sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Divisão recente, agora a todo vapor!!!

Vocês se lembram daquela divisão com sinais de problemas que falei a poucos dias atrás? Pois bem, hoje fui mais uma vez inspecionar a caixa filha para analisar com estava o seu desenvolvimento.

Hoje está fazendo 18 dias da formação da colônia e segundo as minhas contas já era pra gente ter uma rainha fisiogástrica novinha fazendo postura regular. Mas é bom lembrar que só chegamos a essa expectativa por que a colônia foi acompanhada e ajudada na momento certo e da maneira certa, ou seja, se não tivessemos tomado os cuidados (limpeza da caixa pelo excesso de lixo, fornecido mais campeiras e alimentado) não chegaríamos a esse resultado.

Abaixo nós podemos observar a maravilha da natureza mais uma vez a perpetuar a espécie. Se ampliarmos a foto (basta clicar nela) vamos verificar a rainha muito bem desenvolvida, ainda muito jovem, mas já com sua fisiogastria em bom estado de desenvolvimento. Numa contagem rápida já temos 42 novas células de cria em andamento, quase todas as abelhas já nasceram e já com vários pontos de acúmulo de própolis, ou seja, a colônia está a todo vapor.

(clique na foto para ampliar)

Após inspecionar o ninho recoloquei as melgueiras e alimentei com bastante xarope, nessa caixa eu estou usando uma forminha de empada para fornecer o alimento. A forminha cabe perfeitamente dentro da melgueira. Usei alguns pedacinhos de plástico duro como boia, mas tenho usado isopor mesmo. Vejam que tudo é muito simples pois a criação das nossas nativas é algo extremamente fácil de ser feita.


Vou continuar a alimentação por mais alguns dias, sempre fazendo a cada final de semana, tempo suficiente para o processamento do alimento fornecido e a construção de novos potes de mel. Após 30 dias será suspensa e deixarei que elas passem a coletar o próprio néctar da natureza pois estamos em épocas de florada, ao final desse tempo elas já estarão fortes o suficiente para caminhar sozinhas.

att,

Mossoró-RN, em 25 de fevereiro de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Mexendo no que estava quieto

Depois que eu inventei de "bulir" no que estava quieto a minha paz, literalmente, se acabou.

Há uns 15 dias atrás eu inventei de abrir uma caixa de abelha da espécie Cupira (partamona seridoensis). Acontece que faz quase um ano que venho mantendo essa colônia junto com as Jandaíras e nunca tive problemas, convivem em harmonia sem nunca eu ter observado nenhum comportamento agressivo entre elas.

(caixa matriz de cupira)

Mas, mesmo tendo passado todo esse tempo, eu nunca tinha aberto essa colônia. O fato é que a curiosidade foi aumentando, aumentando, aumentando até que na data acima informada eu criei coragem para abrir a caixa.

Digo coragem porque essa espécie de abelha é muito, mas muito defensiva, nem precisa bater na caixa para que elas passem a se enrolar no cabelo, bem como beliscar, as centenas, em todos os cantos possíveis.


E o pior de tudo, eu abri a bendita caixa sem nenhuma proteção, mesmo eu tendo um capuz de apicultor, que me protegeria de forma segura. Ao abrir a caixa percebi de cara o porquê de tamanha agressividade. A colônia estava repleta de muitos discos de cria e milhares de abelhas, me parece que estavam prestes a enxamear.

O fato que ao abrir eu discolei muitos discos velhos e a caixa não fechava mais da maneira que se encontrava, principalmente pelo fato dessa caixa ser muito rústica e com muito barro. Agora imaginem o meu sufoco ao perceber que a caixa não fechava, nessa hora eu já estava completamente tomado por abelhas pretas em todo o cabelo, o pior lugar das beliscadas eram as minhas sobrancelhas, parece que elas sabem que ali é o lugar mais doloroso.

Na hora do desespero tive uma idéia que era a única racional (depois de fazer a burrada) em mente, dividir a colônia. Rapidamente peguei uma caixa vazia e fui colocando muita cera, um pouco de barro e vários discos de cria, bem como alguns potinhos de mel que tinham si rompido.

(Novos potes)

Por fim, eu fechei a caixa e coloquei no lugar que estava a caixa mãe. Pronto! Tinha feito a divisão. As abelhas rapidamente aceitaram a nova colônia e imediatamente passaram a construir a nova entrada.

No final de toda essa operação de guerra, eu estava coberto com abelhas pregadas em todos os cantos do corpo, pena foi não ter tirado uma foto da minha situação pois tenho certeza que vocês iriam rir.

Eu pensei que após toda essa correria a minha curiosidade sussegaria, enganei-me por completo. Agora ficou pior pois eu simplesmente não consigo reconhecer as castas dessa espécie com a mesma facilidade que reconheço das demais.

(ninho da caixa filha com postura nova)

Há dias venho procurando pela rainha desse enxame de Cupira, pois como podemos observar em detalhe já há uma postura nova e regular bem no meio do ninho, fora que há diversas inter-castas nessa espécie que estão me deixando ainda mais curioso para saber quem é quem nessa história.

(entrada da caixa filha)

Outra coisa curiosa é entrada, isso não me parece entrada de Cupira, mas sim a entrada da abelha Boca de Sapo (partamona helleri). Bem, o fato é que eu passei a observá-las com mais atenção, estou quase colocando uma tela transparente para realizar algumas observações noturnas, acho que vai acabar acontecendo isso viu...

att,

Mossoró-RN, em 24 de fevereiro de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

Recebendo Visitas

É sempre um imenso prazer receber pessoas interessadas em conhecer melhor as abelhas sem ferrão, em especial as nossas Jandaíras.

Ontem tivemos a satisfação de receber mais um amante da meliponicultura, trata-se do Flávio que veio a Mossoró acompanhado de sua esposa para visitar alguns meliponários da região. O Flávio é Biólogo, residente na praia de Pititinga, região de Rio do Fogo, distante a 70 km de Natal-RN.

O amigo está iniciando uma pequena criação de Jandaíras em sua propriedade e veio em busca de conhecimento e alguns enxames para melhorar as suas matrizes. Recebemos o casal em nossa casa onde os mesmo tiveram a oportunidade de conhecer todas as nossas espécies de abelhas, bem como conversarmos, num papo muito proveitoso regado a muito suco e bolo, a respeito da biologia e de todo o manejo que estamos realizando com as nossas queridas Jandaíras.

Acima está o Flávio segurando um belo enxame de Jandaíras que por mim foi selecionado para servir de matriz ao amigo. Espero que ele tenha aproveitado a visita e gostado de conhecer um pouco do nosso humilde meliponário. Aqui o amigo pôde observar com as abelhas fazem parte de nossas vidas e o quanto são importantes para nós.

Àqueles que desejam conhecer o Meliponário do Sertão, nossa família está de portas abertas a todos os amantes da boa meliponicultura que queiram conhecer um pouco do fantástico mundo das abelhas sem ferrão, nossas meninas agradecem...


att,


Mossoró-RN, em 23 de fevereiro de 2011.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O que as abelhas fazem à noite?

Alguém já se perguntou o que as abelhas fazem à noite???

Dormem, é lógico!!!!

Bem, não é bem assim não...

A minha paixão (ou seria loucura, rssss) pelas Jandaíras chegou a um nível de curiosidade tão interessante que as vezes não sei onde termina o amor e começa a obsessão. Não sastisfeito em conhecer o simples manejo dessas dóceis abelhas do sertão, passei a observá-las na sua intimidade.

Como a rainha coloca um ovo e quantos ela coloca por dia? Como nasce uma abelha e o que ela faz nos primeiros momentos? Como é produzido o mel e seus derivados? Como as abelhas abortam as células indesejadas? Como uma princesa virgem se comporta para ser aceita pela elite? Como acontece a fecundação de uma princesa? Quantos machos fecundam? E a pior pergunta que sempre me consumiu, o que as abelhas fazem à noite, dormem?

Enfim, pra responder essas perguntas só tinha dois jeitos, ou perguntando a quem sabia, coisa que nunca consegui, ou eu mesmo literalmente olhando as caixas pra descobrir.

(observação e estudo noturno de enxame de abelhas Jandaíra)

Dessa maneira eu passei a observar as abelhas à noite usando uma câmera, uma lanterna, o meu computador e muuuuuito café. A técnica era simples, bastava retirar a tampa de madeira da parte superior e no seu lugar colocar uma de vidro transparente de uma caixa matriz forte, que tinha ninho em cima e potes de mel embaixo e ter coragem de ficar até altas horas pra acompanhar, analisar, anotar e assim aprender o que as abelhas tinham pra me ensinar.

Do começo desses estudo até a madrugada dos dias de hoje já se foram longos 2 anos de muitas horas de sono perdidas (pra mim ganhas) para conhecer a fundo toda a estrutura biológica e comportamental dessas maravilhosas abelhas.

O que descobri me fez ainda mais gostar desses insetos que só me fazem bem. Descobri além de outras coisas que a Jandaíra tem taxa de postura de acordo com épocas do ano distintas. Tem um ritual de postura próprio das abelhas sem ferrão, onde a rainha muitas vezes demora horas pra colocar um mísero ovo para logo em seguida ser saboreado por alguma abelha rival, faz isso só para castrar quimicamente suas adversárias, bem como para reforçar os laços de filiação.

As vezes eu servia alimento à noite pelo buraco da tela de vidro só pra ver a reação. Foi aí que descobri como funciona o alarme de alimento, bem como o alarme de defesa, coisas bem diferentes. Por dias gravei os sons desses alarmes e ficava a escutar repetitivamente para reconhecer um padrão que hoje pra mim é natural.

Ou seja, fiz de tudo só para aprender a conhecer melhor minhas abelhas, tirei foto, contei, registrei, anotei, apenas como exemplo abaixo segue dois vídeos de postura com ovo alimentar de jandaíra.

http://www.youtube.com/watch?v=JBfGzbD4Mio

http://www.youtube.com/watch?v=n7su5C6ng8c


Descobri onde e como as abelhas fazem o mel, a cera e o cerume. Descobri como as abelhas dormem. Ops, abelha dorme??? Dormem e de uma maneira bem interessante. A noite é uma hora muito ativa no enxame.

Algumas poucas dormem, mas dormem de uma forma inquieta, ficam paralisadas mas é possível vê a todo o momento suas antenas se mexendo. Como diz o meu Prezado Mestre e Prof. Cappas, parecem até sonhar, rsss...

att,
Mossoró-RN, 22 de fevereiro de 2010,
às 00:05h, durante mais uma observação noturna de Jandaíras.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Série Meliponicultura nº 07 (Abelha Manduri)

Por esses dias recebi um e-mail da Dra. Vera Lúcia Imperatriz me remetendo um ótimo livro de meliponicultura. Trata-se do livro "Manduri (melipona asilvai): a abelha sestrosa".


A Manduri, ou também conhecida como Rajada na minha região, é uma meliponíneo típico da caatinga que no passado já foi muito comum por essas bandas, atualmente a sua presença pelo Estado do RN é raríssima, só sendo encontra em alguns poucos municípios, mas ainda é muito comum pelo centro-sul da Bahia em regiões serranas.

