue - SJCampos - SP

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  4. Olá Kalil, então Vc quer ser apicultor tmb, vai com calma, Apisafrican., não é jandaira não meu camarada, se Vc quer mesmo, o negocio é se preparar e fazer a coisa toda dentro da técnica, como manda o figurino, eu já tive apis tmb, e uma época eu quase morri por cause delas, mas porque fui manejar as bichas de maneira errada. Mas para quem quer criar apis, não precisa comprar, o negócio é espalhar nucleos/isca, vc fará muitos enxames de graça. Abraço e boa sorte. por enquanto Tô fora delas.
    Saint-Clair Salles
    Meliponariodaserra.blogspot.com

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  5. Olá Kalhil,

    Fico muito satisfeito pelo "nascimento" de mais um apicultor. Segui com atenção a sua primeira experiência no meio das apis, e acredite que até eu muito habituado a elas senti medo só de pensar nas africanizadas. De qualquer forma tenho imensa curiosidade em conhecer essas abelhas.
    Fez uma afirmação muito correcta quando disse que as colmeias abandonadas que vai comprar irão dar muito trabalho, o que eu confirmo e muitas vezes alerto os apicultores para isso. Por vezes dá tanto trabalho que o negócio não compensa para quem compra, mas também estou demasiado longe para o avaliar...
    De qualquer forma tenho a certeza que com a sua persistencia, boa vontade e cuidado que empresta a tudo o que faz vai correr muito bem.
    Já sabe que pode contar comigo para tudo em que eu puder ajudar e desta vez já podemos comparar méis feitos a 5000km de distância de apis para apis, rsrsrsrs
    Abraços e bem vindo ao Planeta Apis

    JPifano

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