O que essas duas caixas tem em comum???
Bem, aparentemente nada!!! A caixa da esquerda é uma colônia da espécie melipona rufiventris sp., popularmente conhecida como Uruçu Amarela. Já da direita, essa verde aí com quatro alças, é uma colônia da espécie melipona scutellaris, também chamada de Uruçu verdadeira ou Uruçu Nordestina.
Olhando assim externamente não tem nada de mais, mas no momento que abrimos as duas colônias temos grandes surpresas. Na verdade, não precisa nem abrir, bastar pararmos alguns minutos que se consegue observar um entre e sai entre as abelhas das duas caixas de forma harmoniosa.
A coisa é tão interessante que as vezes eu não sei mais quem é quem, a harmonia chegou a um ponto que não é difícil flagrar uma amarela fazendo a vigilância na porta da Nordestina, bem como, uma Nordestina em posição de defesa na casa das amarelas...
Abrindo as caixas aí é que a coisa se mistura mesmo, principalmente na caixa da Nordestina, vejam que entre elas existe muitas amarelas que não provocam nenhuma alteração no comportamento. A coisa me deixou tão curioso que passei a observar e estudar as caixas, principalmente da nordestina, à noite.
O que tenho visto é algo que muito me deixa intrigado e cheio de porquês para responder. As abelhas se misturam ao ponto de espécies diferente participarem de rituais de postura de rainhas distintas.
Já cheguei a perder uma noite inteira de sono só para observar uma obreira de rufiventris, participando do ritual de postura da rainha da nordestina, chegar ao ponto de colocar um ovo alimentar para a degustação da rainha que não era a sua mãe.
Mesmo criando essas abelhas já alguns anos e de certa maneira estudando os seus comportamentos, principalmente os rituais de postura de espécies distintas, sinto que ainda há muita coisa a se aprender com esses fantásticos animais, principalmente por que essas coisas que vos digo não se aprende em livro, mas somente observando e analisando o dia dia desses insetos que tanto amo.
att,
Mossoró-RN, 19 de junho de 2010.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
Kalhil,
ResponderExcluirPostagem maravilhosa, você está sempre descobrindo novidades, acho que deves estar usando o óculos Meliponicose que o Cappas fala.
E me parece que esss óculos vem com uma caixinha de comprimidos contra o sono. Tu não dormes, homem?
Um abraço,
José Halley Winckler
Amigo Halley,
ResponderExcluirE como durmo, as vezes até demais.
Mas as vezes perco algumas noites de sono só para aprender mais sobre essas meninas...
att,
Kalhil
E que noite bem passada Kalhil...
ResponderExcluirFiquei com uma dúvida: são espécies diferentes ou raças (subespécies)diferentes?
As colmeias delas são feitas com alças (melgueiras) de Apis?
Achei a reportagem muito curiosa... a convivência (pacifica?) entre grupos diferentes...
Abraços
JPifano
Olá amigo Pífano,
ResponderExcluirSão raças diferentes, todas são meliponas, assim como todas são apis...
Mas o interessante é que isso já é observado com certa regularidade entre as abelhas da mesma espécie, mas raramente acontece em espécie distintas.
A alças são direntes das de apis, pois não possuem as os quadros, apenas um fundo para a construação dos potes de mel.
Grande Abraço,
att,
Kalhil
Muito massa! Não tem chance de isso estar justamente enriquecendo geneticamente o seu plantel de uma e de outra.
ResponderExcluirVocê tinha de publicar o desenrolar disso e esmiuçar metodicamente esse fenômeno,
que parece um mutualismo de espécies rivais. Não acha que vale a pena?
Parabéns e grande abraço,
Ricardo Valle - Conquista - BA