segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Uma confusão danada...

Assistam o vídeo, depois faço os comentários:


Pois bem, como vocês viram as minhas Jandaíras estavam bastante agitadas. E até certo ponto, isso é muito comum quando estamos em meliponários com grande quantidade de colônias reunidas, pois na medida que um enxame vai ficando irritado, o "mal humor" vai contagiando os outros.

Mas isso só acontece nessa quantidade de abelhas quando os enxames estão muito fortes. Por serem cuidadas com muito carinho e alimentadas com ração e xarope vitaminados com certa constância estão sempre com níveis de postura excelentes, apenas para demonstrar a saúde de minhas meninas, no último mês eu fiz 15 novas divisões e apenas um enxame precisou de reforço de cria, estando ainda sem rainha.


Essas agitações acontecem quase sempre quando algum manejo irrita as abelhas, tudo começou quando ainda no dia anterior resolvi inspecionar todos os enxames desse meliponário. Tudo começou bem, abria as caixas rapidamente e na medida que ia observando atribui nota e marcava na lateral de cada caixa com indicação de data e nível de qualidade com sinal de ( + ).

Por exemplo, ENXAME FRACO, PRECISA DE ALGUM REFORÇO (vistoria em 22/02/13, - )ENXAME EM BOM DESENVOLVIMENTO, MAS NÃO PRONTO PARA DIVISÃO (vistoria dia 22/02/13 +), ENXAME EM EXCELENTE DESENVOLVIMENTO, QUASE PRONTO PARA DIVISÃO (vistoria dia 22/02/13 + +), ENXAME TOP, PRONTO PARA DIVISÃO (vistoria dia 22/02/13 + + +).


Quando estava chegando na última fila de prateleiras, resolvi observar melhor uma rainha que estava apresentando um sinal de velhice, estava avaliando sua postura para resolver se iria sacrificá-la e de repente as abelhas dessa caixa ficaram muito agitadas, passaram a me beliscar com extrema agressividade. 

Algumas rainhas desenvolvem famílias com alto índice de defensividade, sempre que vejo um enxame assim faço uma marcação para me precaver na próxima inspeção. 


Nessa hora parei a inspeção pois já não aquentava a quantidade de abelhas a me beliscar. Mal deu tempo para realizar a marcação na caixa com a indicação para sacrificar a rainha na próxima semana. Fechei a caixa e fiquei a esperar que elas ficassem calmas. Mas que nada, essa estressada saiu irritando as demais da prateleira e todas daquela ala ficaram muito nervosas.

Somente quando a "boca da noite" foi chegando é que retornaram para suas moradas. Dia seguinte resolvi alimentar de maneira coletiva, poucos minutos depois já estavam novamente irritadas. Hoje pela manhã, ao voltar a Mossoró estava tudo calmo, sinal que a confusão é iniciada por algum fator irritante/estimulante. 


O pior de tudo é que quando começam desse jeito nada as faz parar. A solução é deixar que naturalmente o feromônio liberado pelas abelhas que estimula o comportamento agressivo vá se dissipando no ar e sempre evitar manejo em muitas caixas ao mesmo tempo. Essas agitações provocam muitas brigas e ao final da confusão muitas abelhas morrem, o que é extremamente prejudicial. 

Nota do Blog: As imagens continuam péssimas e filmagem horrível por que foram feitas com meu celular, pois continuo sem máquina fotográfica


Mossoró, em 25 de fevereiro de 2013.

att,

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

   

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Lamento Sertanejo

Como descrever o caboclo nordestino? Como descrever a caatinga, uma região castigada pela seca e ao mesmo tempo, no inverno, tão exuberante pela riqueza de suas matas outrora sem vida? Como descrever de maneira a fazer sentir no interlocutor a beleza e o sofrimento de um povo renegado ao esquecimento político e social de seus governantes? Como? Como?

Muitas obras literárias conseguiram isso. A exemplo, o eterno João Guimarães Rosa, na sua obra memorável  "GRANDE SERTÃO: VEREDAS" consegui, como nenhum outro, relatar em suas observações no conflito de canudos, o real genoma de um povo e sua região.

Na música a mesma coisa, Luiz Gonzaga narrou em suas inúmeras canções toda a beleza e o sofrimento do nordeste brasileiro que tanto defendeu.

Enfim, há muitas maneiras de mostrar todo esse paradoxo da caatinga e caboclo nordestino. Por isso, trago um vídeo, que na minha humilde opinião, relata em som e imagens todo esse sentimento bucólico existente em todo apaixonado por esse torão quente e seco. 
  

Não preciso falar mais nada, a música e as imagens falam por si.


A Importância do Pólen para as Abelhas

As abelhas utilizam para sua subsistência basicamente dois alimentos: néctar e pólen. Muito meliponicultor acha que para manter as abelhas saldáveis basta sempre estar atendo a quantidade de mel disponível para as meninas.

Na verdade, é preciso muito mais atenção ao estoque de pólen do que de mel, pois é esse primeiro o alimento proteico das abelhas responsável direto pela formação da postura e seu consequente desenvolvimento.


É muito comum alguns meliponicultores me perguntarem o porquê de seus enxames, mesmo com bons estoques de mel (ou xarope) disponíveis nos potes de alimento, não apresentarem um crescimento esperado.

Isso pode ser provocado por alguns fatores, mas na grande maioria das colônias observadas com esse dilema o problema tem sido a ausência de pólen suficiente para a manutenção de uma boa postura pelas rainhas.



O fato acontece quando, durante os períodos de seca, as abelhas esgotam suas reservas de pólen e praticamente param a postura, reduzindo a níveis de sobrevivência mínimos. Isso acontece com grande frequência e tem sido a causa da perda de muitos enxames de maneira misteriosa.

A solução para esse problema é muito simples, basta fornecer o alimento que está fazendo falta as abelhas ou utilizarmos um substituto, ou seja, fornecermos uma ração apropriada. 

Essa ração proteica para as abelhas sem ferrão já foi ensinada aqui por mim em post anterior e tem sido utilizada e aceita com grande sucesso por centenas de meliponicultores desse país, que me relatam suas experiências com as mais variadas espécies.


Apenas um dica com relação essa postagem que ensinei, depois de alguns experimentos percebi que a melhor maneira de fazer a ração é à base de mel, pois o xarope se for feito com muita água facilita a criação de bolor e fungos, destruindo a lenta fermentação pelos micro organismos presentes no pólen natural.

Outra coisa importante de se relatar é que essa ração é utilizada quando se ainda tem algum resto de pólen nos potes, em casos mais graves recomendo sempre a aquisição de pólen de apis melifera e seu fornecimento diretamente as abelhas, que saberão melhor do que ninguém como processá-lo.


Tenho feito isso nos últimos tempos principalmente por ser mais prático que esperar muitas vezes por 12 ou 15 dias pelo processamento da ração proteica desenvolvida. Só apenas recomendo um certo cuidado ao adquirir o pólen, pois alguns produtos podem conter resíduos de substâncias agrotóxicas, extremamente letais as abelhas.


Nota do blog: devido as constante dúvidas que recebo sobre a ração prometo fazer uma outra postagem ainda mais explicativa sobre todo o processo de formação da ração, ainda não fiz porque minha inseparável máquina fotográfica está com problemas e não estou conseguindo tirar fotos de qualidade, mas estou providenciando uma nova que irá resolver nossos problemas.


Mossoró-RN, em 20 de fevereiro de 2013.
att,

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão