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Bem, essa pergunta não é tão
fácil de responder. Primeiro é preciso
pergunta qual tipo de abelha estamos a falar... Cada espécie de abelha tem um processo
diferente. Mas basicamente o processo se divide em 02 modelos distintos:
alimentar e o genético-alimentar.
No primeiro modelo um ovo
qualquer de operária é alimentado exclusivamente com a geleia real, um composto
riquíssimo em nutrientes e sais minerais que desencadeia na abelha o
desenvolvimento do seu aparelho reprodutor.
As operárias desse modelo de
procriação recebem esse mesmo alimento por apenas 03 dias e após esse tempo são
alimentadas apenas com mel. Essa diferença é o suficiente para que apenas
algumas poucas abelhas possam desencadear o processo de liderança, enquanto
outras serão apenas abelhas comuns. Isso é o que acontece com as abelhas da espécie
apis melífera, vulgarmente conhecidas como abelhas europeias ou abelhas
africanizadas bem como com as abelhas sem ferrão chamadas de trigonas, que
fazem as chamadas realeiras.
O outro modelo é o chamado genético-alimentar
e nesse a mágica é um pouco diferente. Aqui o alimento até é importante, mas o
fundamental para o desenvolvimento de uma rainha é um feromônio. Como assim?
Explico.
Nesse tipo de abelha não há
diferença no tamanho da célula de cria, ou seja, cada abelha recebe a mesma
quantidade de alimento larval necessário ao seu desenvolvimento. O que muda é
a genética de cada ovo. Nessas abelhas os ovos de rainha já são geneticamente “programados”
para ao final do processo de desenvolvimento se torarem princesas virgens aptas
a serem aceitas no processo de formação de novas colônias ou em substituição de
uma rainha já velha. Fazem parte desse modelo às abelhas meliponas, como as
uruçus, mandaçaias e também nas jandaíras.
Então esse método é muito mais
genético do que alimentar?
Sim, mas existem alguns detalhes
que vão, além disso. Durante o ritual de postura, antes de efetivamente por o
ovo na célula de cria, a rainha quando deseja produzir uma operária libera
dentro do alimento larval das abelhas um poderoso hormônio (chamado feromônio mandibular
real – FMR) o qual inibe nas operárias o desenvolvimento dos ovaríolos. Entretanto,
a cada certo número de postura, a rainha “esquece” de liberar esse feromônio,
evitando assim que as princesas tenham seu aparelho reprodutor inibido. ´É esse
mecanismo que desencadeia nas princesas o desenvolvimento de genótipo de
rainha, fazendo que se desenvolvam.
Bem, como vocês puderam observar
a coisa não é tão simples assim, há muita química envolvida por trás de uma
simples abelha rainha.
Mossoró – RN, em 08 de
agosto de 2018.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão
Olá, Kalhil
ResponderExcluirAntes de mais nada, parabéns pelo blog. Não sei se ainda está ativo, mas aprendo muito com ele. Minha pergunta é a seguinte: Sabendo que você é um incansável pesquisador caseiro e amante destes insetos, já experimentou alguma vez colocar rainhas de uma espécie em ninhos órfãos de outra espécie? Se sim, qual o resultado? Se houver aceitação poderíamos entender algumas coisas, como o fato da arquitetura das células de cria serem genéticas ou guiadas por feromônios e informações dadas pela rainha. Há estudos sobre isso? Eu nunca vi. Abraços e obrigado