Eu não as tenho principalmente por esse fato, mas já estou providenciando a sua companhia para os próximos meses. Uma grande curiosidade dessa abelha é o seu tamanho, ela é considerada a menor melipona do Mundo.

O livro é ótimo e recomendo. Nos traz o estudo aprofundado de toda a biologia desse maravilhoso inseto, bem como as técnicas de manejo que são utilizadas para a sua criação racional. Trata-se de uma produção do grupo INSECTA, organização que foi criada em 1992 por docentes e estudantes da então Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia (UFBA)

O livro pode ser baixado no link abaixo e fará parte de nossa seleção de publicações recomendadas.
att,
Mossoró-RN, em 18 de fevereiro de 2010.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Divisão recente, sinais de problemas...


Olhem essa foto acima, aparentemente é um enxame récem criado, ainda sem rainha, mas já com princesas em fase de desenvolvimento, com túnel de entrada já bem desenvolvido, com alguns potes de mel construídos e lacrados, discos de cria nascentes todos já bem colados e com muitas abelhas trabalhando, ou seja, parece que tudo vai se desenvolvendo muuuuuuito bem.

Na verdade, só parece. Se olharmos com bastante atenção vamos observar sinais muito claros de problemas que vem acontecendo com o enxame criado e que se não forem resolvidos podem provocar a completa perda da nova colônia.
Vamos começar pela grande quantidade de abelha mortas que estão sem cabeça que está circulado em rosa, bem como a presença de outras espécies de abelhas mortas na caixa. Isso indica luta, briga entre as abelhas, a colônia está sendo "visitada" por outras caixas e até por outras espécies.

Sinal que a quantidade de campeiras adultas da colônia é muito pouca. A redução da quantidade de abelhas mais velhas gera a redução dos trabalhos de defesa, ou seja, como não tem abelhas pra fazer a vigilância da entrada outras são tentadas a coletar (melhor seria furtar) o cerume ou mesmo o mel.


Outro problema bem visível é a grande quantidade lixo produzido e acumulado pelas abelhas, como só temos abelhas novas essas não fazem o trabalho de retirada do lixo pois não sabem voar, dessa maneira o lixo vai se acumulando e apodrecendo dentro da caixa. Esse acúmulo é muito perigoso pois atraí os malditos forídeos, pequenas mosquinhas(dípteros) que quando entram na caixa passam a se multiplicar. As suas larvas vão comendo tudo pela frente gerando a destruição da colônia.


Quando abri essa caixa de cara eu vi muitos forídeos, na foto eles não aparecem mas estão escondidos embaixo dos discos e dos potes, fora que já devem ter colocado ovos, esses ovos são quase que imperceptíveis ao olho humano, são muuuito pequenos e só vê quem já sabe o seu formato e locais mais adequados para a sua ovoposição.



A caixa está perdida???



Não, pelo contrário, todos esses problemas podem ser resolvidos facilmente com ajuda do meliponicultor. É importante frisar aqui que todo enxame novo deve ser acompanhado até o seu desenvolvimento completo. Essa estabilização só acontece quando as crias da rainha nova começam a nascer, ou seja, por volta de 60 a 70 dias após a formação da caixa filha.





Para resolvermos esses problemas a primeira coisa a se fazer é a limpeza da caixa. As minhas caixas tem fundo móvel o que facilita e muito o manejo, então é só retirar o fundo e raspar todo o lixo acumulado pelas abelhas.


Feito isso retiramos as abelhas mortas bem como, assopramos para espantar algum forídeo que possa estar escondido na caixa. Mesmo assim, será necessário a introdução de uma isca para capturar os forídeos que por ventura entrem novamente na colônia.


(sujeira retirada da caixa)
Para saber como fazer uma isca para forídeos acessem o link abaixo, é post que foi criado por nós ensinando a como preparar a isca contra as mosquinhas.


Feito isso ainda é necessário a introdução de crias adultas para fortalecer o trabalho das abelhas, assim basta trocarmos a caixa nova e fraca com uma caixa mais forte de lugar que tenha uma boa quantidade campeiras.



Não se preocupem, as abelhas adultas de outra caixa não vão matar as abelhas novas da caixa filha, pois essas abelhas ainda são muito jovens e não estão ligadas feromonialmente a nenhuma rainha, logo aceitaram com facilidade as abelhas doadas e assim se unirão para a continuidade do desenvolvimento do enxame.

att,

Mossoró-RN, em 17 de fevereiro de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Um repente de qualidade

Uma das coisas boas do Nordeste que gosto de apreciar é a sua cultura, dentro desse calderão de coisas boas separo para vocês uma das músicas do 5º Desafio Nordestino de Cantadores.

Um repente muito bem feito a respeito da riqueza do Nordeste.

Autoria: Os Nonatos.

...O nordeste é rico em tudo e seu valor tem quem ateste, pela fauna que lhe cerca, pela flora que lhe veste a natureza foi muita generosa com Nordeste.

Do litoral ao agreste do sertão ao cariri, a turma linda e mais rara do planeta sai daqui e o maior lençol freático do mundo é no Piauí.

Domingos, Elba e Silvo vulgo o planeta propaga, a marca da asa branca outra marca não apaga e quem clona ovelha não clona a voz de Luiz Gonzaga.

Silvino foi cangaceiro do jeito de Gesuíno, Zé Pereira foi nó cego Jararaca pente fino e Lampião foi o Bin Laden do Cangaço Nordestino.

Fonseca e Manoel Galdino foram deuses do repente, Dimas, Lorival e Pinto um título lá sem suplente se fosse ainda vivo dava muita dor de cabeça na gente.

Sem ter nada de inocente Inocênio é Deputado, Severino tá na Câmara e Renan está no Senado e Lula sem diploma é Presidente diplomado.

Dom Helder Foi quem só se calou com a morte, Conselheiro foi um bravo, Cícero Rumão foi um forte e o padre que virou Santo do Juazeiro do Norte.

No Sauípe tem resort no Pecém navio ancora, levando fruta e lagosta daqui para o mundo a fora, só falta a transposição mas tá pra sair agora.

Tem vaquejada e axé, música que o carnaval passa, desafio Nordestino com uma multidão na praça e São João como do Nordeste eu duvido ter quem faça.

O turismo vem em massa pra Recife e Fortaleza, tem Fernando de Noronha um banho de natureza, Angra dos Réis tem mais mídia mas não possui mais beleza.

Seu petróleo atrai riqueza, industria e refinaria, nossos cowboys são vaqueiros no lombo da montaria, cowboys passa 8 segundo, vaqueiro passa é um dia.

Carne de sol iguaria que deu fama a Caicó, o caju do Ceará o bode do moxotó e o Brasil seria insosso sem o sal de Mossoró...

att,

Mossoró-RN, em 15 de fevereiro de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Método de seleção para melhoramento genético de abelhas sem ferrão

Uma prática muito comum que já venho utilizando para melhorar de forma permanente nossas matrizes é a substituição de rainhas fracas por outras de melhor postura. Isso foi estudado a fundo pelo Ilustre Prof. Kerr que desenvolveu uma técnica para a seleção e melhoramento genético de abelhas sem ferrão do gênero melipona.
A técnica é muito simples e consiste em retirar as rainhas velhas ou de postura deficitária fazendo a substituição por aquelas que possuem uma ovoposição melhor. Esse trabalho do Prof. Kerr já foi publicado na Internet e pode ser acessado o seguinte endereço abaixo.
O pesquisador observou que as abelhas sem ferrão da espécie Tiúba (melipona compreessipis fasciculata) aceitavam com muita facilidade a substituição de sua rainha por outra fisiogástrica da mesma espécie sem precisar usar nenhuma técnica de aceitação, praticamente não há nenhum tipo de comportamento adverso a rainha introduzida.
O procedimento utilizado era o de se retirar a rainha indesejada de sua colônia e no mesmo instante colocar a que se deseja como nova soberana. Durante o trabalho de pesquisa foi observado que em todas as caixas que essa técnica foi usada houve a aceitação da rainha doada.
Para fazer o trabalho de seleção e melhoramento, procedimento comum para nós aqui do Meliponário do Sertão, separamos as abelhas em um grupo de 100 caixas, nesse grupo escolhemos as colônias de melhor postura, fazendo uma numeração de 1 a 33, as medianas de 34 a 66 e as fracas de 67 a 100.
Nessa seleção se observa tamanho do ninho, número de células abertas para postura, tamanho e quantidade de potes, população e defensividade. Após a separação passamos a realizar a retirada da rainha da caixa 100, matamos e logo em seguida introduzimos a rainha da caixa 1. Assim de maneira sucessiva até chegarmos na caixa 33, ou seja, a rainha 2 vai para 99, a rainha 3 vai para 98, a rainha 4 para a 97 ....
Tenho percebido que isso faz muita diferença no processo de criação racional dessas abelhas, pois o melhoramento provoca inúmeras vantagens ao criador. Uma delas é a melhor recuperação dos enxames após a divisão, tem em vista que a rainha tem melhor postura, bem como a melhor capacidade produtiva de mel.
É importante lembrar que existe uma recomendação em realizarmos a substituição das rainhas a cada 18 ou 24 meses, logicamente, as rainhas de melhor postura podem ser utilizadas por mais tempo, mas mesmo as rainhas de elite precisam, como o tempo, serem substituídas para um contínuo melhoramento e crescimento das colônias de seu meliponário.
Para saber como identificar uma rainha velha ou deficiente, basta clicar abaixo para ler um post produzido por nós no ano passado.
att,
Mossoró-RN, em 14 de janeiro de 2011.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O menino e as suas lembranças do inverno


Ao olhar o horizonte, o velho, agora irreconhecível pelo semblante de felicidade, observa tudo diferente. O sol, que outrora torrava o chão e secava as matas, agora é coberto por nuvens torrenciais que trazem alegria a um povo tão sofrido. A jurema, antes sem folhas e espinhenta, agora é pura beleza, o mameleiro explode em vida com flores da ponta à cabeça, o pé de mufumbo, com seu cheiro característico, faz renascer no mais temeroso o espírito da esperança e renovação, tudo está mudado, nada é como antes.

As Jandaíras, sabedoras do momento de fartura, aproveitam colhendo tudo que podem. Trabalham incessantemente em busca de pólen e néctar das mais saborosas flores da caatinga. O frenesi é grande, quando o inverno chega de verdade no sertão as Jandaíras começam a enfeitar com várias cores as entradas de suas casas, cada vigia passa o dia colorindo a recepção de seu cortiço com vários estames de flores, a cor predileta é o amarela, parecem querer dizer que os tempos são de ouro.

O velho, mesmo cansado pela idade, tem vontade de novamente caminhar em direção ao antigo córrego que sempre saciou a sede de sua família. Do alto da casa grande ele consegue, mesmo de longe, ouvir o barulho da água correndo. Sem demora calça suas alpergatas de couro amarradas com tiras de fitilho e segue o rumo das águas.

Antes disso, ele chama o Menino, que sem demora segue para acompanhá-lo. Já no caminho, o cheiro do mato molhado se mistura com o perfume das flores do sertão que agora floram e revigoram de maneira impressionante. A natureza, sábia de suas limitações, aproveita a oportunidade para uma explosão de vida.

Como diz o sertanejo, “ o inverno está pegado”, todos os animais aproveitam o momento raro de prosperidade e buscam o divino ato da multiplicação, o galo campina faz seu ninho, do mesmo modo, o joão de barro. A raposa, agora bem mais gorda e astuta, revira sua antiga toca para aguardar a sua gestação. O gato do mato, antes muito solitário, agora é visto acompanhado de uma fêmea caminhando lentamente em direção ao antigo serrote que corta a propriedade do velho, os únicos que não gostam do inverno são os urubus, que, ao não verem mais os frutos da seca e da fome no caminho, se recolhem à espera, pacientemente, dos tempos difíceis.

Ao chegar no córrego o velho e o menino se impressionam, o antigo e seco riacho agora é um largo braço de águas limpas e transparentes, alimentado pelas grandes corredeiras dos serrotes que circundam a larga propriedade. A água, fria e agradável, parece convidá-los para um banho. O velho resiste aos convites do menino e as tentações do mergulho. Os dois seguem e continuam ladeando o caminho, agora fechado pelo mato verde, riacho acima.

Na verdade, o velho procura algo especial, algo que há tempos não vê, nem ao menos comenta com ninguém com medo da visita indesejada de alguns. A frágil memória, combinada com a mudança do curso do rio, fazem perdê-lo a orientação.

O menino, já impaciente sem saber o porquê daquele caminhar tão diferente, questiona o avô de sua intenção. O velho, sem dar ouvidos ao garoto pára e pensa, devagar vai relembrando onde um dia avistou um velho ninho de Jandaíras que desde menino o acompanhou em suas lembranças.
Não demora muito e ele volta a se lembrar do local, logo retoma o caminho certo e segue na direção correta.
-Achei!!!
-Achou o quê? Diz o menino.

Entre a mata, agora muito fechada, ele encontra o local, Trata-se de um imenso e frondoso pé de Cumaru, nele, logo acima do galho principal, há uma antiga colônia de Jandaíras que por várias gerações vêm resistindo aos desafios da seca.

O velho, por diversas passagens da sua vida, teve vontade de mantê-las em um dos seus cortiços, porém, sabedor da valia de tão bela planta, nunca teve coragem de derrubar aquela espetacular representação da natureza somente para retirar as abelhas do seu interior. A dificuldade fez nascer no velho com o tempo uma admiração por aquela colônia, tornando-a muito especial. No lugar de derrubar jurou preservar e cuidar, mantê-la sob sigilo para que a sua justificada “inexistência” pudesse trazer-lhe segurança. Durante anos alimentou e cuidou para que sempre estivessem protegidas.

No passado as suas lindas Jandaíras eram muito comuns nos mais variados arvoredos da caatinga, todavia, devido a famigerada ambição do homem, quase não mais se vê as abelhinhas aladas do sertão. Sabedor de sua importância, manteve o local durante muitos anos intocável para a contínua preservação daquela linda colônia de Jandaíras. Nessas épocas de fartura dela viu sair muitas outras colônias.

O velho vagarosamente se ajoelha e fala ao pé do ouvido do menino com seus olhos cheios de lágrimas:

- Meu filho, eu trouxe você aqui para lhe fazer um pedido, eu estou velho e muito cansado, as forças de outrora não mais correm nas minhas veias e assim como todo mundo na vida, minha hora vai chegar. E quando isso chegar eu quero que você preserve essa planta pois nela há uma antiga geração de Jandaíras que estão instaladas logo ali, acima daquele braço principal. Elas são muito importantes para mim, mas são muito mais importantes para a nossa tão sofrida caatinga, preservando-as você estará também me preservando nesse velho pé de Cumaru.

O menino, agora atento a fala mansa do avô, escuta e compreende muito bem sua missão. Ele sabe que aquele escondido ninho de Jandaíras é especial para o velho, assim ele jura jamais derrubar e lutar para que planta, junto com as pequenas abelhas, possa resistir nas próximas gerações aos desafios da vida.

Sem demora, o velho, agora mais calmo, saca algumas bolinhas de cera de Jandaíra que tinha coletado dos seus cortiços na casa grande no dia anterior e guardado consigo para fornecer àquela colônia preservada. as prega próximo a entrada do ninho e pede ao menino para que todo ano ele traga alguma cerinha melada com mel para ajudar no desenvolvimento dos potinhos das abelhas, não demora muito e logo se vê as primeiras campeiras fazendo a coleta da cera.

Admirados com trabalho das dóceis abelhas deixam o local tomando o cuidado em apagar os rastros, logo voltam ao caminho do antigo riacho e agora sem demora, aproveitam o banho nas águas limpas do velho córrego. O banho demorado é interrompido pelo caminhar das horas que faz alaranjar o entardecer no sertão. Vai escurecendo e os dois novamente retomam o caminho a casa grande para mais tarde tomarem uma bela xícara de café com pamonha quentinha saída a pouco da antiga panela de barro.

Att,
Mossoró-RN, em 11 de fevereiro de 2011.

Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

As 10 principais dúvidas a respeito das abelhas sem ferrão


As 10 principais dúvidas a respeito das abelhas sem ferrão

1) Essas abelhas realmente não tem ferrão?

Na verdade, o ferrão das abelhas que ferroam nada mais é do que uma espécie de aparelho ovopositor modificado, dessa maneira somente as fêmeas podem ferroar.
As abelhas sem ferrão recebem essa denominação não pelo fato da ausência do ferrão, o ferrão até existe, mas ele é atrofiado, quase que imperceptível e só visto com análise de lupa de alta precisão. Por isso não ferroam.

2) É preciso uma roupa especial (EPI) para o manejo dessas abelhas?

Pela incapacidade de ferroarem, não se torna necessário a utilização de roupas especiais, pelo contrário, como nossa região é muito quente o manejo pode ser feito com roupas do dia dia mesmo, bermuda, camisa e um bom par de havaianas.
De toda forma, as abelhas sem ferrão, na sua grande maioria, são extremamente dóceis, dificilmente desenvolvem algum comportamento de defensividade.

3) Por que quem cria abelhas sem ferrão não é apicultor?

Apicultor é o profissional que cria abelhas COM ferrão, ou seja, as abelhas africanizadas, ou também conhecidas com “italianas”, esse nome vem do nome científico atribuído a esta abelhas (apis melifera).
Quem cria abelhas SEM ferrão é chamado de Meliponicultor, esse nome, do mesmo modo que o primeiro tem origem no gênero das abelhas sem ferrão (melipona), apenas a título de exemplo o nome da Jandaíra, abelha sem ferrão do RN é melipona subntida duke.

4) Essas abelhas podem ser criadas em casa?

Não só podem como devem, as abelhas sem ferrão são extremamente dóceis e podem ser criadas facilmente em residências, eu mesmo já vi essas abelhas serem criadas até mesmo em apartamentos.

5) É difícil a criação, exige-se muitos cuidados com as abelhas?

Quase nenhum, as abelhas são extremamente independentes de nossa ajuda, mas se exige alguns cuidados com o manejo, que pode ser realizado rapidamente a cada 15 dias, ou mesmo mensalmente para pequenas criações. Quem deseja criar deve conhecer um pouco de sua biologia, bem como saber manejar as técnicas corretas de criação racional, o que não é muito difícil.

O Meliponário do Sertão fornece links de um DVD vídeo Curso de meliponicultura que pode ser baixado na internet, está disponível no campo lateral logo abaixo listado em 16 partes.

6) Por que o mel dessas abelhas é tão caro comparado com o mel comum?

O preço alto tem vários motivos: 1- a produção de mel é muito pequena. A Jandaíra mesmo só produz, em média, 1 litro de mel por ano, uma quantidade muito pequena comparada as abelhas de ferrão, que podem chegar até a 60 kg pelo mesmo período. 2- Esse mel é de difícil produção pois as abelhas sem ferrão são muito seletivas na busca por néctar, por isso que seu mel tem um sabor diferenciado. 3- Pelo fato da baixa produção, a demanda não consegue suprir a procura do mercado, encarecendo o preço. 4- O mel das abelhas sem ferrão é especial, tem sabor, cor e aromas completamente diferenciados, quem não conhece e experimenta a primeira vez fica encantado com o seu sabor. Apenas a título de curiosidade o mel de Jandaíra produzido pelo Meliponário do Sertão foi escolhido o melhor mel de abelhas sem ferrão do Brasil, tendo ficado em 1º lugar no Concurso Nacional de Méis da abelhas sem ferrão, realizado pela AME-Rio no ano de 2009.

7) É verdade que esse mel tem propriedades medicinais?

Sim, o mel dessas abelhas já era utilizado pelos sertanejos para o tratamento de diversas doenças infecciosas, recentemente foi publicado um trabalho na UFRN que comprovou a capacidade curativa do mel da abelha Jandaíra em feridas provocadas e infectadas artificialmente em ratos.

8) Qual é a melhor abelha sem ferrão para ser criada?

Não existe uma espécie melhor, cada espécie é típica de uma região e tem melhor resposta ao manejo no seu local de origem, mas algumas espécies tem grande capacidade de adaptação em várias regiões, podendo serem criadas com facilidade.

9) É verdade que essas abelhas vão embora dos seus ninhos com o tempo?

Não, infelizmente existe uma confusão muito comum que acabou gerando esse mito, muitos meliponicultores, sem o devido conhecimento da biologia dessas abelhas, acabam achando que as abelhas vão embora das caixas (enxamearam) nas épocas de baixa disponibilidade de alimento na natureza.
Na verdade, as abelhas sem ferrão nunca vão embora de suas casinhas, pois, diferentemente das abelhas italianas, as rainhas dessas abelhas não conseguem voar quando já são fecundadas, pois essas rainhas desenvolvem a fisiogastria, ou seja, acabam ficando com o seu abdomem muito dilatado pelo desenvolvimento dos ovários.
Dessa maneira as abelhas nunca abandonam sua mãe, ficando com ela mesmo nas horas mais difíceis.
O que acontece com muita frequência e que gerou esse mito é a morte da rainha, e consequentemente a morte de todo o enxame pela fome, a falta de alimento gera a morte da colônia, sem alimento suficiente para se manter as abelhas acabam perecendo durante os períodos de inexistência de florada.
A grande maioria esquece que as abelhas produzem mel em abundância para seu consumo durante os períodos de seca, como o mel é colhido e não há uma alimentação artificial pelo meliponicultor para substituir o natural, a colônia que sofre a coleta em grande quantidade está condenada a morte pela falta de alimento durante os meses de escassez alimentar. Por isso do mito.

10) é fácil encontrar essas abelhas na natureza?

