Na literatura científica há vários relatos a respeito de alguns hábitos anti-higiênicos de certas abelhas sem ferrão. Há até quem aconselhe a não utilização do mel de algumas espécies pela possível contaminação por coliformes fecais e outros fatores patogênicos.
A própria apis melifera já foi observada se utilizando desses hábitos indesejados, o caso mais famoso segundo o Prof. Paulo Nogueira Neto no seu livro Vida e Criação de Abelhas Endígenas sem Ferrão, foi o caso relatado por W. G. Sackett (1919 p.4). No Tenessee (USA) ele viu muitas vezes essas abelhas andando sobre escrementos humanos. Após muitas experiências foi observado que mel não sofria influência desse comportamento por causa de sua, à época, "misteriosa" ação antibiótica.
Padre Huberto Bruening, pioneiro na criação racionl da Jandaíra, já relatava a observação do uso de titica de galinha na calafetagem das caixas da rainha do sertão. Em todos esse anos de criação nunca tinha visto tal comportamento por parte de qualquer abelha nativa, porém nesse fim de semana fui surpreendido pela observação de uma Jandaíra andando sobre fezes de cachorro.
O fato me chamou bastante atenção. Na hora parei ao lado e fiquei a observar o que realmente ela estava fazendo. Após alguns minutos de observação a conclusão que cheguei foi que ela estava a coletar algumas bolotinhas de fezes nas corbículas e as transportava de volta ao ninho.
O local da obsevação era relativamente perto de onde se encontrava as caixas, mas não tive como localizar a colônia a qual essa abelha pertencia. O fato é que realmente esse comportamento existe e através dessa comprovação se percebe ainda mais a importância das boas práticas de manejo e coleta do mel das abelhas sem ferrão.
Por isso recomendo a quem gosta de consumir de mel de qualidade que sempre adquira seus produtos com criadores que respeitam e utilizam as normas de higiene. O mel, como qualquer alimento, está passível de contaminação durante a munipulação de coleta. E como nós sabemos e comprovamos é possível a existência de fatores patogênicos contanimantes dentro das caixas das abelhas.
(foto da internet)
Não se deve coletar o mel espremendo os potes ou mesmo furando-os dentro dos cortiços, pois assim esse mel entra em contato com materias que podem conter resíduos patogênicos. A melhor forma de coleta é através da bomba sugadora, nessa forma não há contato do mel com interior do enxame, evitando assim a possível contaminação por substâncias fecais.
att,
Mossoró-RN, 31 maio de 2011.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão