Todos os dias recebo muitos e-mails com pedidos de ajudar e informações sobre as abelhas sem ferrão. Sempre que possível respondo a todos orientando a melhor maneira de agir. Entre essas maneiras uma é praticamente indispensável, realizar inspeções periódicas.
Muita gente acha que o simples fato de abrir uma colônia para realizar uma revisão pode prejudicar o enxame. Na verdade, até podemos enjuriar o enxame se o manejo não for feito por pessoa habilitada, mas no geral a revisão, pelo menos bimestral, é de suma importância para a manutenção do enxame.
Hoje recebi um e-mail do Francisco Júnior, que é estudante de agronomia da Universidade Federal do Semi-Árido (UFERSA), aqui em Mossoró/RN, em resumo, me questionva sobre qual a melhor época para fazer uma limpeza das caixas. Já faziam 3 anos que os seus cortiços não eram abertos e ao abrir o mesmo ficou bastante surpreso com o que viu, pois todas estavam muito fracas.
Respondi pedindo que me mandasse fotos dos enxames para minha avaliação, as quais segue abaixo para as nossas notas e observações importantes.
(potes de mel em época de seca)
Quando as Jandaíras percebem a chegada do verão (seca), na medida que os potes vão sendo consumidos e não mais preenchidos, as abelhas, no intuito de evitar que a cera fique ressecada, passam a engrossar as paredes dos potes restantes. percebam que os únicos potes restantes e ainda fechados são os de pólen, pois praticamente não há mais reservas para essa colônia.
(poucas jandaíras sob potes de pólen)
Nessa foto podemos perceber algumas poucas abelhas, que quase sem alimento, retardam seu metabolismo no intuito de economizar toda a energia possível. Um fato curioso na Jandaíra é a sua capacidade de suportar longos períodos de estiagem com populações muito pequenas.
(potes com mofo)
Nessa foto e seguintes percebe-se que quase toda a cera está comprometida. O morfo tomou de conta pois as abelhas não tiveram condições de acumular o material de maneira lenta e progressiva.
(falta de revisão)
Pelo estado dos potes acredito que o meliponicultor realizou uma coleta de mel em uma colônia com pouca população e em época errada. Como quase que todos os potes de mel ficaram vazios ao mesmo tempo, as abelhas não tiveram tempo suficiente para acumular a cera e evitar que ela estragasse.
(potes seco com cera velha, a solução é reciclar)
Mas se engana quem pensa que todo esse material está perdido, é possível reaproveitar toda essa cera morfada caso ela seja fervida em água limpa até se desmanchar. Eu já ensinei essa técnica de reaproveitamento de cera, que aprendi com um amigo Rivan, que é meliponicultor lá em Macaíba, cujo link segue: http://meliponariodosertao.blogspot.com.br/2011/06/faz-bastante-tempo-que-nao-posto-nada.html
(ninho com envólucro)
Em um caixa ainda percebe-se a existência de um envólucro, talvez ainda haja um restante de ninho em desenvolvimento ou mesmo alguma rainha viva. Nesse caso uma dose de xarope pode ajudar, mas vai dá trabalho pela pouca população. O ideal seria um disco de cria ou mesmo a doação de campeiras a essa rainha, após a realização de uma limpeza completa na caixa.
(caixa perdida)
Já nessa última praticamente nada sobrou, ainda podemos aproveitar a velha caixa, mas pelo atual manejo que desenvolvemos essa caixa com pregos não é, de maneira alguma, a mais recomendável para esse tipo de criação.
Sábado tentarei visitar o colega meliponicultor e verificar de perto os outros enxames, acho que posso ajudar a recuperar algumas outras caixas e ensiná-lo a manejar as abelhas de maneira que elas merecem.
Mossoró-RN, em 15 de agosto de 2012.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
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