sexta-feira, 30 de março de 2012

Lixo visual x Cultura!

Essa semana, Dom Henrique Soares, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aracaju-SE, importante membro da Igreja Católica Brasileira, traçou duras críticas a atual programação dos canais abertos no Brasil.

Com muita propriedade, Dom Henrique demonstrou que a programação da TV brasileira é, na grande maioria dos horários, lixo cultura da mais absurda qualidade. Infelizmente, isso é uma realidade que a grande massa brasileira engole seco e calada. Nos últimos anos tenho até evitado ligar a televisão, me restringindo única e exclusivamente aos horários dos informativos locais e jornais de âmbito nacional.

No intuito de conseguir IBOPE, os canais apelam para programas que exploram a futilidade, a pornografia, a inversão dos valores da família e da religião. E detalhe, tudo isso com incentivos fiscais do próprio Estado.

Fico realmente abismado quando me deparo com adultos e crianças acordados até altas horas da noite para assistir programas que não somam absolutamente nada a sua formação cultural. Enquanto escrevo este artigo está sendo exibido uma novela na rede Globo de televisão chamada "Avenida Brasil" onde em pleno horário nobre e em cena peculiar duas crianças de 6 anos se beijam na boca e fazem planos para o casamento.

Desde quando crianças de 6 anos falam em se casar? Bem, mas em meio a todo esse lixo televisual há uma flor de lotus que costumo assistir com assiduidade. Trata-se da TV Escola, uma desconhecida rede de TV do Governo Brasileiro que exibi uma programação educativa de qualidade, sempre trazendo documentários sobre os mais variados temas.

Essa é, de maneira inquestionável, a melhor rede de TV do país. Há poucos dias foi exibido um documentário sobre Chopin, que por sinal é, na minha opinião, o maior compositor clássico do mundo.

Apenas para me despedir e deixar todos vocês curiosos sobre esse ícone da música clássica, abaixo segue um ótimo vídeo que faz parte de minha lista de músicas e é uma de suas pérolas culturais. Trata-se da obra musical Ballade No.1 in G minor, Opus 23, que foi encantadoramente tocada por Tzvi Erez.

Vale apena relaxar alguns minutos ao som dessa bela obra que foi trilha sonora do filme "O Pianista" vencedor de inúmeros oscar's, entre eles o de melhor filme.

Chopin Ballade No.1 in G minor, Opus 23, por Tzvi Erez em HQ.




segunda-feira, 26 de março de 2012

Abelha, Teju, Tiú e Queijo... Há, e uma galinha de primeira!!!


Esse fim de semana fui convidado pelo amigo Daniel a degustar uma galinha caipira na casa dos seus pais que fica na zona rural do município de Aracati-CE. A comunidade se chama Cajazeiras e é zona limítrofe com o Município vizinho de Jaguaruana-CE.


Depois de devorarmos a penosa, que por sinal estava divina, fomos rever um velho amigo meliponicultor que há tempos não o via. Andamos alguns quilômetros até comunidade de Campos Verdes, zona rural do município vizinho para encontrar o Geraldo, que com sua enorme receptividade já foi logo nos recebendo com duas cadeiras na mão.




Seu Geraldo, como gosto de chamá-lo, é pessoa muito simples. Cria Jandaíras a mais de 40 anos e atualmente tem um rústico meliponário no quintal de sua casa. Nessas oportunidades estou sempre a coletar algumas amostras de Jandaíra para os amigos pesquisadores que sempre me solicitam. Essas e outras amostras que já tenho separado em casa serão enviadas nessa segunda-feira a Bióloga Geice Ribeiro, que atualmente vem realizando um trabalho de pesquisa genética na Universidade Federal do Piauí.



(amostras da abelha Jandaíra, remessa ao Piauí para estudo genético)

Seu manejo, como quase todos os criadores da região, se resume a colher o mel nos períodos de floração (inverno). Questionado sobre os processos de divisão disse que sabe multiplicar, com duas caixas ele faz mais uma, ou seja, usa o velho método 2:1 já bem conhecido.

(Kalhil e Daniel)
(brincadeira dolorosa, o Daniel não aguentou muito tempo, rssss!!!)

Me confessou também que uma observação muito comum é o fato da Jandaíra enxamear com facilidade, bastando uma boa caixa isca no meliponário nessa época para receber uma nova família. Segundo o Seu Geraldo, a Jandaíra é uma abelha arquiteta por natureza, por isso sempre que colhe o mel destrói todos os potes com um garfo e deixa o bolão de cera fora. 

"Não adianta ficar com pena das abelhas e só furar os potes, o bom mesmo é colher e depois arrancar tudo, elas não gostam de remendar, melhor mesmo é construir tudo de novo do jeito delas" disse Geraldo sobre a Jandaíra. Essa não é a primeira vez que escuto isso, mesmo sendo uma observação prática, é digno de nota.

Após o abraço caloroso nos despedimos e deixamos o Seu Geraldo com suas abelhas. Seguimos viagem pois queria visitar um outro meliponário. Acabou não dando certo. Dez minutos depois já estávamos na casa do André, conhecido apicultor local que me convidara para ver uma curiosidade.


Tratava-se de cinco filhotes de lagarto da espécie tupinambis merianae, conhecido popularmente como "Tiú", essa espécie é muito comum em quase toda região de caatinga. Por se tratar de espécie da fauna nativa sua caça, captura, comercialização ou mesmo criação são proibidas por lei mas, por questões culturais, a carne desse lindo lagarto é muito apreciada, principalmente pelos etílicos de plantão.
(animal de estimação no sertão)

(gordinho de sorte)

Outro que estava prestes a ir ao fogão era esse gordinho tatupeba (Euphractus sexcinctus), da mesma forma que o primeiro, é muito apreciado pela nossa cultura local. Mas esse teve um fim mais feliz. Já estava quase indo embora e o André me deu o bicho de presente. Agradeci muito e quando estava bem distante de sua casa abri a mala do carro e soltei o infeliz mata à dentro. 

Ele muito faceiramente saiu abanando o rabo como se estivesse me agradecendo. Dessa lição só espero duas coisas: que ninguém conte ao André que eu soltei o bicho e que ele (o peba) procure uma toca mais profunda pra se esconder. rsssss....

Nos despedimos mais uma vez e partimos em direção a uma famosa queijaria local. Minha intenção era comprar um dos famosos queijos da região, que por sinal são deliciosos. Entramos e como se estivesse em casa fui logo pedindo uma faca para cortar uma bela porção. O queijo tinha saído há poucos minutos da prença, a consistência mais parecia um manjar de tão molinho.

(queijo fresquinho de primeira qualidade)

(tão servidos?)

Depois da degustação e aprovação, pagamos o queijo e partirmos feliz de bucho cheio, na pressa deixei o convite para conhecer de perto a queijaria para outra oportunidade que será devidamente registrada.

 Boa semana a todos...

sexta-feira, 16 de março de 2012

Globo Repórter nos Céus do Brasil explora a caatinga

Globo Repórter nos Céus do Brasil. A grande aventura aérea chega à mais brasileira de todas as matas: Sérgio Chapelin e Francisco José exploram a caatinga, um tipo de floresta que não existe em nenhum outro lugar do mundo.

Flutuando sobre uma floresta sem igual, nosso balão mostra toda a beleza da caatinga verdejante. Na época das chuvas, a paisagem seca e retorcida se transforma em paredões de arenito cobertos de vegetação. A vida aflora nos quatro cantos do sertão.

A terra que já foi abrigo dos primeiros habitantes da América guarda vestígios do homem pré-histórico? Vamos escalar paredões e chegar ao topo de rochas gigantescas. A mata dos venenosos guarda essências que salvam vidas.

Você vai ver aranhas fantásticas e a beleza de uma teia capaz de fechar estradas. Expedição à área mais selvagem da Serra das Confusões: nossa equipe passa a noite em uma floresta sem água, a reserva onde vivem espécies nunca vistas em outro país.Esperança na floresta: animais capturados por traficantes estão voltando para a caatinga.

Nesta sexta-feira (16/03), você vai cruzar o sertão junto com a gente.

Fonte: http://glo.bo/yFBoXd

quinta-feira, 15 de março de 2012

Mel de Jandaíra disponível para venda

Prezados amigos,

O Meliponário do Sertão tem o prazer de informar que fizemos nossa primeira colheita de mel do ano de 2012. As chuvas tem sido bem irregulares, mesmo assim, devido ao manejo realizado durante do ano passado no intuito de deixar as abelhas fortes e produtivas para essa época do ano, já temos bastante mel para colher.


Aqueles que já são nossos clientes ou aos que ainda não conhecem nosso mel, informamos que já estamos com significativa quantidade disponível para pronta entrega. Qualquer informação sobre quantidade, preço, forma de pagamento e remessa pode ser obtida através do e-mail: kalhil_p@yahoo.com.br, ou pelo telefone: 84 9150 2506 (claro), 84 8819 3183 (oi) ou 9665 4829 (tim).


Produzido no interior do Estado do Rio Grande do Norte em regiões de plena mata de caatinga, o mel produzido por nossas abelhas foi escolhido no ano de 2009, durante o Concurso Nacional de Méis de Abelhas Sem Ferrão, o melhor mel do País. Certeza de sabor, pureza e qualidade.

(clique para ampliar)

quarta-feira, 14 de março de 2012

Vida Maria

Não creias na força de quem bajula os fortes,
de quem humilha os fracos,
de quem não sorri diante de crianças brincando,
de quem não tem olhos para a beleza
e é incapaz de parar, mesmo na maior pressa,
pra contemplar uma flor...


(Dom Hélder Câmara)

A educação, indiscutivelmente, é a única maneira de mudar, em todos os aspectos, uma dura realidade que, mesmo com o avanço de políticas públicas, ainda amordaça muitas crianças pelo sertão. A falta de acesso a uma educação mínima reduz, se não extingue, as oportunidades que a escola proporciona ao longa da vida. 

Nesse sentido, o premiadíssimo curta brasileiro "Vida Maria",  é muito feliz em abordar alguns aspectos que levam a continuidade desse problema. Em especial, o dilema da necessidade de ajudar a família na lida diária do trabalho pesado em detrimento de uma vida escolar de qualidade.

Quem assiste esse curta (11min) pode, inicialmente, julgar a mãe de Maria José como um carrasco, mas ela é, assim como todas as sofridas mães sertanejas do nordeste brasileiro, fruto desse mesmo dilema. Julgar é fácil, difícil é viver e sentir na pele essa realidade.

 
Vida Maria é um curta-metragem brasileiro criado por Márcio Ramos em 2006, baseado na vida dos nordestinos, em especial do Ceará, lugar onde foi criado o filme.

Sinopse
Maria José necessita deixar seus estudos e seus sonhos para trabalhar. Morando no sertão do Ceará, sem perspectiva de uma vida melhor, cresce, casa, tem vários filhos e envelhece. Nesse tempo passa toda sua rotina de vida para sua filha Lurdes, que vai como a mãe continuar a vida no sertão.
Acompanhamos Maria dos 5 aos 45 anos.
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Prêmios

Prêmio Ceará de Cinema e Vídeo
Curta cinema em 2006 -(RJ)
Prêmio ABD&C
10ª Mostra Tiradentes - (MG) – Melhor Filme Júri Popular
Cleveland International Film Festival 2007 (EUA) – Menção Honrosa como Melhor Curta Internacional
Cine – PE 2007 – Prêmio Especial da Crítica Melhor Curta, Melhor Trilha Sonora, Melhor Roteiro, Curta – SE 2007 – Festival [1]
Luso-Brasileiro de Curtas-Metragens de Sergipe – Foi o melhor filme com temática Nordestina.
Entretodos – Festival de Direitos Humanos –o melhor filme
14º Festival de Cuiabá 2007 – Melhor Filme Júri Popular
Cine Ceará 2007
Festival Guarnicê de Cinema – MA
Festival Internacional de Cinema de Huesca, na Espanha
Animamundi

sexta-feira, 9 de março de 2012

Insetos podem ter personalidade, indica pesquisa com abelhas

Algumas abelhas têm desejos de viver aventuras e procuram emoção.
Diferenças de comportamento se manifestariam na atividade cerebral.


A colmeia não é formada apenas por abelhas trabalhadoras, dispostas a realizar qualquer atividade para servir à rainha e ficar perto da colmeia. Algumas delas desejam viver aventuras e procuram um pouco de emoção, de acordo com estudo publicado nesta quinta-feira (8) na revista científica "Science". Isto seria um indício de que os insetos também têm personalidade, afirma a pesquisa.

A descoberta foi feita por cientistas da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, que verificaram que o desejo e a disposição para realizar tarefas específicas diferem entre as abelhas. Eles se dedicaram a dois tipos de comportamento que parecem estar relacionados com a busca por novidades: a procura por novos abrigos e a realização de trajetos mais longos e mais afastados da colmeia para encontrar alimento.

Quando a colmeia cresce muito e ultrapassa seus limites, o grupo se divide e parte dele precisa buscar um novo lar. Apenas cerca de 5% das abelhas assumem esta responsabilidade e, segundo os cientistas, elas são três vezes mais propensas a se tornarem caçadoras de alimento em longas distâncias. Elas foram chamadas de escoteiras. Já outras abelhas apresentam tendência de ficar mais próximas da colmeia e a não deixar o grupo.

"Nos seres humanos, as diferenças na busca por novidades são um componente da personalidade", disse Gene Robinson, que coordenou a pesquisa, em material de divulgação.
Atividade cerebral
Estas diferenças se manifestam inclusive na atividade genética cerebral, apontam os pesquisadores. "Nós esperávamos encontrar alguma diferença, mas a magnitude foi surpreendente, já que tanto as escoteiras quanto as não escoteiras são forrageiras [ou seja, saem do ninho para buscar alimentos]".

Para testar a hipótese, os cientistas submeteram grupos de abelhas a tratamentos que aumentavam ou inibiam substâncias químicas no cérebro. O resultado foi que alguns insetos escoteiros assumiram características mais pacatas, enquanto outros que ficavam mais na colmeia começaram a buscar novidades.

"Os resultados apontam que a busca por novidade em humanos e outros vertebrados tem paralelos com os insetos", comparou Robinson. "Parece que os mesmos caminhos moleculares têm sido usados na evolução para dar origem a diferenças individuais em busca de novidades".

Fonte: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2012/03/insetos-podem-ter-personalidade-indica-pesquisa-com-abelhas.html

terça-feira, 6 de março de 2012

O Diamante do Sertão

Sempre me senti um homem rico, não sei se o termo seria esse, pois riqueza é algo extremamente subjetivo quando não estamos a falar de dinheiro. Pois bem, quando digo que sou abastado me refiro ao prazer que as abelhas me proporcionam diariamente ao conviver com as mais variadas espécies.

 (Kalhil, Maicon e Eroito)

Vez por outra recebo alguns amigos que, sem perceberem, acabam também criando gosto pela meliponicultura. principalmente quando passam a praticá-la de perto e conhecendo os sabores que essas abelhas podem nos oferecer.


Nesse fim de semana foi exatamente assim. Recebi o querido amigo Eroito que é funcionário do Banco do Brasil em Mossoró e que nas horas vagas tem compartilhado comigo o prazer de aprender a manejar esses insetos tão especiais.


Continuando a série de transferências de colônias Jandaíras que venho realizando, contei com a ajuda do Eroito e do Maicon para realizar o manejo complicado de passar as abelhas para caixas novas. É sempre bom ter alguém para ajudar durante esse tipo de manejo, pois quatro, ou melhor seis mãos trabalham muito melhor do que só duas.

("capas de cria")

Mas pensando bem, talvez tivesse sido melhor trabalhar sozinho... Vez por outro os meus ajudantes viravam ladrões e roubavam alguns potinhos de mel. O pior não era espantar os atos furtivos, mas procurar as rainhas que se escondiam rapidamente no meio de discos de cria enormes.

 (Eroito com pote de mel de Jandaíra)

Confesso que essas abelhas que estou a passar para caixas novas tem discos nunca vistos. São enormes, talvez nem possamos chamar isso de discos, o termo mais apropriado seria capas de cria, uma referência aos grandes cachos de postura da africanizada.

 (discos enormes, quase não cabem na caixa)

(discos da direita prontos para divisão)

 (mel cristalizado nos potes)

A certa altura dos trabalhos somos supreendidos com potes de mel cristalizado. Nunca tinha visto isso, pois já vi o mel de Jandaíra cristalizar inumeras vezes dentro de recipiente para comercialização, mas nunca dentro dos próprios potes de mel. Uma curiosidade é que somente o mel puro cristaliza.

 (Diamante do Sertão)

O mel fica parecendo lascas de vidro, como bem disse o amigo Eroito: -Isso mais parece um diamante!.Mas não é mesmo? Confesso que o mel da Jandaíra produzido na região de Pau Branco (zona rural de Mossoró-RN) tem um sabor muito agradável. Como bem disse o amigo a certa altura da atividade: Tenho pra mim que Deus deve acordar todos os dias com colheradas desse lindo e rico sabor.