Não, no passado essas abelhas eram muito comuns, eram facilmente encontradas na natureza, existindo, há vários anos atrás em abundância.
Todavia, devido ao comportamento desregrado do homem com as nossas matas, seu local natural, estão, a grande maioria das espécies, ameaçadas de extinção.

A jandaíra é muito rara e só encontrada nas regiões de caatinga, mesmo sendo um bioma unicamente brasileiro, o contínuo e crescente desmatamento dessa vegetação vem trazendo consequências terríveis, já há locais que essa abelha não é mais encontrada naturalmente, fato esse agravado pela falta de fiscalização nos grandes empreendimentos imobiliários e empresas que dependem da exploração e queima do combustível vegetal, como as cerâmicas.

Se o ritmo de destruição continuar é bem provável que a Jandaíra, e muitas outras abelhas sem ferrão, só venham a serem encontradas nas mãos de poucos meliponicultores, ativistas esses que me incluo e que lutam para a contínua preservação e divulgação da maravilhosa convivência entre homens e abelhas sem ferrão.
att,
Mossoró-RN, em 10 de fevereiro de 2011.
Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão

Bomba Sugadora de Abelhas, por Oderno Theves

Pessoal, o material abaixo não é de minha autoria, mas sim do colega meliponicultor Oderno Theves, lá em Lajeado-RS, estou postando aqui pois é muito bom e merece ser copiado pois ajuda e muito no manejo de nossas queridas abelhas.


BOMBA SUGADORA DE ABELHAS

Simples de confeccionar, barata e versátil.

Quero mostrar neste texto, como é fácil, confeccionar um sugador de abelhas, usando garrafinhas de refrigerante Pet e mais alguns pequenos pedaços de mangueira, de diversos diâmetros, 4 cm de cano de cobre de ½ polegada e um disco de espuma de uma polegada de espessura, que servirá para amortecer o impacto das abelhas, contra o fundo do sugador e ao mesmo tempo irá impedir a passagem de partículas estranhas para dentro da bomba sugadora ou o pulmão de quem está sugando as abelhas. Tenho usado para tanto, a esponja de dupla face da Scotch-Brite.
Deverão ser selecionados, dois tipos de garrafinhas Pet. Pois uma deverá encaixar perfeitamente dentro da outra, sem deixar folga.

Caso você não encontre nas gôndolas do supermercado, as garrafinhas de refrigerante sugeridas na foto, tente outras, até encontrar o par perfeito.

Evite usar garrafinhas de casco muito fino.
A terceira garrafinha, somente fornecerá o bocal . Desta, serão necessárias, duas ou mais unidades.
Na foto seguinte, mostramos as garrafinhas já cortadas nos devidos tamanhos. A Pet do meio da foto anterior, deverá ser cortada logo acima do rótulo, e que será a parte externa do conjunto.


O fundo desta, será furado e o diâmetro do furo, deverá ser o mesmo do cano de cobre, que ali será colado. Na colagem, use de preferência adesivo Araldite de secagem lenta. O cano de cobre, deverá aparecer na parte interna da garrafa, não mais de 2 mm. Reforçar a colagem por dentro e por fora da Pet.
Se você encontrar as garrafas sugeridas, a Pet que receberá o bocal, e que encaixará dentro da outra, poderá ser cortada no tamanho desejado, pois o seu diâmetro é linear, de um extremo a outro.

Na terceira foto, vemos o sugador completo e a bomba de inflar elétrica (opcional), que poderá ser acoplada a ele.
Esta bomba é normalmente usada para inflar e desinflar, picinas e botes infláveis. O seu custo está por volta de R$ 70,00. Para acoplar a bomba elétrica ao sugador, será necessário apenas um pedacinho de mangueira, para unir o cano de cobre à ponteira da bomba sugadora.


Sugiro confeccionar várias ponteiras, com mangueiras de diferentes diâmetros, porque quanto maior o diâmetro, menor será o poder de sucção do conjunto. Uma rainha por exemplo, deverá ser sugada com uma ponteira bem larga, e além da espuma amortecedora, colocar mais uma camada de algodão ou algum outro produto bem macio antes da espuma, para evitar que ela se machuque com o impacto.
Dependendo do tipo de abelhas, que iremos sugar, usaremos a ponteira mais adequada.


Na quarta foto, vemos o sugador na versão de sugar com a boca. Neste caso na saída de ar da garrafinha, poderá ser um caninho de cobre um pouco mais fino, o da foto é de 10 mm (externamente), para facilitar o manuseio.
Note que nesta versão, o filtro de ar foi reforçado com mais duas camadas de feltro, para evitar a passagem de poeira, que iria parar no pulmão do meliponicultor.
Observação: Este sugador de abelhas, é o que tenho usado nas minhas lidas, e foi confeccionado a mais de ano atrás, com outros tipos de garrafinhas Pet.


Projeto elaborado por:
Oderno A. Theves
Cruzeiro do Sul – RS
oderno@gmail.com

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cursos sobre Abelhas Sem Ferrão no Paraná

(REPASSANDO PARA CONHECIMENTO GERAL)

Amigos e Amigas,

A Meliponicultura ou simplesmente a Criação de Abelhas Nativas sem Ferrão, dia a dia vem despertando o interesse ou a curiosidade de um número cada vez maior de pessoas, sejam elas agricultores, sitiantes, técnicos, professores, estudantes e profissionais das mais variadas áreas, e é importante que assim esteja acontecendo.

Responsáveis pela polinização de até 90 % das espécies vegetais nativas, as abelhas sem ferrão (também denominadas “indígenas” ou “nativas”) estão seriamente ameaçadas de extinção, devido a práticas como o desmatamento, uso intensivo do solo, o monocultivo, uso indiscriminado de agrotóxicos e outros produtos químicos, sementes geneticamente modificadas ou a combinação destas, que por sua vez provocam alterações climáticas, poluição ambiental, a diminuição da biodiversidade, escassez de flores e a consequente redução de alimento apícola.

As consequências da diminuição, ou pior, da extinção das abelhas, podem ser catastróficas segundo citação atribuída ao físico alemão Albert Einstein:

"SE AS ABELHAS DESAPARECEREM DA FACE DA TERRA, A HUMANIDADE TERÁ APENAS MAIS QUATRO ANOS DE EXISTÊNCIA. SEM ABELHAS NÃO HÁ POLINIZAÇÃO, NÃO HÁ REPRODUÇÃO DA FLORA, SEM FLORA NÃO HÁ ANIMAIS, SEM ANIMAIS NÃO HAVERÁ RAÇA HUMANA".

Além do aspecto ambiental, a Criação de Abelhas Nativas sem Ferrão, quando desenvolvida com critérios e responsabilidade, pode revelar-se uma interessante opção de renda para as propriedades rurais e até para algumas urbanas e representar um atrativo a mais nas propriedades integrantes de circuítos de turismo rural.

O Centro de Agroecologia-CPRA, com o intuito de proporcionar oportunidades às pessoas interessadas em adquirir ou aprimorar conhecimentos sobre o tema, ou mesmo propiciar a troca de experiências, estará promovendo cursos sobre Meliponicultura ou Criação de Abelhas Nativas sem Ferrão em três períodos;

17, 18, 21 e 22/ março/2011;

28, 29/abril, 04 e 05/maio/2011;

23, 24/maio, 15 e 16/junho/2011.

Os cursos serão na sede do Centro de Agroecologia-CPRA, à Estrada da Graciosa, 6960-Pinhais-PR (antigo polo de pesquisas do IAPAR, ao lado do antigo parque de exposições Castelo Branco, atual Parque de Ciências Newton Freire Maia).

As inscrições para o curso devem ser feitas através do e-mail valcirwilhelm@cpra.pr.gov.br ou via fax nº (41) 3544 8111.

As vagas são limitadas e não há taxa de inscrição, cabendo aos participantes a despesa com alimentação. Havendo interesse ou necessidade de pernoite, sugerimos o Centro de Treinamento da UFPR, distante 800 m do CPRA. Neste caso, as reservas devem ser feitas diretamente com a administração do centro de treinamento, pelo fone (41) 3551 1685.

Vamos fazer a nossa parte.

As gerações futuras irão agradecer.

Centro de Agroecologia-CPRA
41-3544-8100

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Testando um novo método de divisão

A técnica de divisão de enxames já foi por mim aqui abordada muitas vezes, o procedimento é simples e não se exige muito esforço. Como nós já sabemos para a formação segura de uma nova colônia usamos a técnica 2 por 1, ou seja, utilizamos 02 enxames para a formação de 01 novo.

Na primeira retiramos os discos de cria e no segundo fazemos a doação das campeiras. Esse método tem como princípio a fecundação de uma princesa virgem que vai nascer dos discos doados, bem como a continuidade dos trabalhos na colônia pelas operárias que foram doadas.
Até aí nada de mais, mas é sabido que a aceitação de princesas não acontece somente com as que nascem diretamente dos favos de cria que são doados no ato da divisão. Esse assunto já era muito discutido pelos meliponicultores e foi recentemente comprovado pelas pesquisas da Bióloga Dra. Denise de Araújo Alves.

A pesquisadora descobriu que em 25% das substituições naturais de rainhas em melipona scutellaris (uruçu verdadeira) as rainhas que eram aceitas pelas elites das colônias não eram diretamente descendentes das rainhas anteriores, ou seja, em 1/4 das colônias as elites aceitaram futuras rainhas de fora, a esse fenômeno foi atribuído o nome de parasitismo social. O trabalho pode ser acessado em: http://bio.kuleuven.be/ento/pdfs_media/ecologia.ib.usp.br_2010.pdf

Isso na verdade é uma estratégia muito bem elaborada da natureza para a perpetuação da espécie. Acredito eu e a pesquisa também nos dá entender que esse fenômeno pode acontecer também com outras espécies, como por exemplo a Jandaíra.

Acreditando nisso iniciei uma pequena experiência para verificar o nível de aceitação de princesas de fora pelas minhas queridas jandaíras. Nos próximos dias estarei fazendo 10 (uma já foi feita hoje) divisões somente utilizando a técnica de doação de campeiras, ou seja, não utilizarei discos de cria. Logicamente, é bem provavél que durante o ato de doação de campeiras algumas princesas da própria caixa possa entrar junto com as campeiras doadas na nova caixa.
Infelizmente não tenho como avaliar geneticamente as rainhas que forem fecundadas. Mas vou marcá-las para futuras comparações com as rainhas das caixas que irão doar as campeiras por algum(a) pesquisador(a), quem sabe a Dra. Vera não possa me ajudar nisso.

Durante os anos que venho manejando esses maravilhosos insetos tenho observado a grande quantidade de princesas que sempre aparecem pelo meliponário, já vi muitas inclusive serem fecundadas, infelizmente pela raridade do momento não tive oportunidade de tirar uma foto para a comprovação da beleza do ato.

Acho muito provável que tenhamos resultados surpreendentes, agora é esperar pra ver, na medida que os fatos forem acontecendo estarei aqui postando os detalhes.

att,

Mossoró-RN, em 05 de Fevereiro de 2011.


Kalhil Pereira França
Meliponário do Sertão