Sempre recebo muitos e-mails solicitando informações das características das castas das Jandaíras, para o iniciante é realmente muito difícil conseguir identificar rapidamente quem é quem na colônia, principalmente por que os detalhes que diferenciam as abelhas uma das outras são muito sutis.
Mas vamos lá, depois da aula de hoje será muito fácil identificar rapidamente quem é quem na sua colônia. Não vou falar da rainha pois já falei dela a algum tempo atrás, inclusive, à época eu fiz a diferença entre uma rainha nova e uma rainha velha.
Quem quiser saber mais é só olhar nesse tópico abaixo:
http://meliponariodosertao.blogspot.com/2009/09/caracteristicas-de-uma-rainha-velha.html
Uma outra casta muito interessante, mas que por hora não irei falar é a casta das obreiras-rainhas ou também conhecida como rainhas-obreiras, sua identificação é muito difícil e até os meliponicultores mais experientes tem dificuldade em reconhecer seu singelos detalhes. É preciso muito estudo de observação para aprender a reconhecer essas meninas, principalmente por que suas características são basicamente comportamentais.
Mas prometo mais para frente falar profundamente não só de suas características, mas também de sua grande importância nas colônias de meliponas.
Assim sendo, a primeira a ser detalhada será a princesa, dessa eu poucas vezes falei por aqui, ela é bem diferente da obreira comum, a começar pela sua cor.
Seu corpo tem uma tonalidade dourada muito vívida. Não possui corbículas e tem a cabeça bem menor, suas asas são singelamente mais estreira.
Um interessante detalhe é a redução de suas mandíbulas, são bem pequenas comparadas com uma obreira comum. No geral seu corpo é bem menor e mais afinado. A princesa nasce de postura real, nunca de uma postura de obreira rainha.
Seu tempo de encasulamento é reduzido, geralmente nasce bem antes das obreiras. Isso na verdade é uma estratégia de sobrevivência para garantir a rápida aceitação na colônia.
Uma outra curiosidade é que as princesas quando nascem quase sempre já estão em condições de voar. Isso é preciso pois se ela não for aceita na colônia será morta logo após o seu nascimento ou será expulsa.
Nessa segunda opção ela precisa voar a procura de colônias que estejam sem rainha (colônias recém divididas), no geral é muito comum que colônias órfãs aceitem uma princesa de fora.
Já a obreira é a mais comum de todas, isso é muito natural pois é a força braçal da colônia, sem as operárias não há como a colônia sobreviver pois somente elas realizam todo o trabalho.
Suas características são muito simples. O corpo é mais entroncado e bem maior que as outras castas, seus olhos são bem maiores e sua cabeça toda negra chega muitas vezes a ultrapassar o tamanho da largura do tronco.
Observem que as suas mandíbulas são bem grandes, isso é preciso pois boa parte de todo o seu trabalho é feito com essas duas belas pinças. Inclusive a defesa da colônia, como todos sabem as Jandaíras são abelhas que não possuem ferrão (ferrão atrofiado) mas suas mandíbulas são usadas para beliscar durante a defesa da colônia.
A beliscada não chega a ser insuportável, mas eu garanto que você não vai gostar, rs.
Seu abdomem é mais gordo comparado com o do macho, há presença de corbículas utilizadas para transporte de material (pólen e resinas) nas patas traseiras é o detalhe de maior destaque.
Outro detalhe interessante é a cor de seu pelo, é laranja claro na lateral, já na parte de cima do tronco é mais escuro.
Por último temos o malandro, o macho da Jandaíra como na maioria das abelhas, não realiza muitas atividades, na Jandaíra eles desempenham a única e exclusiva missão da reprodução, por vezes podem realizar a desidratação de néctar.
Não são muitos e geralmente nas épocas de pré-inverno são encontrados em aglomerados. Já cheguei a ver mais uma centena deles juntinhos esperando por novas princesas a serem fecundadas. Há épocas do ano que quase não os vejo, principalmente nos períodos de pouca floração (seca), mas isso é natural pois somente nos períodos de muita abundância é que sua presença é mais significativa.
Seu corpo é menor que o da obreira, não possui corbículas, pois como já disse são indispensáveis, não realizam trabalho algum de coleta. Sua cabeça é menor que o tronco e suas mandíbulas são reduzidas. Seus olhos também são reduzidos.
São extremamente dóceis. Mesmo em acloremados podemos capturá-los com a mão de forma muito fácil, quem adora esse detalhe são as largatixas que os comem sem piedade, é a lei da natureza.
Seu maior detalhe para o fácil reconhecimento é presença de uma pequena curva branca em meio aos olhos, é uma espécie de ondinha que fica exatamente um pouco acima das mandíbulas.
Pois bem, depois dessa rápida aula de identificação de castas tenho certeza que ninguém mais ficará em dúvida de quem é quem na colônia.
Esses detalhes valem para a maioria das Meliponas, mesmo espécies bem diferentes como as Mandaçaias tem características bem similares, mudando lógicamente o tamanho e a cor de cada abelha.
att,
Mossoró-RN, 09 de fevereiro de 2010.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
Meliponário do Sertão
Amigo Kahlil,
ResponderExcluirsuas observações são muito boas...
Você sempre está disposto à tirar as dúvidas de quem lhe perguntar,está virando o nosso professor,não pela idade,afinal você é muito jovem,mas pela dedicação e estudo,que a cada dia leva mais a sério..
Você vai longe,nessa arte da meliponicultura,e faz com que, a cada dia,surjam mais seguidores...de seus passos!!!
Um abraço.
Do amigo.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.
www.urucueabelhasnativas.blogspot.com
Prezado amigo Paulo,
ResponderExcluirNa verdade sou um grande curioso e sempre estou a disposição dos amantes da boa meliponicultura em ajudar.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
É verdade Kalhil vc é um professor de meliponicultura e um cara que ensina a qualquer pessoa esta arte, apesar de jovem de onde é que você aprendeu o manejo da jandaira.
ResponderExcluirJosé Eugenio Ferreira Neto