terça-feira, 21 de junho de 2011

Desorientação de campeiras durante mudança do local do enxame

É muito comum eu receber pedidos de informações de como proceder para mudar a caixa de lugar, tanto para distâncias pequenas como para grandes distâncias. Antes de adentrar no assunto cabe aqui uma informação pessoal. A literatura científica sobre essas abelhas afirma que nas espécies maiores (meliponas) o raio de atuação seria algo em torno de 3 km, já para as menores (trigonas) essa distância seria mais ou menos 1km.

 

Pessoalmente, acredito que a Jandaíra não chega a tamanha distância assim, já observei jandaíras coletando polén a 900 metros de distância do meliponário, mas nunca a tamanha distância. Todavia acredito que Uruçu, pelo seu porte e capacidade, certamente é capaz de até ultrapassar os 3 Km.

Mesmo sendo capazes de percorrerem grandes distância é preciso esclarecer que as abelhas ao sairem ao campo para forragear possuem nas suas cabeças um mapa gráfico com indicativos já pre-determinados da localização exata do enxame.


Dessa maneira qualquer pequena alteração por menor que seja na localização exata da entrada do ninho pode provocar uma certa desorientação nas abelhas. Por isso não recomendo que se façam mudanças de localização dos enxames em pequenas distâncias.

A maneira correta de mudar um enxame de lugar, por menor que seja a distância do local de origem é levar primeiramente o enxame para um lugar bem distante além de 1km. A essa distância as abelhas ao sairem da caixa não terão nenhuma referência de orientação e imediatamente farão um primeiro voo de orientação em busca de novos sinais gráficos que possam facilitar o novo endereço.


Deixe a caixa nesse novo local por pelo menos 15 dias, isso é tempo suficiente para que as abelhas esqueçam todas as referências do antigo endereço e passem a decorar o local exato do novo lar.


Depois desse tempo o enxame pode retornar para o local escolhido onde as abelhas farão novamente todo o processo de memorização dos "novos" indicativos de referência para sua orientação.

att,

Mossoró-RN, em 21 de junho de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão 

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Perdeu literalmente a cabeça!

Ainda nessa semana um fato bastante curioso me chamou atenção, foi encontrar os restos mortais dessa velha rainha jogada ao chão. Pelo tamanho do bicho percebe-se claramente é era uma rainha de Uruçu verdadeira.


O interessante ao analisar a foto é percebermos sinais claros da idade: cor escura, asas desgastadas e a ausência da cabeça. Tudo isso são características bem claras que essa era uma rainha já velha e que foi morta pelas suas filhas. Esse é o processo natural de substituição de rainha de todo e qualquer enxame. A certa altura da vida a rainha já não libera mais a mesma quantidade de feromônios suficientes para a coesão do grupo, bem como, não realiza mais a postura de ovos em qualidade e quantidade ideal para a manutenção e crescimento do enxame.

Resultado, acaba perdendo primeira a cabeça e em seguida o posto de Rainha da Colônia. Como estamos no inverno essa é uma época muito boa para esse tipo de acontecimento para as abelhas, pois a grande abundância de alimento no campo e a existência de muitos machos no meliponário garantem uma boa prole para as próximas gerações.

att,

Mossoró-RN, em 20 de junho de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

Falta de manejo dá nisso!!!

Faz bastante tempo que não posto nada no blog, tenho recebido muitas reclamações por e-mails por causa do "abandono", na verdade há dias que estou mais ocupado com os preparativos do nascimento de Heitor que com minhas amadas abelhas e por isso mesmo a falta de manejo no meliponário tem cobrado seu preço.

 
(clique nas fotos para ampliar)
Nesse fim de semana os forídeos quase venceram uma batalha, digo quase por que se eu demorasse mais alguns dias para inspecionar a caixa que está circulada em vermelho teria perdido por completo. Noite passada ao alimentar as colônias percebi que essa bendita caixa estava com muitos forídeos adultos voando. Fora isso havia um cheiro meio "estranho" mas ao mesmo tempo muito peculiar. Evitei alimentar e marquei uma inspeção mais detalhada para a manhã seguinte.


Meu faro por problema com essas abelhas é bastante afiado, logo cedo separei o enxame e passei a abrir. Logo que levantei a tampa da primeira melgueira vejo vários inimigos voando dentro. Nesse instante já sabia que vinha problema sério por aí.


Ao levantar a segunda melgueira fui ficando cada vez mais preocupado, percebam que há um grande número de ovos de fórideos e pequenas larvas já em desenvolvimento passeando pelos potes. Mas a surpresa ficou para o final, ao suspender a segunda melgueira que dá acesso ao ninho surpresa! Uma infestação intensa e bem avançada de forídeos.




É somente nessas horas que a gente ver o poder de destruição dessa mosquinha aparentemente tão inofensiva. Essa é uma típica infestação que se o meliponicultor não agir pode perder não só esse enxame, mas todo o seu meliponário pois essa caixa que praticamente está perdida será um foco intenso para a contaminação das demais colônias.


Observem atentamente as centenas de micro ovos que estão depositados dentro dos potes de mel, mas nem tudo está perdido, se todas as medidas que são ensinas aqui forem seguidas podemos recuperar esse enxame.


A primeira medida a ser tomada é providenciarmos uma caixa nova e limpa. Retiramos todos os discos de cria que estejam ainda saudáveis. Logo após alojamos os discos na caixa e separamos. Procuramos pela rainha e retiramos a mesma e o restante das abelhas com o sugador.

Não aprovei nenhum disco novo ou mesmo cera dessa caixa pois tudo está bastante contaminado, se fizermos isso todo o trabalho pode ser perdido.

Todas essa cera e resinas não serão jogadas fora, tudo isso pode ser reaproveitado após um processo de descontaminação com água quente. Veja que após a retira de todo o material ainda ficaram várias pupas de forídeos prestes a emergir. Para matar tudo isso basta jogar água quente e em seguida desmontar a caixa e raspar.


Os potes de mel e pólen devem ser lavados pois tudo está completamente contaminado, após isso devemos derreter tudo dentro de algum caldeirão grande com água quente. A cera não se mistura com a água e quando aquecida sobe. Depois de fria volta novamente ao seu estado natural e pode ser facilmente retirada sem grudar na panela. 


Vejam que horas depois a cera, agora renovada e limpa, apresenta essa cor bem amarela. Essa cera fica ainda mais maleável e é fácilmente recolhida pelas abelhas. Devemos colocá-la em local próximo das abelhas e longe do sol para evitar derreter.


No meu caso eu uso cortar alguns pedacinhos e ir servindo novamente aos poucos, tudo será recolhido em poucos dias por todos os enxames. As abelhas adoram e levam todo o material para suas casas, pois tudo agora está limpo e sem as malditas larvas e ovos de forídeos.


A caixa com abelhas sobreviventes deve ser coloca no mesmo lugar de origem, não há necessidade de alimentar o enxame imediatamente, isso pode ser feito dias depois pois as abelhas ainda estão muito desorganizadas. É muito importante que se faça o acompanhamento semanal para retirada do lixo e observação se ainda há algum resquício de forídeo, caso exista deve-se agir imediatamente.


Nesse meu enxame como a infestação já estava muito avançada não havia muitas abelhas sobreviventes, por isso foi necessário trocar a caixa nova com alguma colônia já forte para receber campeiras, as abelhas que entram não vão matar a rainha, é sabido que a aceitação e substituição de rainhas nas abelhas sem ferrão é quase que imediata. Essa foto mesmo foi tirada dois dias depois e já se pode ver a rainha dominando muito bem as suas novas campeiras.

Na próxima semana será vistoriada e caso tudo esteja indo bem irei doar uma melgueira cheia de algum enxame forte para acelerar a recuperação.

att, 
Mossoró-RN, em 20 de junho de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão 

terça-feira, 7 de junho de 2011

Sabor Colorido - Geraldo Azevedo

Essa música é pra gente escutar lembrando do doce mel de nossas abelhas nativas, doce mel de incomparável sabor, sabor divino! Como diz o poeta: Mel, eu quero mel, mel de toda flor....

Mel...eu quero mel
Quero mel de toda flor
Da rosa, rosa, rosa amarela encarnada
Branca como cravo, lírio e jasmim
Eu quero mel pra mim

Mel...você quer mel?
Quero mel de toda flor
Da margarida sempre viva, viva
Gira, gira, girassol
Se te dou mel pode pintar perigo
E logo aqui, no meu quintal
Cuidado, pode pintar formiga, viu?

Mel... eu quero mel
Quero mel de toda flor
Colorido sabor...do mel de toda flor
Antes que um passarinho aventureiro

Que beija um beijo, doce sabor
Sabor colorido

Mel... eu quero mel
Quero mel de toda flor
Da assussena, violeta, flor de lís

Flor de lótus, flor de cactos
Flor do pé de buriti
Dália, papoula, crisântemo
Sonho maneiro, sereno, fulô do mandacaru

Fulô do marmeleiro, fulô de catingueira
Fulô de laranjeira, fulô de jatobá
Das imburanas, baraúnas, pé de cana
Xique-xique, mel da cana, cana do canavial
Vem me dar um mel que eu quero me lambuzar

Mel... eu quero mel
Quero mel de toda flor
Antes que um passarinho aventureiro

Que beija um beijo, doce sabor
Sabor colorido

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O segredo do Sal



Um dos grandes problemas de todo meliponicultor com a chegada do inverno é o aumento significativo de forídeos, devido as condições favoráveis das chuvas essas mosquinhas acabam se proliferando e muitas vezes trazendo perdas.

O grande problema é com as colônias mais fracas e divisões recentes, nessas se faz necessário o cuidado quase que diário para a retirada do excesso de lixo e introdução das iscas para forídeos.


Para saber mais sobre os forídeos acesse: http://meliponariodosertao.blogspot.com/2009/05/o-inimigo-n-1-da-jandaira.html. A solução mais adequada é a limpeza diária do lixo acumulado, mas isso requer disponibilidade de tempo, coisa que muita gente como eu não tem disponível.

Dessa maneira existe uma técnica muito interessante e fácil de aplicar, principalmente quando a infestação de ovos ainda está no início, é o velho segredo sal. Muita gente deve se assustar mas o uso do sal de cozinha é muito bom para exterminar com o ovos que ficam depositados na área das fezes das abelhas.

(clique na foto e veja de forma ampliada os microovos dos forídeos, acima verás uma pequena larva em desenvolvimento)

É preciso observar que a isca sozinha não resolve, pois muitas vezes a infestação volta por causa dos ovos que já foram depositados em sua grande maioria na lixeira, como podemos ver na foto acima.

A técnica é simples e consiste em espalhar com a ajuda de uma colher pequena o sal sobre as fezes de maneira a se fazer uma camada bem consistente como está demonstrado abaixo. Isso é muito bom, pois mata quase que instantaneamente os ovos muito pequenos que estão alojados nas fezes.


É importante dizer que isso não faz mal as abelhas, pois elas não retiram o sal e nem muito menos vão consumí-lo, pelo contrário, elas vão, na verdade, propolizar a área com batume ou resinas coletadas, reforçando ainda mais a camada feita com o sal.

Esse é só mais um dos vários segredos que serão ensinados no Curso de Meliponicultura, falando nisso ainda por esses dias teremos as definições de data e locais.

att,

Mossoró-RN, em 06 de junho de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão