Estando de férias até meados de fevereiro, nada mais justo do que, depois de um ano de muito trabalho na repartição, me dedicar integralmente as minhas queridas abelhas. Devido a intensidade da forte seca dos últimos meses, tenho literalmente empurrado muito xarope nas minhas meninas.
Na última semana tenho alimentado as abelhas todos os dias, sempre pela manhã bem cedo. Tenho optado pela alimentação coletiva externa, principalmente pelo fato das atuais caixas que tenho disponíveis impossibilitarem a introdução dos alimentadores.
Mas na verdade, tenho optado por esse método pelo espetáculo que a alimentação coletiva proporciona, quando realizada de maneira correta. É literalmente uma festa, principalmente para os curiosos mirins. Tenho feito isso sempre acompanhado do meu filho Heitor, que mesmo com apenas com 1 ano de 5 meses já tem grande afeição pelas abelhas.
(clique nas fotos para ampliar)
Minha intenção é transmitir a ele toda a minha paixão por esses animais tão especiais. Quero muito que ele siga os meus passos e continue o legado iniciado pelo meu avô, mantendo assim o tradicional e importante hábito de criar as abelhas Jandaíras, tão indispensáveis a manutenção da nossa caatinga.
(alimentador coletivo, ótima opção para alimentação das abelhas)
Tenho utilizado uma tábua de madeira na qual cavei duas covas alongadas, fazendo assim uma espécie de cocho numa profundidade de mais ou menos uns 2cm por 2cm de largura. As dimensões apresentadas tem servido muito bem à alimentação de pouco mais de 40 colônias.
(meliponário de Jandaíra, caixa modelo nordestina tradicional)
Além da alimentação artificial tenho testado um método de divisão pouco conhecido pela grande maioria dos meliponicultores, mas que me tem surpreendido bastante. O primeiro a utilizar essa técnica foi o meu querido amigo Rivan, meliponicultor muito experiente e profundo conhecedor do manejo com a Jandaíra.
Sua divisão é bastante audaciosa, provocando inicialmente na colônia mãe um grande impacto com a retirada de todos os discos de cria, eu disso TODOS. É isso mesmo, ele retira por completo a área do ninho e fornece a colônia filha.
A técnica inicialmente sempre me provocou muita desconfiança, pois achava que isso provocaria um grande prejuízo a colônia mãe pela ausência de novos nascimentos num prazo de 40 dias.
Mas como sempre fui muito curioso resolvi testar.
Na véspera do natal (dia 24/12) realizei duas divisões utilizando essa técnica, ou seja, retirando todo o ninho da colônia mãe. Hoje está fazendo 3 dias que realizei a divisão e passei a inspecionar as colônias filhas e dividas para observar o desenrolar da coisa.
(Colônias filhas com ninho completo, com 3 dias e sem rainha ativa)
Nas colônias filhas as caixas apresentam ótimo desenvolvimento, já há construção de potes de alimento bem como todos os ninhos já foram colados no interior das caixas. Utilizei caixas antigas, por isso não se surpreendam com a grande quantidade resina e batume. Percebe-se um ótimo movimento externo e por mais surpreendente que pareça, já consigo observar algumas princesas bem ativas tentando dominar a colônia, ou seja, tudo vai muito bem.
Mas minha curiosidade era observar as colônias mães que tinham sofrido a retida dos discos. Pois bem, como podemos observar abaixo, em todas as duas colônias as rainhas antigas já voltaram a colocar ovos, já se observa uma significativa área de postura e uma boa movimentação interna de abelhas adultas.
(Colônias mães recuperando área do ninho doado)
Pois bem, como se observa não ocorreu todo aquele prejuízo que inicialmente acreditava, pois mesmo sem todo ninho a rainha não encontra problemas para recompor a área de postura, a técnica é viável e segundo as observações do colega são de uma taxa de pega de praticamente 100%, ou seja, é realmente muito boa.
(potes de mel cheios em colônia mãe, importância da alimentação)
Mas alerto que esse método não pode ser feito por qualquer um, é preciso certo conhecimento e bastante experiência de manejo com as abelhas para acompanhar o desenrrolar da coisa, pois de toda forma a retirada de todo o conjunto de discos deve ser feito com cuidado. Além disso, é preciso que a caixa esteja com uma ótima reserva de alimento pois perderá grande força de trabalho.
(colônia matriz a ser divida, mesmo na seca, ninho até a tampa)
Já estou separando mais 3 colônias para nos próximos dias continuar o trabalho de multiplicação de enxames. Atualmente estou com poucas colônias de Jandaíra e pretendo multiplicar quase todas até o início do inverno.
Mas não tenho pressa, como estou de férias tenho todo tempo do mundo para me dedicar as minhas queridas e amadas Jandaíras.
Tibau/RN, em 27 de dezembro de 2012.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
Amigo estou começando criar jandaíras. Essa divisão onde é retirado todo ninho da colméia. A nova colméia que fica com os discos de crias fica sem abelhas adultas? e sem a rainha?
ResponderExcluirMeu amigo mestre Kalhil,com certeza você vai aumentar sua criação,você pode dividir o ninho da matriz em duas parte e fazer duas caixas filhas, com pega de 80% ou colocar todo os discos com pega 100% poste o desenvolvimento da caixa filha e caixa mãe doadora, pra mim fazer uma comparação,entre o sertão e o litoral no desenvolvimento.
ResponderExcluirAbraço
Rivan
Boa tarde! Quando uma colméia de jandaíra é dividida, quanto tempo opassa para nascer a nova rainha? Aguardo resposta atenciosamente..
ResponderExcluirOlá amigo, olha isso depende muito de uma série de fatores. Mas a média é em torno de 20 a 30, já vi colônia divididas gerarem rainha com pouco mais de 10 dias, mas é raro.
ResponderExcluirJá temos apicultor novo a seguir as pisadas do pai :))))
ResponderExcluirGrande abraço para os dois!!!
Joaquim Pifano
Realizei uma divisão de uma colméia de Jandaíra retirando todo o ninho, foi um sucesso, com 15 dias a nova colméia já estava com a nova rainha e já produzindo. A colméia matriz não ficou muito fraca porque coloquei alguns discos de outra colméia.
ResponderExcluirManoel Targino