Após percorremos mais de 490km de Mossoró/RN até Crateús/CE, finalmente chegamos a Reserva Natural Serra das Almas. A reserva é mantida pela Associação Caatinga e é considerada pela UNESCO como Posto Avançado da Reserva da Biosfera, devido ao modelo inovador de conservação da Caatinga desenvolvido em conjunto as comunidades do seu entorno.
Reservas da Biosfera são áreas de ecossistemas terrestres internacionalmente reconhecidas pela UNESCO que possuem três importantes funções: conservação, devenvolvimento e apoio logístico às áreas protegidas.
São 6.146 hectares de área protegida que resguardam três nascentes e espécies ameaçadas de extinção. Aqui são desenvolvidas atividades de pesquisa científica, recreação e visitação escolar, além de projetos de educação ambiental e desenvolvimento sustentável junto às comunidades do entorno, combinando preservação com geração de renda e melhoria de qualidade da vida local.
Nossa visita tinha por objetivo montar o meliponário que há meses vinha sendo projetado para alocar 200 colônias de Jandaíra. A entrega das primeiras colônias, que serão mantidas pela Associação dentro da reserva no intuito de devolver à região uma espécie que atualmente não é mais encontrada naturalmente, foi realizada sob clima de muita alegria pela concretização de um sonho.
Aqui as Jandaíras serão multiplicadas e as colônias filhas serão doadas aos moradores das comunidades assistidas pela Associação, em regime de parceria. O meliponário da reserva tem por objetivo servir de fonte para pesquisas científicas, inspiração para projetos de educação ambiental e acima de tudo, preservação de uma espécie que a cada dia vendo sendo ameaçada.
Distante 100 metros da sede, caminhando na antiga trilha do açude, chegamos ao Meliponário construído de alvenaria em padrões ecologicamente corretos.
O Meliponário é, na minha humilde
opinião, o sonho de qualquer meliponicultor. Construído para suportar
tranguilamente 400 colônias, está margeado num raio de 10 km em plena
mata de caatinga que ao longo dos últimos dez anos vem sendo recuperada
pelos esforços da Associação Caatinga.
Construído em formato de heptágono (7 lados), foi pensado para que todo o trabalho com as abelhas fosse desenvolvido dentro das instalações do meliponário. O telhado é uma obra de arte a parte, feito de maneira a sustentar toda a estrutura circular. Possui ótima bancada interna, tela de proteção, iluminação interna e externa e uma pia para lavagem de materiais e utensílios de manejo.
Assim que chegamos as caixas foram postas nas prateleiras e passei as primeiras orientações sobre o processo de soltura das abelhas que ocorreria nos dias seguintes, pois quando estamos diante de tantas colônias reunidas em um novo local é preciso que a liberação das abelhas seja feita aos poucos para evitar tumulto e briga entre as campeiras.
Ainda no primeiro dia conferimos algumas colônias para verificar se tinham chegado bem. A viagem longa na carroceria do carro deixa as abelhas irritadas, mas tudo estava em perfeita ordem, graças ao Grande Arquiteto Do Universo.
Mesmo cansados, todos nós estavamos muito felizes em poder contribuir com um projeto tão importante para as nossas abelhas nativas. Estamos plantando muitas sementes nesse sertão e esperamos que, mesmo diante de tantas adversidades, as próximas gerações possam collher os frutos desses pioneiros.
No dia seguinte, após uma noite muito tranguila nas dependências da sede da reserva, tomamos um café maravilhoso típico do Sertão. Ainda muito cedo, por volta das 5:30h da manhã, me dirigi ao meliponário para soltar o restante das colônias.
Assim que retiramos as telas, as abelhas saiam as centenas realizando, imediatamente, o voo de reconhecimento na nova morada. me sentei junto a velho tronco de angico e fiquei a observar a festa. No início da manhã foi aquela agitação, mas no decorrer do dia todas foram se achando e a harmonia voltou a reinar.
Ainda pela manhã fui conhecer alguns dos vários projetos que são realizados pela Associação. Entre eles está um lindo trabalho de reflorestamento da mata de caatinga, com as mudas de espécies nativas que são criadas em viveiros e estufas da reserva.
No total, são mais de 40 espécies de árvore da caatinga que são cultivadas para replantio de áreas degradadas. Ganhei de presente quatro mudas de Ipê roxo e amarelo. Irei plantá-las em Taboleiro Grande-RN, ao lado da antiga Casa Grande, em Homenagem ao Velho José Carneiro, meu querido avô, a quem devo o gosto pelas abelhas Jandaíra. Sei que onde ele estiver, certamente, está muito feliz pela continuação de nosso trabalho.
Sai da reserva com uma imensa vontade de ficar encantado com tudo que vi. Agradeço imensamente a Associação Caatinga, na pessoa de sua Coordenadora Railda Machado, pela maravilhosa oportunidade de conhecer e agora participar de um dos vários projetos realizados pela entidade. Nos próximos dias ocorrerão as primeiras capacitações com os moradores das comunidades locais para formação de novos meliponicultores.
Mossoró-RN, em 10 de setembro de 2012.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
Muito Legal Kalhil!!!
ResponderExcluirBom Trabalho!!!
Esse meliponário é realmente um sonho, é lindo!
ResponderExcluirE esse trabalho na reserva é igualmente belo!
Espero nos mantenha informados sobre o andamento, trabalhos assim merecem ser reconhecidos e apoiados.
Esse meliponario é realmente muito bonito. Mas, mais bonito ainda é o trabalho realizado nele por você e pela associação caatinga.Muito bom tambem os trabalhos realizados em toda a reserva e nas comunidades do entorno. O mundo precisa de mais pessoas que se mobilezem para manter a biodiversidade tão importante para o equilibrio do planeta.
ResponderExcluirJoão
São Miguel-RN
Muito legal o conceito do meliponário, achei ele muito inteligente. Parabéns
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